sexta-feira, 8 de março de 2019

Negrinha, Monteiro Lobato - seminário

LÍNGUA PORTUGUESA     P3- LITERATURA         DATA da P3: ___/03/2019            Professora: Bernadete                  

9º ano  (data da entrega para o aluno- 1º dia de aula)
GRUPOS 
GRUPO 1- NÚMEROS:
GRUPO 2- NÚMEROS:
GRUPO 3-NÚMEROS:
GRUPO 4- NÚMEROS:
Conteúdo:                 Conto :  “NEGRINHA” DE Monteiro Lobato

Tempo estimado -     2 aulas

Objetivo Geral:
Incentivar a leitura, compreender a necessidade de ler e articular as respostas por escrito e em grupo. Desenvolver uma linha de pensamento coerente com os assuntos abordados na obra. Responder as perguntas pertinentes aos temas propostos e organizar-se em grupo.

Objetivo Específico
Interagir com os outros alunos, compreender a importância da leitura, aprender a responder as questões e organizar suas respostas. Organizar suas ideias para participar do debate

Material necessário 
Leitura do livro para que os alunos possam responder as questões e participar do debate.

Desenvolvimento 
Metodologia
O projeto irá se desenvolver em sala de aula. Os alunos irão se organizar em grupos e terão como função desenvolver o “debate” , diante das perguntas dadas.

Avaliação 
A avaliação será quantitativa e qualitativa.
A avaliação quantitativa será computando os pontos adquiridos pelas respostas corretas.
A avaliação qualitativa será de acordo com o interesse na atividade, a participação e interação com os demais alunos.






