Livro –
O Quinze- primeiro e mais popular romance de Raquel de Queirós((Fortaleza, 17
de novembro de 1910
— Rio de Janeiro, 4 de
novembro de 2003)
Tema: o Flagelo da seca-
(grande seca no nordeste em 1915, vivida pela escritora em sua infância)- Século XX.
O Quinze é um romance regionalista de temática
social. A história tem dois planos: a saga da família de Chico Bento (recheada de
amarguras e desgraças) e a história de amor entre Vicente e Conceição, que na
verdade não foi um romance concretizado, visto que a falta de comunicação entre
os dois e o desnível cultural que os separam foram alguns dos ingredientes que
levaram ao desfecho infeliz.
O
romance tem característica psicológica.
A análise exterior dos personagens existe, mas a autora vai soltando uma
característica aqui, outra além, sem interromper a narrativa para pormenores. A
autora situa a história do romance no Ceará de 1915. O fato histórico
importante da época era a própria seca de 1915 (o que origina o título do
livro). Não há avanços nem recuos no tempo: a história é contada maneira
tradicional, obedecendo à sequência de início, meio e fim.
A
história acontece no Ceará, principalmente na região de Quixadá, onde se situam
as fazendas de Dona Inácia (avó de Conceição), do Major (pai de Vicente) e de
Dona Maroca (patroa de Chico Bento). Há também o cenário urbano,
destacando Fortaleza, por onde passa a família de retirantes de Chico Bento e
onde mora Conceição. Quanto à linguagem, Não há uso de palavreado erudito. Sua
linguagem é natural, direta, coloquial,
simples, sóbria, condicionada ao assunto e á região, própria da linguagem
moderna brasileira. É uma linguagem
regionalista sem afetação, sem pretensão literária e sem vínculo
obrigatório a um falar específico (modismo comum na tendência
regionalista).
Personagens:
Personagens:
Conceição: Neta de Dona Inácia. É culta e tem
ideias avançadas sobre a condição feminina de sua época. Tinha vocação para ser
“solteirona”: não sentia vontade de casar, tendo uma perspectiva diferente do
comportamento feminino tradicional da época (casar e fazer crescer os filhos).
O único homem que lhe despertou desejos é o primo Vicente.
Dona Inácia: Avó de
Conceição, espécie de mãe, pois foi quem a criou depois que a mãe verdadeira
morreu. É dona da fazenda Logradouro, na região de Quixadá. Não aprova as idéias
liberais da neta.
Vicente: Filho de fazendeiro rico
(major). Desde menino, quis ser vaqueiro. No início, isso causava tristeza e
desgosto à família, principalmente à mãe, Dona Idalina. Vicente é o vaqueiro
não-tradicional da região. Cuida do gado com um desvelo incomum, mas cuida do
que é seu, ao contrário dos outros (Chico Bento é o exemplo) que cuidam de gado
alheio. Tem boas condições financeiras, mas é humano em relação à família e aos
empregados.
Chico Bento: Chico Bento é
o vaqueiro pobre que cuida do rebanho de Dona Maroca, da fazenda das Aroeiras,
na região de Quixadá. Ele e Vicente são compadres e vizinhos. Chico Bento tem a
mulher (Cordulina) e cinco filhos, todos ainda pequenos. Expulso pela seca e
pela dona da fazenda, Chico Bento e família empreendem uma caminhada desastrosa
em direção a Fortaleza. Perde dois filhos no caminho: um morre envenenado
(Josias), o outro desaparece (Pedro). Antes de embarcar para São Paulo, doa o
mais novo (Duquinha) para a madrinha, Conceição (que estava em Fortaleza, com a
Dona Inácia, por causa da seca). De Fortaleza, Chico Bento e parte da família
vão, de navio, para São Paulo.
Cordulina: É a esposa de Chico Bento. Personifica a mulher submissa, analfabeta, sofredora, com o destino atrelado ao destino do marido. É o exemplo da miséria como conseqüência da falta de instrução.
Cordulina: É a esposa de Chico Bento. Personifica a mulher submissa, analfabeta, sofredora, com o destino atrelado ao destino do marido. É o exemplo da miséria como conseqüência da falta de instrução.
Resumo do parentesco dos personagens:
Dona Inácia é avó de Conceição. Conceição tem uma
casa em Fortaleza (onde trabalha como professora) e passa as férias com Dona
Inácia no Quixadá (na fazenda do Logradouro). Dona Idalina é prima de Dona
Inácia e mãe de Vicente (logo, Vicente e Conceição são primos). Dona Idalina é
casada com o Major e moram numa outra fazenda perto do Quixadá. Vicente tem
três irmãos: Lourdinha, Alice e Paulo (o orgulho da família, pois é promotor).
Na região do Quixadá, tem outra fazenda, que é administrada pela Dona Maroca. É
a fazenda de Aroeiras, que tem como vaqueiro Chico Bento. O Chico Bento é
casado com Cordulina e eles têm cinco filhos. Mocinha é a irmã de Cordulina e
vive com eles também.
Outros personagens:
Chiquinha Boa (trabalhava na fazenda de Vicente, mas deixou a região rural na
época da seca achando que o governo estava ajudando os pobres que migravam para
a capital). Luis Bezerra: amigo de Chico Bento. Também trabalhou na fazenda de
Dona Maroca (fazenda de Aoreiras), mas saiu e se tornou delegado. Pedro (filho
de Chico Bento que desapareceu), Josias (filho de Chico Bento morto envenenado)
e Duquinha (filho de Chico Bento doado à Conceição).
Resumo da história
A
história tem dois planos: temos a história da saga de Chico Bento e temos a
história de Conceição. Vamos ver cada uma das duas separado.
História de Conceição
Conceição sempre passa as
férias na fazenda de Dona Inácia, no Quixadá (fazenda do Logradouro). Ela “se
engraçava” com seu primo Vicente. Porém, por causa da seca, resolve voltar para
sua casa em Fortaleza e leva Dona Inácia e sua família junto de trem. Conceição
passou a trabalhar no Campo de Concentração, um lugar onde os retirantes do
sertão recebem apoio e ajuda. Lá encontrou Chiquinha Boa, que trabalhou por um
período na fazenda de Vicente. As duas conversam e Conceição descobre, por meio
de Chiquinha Boa, que Vicente teve um caso “com uma caboclinha qualquer”.
Vicente visita Conceição e ela, revoltada, passa a tratá-lo de modo
indiferente. Vicente ficou sem entender o motivo e fica ressentido. Quando a
seca acabou e voltou a chover, Dona Inácia volta sozinha para o Logradouro:
Conceição permanece na capital.
História de Chico Bento
Ao mesmo tempo que se desenrola a história de
Conceição (viaja para a capital fugindo da seca e trabalha no Campo de
Concentração), se desenrola a história de Chico Bento. Ele era vaqueiro da
fazenda de Aroeiras, da Dona Maroca. Porém, com a seca, Dona Maroca manda
soltar o rebanho e expulsa os empregados para evitar maiores prejuízos. Chico
Bento tem duas opções: ficar no sertão e morrer de fome, ou então migrar para
algum outro lugar para tentar sobreviver. Junta um pouco de dinheiro, troca e
vende algumas reses e consegue uma burra negociando com Vicente. Começam a
viajar (ele, a mulher, a cunhada Mocinha e os cinco filhos). A cunhada Mocinha,
no trajeto, encontra uma casa para trabalhar (casa da dona Eugênia), vendendo
café na estação de trem. