domingo, 1 de junho de 2025

"DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA" : COMO ELABORAR? DISSERTAÇÃO BASEADA NO FILME "CIDADE DE DEUS"

 


🧠 MAPA DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA – CIDADE DE DEUS


[TEMA CENTRAL] │ ┌─────────────────────────────────────────┴──────────────────────────────────────────┐ │ │ [ INTRODUÇÃO] [💬 DESENVOLVIMENTO] │ │ ├── Gancho (ex: citação, dado, pergunta, cena, cenário hipotético) ┌────────────┐ ├── Contexto social atual │ Parágrafo 1 │ ├── Contextualização do filme │ Argumento + │ ├── Tese clara e direta (visão geral + proposta de trajeto textual) │ Exemplo (filme) │ │ └────────────┘ │ │ │ ┌────────────┐ │ │ Parágrafo 2 │ │ │ Contra + │ │ │ Argumento + │ │ │ Exemplo │ │ └────────────┘ │ │ │ ┌────────────┐ │ │ Parágrafo 3 │ │ │ Outro Arg + │ │ │ Exemplo │ │ └────────────┘ │ │ │ ▼ │ [🧩 CONCLUSÃO] │ ├── Retomar tese │ ├── Proposta concreta │ └── Fechamento coerente

COMO USAR ESTE MAPA

Antes da Prova:

  • Defina tema e tese principais;

  • Decore ou planeje ganchos/contextos genéricos prontos para adaptar;

  • Tenha em mente 2–3 argumentos possíveis + cenas do filme associadas.

TIPOS DE GANCHO (com exemplos sobre “Justiça e impunidade”):

TipoDescriçãoExemplo
Pergunta retóricaProvoca reflexão"Como confiar em instituições que falham com os mais vulneráveis?"
Dado estatísticoApresenta urgência com números"Apenas 8% dos homicídios em favelas são solucionados."
Citação curtaApela à autoridade de alguém"‘A impunidade é o veneno que corrói a justiça’, disse Graciliano Ramos."
Mini-anedotaCena simbólica do filme"No primeiro tiroteio, a favela vira campo de guerra infantil."
Cenário hipotéticoInsere o leitor numa situação"Imagine acordar todos os dias com medo de um tiro atravessar sua janela."

EXERCÍCIOS PRÁTICOS

 Treino 1 – Frase-Tese (memória):

  • Ex: “A impunidade nas favelas consolida o poder das facções e mina a confiança na justiça.”

 Treino 2 – Planejamento (5 minutos):

  1. Qual o problema central?

  2. Que cena do filme ilustra isso?

  3. Quais causas e efeitos?

  4. Três soluções viáveis?

 Treino 3 – Flashcards mentais:

  • Definição do tema;

  • Cena-chave do filme;

  • Efeito social;

  • Solução real;

  • Política pública relevante (ECA, SUS, etc.).

Treino 1 – Frase-Tese (memória)

“A ausência do Estado nas favelas permite a ascensão do crime organizado e impede a garantia dos direitos básicos dos cidadãos.”


 Treino 2 – Planejamento (5 minutos)

• Qual o problema central?
A negligência estatal nas favelas, que resulta em violência, tráfico de drogas e falta de acesso a direitos fundamentais.

• Que cena do filme ilustra isso?
A cena em que Zé Pequeno, ainda jovem, invade o motel e assassina adultos com requintes de crueldade, sem qualquer punição — um marco da impunidade e da violência precoce.

• Quais causas e efeitos?
Causas:

  • Ausência de políticas públicas efetivas;

  • Falta de acesso à educação e saúde;

  • Desigualdade social histórica.

Efeitos:

  • Crescimento do tráfico de drogas;

  • Normalização da violência;

  • Descrença nas instituições públicas.

• Três soluções viáveis?

  1. Investimento em educação integral nas periferias.

  2. Aumento de programas sociais (como o Bolsa Família e Jovem Aprendiz).

  3. Policiamento comunitário com foco em direitos humanos.


Treino 3 – Flashcards mentais

• Definição do tema:
A ausência de políticas públicas nas favelas contribui para a formação de um ambiente propício ao crime organizado e à exclusão social.

