🧠 MAPA DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA – CIDADE DE DEUS
COMO USAR ESTE MAPA
Antes da Prova:
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Defina tema e tese principais;
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Decore ou planeje ganchos/contextos genéricos prontos para adaptar;
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Tenha em mente 2–3 argumentos possíveis + cenas do filme associadas.
TIPOS DE GANCHO (com exemplos sobre “Justiça e impunidade”):
Tipo | Descrição | Exemplo |
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Pergunta retórica | Provoca reflexão | "Como confiar em instituições que falham com os mais vulneráveis?" |
Dado estatístico | Apresenta urgência com números | "Apenas 8% dos homicídios em favelas são solucionados." |
Citação curta | Apela à autoridade de alguém | "‘A impunidade é o veneno que corrói a justiça’, disse Graciliano Ramos." |
Mini-anedota | Cena simbólica do filme | "No primeiro tiroteio, a favela vira campo de guerra infantil." |
Cenário hipotético | Insere o leitor numa situação | "Imagine acordar todos os dias com medo de um tiro atravessar sua janela." |
Treino 1 – Frase-Tese (memória):
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Ex: “A impunidade nas favelas consolida o poder das facções e mina a confiança na justiça.”
Treino 2 – Planejamento (5 minutos):
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Qual o problema central?
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Que cena do filme ilustra isso?
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Quais causas e efeitos?
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Três soluções viáveis?
Treino 3 – Flashcards mentais:
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Definição do tema;
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Cena-chave do filme;
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Efeito social;
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Solução real;
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Política pública relevante (ECA, SUS, etc.).
Treino 1 – Frase-Tese (memória)
“A ausência do Estado nas favelas permite a ascensão do crime organizado e impede a garantia dos direitos básicos dos cidadãos.”
Treino 2 – Planejamento (5 minutos)
• Qual o problema central?
A negligência estatal nas favelas, que resulta em violência, tráfico de drogas e falta de acesso a direitos fundamentais.
• Que cena do filme ilustra isso?
A cena em que Zé Pequeno, ainda jovem, invade o motel e assassina adultos com requintes de crueldade, sem qualquer punição — um marco da impunidade e da violência precoce.
• Quais causas e efeitos?
Causas:
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Ausência de políticas públicas efetivas;
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Falta de acesso à educação e saúde;
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Desigualdade social histórica.
Efeitos:
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Crescimento do tráfico de drogas;
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Normalização da violência;
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Descrença nas instituições públicas.
• Três soluções viáveis?
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Investimento em educação integral nas periferias.
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Aumento de programas sociais (como o Bolsa Família e Jovem Aprendiz).
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Policiamento comunitário com foco em direitos humanos.
Treino 3 – Flashcards mentais
• Definição do tema:
A ausência de políticas públicas nas favelas contribui para a formação de um ambiente propício ao crime organizado e à exclusão social.
• Cena-chave do filme:
O momento em que Zé Pequeno elimina concorrentes no tráfico, assumindo o controle da Cidade de Deus, mostra a substituição da autoridade estatal pela do crime.
• Efeito social:
A juventude é cooptada pelo tráfico e cresce em um ciclo de violência e morte, sem perspectivas de futuro.
• Solução real:
Implementação de escolas de tempo integral com reforço escolar, atividades culturais e suporte psicológico.
• Política pública relevante:
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que garante direitos à educação, proteção e desenvolvimento integral da criança e do adolescente.
ESTRUTURAS POSSÍVEIS DE REDAÇÃO
1. Clássica (Tese – Argumentos – Conclusão)
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Introd.: Tese + contexto + filme
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D1: Argumento forte + cena do filme
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D2: Contra-argumento ou aspecto social + cena
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Conclusão: retoma + proposta
2. Problema – Solução
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Introd.: Apresenta problema
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D1: Causas
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D2: Efeitos
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D3: Soluções (curto/médio/longo prazo)
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Conclusão: síntese + proposta de ação
3. Comparação
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Introd.: Apresenta os lados (ex: asfalto x favela)
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D1: Semelhanças
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D2: Diferenças
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Conclusão: qual realidade mais revela o problema + proposta
4. Causa – Consequência
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Introd.: Fenômeno geral + filme
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D1: Causas históricas
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D2: Consequências imediatas
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D3: Consequências de longo prazo
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Conclusão: ligação + proposta
1. Estrutura Clássica (Tese – Argumentos – Conclusão)
Introdução:
A violência nas periferias urbanas brasileiras é resultado direto da omissão estatal e da desigualdade social. No filme Cidade de Deus, essa realidade é exposta com brutalidade, revelando como a ausência de políticas públicas transforma comunidades em territórios dominados pelo crime. Assim, defende-se que a negligência do Estado contribui para o fortalecimento das facções e a desintegração do tecido social.
