sexta-feira, 8 de março de 2019

Seminário: Os miseráveis

LÍNGUA PORTUGUESA     P3- LITERATURA         DATA da P3: ___/03/2019            Professora: Bernadete                  

8º ano  (data da entrega para o aluno- 1º dia de aula)
TRÊS GRUPOS 
GRUPO 1- NÚMEROS:
GRUPO 2- NÚMEROS:
GRUPO 3-NÚMEROS: TRÊS ALUNOS

Conteúdo:               “Os Miseráveis” de Victor Hugo

Tempo estimado -     2 aulas

Objetivo Geral:
Incentivar a leitura, compreender a necessidade de ler e articular as respostas por escrito e em grupo. Desenvolver uma linha de pensamento coerente com os assuntos abordados na obra. Responder as perguntas pertinentes aos temas propostos e organizar-se em grupo.

Objetivo Específico
Interagir com os outros alunos, compreender a importância da leitura, aprender a responder as questões e organizar suas respostas. Organizar suas ideias para participar do JÚRI SIMULADO.

Material necessário 
Leitura do livro para que os alunos possam responder as questões e participar do júri simulado.

Desenvolvimento 
Metodologia
O projeto irá se desenvolver em sala de aula. Os alunos irão se organizar em grupos e terão como função desenvolver o “Júri simulado” e as perguntas dadas.

Avaliação 
A avaliação será quantitativa e qualitativa.
A avaliação quantitativa será computando os pontos adquiridos pelas respostas corretas.
A avaliação qualitativa será de acordo com o interesse na atividade, a participação e interação com os demais alunos.






8º ano       DATA DA P3: ____/03/2019    (3 GRUPOS )                    Profª Bernadete
P3- Literatura:  “Os Miseráveis” de Victor Hugo
JÚRI SIMULADO
1-Questionamentos orais para todos os alunos:
a)Vocês dariam uma oportunidade de emprego para alguém que saiu da prisão?
b) Vocês acreditam que uma pessoa pode se redimir após sair da prisão e se tornar uma pessoa melhor? Por quê?
c) Como vocês definem ser uma pessoa miserável.
d) FORMAR GRUPOS (3 ALUNOS )
Faça um breve histórico sobre o escritor Victor Hugo e apresente  algumas considerações sobre o ROMANTISMO NA EUROPA refletindo sobre a importância do livro para a época. (observação: contextualizar o período da Revolução Francesa)
e) INDIVIDUAL: Entendimento do romance por meio de perguntas orais: levantar a mão.  
(Algumas perguntas sobre o enredo .)
2- Proposta de JÚRI SIMULADO, levando em conta aspectos da obra e também tendo em vista o poder da argumentação na sociedade em que estamos inseridos. (formar 3 grupos.  júri simulado- ter argumentos condizentes ao livro .)            
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO EM GRUPO:
Grupo 1- grupo de alunos terá que defender o réu, o personagem principal do livro, Jean Valjean.
Grupo 2 -  outro grupo terá  o papel de acusar o réu. (elaborar perguntas para acusar o réu)
Grupo 3 – 3 alunos - Um grupo de juízes darão a sentença final.
Pensar e responder: grupos
2.1- Na história toda, o erro era só de Jean Valjean ? Era igualmente grave o fato de ele, operário, não ter trabalho e não ter pão. Depois de a falta ter sido cometida e confessada, por acaso o castigo não foi por demais feroz e excessivo? Comente.
2.2- Onde haveria mais abuso: da parte da lei, na pena, ou da parte do culpado, no crime?
2.3- Pode a sociedade humana ter o direito de sacrificar seus  “IRMÃOS” ,  ora por sua incompreensível imprevidência, acorrentando indefinidamente um homem entre essa falta e esse excesso, falta de trabalho e excesso de castigo? 
2.4- É próprio das sentenças em que domina a impiedade, isto é, a brutalidade, transformar pouco a pouco, por uma espécie de estúpida transfiguração, um homem em animal, às vezes,  até em animal feroz. Jean Valjean renovou as fugas, tão inúteis e loucas, toda vez que se apresentou ocasião propícia, sem pensar um pouquinho nas consequências, nem nas vãs experiências já feitas. Escapava impiedosamente, como o lobo que encontra a jaula aberta. O instinto lhe dizia: "Salve-se". A razão lhe teria dito: "Fique"! Mas, diante de tentação tão violenta, o raciocínio desaparecia, ficando somente o instinto. Era o animal que agia. Quando era novamente preso, os novos castigos que lhe infligiam só serviam para torná-lo mais sobressaltado. Comente.
2.5-  A história é sempre a mesma. Essas pobres criaturas, QUE JÁ PASSARAM E PASSAM PELA MESMO PROBLEMÁTICA DE JEAN, HOJE, EM DIA, carecendo de apoio, de guia, de abrigo, ficam ao léu. Compare a história narrada com a realidade atual brasileira.
2.6- A adesão de Jean Valjean ao crime foi voluntária?