                                   Negrinha (1920 )- Monteiro Lobato               
           
             Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa:
— Quem é a peste que está chorando aí?
Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero.
— Cale a boca, diabo!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer...
Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés. Não compreendia a ideia dos grandes. Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta.
— Sentadinha aí, e bico, hein?
Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas.
— Braços cruzados, já, diabo!
Cruzava os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E o relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas — um cuco tão engraçadinho! Era seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as horas com a bocarra vermelha, arrufando as asas. Sorria-se então por dentro, feliz um instante.
Puseram-na depois a fazer crochê, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim.
Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca, pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo — não tinha conta o número de apelidos com que a mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na berra, como a grande novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim — por sinal que achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da lista. Estava escrito que não teria um gostinho só na vida — nem esse de personalizar a peste...
O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Sua pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De passagem. Coisa de rir e ver a careta...
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo — essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a polícia! “Qualquer coisinha”: uma mucama assada ao forno porque se engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a sinhá!”...
O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo:
— Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
Tinha de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade. Cocres: mão fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do paciente. Puxões de orelha: o torcido, de despegar a concha (bom! bom! bom! gostoso de dar) e o a duas mãos, o sacudido. A gama inteira dos beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, à torcida do umbigo, equivalente ao puxão de orelha. A esfregadela: roda de tapas, cascudos, pontapés e safanões a uma — divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível, cortante: para “doer fino” nada melhor!
Era pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um castigo maior para desobstruir o fígado e matar as saudades do bom tempo. Foi assim com aquela história do ovo quente.
Não sabem! Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha — coisa de rir — um pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim. A criança não sofreou a revolta — atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos os dias.
— “Peste?” Espere aí! Você vai ver quem é peste — e foi contar o caso à patroa.
Dona Inácia estava azeda, necessitadíssima de derivativos. Sua cara iluminou-se.
— Eu curo ela! — disse, e desentalando do trono as banhas foi para a cozinha, qual perua choca, a rufar as saias.
— Traga um ovo.
Veio o ovo. Dona Inácia mesmo pô-lo na água a ferver; e de mãos à cinta, gozando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera. Seus olhos contentes envolviam a mísera criança que, encolhidinha a um canto, aguardava trêmula alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou a ponto, a boa senhora chamou:
— Venha cá!
Negrinha aproximou-se.
— Abra a boca!
Negrinha abriu aboca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma colher, tirou da água “pulando” o ovo e zás! na boca da pequena. E antes que o urro de dor saísse, suas mãos amordaçaram-na até que o ovo arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz. Esperneou. Mas só. Nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois:
— Diga nomes feios aos mais velhos outra vez, ouviu, peste?
E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono, a fim de receber o vigário que chegava.
— Ah, monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela pobre órfã, filha da Cesária — mas que trabalheira me dá!
— A caridade é a mais bela das virtudes cristas, minha senhora —murmurou o padre.
— Sim, mas cansa...
— Quem dá aos pobres empresta a Deus.
A boa senhora suspirou resignadamente.
— Inda é o que vale...
Certo dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas, pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de plumas.
Do seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como dois anjos do céu — alegres, pulando e rindo com a vivacidade de cachorrinhos novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o raio dum castigo tremendo.
Mas abriu a boca: a sinhá ria-se também... Quê? Pois não era crime brincar? Estaria tudo mudado — e findo o seu inferno — e aberto o céu? No enlevo da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil, fascinada pela alegria dos anjos.
Mas a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no umbigo, e nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: “Já para o seu lugar, pestinha! Não se enxerga”?
Com lágrimas dolorosas, menos de dor física que de angústia moral —sofrimento novo que se vinha acrescer aos já conhecidos — a triste criança encorujou-se no cantinho de sempre.
— Quem é, titia? — perguntou uma das meninas, curiosa.
— Quem há de ser? — disse a tia, num suspiro de vítima. — Uma caridade minha. Não me corrijo, vivo criando essas pobres de Deus... Uma órfã. Mas brinquem, filhinhas, a casa é grande, brinquem por aí afora.
— Brinquem! Brincar! Como seria bom brincar! — refletiu com suas lágrimas, no canto, a dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em imaginação com o cuco.
Chegaram as malas e logo:
— Meus brinquedos! — reclamaram as duas meninas.
Uma criada abriu-as e tirou os brinquedos.
Que maravilha! Um cavalo de pau!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca imaginara coisa assim tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo? Uma criancinha de cabelos amarelos... que falava “mamã”... que dormia...
Era de êxtase o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia o nome desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial.
— É feita?... — perguntou, extasiada.
E dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o beliscão, o ovo quente, tudo, e aproximou-se da criatura de louça. Olhou-a com assombrado encanto, sem jeito, sem ânimo de pegá-la.
As meninas admiraram-se daquilo.
— Nunca viu boneca?
— Boneca? — repetiu Negrinha. — Chama-se Boneca?
Riram-se as fidalgas de tanta ingenuidade.
— Como é boba! — disseram. — E você como se chama?
— Negrinha.
As meninas novamente torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha perdurava, disseram, apresentando-lhe a boneca:
— Pegue!
Negrinha olhou para os lados, ressabiada, como coração aos pinotes. Que ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem jeito, como quem pega o Senhor menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados  relanços  de olhos para a porta. Fora de si, literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e um filhinho de anjo lhe tivesse vindo adormecer ao colo. Tamanho foi o seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. Dona Inácia entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena.
Mas era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro coração afinal bambeou. E pela primeira vez na vida foi mulher. Apiedou-se.
Ao percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance pela cabeça a imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores. E incoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos.
Falhou tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo — estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida:
— Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein?
Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viu mais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu.
Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha...
Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma — na princesinha e na mendiga. E para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos divinos à vida da mulher: o momento da boneca — preparatório —, e o momento dos filhos — definitivo. Depois disso, está extinta a mulher.
Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa — e doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava!
Assim foi — e essa consciência a matou.
Terminadas as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa voltou ao ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra, inteiramente transformada.
Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida.
Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostálgicos, cismarentos.
Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, envenenara-a.
Brincara ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma.
Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça — abraçada, rodopiada.
Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta.
Mas, imóvel, sem rufar as asas.
Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou...
E tudo se esvaiu em trevas.
Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira — uma miséria, trinta quilos mal pesados...
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas.
— “Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?”
Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia.
— “Como era boa para um cocre!...”
Observações:* Perceber  o tratamento dado ao negro na época em que se desenvolve a narrativa.
*Negrinha é uma narrativa que está intimamente ligada às mudanças sociais, culturais, históricas e antropológicas do homem, e aponta para a modernidade das manifestações literárias.(Pré-modernismo no Brasil)
Pesquisar:
a)Contexto histórico no Brasil.( Final do século XIX início do século XX)
b)Biografia de Monteiro Lobato
c)Características do PRÉ-MODERNISMO e MODERNISMO (somente as que estão relacionadas ao texto lido)
1-Nomeie as PERSONAGENS:

Personagem principal. Tem por volta dos sete anos, é negra e órfã, de aparência muito raquítica, foi criada no canto com um gato, sofreu durante toda sua vida e o conto se encerra com sua morte.