• Cena-chave do filme:
O momento em que Zé Pequeno elimina concorrentes no tráfico, assumindo o controle da Cidade de Deus, mostra a substituição da autoridade estatal pela do crime.

• Efeito social:
A juventude é cooptada pelo tráfico e cresce em um ciclo de violência e morte, sem perspectivas de futuro.

• Solução real:
Implementação de escolas de tempo integral com reforço escolar, atividades culturais e suporte psicológico.

• Política pública relevante:
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que garante direitos à educação, proteção e desenvolvimento integral da criança e do adolescente.

ESTRUTURAS POSSÍVEIS DE REDAÇÃO

1. Clássica (Tese – Argumentos – Conclusão)

  • Introd.: Tese + contexto + filme

  • D1: Argumento forte + cena do filme

  • D2: Contra-argumento ou aspecto social + cena

  • Conclusão: retoma + proposta

2. Problema – Solução

  • Introd.: Apresenta problema

  • D1: Causas

  • D2: Efeitos

  • D3: Soluções (curto/médio/longo prazo)

  • Conclusão: síntese + proposta de ação

3. Comparação

  • Introd.: Apresenta os lados (ex: asfalto x favela)

  • D1: Semelhanças

  • D2: Diferenças

  • Conclusão: qual realidade mais revela o problema + proposta

4. Causa – Consequência

  • Introd.: Fenômeno geral + filme

  • D1: Causas históricas

  • D2: Consequências imediatas

  • D3: Consequências de longo prazo

  • Conclusão: ligação + proposta

1. Estrutura Clássica (Tese – Argumentos – Conclusão)

Introdução:
A violência nas periferias urbanas brasileiras é resultado direto da omissão estatal e da desigualdade social. No filme Cidade de Deus, essa realidade é exposta com brutalidade, revelando como a ausência de políticas públicas transforma comunidades em territórios dominados pelo crime. Assim, defende-se que a negligência do Estado contribui para o fortalecimento das facções e a desintegração do tecido social.

Desenvolvimento 1:
Um dos principais argumentos que comprovam essa tese é a ascensão de Zé Pequeno, ainda criança, ao comando do tráfico. A cena em que ele extermina rivais para controlar a favela evidencia como a falta de intervenção estatal permite que o crime substitua o poder público.

Desenvolvimento 2:
Além disso, o filme também retrata a descrença dos moradores nas instituições. A cena em que os jovens escolhem o tráfico por falta de alternativas sociais ou educacionais mostra a exclusão histórica dessas comunidades. A ausência de perspectivas reforça o ciclo de violência.

Conclusão:
Portanto, é evidente que a negligência do Estado favorece a violência nas favelas. Para reverter esse cenário, é necessário investir em educação de qualidade, políticas de inclusão social e segurança cidadã. Somente com presença efetiva e digna do Estado será possível quebrar o ciclo representado em Cidade de Deus.


2. Estrutura Problema – Solução

Introdução:
A violência urbana nas favelas brasileiras é uma das maiores expressões da desigualdade social no país. O filme Cidade de Deus ilustra como a ausência do Estado permite o avanço do tráfico e da criminalidade, tornando a vida de seus moradores marcada por medo e exclusão.

D1 – Causas:
Entre as causas, estão a omissão das autoridades, a precariedade da educação pública e a falta de oportunidades de trabalho e lazer para os jovens. O filme mostra como crianças são cooptadas para o tráfico pela falta de alternativas.

D2 – Efeitos:
Como consequência, surgem chefes do tráfico como Zé Pequeno, que impõem regras próprias por meio da violência. A justiça, quando aparece, é ineficaz ou corrupta, e os cidadãos não se sentem protegidos.

D3 – Soluções:
Em curto prazo, programas sociais como o Jovem Aprendiz podem reduzir a entrada de jovens no tráfico. No médio prazo, é essencial investir em educação de qualidade e saúde mental. No longo prazo, urbanização e participação comunitária podem reconstruir a cidadania nas favelas.

Conclusão:
O enfrentamento da violência urbana exige ações integradas e contínuas. É urgente que o Estado atue com responsabilidade social, garantindo que comunidades como a Cidade de Deus tenham acesso pleno aos seus direitos.


3. Estrutura Comparação

Introdução:
O Brasil é marcado por um forte contraste entre o “asfalto” (áreas urbanas com infraestrutura) e as favelas, como a Cidade de Deus. O filme homônimo expõe com crueza essa divisão, revelando como a exclusão social transforma a vida nas periferias.

D1 – Semelhanças:
Ambos os contextos urbanos vivem sob a mesma legislação e compartilham desafios como violência e desigualdade. No entanto, o impacto desses problemas nas favelas é muito mais intenso.

D2 – Diferenças:
No asfalto, há acesso à justiça, educação e serviços básicos. Já na Cidade de Deus, como mostra o filme, o tráfico substitui o Estado. A cena em que crianças são treinadas para matar ilustra a ruptura do processo de socialização formal.

Conclusão:
A realidade das favelas, como retratada no filme, é mais reveladora dos problemas sociais do Brasil. Para mudar esse quadro, é necessária uma política pública centrada nos direitos humanos, com foco em educação, cultura e segurança cidadã.


4. Estrutura Causa – Consequência

Introdução:
A violência nas favelas é um fenômeno social enraizado em desigualdades históricas. O filme Cidade de Deus mostra como a ausência do Estado e a exclusão social produzem ambientes onde o crime se torna a principal via de ascensão.

D1 – Causas históricas:
Desde a urbanização acelerada e desordenada até a negligência com as populações marginalizadas, o Brasil falhou em integrar as favelas ao projeto de nação. Isso gerou um vácuo de poder, ocupado pelo tráfico, como evidencia o domínio de Zé Pequeno no filme.

D2 – Consequências imediatas:
A violência se torna cotidiana, e o medo regula as relações sociais. Jovens perdem a infância e se tornam soldados do tráfico, como mostram as cenas das crianças armadas patrulhando as vielas.

D3 – Consequências de longo prazo:
A perpetuação desse modelo aprofunda a desigualdade, marginaliza gerações e enfraquece a democracia, pois grande parte da população cresce sem confiar no Estado.

Conclusão:
A história contada em Cidade de Deus revela as marcas de um país desigual. Combater essas consequências exige um Estado presente, comprometido com políticas públicas que promovam cidadania, justiça e oportunidades reais.


Exemplos Temáticos Aplicados

Tema 1: Justiça e Impunidade

  • Tese: “Cidade de Deus mostra que a impunidade fortalece facções e fragiliza a justiça nas favelas.”

  • Cena: crime sem punição / tráfico infantil.

  • Propostas: defensorias públicas, promotorias especializadas, guarda comunitária.

Tema 2: Mídia e Estereótipos

  • Tese: “A favela é reduzida a violência pela mídia, apagando sua humanidade.”

  • Cena: Buscapé e a fotografia da vida cotidiana.

  • Propostas: incentivo à mídia comunitária, leis de regulação, educação midiática.

Tema 3: Herança da Exclusão

  • Tese: “A violência urbana retratada em Cidade de Deus é fruto de exclusão social histórica.”

  • Cena: infância na pobreza, falta de escola e trabalho.

  • Propostas: educação integral, urbanização, políticas de renda.

Fichamento Visual – Redação com Cidade de Deus

Tema Central

Justiça, impunidade e exclusão social em territórios periféricos

Estrutura Base para Redação Dissertativo-Argumentativa

 Introdução:

  • Gancho: (ex: pergunta retórica, estatística, citação...)

  • Contexto social: explique por que o tema é relevante hoje.

  • Conexão com o filme: "Em Cidade de Deus, esse problema é retratado por meio de..."

  • Tese clara: “A impunidade nas favelas reforça o ciclo de violência e descrédito nas instituições.”

Desenvolvimento 1 – Argumento + Exemplo

Argumento: O Estado falha em garantir justiça nos territórios periféricos.
Exemplo fílmico: Cena do tiroteio entre crianças ou tráfico sem repressão policial → mostra sensação de “terra sem lei”.

Desenvolvimento 2 – Contra-argumento + Refutação

Contra-argumento: Muitos creem que a polícia está presente.
Refutação: Mas atua de forma desigual – presença repressiva, não protetiva.
Exemplo: Cena em que a polícia se omite diante de Zé Pequeno.

Desenvolvimento 3 – Outro Ponto + Exemplo

Argumento: A impunidade legitima o domínio das facções.
Exemplo fílmico: Expansão do tráfico organizado, ausência de justiça formal, medo e submissão.

Conclusão / Síntese

  • 1. Retomar a tese: Reafirmar o ciclo de impunidade → violência → descrédito institucional.

  • 2. Proposta de ação:

    • Fortalecimento da Defensoria Pública nas periferias

    • Guardas comunitárias e mediação de conflitos

    • Educação jurídica nas escolas

  • 3. Fechamento impactante: Citação, alerta ou esperança.

Modelos de Gancho + Contexto

Tipo de GanchoExemplo para "justiça e impunidade"
Pergunta retórica“Como confiar em instituições que nunca protegem os mais vulneráveis?”
Dado estatístico“Apenas 8% dos homicídios em favelas são julgados até a condenação.”
Citação curta“A impunidade é o veneno que corrói a justiça.” – Graciliano Ramos
Mini-anedota“Em Cidade de Deus, o primeiro tiroteio infantil transforma o beco em um campo de guerra.”
Cenário hipotético“Imagine acordar todo dia com o som de tiros na porta de casa…”

Fluxo Mental para Redação (resumo do mapa)

  1. Tema → Justiça e impunidade

  2. Tese → Estado ausente legitima violência

  3. Argumentos → Desigualdade de justiça / fortalecimento do tráfico / mídia e estigma

  4. Exemplos do filme → Cena da omissão policial / domínio do tráfico / Buscapé e a imprensa

  5. Conclusão → Retoma a tese + propõe soluções reais

Treinos Rápidos

Treino 1 – Frase-tese:

“A impunidade nas favelas consolida o poder das facções e mina a confiança na justiça.”

Treino 2 – Planejamento em 5 minutos:

  • Qual é o problema central?

  • Que cena do filme exemplifica isso?

  • Quais as causas da falha do Estado?

  • Quais três medidas você sugeriria?

Treino 3 – Flashcards mentais:

  • Defina “impunidade”.

  • Cite uma cena-chave do filme.

  • Quais são os impactos sociais?

  • Quais são as propostas concretas?

1. Tema: Justiça e impunidade em territórios periféricos

Título: A impunidade como alicerce da violência urbana

Introdução
“Como confiar em instituições que nunca protegem os mais vulneráveis?” A pergunta ecoa nas vielas das periferias brasileiras, onde a justiça parece um privilégio distante. A impunidade, especialmente em territórios marginalizados, escancara a ausência do Estado e reforça ciclos contínuos de violência. Esse problema é visceralmente retratado no filme Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, ao mostrar uma comunidade mergulhada em conflitos armados, desamparo legal e leis próprias. Assim, é possível afirmar que a impunidade nas favelas consolida o poder das facções criminosas e mina a confiança nas instituições públicas.

Desenvolvimento 1
O primeiro aspecto a considerar é a ineficácia do aparato estatal na garantia de justiça em áreas periféricas. Em Cidade de Deus, a cena inicial mostra um tiroteio entre crianças, sem qualquer reação institucional, o que ilustra a naturalização da violência e a omissão do poder público. Essa ausência de resposta fomenta a sensação de território abandonado, onde a lei do mais forte impera. A falta de investigação e punição dos crimes contribui para um ambiente de medo e impunidade contínua.

Desenvolvimento 2
Por outro lado, há quem defenda que a polícia está presente nesses territórios. No entanto, essa presença é seletiva e, muitas vezes, abusiva. No filme, policiais negociam com traficantes e ignoram crimes evidentes, como os cometidos por Zé Pequeno, evidenciando uma atuação que não visa justiça, mas controle. A impunidade, nesse caso, não decorre da ausência, mas da cumplicidade de agentes do Estado, o que aprofunda a desconfiança popular.

Desenvolvimento 3
Outro efeito da impunidade é o fortalecimento das organizações criminosas como alternativa de poder. Ao ocupar o vácuo deixado pelo Estado, as facções impõem suas próprias regras, operam julgamentos sumários e se tornam “autoridades” locais. Em Cidade de Deus, o tráfico de drogas domina o bairro, instaurando uma ordem baseada no medo. A impunidade, portanto, deixa de ser uma falha para se tornar um fator de manutenção do crime.

Conclusão
Dessa forma, percebe-se que a impunidade nos territórios periféricos representa um grave entrave à justiça social e à cidadania. Para combater esse cenário, é fundamental investir em políticas públicas que promovam a presença ativa e qualificada do Estado: ampliação da Defensoria Pública, criação de promotorias especializadas em crimes urbanos e fortalecimento de guardas comunitárias podem devolver à população a esperança de justiça. Só assim será possível romper o ciclo perverso entre violência e impunidade.

2. Tema: Representação midiática e estigmas sobre a favela

Título: A lente da mídia e o rótulo da favela

Introdução
“O que não se mostra, não se entende.” Em um país de profundas desigualdades, a forma como a mídia representa os territórios periféricos influencia diretamente a percepção da sociedade e as políticas públicas. A construção midiática da favela como espaço exclusivo de violência reforça estigmas históricos e legitima preconceitos. Essa crítica é central em Cidade de Deus, que, apesar de denunciar o abandono estatal, também reproduz o olhar sensacionalista. Nesse sentido, a mídia exerce um papel ambíguo: ora denuncia, ora reforça o estigma da marginalização.

Desenvolvimento 1
Um primeiro ponto é a seleção do que se mostra. No filme, Buscapé tenta retratar a vida cotidiana da favela, mas tem suas imagens de afeto e convivência rejeitadas por editores que preferem tiroteios e corpos no chão. Isso ilustra como a mídia hegemônica recorta a realidade, destacando o que choca e silenciando o que humaniza. Essa escolha reforça a ideia de que a favela é um lugar perigoso por natureza, não como resultado de um processo histórico de exclusão.

Desenvolvimento 2
Além disso, a cobertura sensacionalista esvazia a complexidade social desses territórios. Nos noticiários, raramente se fala de cultura, educação ou empreendedorismo favelado. Essa invisibilidade contribui para a legitimação de políticas repressivas. Cidade de Deus, ao apresentar apenas personagens ligados ao tráfico ou à violência, contribui involuntariamente para esse imaginário. A favela vira sinônimo de crime, o que justifica o descaso e a repressão policial.

Desenvolvimento 3
As consequências dessa representação são profundas. Além de reforçar o medo e a segregação entre “asfalto” e “morro”, ela dificulta a criação de políticas culturais, educacionais e urbanísticas voltadas para essas comunidades. A ausência de narrativas positivas torna mais difícil imaginar a favela como parte legítima da cidade. Por isso, é urgente investir em comunicação alternativa: blogs locais, teatro comunitário, coletivos de mídia e educação crítica são formas de ressignificar o espaço periférico.

Conclusão
Portanto, a mídia precisa repensar seu papel na construção do imaginário social. Estimular representações plurais, valorizar vozes locais e evitar generalizações são passos fundamentais para quebrar o ciclo do estigma. Incentivar fanzines, rádios comunitárias e oficinas de jornalismo popular pode abrir espaço para novas narrativas. Afinal, mudar a forma como se vê a favela é também mudar o lugar que ela ocupa na sociedade.

3. Tema: Desigualdade histórica e violência urbana

Título: A violência como herança de exclusão

Introdução
A violência urbana não nasce do acaso. Ela é fruto de um processo histórico de exclusão social que atravessa gerações e molda o presente das grandes cidades. No Brasil, esse processo é especialmente visível nas periferias urbanas, onde a ausência de políticas públicas estruturais transforma a marginalização em destino. O filme Cidade de Deus escancara essa realidade ao retratar a escalada da violência como consequência direta da pobreza e do abandono estatal. A partir disso, compreende-se que a violência urbana é uma herança da desigualdade histórica que perpetua a exclusão.

Desenvolvimento 1
A gênese dessa exclusão remonta à própria formação das cidades brasileiras. No filme, o surgimento da Cidade de Deus está ligado à remoção de favelas do centro, sem qualquer estrutura de apoio à nova população. O bairro nasce à margem, física e simbolicamente. As construções improvisadas e a falta de saneamento revelam o descaso do Estado. Essa origem precária já delineia um destino marcado pela desigualdade e violência.

Desenvolvimento 2
Outro aspecto é a ausência de oportunidades reais. No filme, os jovens crescem em um ambiente onde a escola é fraca, o emprego é raro e o tráfico é uma alternativa palpável. A criminalidade surge não como escolha, mas como reflexo da escassez de caminhos possíveis. Esse cenário revela como a violência se enraíza na desigualdade material e simbólica – sem dignidade, o crime se apresenta como poder.

Desenvolvimento 3
As consequências dessa exclusão estrutural são duradouras. Além do medo constante, há a construção de uma identidade social marcada pela inferioridade e pela desconfiança. O Estado, ao não oferecer políticas inclusivas, reforça a segregação. Cidade de Deus mostra como os moradores se veem presos em um ciclo, em que a cada geração a esperança se torna mais rara. Para romper esse ciclo, é preciso atacar as causas profundas, e não apenas os sintomas.

Conclusão
Em vista disso, combater a violência urbana exige muito mais do que ações repressivas. É necessário investimento massivo em habitação digna, educação integral, políticas de renda e inserção cultural. Só assim será possível transformar a herança de exclusão em um legado de equidade. E, finalmente, permitir que territórios como a Cidade de Deus deixem de ser retrato da desigualdade para se tornarem símbolo de superação.

DISCUSSÃO INTERPRETATIVA SOBRE O FILME Cidade de Deus

📌 1. Qual é o principal tema do filme?

Resposta: A violência urbana nas favelas, causada pela exclusão social, ausência do Estado e desigualdade estrutural.

📌 2. Como a infância é retratada no filme?

Resposta: De forma brutalizada. As crianças são inseridas precocemente no mundo do crime e da violência, perdendo a inocência muito cedo.

📌 3. Qual é o papel da ausência do Estado?

Resposta: Mostra-se um fator central: a ausência do poder público (em educação, saúde e segurança) cria um vácuo ocupado pelo tráfico e pelas facções.

📌 4. Qual o contraste entre Buscapé e Zé Pequeno?

Resposta: Enquanto Zé Pequeno escolhe o crime e o poder, Buscapé busca a fotografia e um caminho honesto, mesmo dentro de um ambiente hostil.

📌 5. O que a trajetória de Dadinho/Zé Pequeno revela?

Resposta: Como a violência sistemática e a ambição, somadas à falta de apoio social, formam figuras tirânicas desde a infância.


📝 PROVA SOBRE O FILME CIDADE DE DEUS

Instruções: Responda às questões objetivas e dissertativas com base no filme. Valor total: 10,0 pontos.