Desenvolvimento 1:
Um dos principais argumentos que comprovam essa tese é a ascensão de Zé Pequeno, ainda criança, ao comando do tráfico. A cena em que ele extermina rivais para controlar a favela evidencia como a falta de intervenção estatal permite que o crime substitua o poder público.
Desenvolvimento 2:
Além disso, o filme também retrata a descrença dos moradores nas instituições. A cena em que os jovens escolhem o tráfico por falta de alternativas sociais ou educacionais mostra a exclusão histórica dessas comunidades. A ausência de perspectivas reforça o ciclo de violência.
Conclusão:
Portanto, é evidente que a negligência do Estado favorece a violência nas favelas. Para reverter esse cenário, é necessário investir em educação de qualidade, políticas de inclusão social e segurança cidadã. Somente com presença efetiva e digna do Estado será possível quebrar o ciclo representado em Cidade de Deus.
✅ 2. Estrutura Problema – Solução
Introdução:
A violência urbana nas favelas brasileiras é uma das maiores expressões da desigualdade social no país. O filme Cidade de Deus ilustra como a ausência do Estado permite o avanço do tráfico e da criminalidade, tornando a vida de seus moradores marcada por medo e exclusão.
D1 – Causas:
Entre as causas, estão a omissão das autoridades, a precariedade da educação pública e a falta de oportunidades de trabalho e lazer para os jovens. O filme mostra como crianças são cooptadas para o tráfico pela falta de alternativas.
D2 – Efeitos:
Como consequência, surgem chefes do tráfico como Zé Pequeno, que impõem regras próprias por meio da violência. A justiça, quando aparece, é ineficaz ou corrupta, e os cidadãos não se sentem protegidos.
D3 – Soluções:
Em curto prazo, programas sociais como o Jovem Aprendiz podem reduzir a entrada de jovens no tráfico. No médio prazo, é essencial investir em educação de qualidade e saúde mental. No longo prazo, urbanização e participação comunitária podem reconstruir a cidadania nas favelas.
Conclusão:
O enfrentamento da violência urbana exige ações integradas e contínuas. É urgente que o Estado atue com responsabilidade social, garantindo que comunidades como a Cidade de Deus tenham acesso pleno aos seus direitos.
✅ 3. Estrutura Comparação
Introdução:
O Brasil é marcado por um forte contraste entre o “asfalto” (áreas urbanas com infraestrutura) e as favelas, como a Cidade de Deus. O filme homônimo expõe com crueza essa divisão, revelando como a exclusão social transforma a vida nas periferias.
D1 – Semelhanças:
Ambos os contextos urbanos vivem sob a mesma legislação e compartilham desafios como violência e desigualdade. No entanto, o impacto desses problemas nas favelas é muito mais intenso.
D2 – Diferenças:
No asfalto, há acesso à justiça, educação e serviços básicos. Já na Cidade de Deus, como mostra o filme, o tráfico substitui o Estado. A cena em que crianças são treinadas para matar ilustra a ruptura do processo de socialização formal.
Conclusão:
A realidade das favelas, como retratada no filme, é mais reveladora dos problemas sociais do Brasil. Para mudar esse quadro, é necessária uma política pública centrada nos direitos humanos, com foco em educação, cultura e segurança cidadã.
✅ 4. Estrutura Causa – Consequência
Introdução:
A violência nas favelas é um fenômeno social enraizado em desigualdades históricas. O filme Cidade de Deus mostra como a ausência do Estado e a exclusão social produzem ambientes onde o crime se torna a principal via de ascensão.
D1 – Causas históricas:
Desde a urbanização acelerada e desordenada até a negligência com as populações marginalizadas, o Brasil falhou em integrar as favelas ao projeto de nação. Isso gerou um vácuo de poder, ocupado pelo tráfico, como evidencia o domínio de Zé Pequeno no filme.
D2 – Consequências imediatas:
A violência se torna cotidiana, e o medo regula as relações sociais. Jovens perdem a infância e se tornam soldados do tráfico, como mostram as cenas das crianças armadas patrulhando as vielas.