Sugestões durante a leitura do livro:
Título: OS MISERÁVEIS  Autor:  HUGO, Victor   Adaptação de Walcyr Carrasco    Editora:MODERNA   
Observe as questões: em negrito ou 1, 2 e 11 
1-Quem foi Victor Hugo? ( Sempre devemos ter alguns conhecimentos sobre o autor. )
2- Contexto histórico da época em que o livro foi escrito.( Sempre devemos ter alguns conhecimentos sobre a época em que o livro foi escrito. Tente  sempre relacionar a situação histórica vivida na época com a obra lida.)
Exemplo para adquirir conhecimentos durante leituras realizadas futuramente:
A obra “Os Miseráveis” (1862), de Victor Hugo (1802-1885), se situa entre os finais do século XVIII até meados do século XIX, exatamente na época em que ocorreu a Revolução Francesa (1789-1799), ponto de referência fundamental dando uma dimensão política à fraternidade (Monsenhor Benvindo, capítulo 2).
Em 14 de julho de 1789 o povo saiu às ruas de Paris e derrubou a Bastilha(= prisão do pensamento)- verdadeiro símbolo do regime absolutista que por muito tempo vigorou no país- desencadeou a Revolução Francesa(.Lema: Liberdade, igualdade e fraternidade)
É imprescindível salientar que foi no bojo da Revolução Francesa que o chamado Terceiro Estado, que compreendia aproximadamente 96% da nação (SOBOUL, 1989, p. 15), promoveu um amplo conjunto de reformas anti-aristocráticas, que incluíram, por exemplo, a abolição do sistema feudal, a promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a elaboração de uma nova Constituição, concluída em 1791, e a constituição civil do clero
Victor Hugo foi um dos escritores com maior influência sobre os autores da 3ª Geração Romântica no Brasil, pois suas obras continham certo tipo de preocupação social e elementos de transição entre o Romantismo e o Realismo.
Em Os Miseráveis,o estilo literário de Hugo é marcado pelas vívidas descrições que nos fazem imaginar que estamos vivendo na França da época e pela narração de caráter social onde há a denúncia das injustiças. As características do Realismo que podemos encontrar na obra são: Denúncia das injustiças sociais; Contemporaneidade; Retrato fiel das personagens; Gosto pelos detalhes. As características do Romantismo que podemos encontrar na obra são: Sentimentalismo; Linguagem elegante e rica. O período literário da obra é o Romantismo com elementos de transição para o Realismo.
Os Miseráveis é uma grandiosa obra que apesar de narrar acontecimentos fictícios, serviu como denúncia às injustiças sociais da França do século XIX, o sentimentalismo do Romantismo ainda se faz presente em vários pontos do livro, muitos desses pontos são decisivos para o desenvolvimento da obra como, no início, quando o bispo fica ao lado de Jean Valjean. Características do Realismo também estão presentes, como já foi citado acima.
3- Quais são os personagens principais?
4- Onde se passa a maior parte da história?
5- Como é esse lugar?
6- Quando acontecem os fatos?
7-Como você sabe disso? Exemplifique com trechos do livro:
8. Enredo Qual é a ideia principal da história?(breve resumo/sinopse)
9. De qual parte você mais gostou? Por quê?
10- Cite  três cenas importantes da história. Identificando a que trechos se referem e a página.
11- Você gostou dessa história? Por quê?( SUGESTÕES:  REFLITA E RESPONDA PENSANDO NAS PERGUNTAS: O que a leitura acrescentou em sua vida? O que modificou em seu modo de pensar? Qual foi a mensagem deixada para você?
(Observação: para justificar se gostou ou não da leitura de algum livro ou texto é necessário sempre pensar nas perguntas acima.)
12. A história é sobre quem?
13.O que houve com ele?
14.Por que ele vivia fugindo?
15.Como foi parar na prisão?
16.Jean se sentia culpado por qual motivo?
17.Qual o fato ocorrido que mudou a história do protagonista?
18.Porque o personagem passa de homem rancoroso a generoso, capaz de ter gestos de amor ao próximo, no decorrer da história?
19. Como o Sr.Madeleine(Jean) ajuda Fantine?
20. Em quais situações podemos verificar os temas ligados à questão social abordados na obra: a) fome:            b) autoritarismo:     c) abuso do poder:     d) diferenças sociais:   e) discriminação social:           f) luta pela sobrevivência:                 g) dificuldades financeiras:    h)fraternidade( Monsenhor):
21.Dos temas abordados no livro, qual chamou mais sua atenção? Por quê?
22.Observando o título da obra e a ilustração da capa, você imaginou que a história seria essa?
23. Qual fato da história lhe chamou mais a atenção?
24. A maneira de contar e a linguagem utilizada facilitou a leitura?
25. Você identificou-se com alguma personagem? De quem mais gostou? Por quê?
26. De qual personagem você não gostou? Por quê?
27. Você gostou de Jean Valjean? O que mais chamou sua atenção no personagem?
28. Você teve Interesse em saber logo o final do livro?
29. A história prendeu a sua atenção?
30. Algum fato da história de “Os Miseráveis” fez você recordar algum fato real, da sua vida ou de leituras já realizadas?
31. Se fosse o autor da obra, mudaria algum fato na história? O quê?
32. Gostou do final da história ou mudaria? Justifique.
33. A leitura do livro proporcionou-lhe prazer, trouxe algum ensinamento? Justifique.
34. Qual a mensagem sobre a vida e a condição humana você tira após a leitura da obra?
35. Há semelhança entre a sociedade atual e os personagens da obra: Jean Valjean, o menino de rua, Fantine e Cosette? Comente.
36- Escreva  uma pequena recomendação de leitura do livro da forma mais atraente possível.(convença outro leitor a ler o  livro.)
 








