📚 Parte I – Questões Objetivas (1 ponto cada)

1. O filme Cidade de Deus é baseado em:
A) Uma reportagem policial
B) Um romance de Paulo Lins
C) Uma biografia de traficantes reais
D) Um roteiro original de Fernando Meirelles

Gabarito: B

2. O personagem Buscapé representa:
A) A violência das favelas
B) A impunidade policial
C) A esperança de um caminho diferente
D) A corrupção do tráfico

Gabarito: C

3. O apelido de Zé Pequeno na infância era:
A) Zé Ruela
B) Dadinho
C) Neguinho
D) Betinho

Gabarito: B

4. Qual o recurso narrativo utilizado pelo filme?
A) Narração em 3ª pessoa onisciente
B) Linha do tempo linear
C) Narrador personagem
D) Estilo documental

Gabarito: C

5. A Cidade de Deus é retratada como:
A) Um bairro pacífico
B) Um centro cultural
C) Um lugar ausente de Estado
D) Um símbolo de ascensão social

Gabarito: C

6. Qual personagem representa o sonho de se afastar da violência?
A) Zé Pequeno
B) Mané Galinha
C) Cabeleira
D) Buscapé

Gabarito: D

7. A infância no filme é marcada por:
A) Proteção e educação
B) Trabalho infantil apenas
C) Violência e criminalização precoce
D) Escolarização eficiente

Gabarito: C

8. O tráfico substitui o Estado porque:
A) Garante segurança e justiça formal
B) Controla serviços sociais
C) Impõe regras e “ordem” com violência
D) Legaliza negócios locais

Gabarito: C

9. O personagem Mané Galinha representa:
A) O tráfico local
B) A revolta popular
C) O policial infiltrado
D) A mídia sensacionalista

Gabarito: B

10. Ao final do filme, quem assume o poder?
A) A milícia
B) A polícia
C) Os meninos do corre
D) O governo estadual

Gabarito: C


✏️ Parte II – Questões Dissertativas (1 ponto cada)

11. Explique como a fotografia foi uma forma de resistência para Buscapé.

Resposta esperada: A fotografia permitiu a Buscapé contar a realidade da favela sem se envolver na violência. Foi seu meio de ascensão e denúncia, simbolizando arte como forma de resistência.

12. Analise a função social da mídia no filme.

Resposta esperada: A mídia é representada como sensacionalista e superficial, mas também como uma oportunidade de visibilidade para Buscapé, mostrando sua ambivalência.

13. O que a trajetória de Zé Pequeno revela sobre o ciclo da violência?

Resposta esperada: Revela como a falta de apoio familiar, exclusão social e ausência do Estado produzem figuras violentas desde a infância, perpetuando um ciclo de poder e opressão.

14. Cite duas cenas que evidenciam a desigualdade social.

Resposta esperada: A chacina policial contra inocentes e as crianças armadas mostrando o domínio do tráfico são exemplos fortes da desigualdade e marginalização.

15. De que forma o filme problematiza o conceito de justiça?

Resposta esperada: Mostra que a justiça formal não alcança as favelas e que o poder é exercido com violência pelas facções ou por policiais corruptos, tornando a justiça seletiva e ausente.

16. Qual o papel da polícia na dinâmica da Cidade de Deus?

Resposta esperada: Age de forma violenta, omissa ou corrupta. Em vez de proteger, contribui para o medo e favorece alianças com criminosos.

17. Explique a metáfora do "corre" na fala dos meninos do final do filme.

Resposta esperada: Representa a continuidade da violência e o ciclo do tráfico, indicando que novas gerações assumirão o poder com os mesmos métodos.

18. Como o filme mostra a relação entre infância e violência?

Resposta esperada: Crianças são aliciadas pelo tráfico, recebem armas e são usadas como soldados, o que representa a destruição precoce da infância.

19. Qual a crítica principal feita à sociedade brasileira?

Resposta esperada: A omissão histórica com as favelas, a naturalização da desigualdade e a falência do Estado em garantir direitos básicos.

20. Proponha duas ações que poderiam evitar trajetórias como a de Zé Pequeno.

Resposta esperada: (1) Educação de qualidade e acesso à cultura desde a infância; (2) Políticas públicas de inclusão social, apoio psicológico e segurança cidadã.


Gabarito Resumido

  1. B

  2. C

  3. B

  4. C

  5. C

  6. D

  7. C

  8. C

  9. B

  10. C
    11–20: Respostas dissertativas conforme acima.