D3 – Consequências de longo prazo:
A perpetuação desse modelo aprofunda a desigualdade, marginaliza gerações e enfraquece a democracia, pois grande parte da população cresce sem confiar no Estado.
Conclusão:
A história contada em Cidade de Deus revela as marcas de um país desigual. Combater essas consequências exige um Estado presente, comprometido com políticas públicas que promovam cidadania, justiça e oportunidades reais.
Exemplos Temáticos Aplicados
Tema 1: Justiça e Impunidade
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Tese: “Cidade de Deus mostra que a impunidade fortalece facções e fragiliza a justiça nas favelas.”
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Cena: crime sem punição / tráfico infantil.
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Propostas: defensorias públicas, promotorias especializadas, guarda comunitária.
Tema 2: Mídia e Estereótipos
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Tese: “A favela é reduzida a violência pela mídia, apagando sua humanidade.”
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Cena: Buscapé e a fotografia da vida cotidiana.
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Propostas: incentivo à mídia comunitária, leis de regulação, educação midiática.
Tema 3: Herança da Exclusão
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Tese: “A violência urbana retratada em Cidade de Deus é fruto de exclusão social histórica.”
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Cena: infância na pobreza, falta de escola e trabalho.
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Propostas: educação integral, urbanização, políticas de renda.
Fichamento Visual – Redação com Cidade de Deus
Tema Central
Justiça, impunidade e exclusão social em territórios periféricos
Estrutura Base para Redação Dissertativo-Argumentativa
Introdução:
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Gancho: (ex: pergunta retórica, estatística, citação...)
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Contexto social: explique por que o tema é relevante hoje.
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Conexão com o filme: "Em Cidade de Deus, esse problema é retratado por meio de..."
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Tese clara: “A impunidade nas favelas reforça o ciclo de violência e descrédito nas instituições.”
Desenvolvimento 1 – Argumento + Exemplo
Argumento: O Estado falha em garantir justiça nos territórios periféricos.
Exemplo fílmico: Cena do tiroteio entre crianças ou tráfico sem repressão policial → mostra sensação de “terra sem lei”.
Desenvolvimento 2 – Contra-argumento + Refutação
Contra-argumento: Muitos creem que a polícia está presente.
Refutação: Mas atua de forma desigual – presença repressiva, não protetiva.
Exemplo: Cena em que a polícia se omite diante de Zé Pequeno.
Desenvolvimento 3 – Outro Ponto + Exemplo
Argumento: A impunidade legitima o domínio das facções.
Exemplo fílmico: Expansão do tráfico organizado, ausência de justiça formal, medo e submissão.
Conclusão / Síntese
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1. Retomar a tese: Reafirmar o ciclo de impunidade → violência → descrédito institucional.
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2. Proposta de ação:
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Fortalecimento da Defensoria Pública nas periferias
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Guardas comunitárias e mediação de conflitos
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Educação jurídica nas escolas
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3. Fechamento impactante: Citação, alerta ou esperança.
Modelos de Gancho + Contexto
Tipo de Gancho | Exemplo para "justiça e impunidade" |
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Pergunta retórica | “Como confiar em instituições que nunca protegem os mais vulneráveis?” |
Dado estatístico | “Apenas 8% dos homicídios em favelas são julgados até a condenação.” |
Citação curta | “A impunidade é o veneno que corrói a justiça.” – Graciliano Ramos |
Mini-anedota | “Em Cidade de Deus, o primeiro tiroteio infantil transforma o beco em um campo de guerra.” |
Cenário hipotético | “Imagine acordar todo dia com o som de tiros na porta de casa…” |
Fluxo Mental para Redação (resumo do mapa)
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Tema → Justiça e impunidade
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Tese → Estado ausente legitima violência
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Argumentos → Desigualdade de justiça / fortalecimento do tráfico / mídia e estigma
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Exemplos do filme → Cena da omissão policial / domínio do tráfico / Buscapé e a imprensa
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Conclusão → Retoma a tese + propõe soluções reais
Treinos Rápidos
Treino 1 – Frase-tese:
“A impunidade nas favelas consolida o poder das facções e mina a confiança na justiça.”
Treino 2 – Planejamento em 5 minutos:
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Qual é o problema central?
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Que cena do filme exemplifica isso?
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Quais as causas da falha do Estado?
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Quais três medidas você sugeriria?
Treino 3 – Flashcards mentais:
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Defina “impunidade”.
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Cite uma cena-chave do filme.