resumo: como fazer um resumo

LÍNGUA PORTUGUESA                                                                     Professora: Bernadete
NOME:         
Nº:
Ano/Série
DATA 
Bimestre
Produção
Para nota COC
9º E.F.
       15 / 03/2019
resumo







Gênero : RESUMO
O gênero resumo é bastante útil quando necessitamos transmitir uma informação de maneira rápida e precisa, quando não há necessidades de entrar em detalhes sobre determinado fato. Quando contamos sobre nosso relacionamento para um amigo, quando falamos sobre uma viagem feita, por exemplo, estamos resumindo ideias.
Resumir é reproduzir as ideias principais do que lemos em algumas linhas, com as nossas palavras.
1-                 Fazer uma primeira leitura do texto para ter uma primeira noção do conjunto.
2-                 Realizar uma segunda leitura, anotando, numa folha avulsa, os momentos mais significativos e as ideias principais do texto.(Obs: também poderá grifar no texto)
3-                 A partir do que anotamos,  fazemos então o resumo. Procurar ser o mais fiel possível ao pensamento do texto.  NÃO COMENTAR E NEM DAR A SUA OPINIÃO SOBRE AS IDEIAS LIDAS. Resumir é interpretar e condensar, ou seja, reproduzir o conteúdo do texto original, sendo escrito de preferência com a nossa própria linguagem.

Dicas:
• Eliminar advérbios e adjetivos desnecessários.
• Não fazer comentários pessoais.
• Não copiar sentenças avulsas nem trechos do original.

TÉCNICAS DE RESUMO:
1-APAGAMENTO-  Eliminação de adjetivos e advérbios.
Exemplo: A linda aeromoça trabalhava muito bem.
Após o apagamento: A aeromoça trabalhava bem.

2-GENERALIZAÇÃO-  Síntese de significados em uma só expressão.
 Exemplo: A aeromoça falava inglês, alemão, japonês e francês.
 Após a generalização: A aeromoça falava línguas diferentes

3-CONSTRUÇÃO Indicação do resultado e uma sequência.
Exemplo: Ana varreu o chão, tirou o pó dos móveis, lavou as cortinas e tapetes da casa.
Após a construção: Ana limpou a casa.

Fazer um resumo do texto. Reproduzir as ideias principais do que lemos em algumas linhas, com as nossas palavras.
4-                  Fazer uma primeira leitura do texto para ter uma primeira noção do conjunto.
5-                  Realizar uma segunda leitura, anotando, numa folha avulsa, os momentos mais significativos e as ideias principais do texto.(Obs: também poderá grifar no texto)
6-                  A partir do que anotamos fazemos então o resumo. Procurar ser o mais fiel possível ao pensamento do texto.  NÃO COMENTAR E NEM DAR A SUA OPINIÃO SOBRE AS IDEIAS LIDAS. Resumir é interpretar e condensar, ou seja, reproduzir o conteúdo do texto original, sendo escrito de preferência com a nossa própria linguagem.
7-                  Depois de fazer o resumo, procure dar um título ao texto. O título deve ser uma espécie de síntese interpretativa que pode ser feita a partir do conjunto das ideias apresentadas no texto ou das que forem mais significativas. 
8-                 LEIA O TEXTO A SEGUIR. RESUMA-O 

                                                                                                                      LÍNGUA PORTUGUESA
Professora: Bernadete
NOME:         
Nº:
Ano/Série
DATA 
Bimestre
Produção
NOTA
8º E.F.
       15/03/2019
resumo






Leia o texto a seguir e resuma-o:  
Meu tio Jules
Um velho mendigo de barbas brancas pedia esmolas na rua. Para minha surpresa, meu amigo Davranche  lhe deu cem souls, uma quantia alta. E assim explicou:
          - Um coitado como esse me lembra uma  história, que me persegue a vida toda...se você quiser ouvir, eu a contarei.
          Claro que queria! Então foi isto que ouvi...
           Minha família é originária do Havre e não era rica. Meu pai tinha um pequeno comércio e trabalhava de manhã à noite; ganhava pouco. Eu tinha duas irmãs.
           Mamãe sofria muito com o aperto em vivíamos e sempre tinha uma língua muito cruel para com papai. O pobre homem nada respondia, apenas se encolhia diante das broncas. A submissão e a covardia dele sempre me magoaram profundamente. Mas era um garoto, não tinha o direito de opinar.
           Isso não impedia minha revolta, mas em silêncio.
           Economizávamos em tudo: nunca aceitávamos um jantar para não ter que retribuir, aproveitávamos os restos de comida para o dia seguinte, minhas irmãs costuravam as próprias roupas. Faziam-se cenas pavorosas por causa de botões perdidos ou calças rasgadas.
            Aos domingos, porém, íamos passear pelos cais, vestindo nossas melhores roupas. Meu pai usava casaca, minhas irmãs seguiam na frente, sorridentes, porque estavam em idade de se casar e assim tentavam atrair algum pretendente.  Nunca me esquecerei do modo solene com que meus pais se comportavam, nesses passeios de domingo. Era um ritual. Seguíamos até o porto e, diante dos enormes navios que vinham de terras distantes, papai repetia as mesmas palavras:
            - Hein? O que acha querida? Já imaginou, se Jules estiver dentro de um desses barcos? Que surpresa!
Meu tio Jules, irmão de papai, representava nossa última esperança. Desde bebê eu ouvia falar do tio Jules. Ele havia  usado sua parte do dinheiro que deveria ser de papai.
             Naquela época, para que a família não se envergonhasse mais ainda, era costume enviar a ovelha negra para a América. Foi o que fizeram: embarcaram tio Jules num navio que ia de Havre para Nova York e, por um tempo, nada mais se soube dele.
             Porém chegou uma carta. Parece que meu tio Jules começou a negociar com não sei o que,e dizia juntar dinheiro. Em breve, pretendia recompensar a família.
Claro que a notícia era ótima, a carta foi mostrada pela cidade inteira...Em outra ocasião, um capitão disse a papai que tio Jules havia alugado uma loja ampla e que estava enriquecendo.
             Uma segunda carta chegou, dois anos depois da primeira. Dessa vez, tio Jules dizia uma viagem para a América do Sul, atrás de um ótimo negócio, e que provavelmente ficaria alguns anos sem enviar notícias. Mas afirmava que voltaria rico.
             Com efeito, durante dez anos não se teve notícias de tio Jules. Por isso, nos passeios dominicais, papai sempre vinha com aquela alegre possibilidade. Era como se tio Jules pudesse aparecer no convés e,acenando um lenço, trazer-nos o mais rico dos futuros.
             Por aquela época, minha irmã mais nova estava com 20 anos, a outra,26. Não se casavam, e isso era outro motivo de desgosto para meus pais.

            Afinal,  apareceu um pretendente para a mais nova. Era um empregado de banco, sujeito trabalhador, embora não fosse rico. Tenho a certeza de que a carta do tio Jules, exibida certa noite, apressou a decisão do rapaz em marcar a data do casamento.
            A família combinou que, após o casamento, todos iríamos fazer uma pequena viagem até Jersey.
            Jersey era a excursão ideal para os pobres. É uma ilha próxima a Havre, mas pertence à Inglaterra.
            Dá a pretensão de que se visitou terra estrangeira. Todos concentramos os maiores esforços para que a viagem fosse inesquecível...Como realmente acabou sendo.
            Embarcamos num vapor. O mar estava liso como uma mesa de mármore verde. Víamos a costa distanciando-se. Estávamos tão orgulhosos com nossa aventura! Meu pai, especialmente.  Sua casaca brilhava, e o cheiro de benzina, que sempre era usada para tirar as manchas, ficou marcado na minha lembrança.
            Acontece que papai viu, ali no convés, dois ingleses oferecendo ostras para duas senhoras elegantes.
            Um marinheiro sujo e maltrapilho abria as conchas e as entregava aos cavalheiros.
            Papai achou aquilo tudo de muito bom gosto e consultou minha mãe, sobre comerem ostras.
            Mamãe temia pela despesa. Afinal, fez algumas reservas:
            - Tenho medo de que embrulhem o estômago. Ofereça algumas às meninas. Não muitas, que podem lhes fazer mal. Ah, quanto a Joseph, não há necessidade. Os meninos não devem ser assim tão mimados.
            Apesar de achar injusto, não tive como reclamar. Então permaneci ao lado de mamãe, enquanto papai foi até o marinheiro junto com minhas irmãs. Eu o ouvi pedir as ostras. Tentou mostrar como deveriam comê-las e acabou derrubando a água da concha sobre o casaco.
            - Desastrado! - reclamou mamãe.
            Mas logo entendi que alguma coisa afetava meu pai. Deixou minhas irmãs e o genro comendo as ostras e se aproximou de nós. Murmurou:
            - Estranho...É extraordinário como aquele marinheiro que abre as ostras se parece com Jules. Se eu não soubesse que ele anda pela América do Sul, diria que é ele.
            - Você está louco! - disse mamãe. - Essa ostra já está lhe fazendo mal.
            - Não, querida. Vá você mesma lá perto e olhe...
            Mamãe disfarçou um pouco e se aproximou do marujo. Voltou ao nosso encontro, indignada. Ordenou a papai:
             - Vá pedir informações ao capitão. Creio que é ele mesmo. Seja discreto, só falta esse patife cair nos nossos braços, agora!
             Acompanhei meu pai no encontro com o capitão. Conversaram um pouco sobre amenidades e afinal papai se mostrou interessado pelo marinheiro, que lhe parecia familiar. Então ouvimos:
            - É um velho vagabundo francês que encontrei na América no ano passado e a quem repatriei - disse o capitão. - Ao que me parece, tem parentes no Havre, mas não quer voltar para junto deles, pois lhes deve dinheiro. Chama-se Jules...Parece que chegou a fazer fortuna na América, mas o senhor bem se vê a que ficou reduzido.
             Meu pai ficou pálido, suas mãos tremiam...Voltamos até onde estava mamãe e lhe demos a má notícia.
             - Que faremos, que faremos? - dizia papai, transtornado.
             Mamãe respondeu rapidamente:
             - É preciso afastar as meninas. Já que está a par de tudo, Joseph, vá chamá-las. É preciso tomar cuidado para que nosso genro nada perceba.
            - Que catástrofe! - meu pai parecia desesperado.
            - Bem que eu desconfiava que aquele gatuno não ia fazer coisa que prestasse! - mamãe estava furiosa.
            - Como se fosse possível esperar algo de bom de um Davranche!
             Meu pai passou a mão pela testa, como fazia quando ouvia as terríveis broncas da esposa.
             Mamãe abriu a bolsa e tirou de lá uma moeda de cem souls. Enfiou a moeda em minha mão, dizendo:
              - Vá pagar as ostras, Joseph. Só falta agora esse mendigo nos reconhecer! Que belo espetáculo no navio! Vamos para o outro lado, para que esse homem não se aproxime de nós!
              Fiz o que ela mandava. Disse às minhas irmãs que mamãe as chamava e, voltando-me para o marinheiro, perguntei quanto lhe devíamos. Tive vontade de acrescentar "meu tio" à frase, mas não o fiz. Ele respondeu:
             - Dois francos e cinquenta.
             Estendi-lhe a moeda e peguei o troco.
             Olhei  bem para aquela pobre mão de marinheiro, toda enrugada, e olhei fixamente seu rosto, um rosto envelhecido, gasto, triste, abatido, enquanto dizia comigo mesmo: "É meu tio, irmão do papai, meu tio!".
              Dei-lhe dez souls de gorjeta. Agradeceu-me;
              - Que deus o abençõe, meu rapazinho!
              Havia em sua voz a entonação do pobre que recebe esmola. Imaginei se na América não teria mendigado.