Senhora que adotou Negrinha, é vista como uma mulher digna, de caráter ilibado, possuidoras de riquezas e constante frequentadora da Igreja. A partir deste personagem Lobato mostra sua crítica, ao mostrar a hipocrisia da sociedade da época, pois ela é vista como uma cidadã exemplar, sendo que dentro de sua casa ela tortura uma criança.

Personagem coadjuvante está na trama apenas para fortalecer a imagem de “honrada senhora” de Dona Inácia.

Participa do momento em que a menina engole o ovo quente. Aparece mais à frente um pouco mais amena em relação à garota, não a destratando.

Único elemento de felicidade de Negrinha representa uma metáfora do tempo, sempre que saía do relógio para mostrar as horas, no final da trama aparece mostrando para a garota que seu tempo está se esvaindo.

São garotas de uma realidade completamente diferente da de Negrinha, são louras e saudáveis. Aparecem de meio para o fim da trama, quando vão passar as férias na casa de sua tia. Brincam com Negrinha, achando estranho o fato de ela nunca ter visto uma boneca.

2-TEMPO: Final do século XIX início do século XX, período pós-abolição.  Que fatos marcaram esse período no  Brasil ? (pesquisar)

3-TEMAS: ( observar o contexto histórico e a crítica social)
A hipocrisia religiosa da senhora, que é vista como boa, mas tortura cruelmente a Negrinha. A continuidade da escravidão no Brasil, a obra mostra que após abolição não houve a devida inclusão, e sim a perpetuação da escravidão, com o negro dentro das casas de família.
Os temas são:  hipocrisia religiosa , autoritarismo, opressão  e preconceito racial(racismo).
 Cite as situações mais marcantes em que os temas aparecem no texto ( Grifar: poderá ler)
4-O conto mostra, através da Negrinha, que o negro sofreu muito ainda após o período de pós-abolição, e a hipocrisia das pessoas, na personagem de Dona Inácia, evidenciando a questão paradoxal: a senhora, gorda, rica, excelente patroa, com lugar garantido no céu, era vista como uma pessoa boa para a sociedade e a garota, negra, pobre, esmirrada, era vista com ódio pela sociedade. Qual é a sua opinião sobre a afirmação acima? (individual)
5 - Faça um levantamento das palavras e expressões que caracterizam a Negrinha, desde a ausência de nome próprio até idade, origem, aspecto físico, olhos, as marcas do corpo, temperamento, onde vivia, com quem vivia etc. (palavras que representariam o cúmulo de um pensamento racista)
6- Faça um levantamento das palavras e expressões que caracterizam a personagem dona Inácia.

7-                 O conto também é repleto de ironias - ironia é uma figura de linguagem que ocorre quando se diz alguma coisa, querendo-se dizer exatamente o contrário. Por exemplo:
Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, [...] - não tinha conta o número de apelidos com que a mimoseavam.
O emprego de "mimoseavam" é ironia porque atribuir nomes depreciativos a uma pessoa não é uma forma de mimoseá-la, isto é, agradá-la. É exatamente o contrário.
Encontre os conceitos presentes no texto, como: crueldade, cinismo, hipocrisia, piedade, gratidão.

8-                  Os tipos de castigos físicos aplicados na menina negra parecem ser herança do escravismo. Observe  a descrição detalhada deles. Quais os castigos sofridos pela Negrinha?

9-                 Evidenciem o tratamento desigual dispensado à menina negra e às meninas louras, sobrinhas de dona Inácia. Grife os trechos que mostram o que o narrador pensa da importância do brincar para uma criança?

10-             O que aconteceu com a menina negra depois que brincou com a boneca de louça? Por qual transformação ela passou?

11- Brincara!... Construída apenas com uma palavra, a frase é carregada de significação.
Faça a comparação entre: Brincou!... e Brincava!... No uso de pretéritos diferentes, que mudanças de sentido aconteceriam ao texto?

12-O uso da pontuação expressiva da exclamação e das reticências. Que efeito de sentido provoca no texto? (pesquisar pontuação)

13-O desfecho com a morte da menina negra, depois de ter experimentado pela primeira vez o sentimento da alegria, sugere a seguinte reflexão: aqueles que sofreram maus tratos não têm salvação? Está determinado que serão infelizes para sempre?( resposta pessoal e individual) 

14-A partir dos caracteres que compõem o perfil das personagens protagonistas do texto de Lobato, pode ser observada a mentalidade preconceituosa e opressora da sociedade brasileira de uma determinada época; entretanto, os predicados conferidos a esses seres ficcionais lobatianos destacam a sempre atual busca pelo poder, em que a presença das lutas de classes e dos confrontos entre raças são determinantes para estabelecer a condição social dos seres humanos. Você concorda ou discorda que essa situação continua bem atual? Justifique.
15- A partir do título dessa obra de Monteiro Lobato, nota-se, pela utilização do sufixo –inha, o tratamento dado à personagem principal no decorrer do conto. O uso é carinhoso ou pejorativo?