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Quais são os impactos sociais?
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Quais são as propostas concretas?
1. Tema: Justiça e impunidade em territórios periféricos
Título: A impunidade como alicerce da violência urbana
Introdução
“Como confiar em instituições que nunca protegem os mais vulneráveis?” A pergunta ecoa nas vielas das periferias brasileiras, onde a justiça parece um privilégio distante. A impunidade, especialmente em territórios marginalizados, escancara a ausência do Estado e reforça ciclos contínuos de violência. Esse problema é visceralmente retratado no filme Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, ao mostrar uma comunidade mergulhada em conflitos armados, desamparo legal e leis próprias. Assim, é possível afirmar que a impunidade nas favelas consolida o poder das facções criminosas e mina a confiança nas instituições públicas.
Desenvolvimento 1
O primeiro aspecto a considerar é a ineficácia do aparato estatal na garantia de justiça em áreas periféricas. Em Cidade de Deus, a cena inicial mostra um tiroteio entre crianças, sem qualquer reação institucional, o que ilustra a naturalização da violência e a omissão do poder público. Essa ausência de resposta fomenta a sensação de território abandonado, onde a lei do mais forte impera. A falta de investigação e punição dos crimes contribui para um ambiente de medo e impunidade contínua.
Desenvolvimento 2
Por outro lado, há quem defenda que a polícia está presente nesses territórios. No entanto, essa presença é seletiva e, muitas vezes, abusiva. No filme, policiais negociam com traficantes e ignoram crimes evidentes, como os cometidos por Zé Pequeno, evidenciando uma atuação que não visa justiça, mas controle. A impunidade, nesse caso, não decorre da ausência, mas da cumplicidade de agentes do Estado, o que aprofunda a desconfiança popular.
Desenvolvimento 3
Outro efeito da impunidade é o fortalecimento das organizações criminosas como alternativa de poder. Ao ocupar o vácuo deixado pelo Estado, as facções impõem suas próprias regras, operam julgamentos sumários e se tornam “autoridades” locais. Em Cidade de Deus, o tráfico de drogas domina o bairro, instaurando uma ordem baseada no medo. A impunidade, portanto, deixa de ser uma falha para se tornar um fator de manutenção do crime.
Conclusão
Dessa forma, percebe-se que a impunidade nos territórios periféricos representa um grave entrave à justiça social e à cidadania. Para combater esse cenário, é fundamental investir em políticas públicas que promovam a presença ativa e qualificada do Estado: ampliação da Defensoria Pública, criação de promotorias especializadas em crimes urbanos e fortalecimento de guardas comunitárias podem devolver à população a esperança de justiça. Só assim será possível romper o ciclo perverso entre violência e impunidade.
2. Tema: Representação midiática e estigmas sobre a favela
Título: A lente da mídia e o rótulo da favela
Introdução
“O que não se mostra, não se entende.” Em um país de profundas desigualdades, a forma como a mídia representa os territórios periféricos influencia diretamente a percepção da sociedade e as políticas públicas. A construção midiática da favela como espaço exclusivo de violência reforça estigmas históricos e legitima preconceitos. Essa crítica é central em Cidade de Deus, que, apesar de denunciar o abandono estatal, também reproduz o olhar sensacionalista. Nesse sentido, a mídia exerce um papel ambíguo: ora denuncia, ora reforça o estigma da marginalização.
Desenvolvimento 1
Um primeiro ponto é a seleção do que se mostra. No filme, Buscapé tenta retratar a vida cotidiana da favela, mas tem suas imagens de afeto e convivência rejeitadas por editores que preferem tiroteios e corpos no chão. Isso ilustra como a mídia hegemônica recorta a realidade, destacando o que choca e silenciando o que humaniza. Essa escolha reforça a ideia de que a favela é um lugar perigoso por natureza, não como resultado de um processo histórico de exclusão.
Desenvolvimento 2
Além disso, a cobertura sensacionalista esvazia a complexidade social desses territórios. Nos noticiários, raramente se fala de cultura, educação ou empreendedorismo favelado. Essa invisibilidade contribui para a legitimação de políticas repressivas. Cidade de Deus, ao apresentar apenas personagens ligados ao tráfico ou à violência, contribui involuntariamente para esse imaginário. A favela vira sinônimo de crime, o que justifica o descaso e a repressão policial.