          Quando entreguei o troco à minha mãe ,ela se espantou:
          - Ele cobrou três francos?...Não é possível!
          - Dei-lhe dez souls de gorjeta.
          Que assombro o de mamãe! Criticou entre dentes, para não despertar atenção:
          - Você está louco, Joseph! Dar dez souls para aquele homem, para aquele mendigo!
          Pois bem, a viagem chegava ao fim. A ilha de Jersey estava próxima. Antes de descer do navio, tive o impulso de ver uma última vez meu tio, mas o marinheiro havia desaparecido. Sem dúvida, o pobre homem descera ao fundo do porão onde morava.
           Na Volta, meus pais pegaram outro navio, para não correrem o risco de encontrarmos tio Jules.
           Meu amigo Davranche olhou fixamente para mim, guardou a carteira no bolso e deu um sorriso triste, antes de concluir:
          - Nunca mais vi o irmão de meu pai! E aí está o motivo por que, às vezes, você me verá dando esmolas de cem souls aos velhos mendigos. (Texto retirado da apostila de Língua Portuguesa, da 5°série/6°ano.)

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        Davranche e seu amigo estão na rua e  um homem pede dinheiro; Davranche da bastante dinheiro para ele, justificando que o homem  lembra seu tio Jules.
          Ele pergunta se o amigo( narrador) quer ouvir a história e ele diz que sim.
         Davranche era de uma família pobre,  o pai, as duas irmãs  a mãe e ele, com muita falata de dinheiro, culpando o pai pela pobreza; ele nada fazia. Economizavam  e só passeavam aos domingos, para arrumar marido para as moças.
         O passeio era no cais e e lá tinha navio, o pai lembrava--se do irmão Jules, a “ovelha negra” da família, que tinha sido mandado para Nova Iorque e ele escreveu contando que estava rico
         Uma segunda carta chega, dois anos depois, informando que Jules estava na América do Sul.
        Nisso  apareceu um pretendente para a irmã mais nova do narrador. O namorado quis marcar o casamento após ter ouvido sobre a carta de tio Jules.
        Um domingo, resolveram fazer uma excursão para Jersey, uma ilha próxima, após o casamento.
        O pai vê um marinheiro sujo no convés, vendendo ostras e quis  comprar. . Após a compra, volta atordoado, dizendo que o marinheiro se parece com seu irmão Jules.
       A mulher vai  e confirma que era Jules.
       Sem que o tio percebesse, eles se informam e  descobrem que Jules acabou com  sua fortuna e não quer se aproximar de seus parentes por que deve dinheiro a eles .
       As ostras não haviam sido pagas e para  o tio não descobrir o paradeiro da família, o narrador Debranches vai pagar o tio.
       Ele nada  diz, mas tem vontade de chamar o homem de tio.
      Com pena deixa o troco para seu tio  e sua mãe fica irritada.
      A família pega outro navio na volta para não ver mais o    tio Jules.
      A história termina com a justificativa de Davranche para seu amigo: é por causa dessa história que ele sempre ajuda os mendigos.