16-“[…] uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados”.  Nesse trecho podemos observar:
        (      ) características físicas              (   )condição social        (      ) constante estado psicológico.

17-Negrinha ( a oprimida) , a personagem-título,  é filha de uma escrava e, com a morte desta, passa a ser criada por D. Inácia ( a opressora), uma rica senhora acostumada ao antigo regime escravocrata, abolido em 1888( leis não têm força para abolir costumes culturais). Mostra-se, portanto, a crítica feroz lobatiana, com o intuito de revelar a situação das classes menos favorecidas de uma sociedade brasileira discriminatória. Você concorda que a citação mostra uma das características do Pré-Modernismo?

18-Negrinha é vítima de um meio social injusto e preconceituoso, cujos padrões se valem da submissão dos mais fracos e da hipocrisia. Dona Inácia, a dona da fazenda, representa isso, pois enquanto agride a menina, caracteriza-se por seu status e suas falsas virtudes: “Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, a mimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu […] Mas não admitia choro de criança”. Neste trecho,  qual é a  incoerência?    ´

19-Qual crítica o texto  apresenta em relação à postura de certos membros da Igreja Católica?
Pense: proprietários rurais/ poder/dinheiro/valores cristãos ; quando o reverendo elogia dona Inácia, sua intenção é apenas a de enaltecer a proprietária rural. Ele sinceramente não tem intenção de fazer o contrário, ou seja, falar mal dela.
20-Observando a caracterização física e psicológica dessas duas personagens, pode-se chegar à seguinte oposição:
Nome: DONA(FORMA RESPEITOSA DE TRATAMENTO)  Inácia/patroa = adulta, rica, branca, opressora, gorda, “dona do mundo”, “virtuosa” , sádica, preconceituosa , escravagista                              (USA DA RAZÃO E É BEM VISTA PELA SOCIEDADE)
                                                                                          X
Negrinha( ALCUNHA: idade e cor da pele) = criança, pobre, negra, oprimida, magra, “atrofiada”, “peste                                                                                                                                                                                                  (HUMILHADA POR TODOS; CONTINUAVA ESCRAVA)
Diante das características físicas e psicológicas, pode-se observar a posição social das personagens pertencentes a um mesmo contexto sócio-histórico do Brasil . Negrinha é representante de três grupos sociais brasileiros: o escravo, a mulher e a criança, cujas trajetórias na História não foram bem sucedidas. Você concorda ou discorda dessa afirmação? Justifique.
21-Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão […] Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata choca, pinto gorado, mosca morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa ruim, lixo – não tinha conta o número de apelidos com que a mimoseavam […] O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Por isso, a menina guarda as marcas da hostilidade, que chegam ao ápice da violência, seja pelas agressões físicas, pelo desafeto ou pelos castigos que recebe dos habitantes da casa-grande.  Hoje em dia, será  que em algum estado brasileiro ainda acontece essa barbárie? Pesquisar.
22-A não-identidade da menina demonstra que ela não é considerada um ser humano pelos demais, mas sim um objeto, sobretudo um animal que não possui alma e precisa ser domesticado. Ela não pode andar pela casa, brincar e, nem mesmo, falar, segundo Lobato “[…] feito um gato sem dono, levada a pontapés […] que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas […]”, pois seria castigada pela realização de um de seus atos, quando, por exemplo, é forçada a engolir um ovo fervendo como forma de castigo por uma de suas travessuras: “Negrinha abriu a boca como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma colher, tirou da água ‘pulando’ o ovo e zás! na boca da pequena […]”. Nesse sentido, deve-se dizer que, inicialmente, Negrinha pode ser considerada uma personagem monológica , devido às suas características individuais, pela aceitação de sua situação miserável e por não ir contra àquela realidade em que vive, o que equivale à não-ativação de pontos de vista questionadores. Logo, essa primeira etapa da personagem mostra toda sua passividade diante das crueldades do preconceito e das desigualdades sociais.
Por que Negrinha era tão passiva?______________________________________________