Desenvolvimento 3
As consequências dessa representação são profundas. Além de reforçar o medo e a segregação entre “asfalto” e “morro”, ela dificulta a criação de políticas culturais, educacionais e urbanísticas voltadas para essas comunidades. A ausência de narrativas positivas torna mais difícil imaginar a favela como parte legítima da cidade. Por isso, é urgente investir em comunicação alternativa: blogs locais, teatro comunitário, coletivos de mídia e educação crítica são formas de ressignificar o espaço periférico.
Conclusão
Portanto, a mídia precisa repensar seu papel na construção do imaginário social. Estimular representações plurais, valorizar vozes locais e evitar generalizações são passos fundamentais para quebrar o ciclo do estigma. Incentivar fanzines, rádios comunitárias e oficinas de jornalismo popular pode abrir espaço para novas narrativas. Afinal, mudar a forma como se vê a favela é também mudar o lugar que ela ocupa na sociedade.
3. Tema: Desigualdade histórica e violência urbana
Título: A violência como herança de exclusão
Introdução
A violência urbana não nasce do acaso. Ela é fruto de um processo histórico de exclusão social que atravessa gerações e molda o presente das grandes cidades. No Brasil, esse processo é especialmente visível nas periferias urbanas, onde a ausência de políticas públicas estruturais transforma a marginalização em destino. O filme Cidade de Deus escancara essa realidade ao retratar a escalada da violência como consequência direta da pobreza e do abandono estatal. A partir disso, compreende-se que a violência urbana é uma herança da desigualdade histórica que perpetua a exclusão.
Desenvolvimento 1
A gênese dessa exclusão remonta à própria formação das cidades brasileiras. No filme, o surgimento da Cidade de Deus está ligado à remoção de favelas do centro, sem qualquer estrutura de apoio à nova população. O bairro nasce à margem, física e simbolicamente. As construções improvisadas e a falta de saneamento revelam o descaso do Estado. Essa origem precária já delineia um destino marcado pela desigualdade e violência.
Desenvolvimento 2
Outro aspecto é a ausência de oportunidades reais. No filme, os jovens crescem em um ambiente onde a escola é fraca, o emprego é raro e o tráfico é uma alternativa palpável. A criminalidade surge não como escolha, mas como reflexo da escassez de caminhos possíveis. Esse cenário revela como a violência se enraíza na desigualdade material e simbólica – sem dignidade, o crime se apresenta como poder.
Desenvolvimento 3
As consequências dessa exclusão estrutural são duradouras. Além do medo constante, há a construção de uma identidade social marcada pela inferioridade e pela desconfiança. O Estado, ao não oferecer políticas inclusivas, reforça a segregação. Cidade de Deus mostra como os moradores se veem presos em um ciclo, em que a cada geração a esperança se torna mais rara. Para romper esse ciclo, é preciso atacar as causas profundas, e não apenas os sintomas.
Conclusão
Em vista disso, combater a violência urbana exige muito mais do que ações repressivas. É necessário investimento massivo em habitação digna, educação integral, políticas de renda e inserção cultural. Só assim será possível transformar a herança de exclusão em um legado de equidade. E, finalmente, permitir que territórios como a Cidade de Deus deixem de ser retrato da desigualdade para se tornarem símbolo de superação.
DISCUSSÃO INTERPRETATIVA SOBRE O FILME Cidade de Deus
📌 1. Qual é o principal tema do filme?
Resposta: A violência urbana nas favelas, causada pela exclusão social, ausência do Estado e desigualdade estrutural.
📌 2. Como a infância é retratada no filme?
Resposta: De forma brutalizada. As crianças são inseridas precocemente no mundo do crime e da violência, perdendo a inocência muito cedo.
📌 3. Qual é o papel da ausência do Estado?
Resposta: Mostra-se um fator central: a ausência do poder público (em educação, saúde e segurança) cria um vácuo ocupado pelo tráfico e pelas facções.
📌 4. Qual o contraste entre Buscapé e Zé Pequeno?
Resposta: Enquanto Zé Pequeno escolhe o crime e o poder, Buscapé busca a fotografia e um caminho honesto, mesmo dentro de um ambiente hostil.
📌 5. O que a trajetória de Dadinho/Zé Pequeno revela?
Resposta: Como a violência sistemática e a ambição, somadas à falta de apoio social, formam figuras tirânicas desde a infância.
📝 PROVA SOBRE O FILME CIDADE DE DEUS
Instruções: Responda às questões objetivas e dissertativas com base no filme. Valor total: 10,0 pontos.
📚 Parte I – Questões Objetivas (1 ponto cada)
1. O filme Cidade de Deus é baseado em:
A) Uma reportagem policial
B) Um romance de Paulo Lins
C) Uma biografia de traficantes reais
D) Um roteiro original de Fernando Meirelles
Gabarito: B
2. O personagem Buscapé representa:
A) A violência das favelas
B) A impunidade policial
C) A esperança de um caminho diferente
D) A corrupção do tráfico
Gabarito: C
3. O apelido de Zé Pequeno na infância era:
A) Zé Ruela
B) Dadinho
C) Neguinho
D) Betinho
Gabarito: B
4. Qual o recurso narrativo utilizado pelo filme?
A) Narração em 3ª pessoa onisciente
B) Linha do tempo linear
C) Narrador personagem
D) Estilo documental
Gabarito: C
5. A Cidade de Deus é retratada como:
A) Um bairro pacífico
B) Um centro cultural
C) Um lugar ausente de Estado
D) Um símbolo de ascensão social
Gabarito: C
6. Qual personagem representa o sonho de se afastar da violência?
A) Zé Pequeno
B) Mané Galinha
C) Cabeleira
D) Buscapé
Gabarito: D
7. A infância no filme é marcada por:
A) Proteção e educação
B) Trabalho infantil apenas
C) Violência e criminalização precoce
D) Escolarização eficiente
Gabarito: C
8. O tráfico substitui o Estado porque:
A) Garante segurança e justiça formal
B) Controla serviços sociais
C) Impõe regras e “ordem” com violência
D) Legaliza negócios locais
Gabarito: C
9. O personagem Mané Galinha representa:
A) O tráfico local
B) A revolta popular
C) O policial infiltrado
D) A mídia sensacionalista
Gabarito: B
10. Ao final do filme, quem assume o poder?
A) A milícia
B) A polícia
C) Os meninos do corre
D) O governo estadual
Gabarito: C
✏️ Parte II – Questões Dissertativas (1 ponto cada)
11. Explique como a fotografia foi uma forma de resistência para Buscapé.
Resposta esperada: A fotografia permitiu a Buscapé contar a realidade da favela sem se envolver na violência. Foi seu meio de ascensão e denúncia, simbolizando arte como forma de resistência.
12. Analise a função social da mídia no filme.
Resposta esperada: A mídia é representada como sensacionalista e superficial, mas também como uma oportunidade de visibilidade para Buscapé, mostrando sua ambivalência.
13. O que a trajetória de Zé Pequeno revela sobre o ciclo da violência?
Resposta esperada: Revela como a falta de apoio familiar, exclusão social e ausência do Estado produzem figuras violentas desde a infância, perpetuando um ciclo de poder e opressão.
14. Cite duas cenas que evidenciam a desigualdade social.
Resposta esperada: A chacina policial contra inocentes e as crianças armadas mostrando o domínio do tráfico são exemplos fortes da desigualdade e marginalização.
15. De que forma o filme problematiza o conceito de justiça?
Resposta esperada: Mostra que a justiça formal não alcança as favelas e que o poder é exercido com violência pelas facções ou por policiais corruptos, tornando a justiça seletiva e ausente.
16. Qual o papel da polícia na dinâmica da Cidade de Deus?
Resposta esperada: Age de forma violenta, omissa ou corrupta. Em vez de proteger, contribui para o medo e favorece alianças com criminosos.
17. Explique a metáfora do "corre" na fala dos meninos do final do filme.
Resposta esperada: Representa a continuidade da violência e o ciclo do tráfico, indicando que novas gerações assumirão o poder com os mesmos métodos.
18. Como o filme mostra a relação entre infância e violência?
Resposta esperada: Crianças são aliciadas pelo tráfico, recebem armas e são usadas como soldados, o que representa a destruição precoce da infância.
19. Qual a crítica principal feita à sociedade brasileira?
Resposta esperada: A omissão histórica com as favelas, a naturalização da desigualdade e a falência do Estado em garantir direitos básicos.
20. Proponha duas ações que poderiam evitar trajetórias como a de Zé Pequeno.
Resposta esperada: (1) Educação de qualidade e acesso à cultura desde a infância; (2) Políticas públicas de inclusão social, apoio psicológico e segurança cidadã.
✅ Gabarito Resumido
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B
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C
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B
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C
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C
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D
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C
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C
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B
-
C
11–20: Respostas dissertativas conforme acima.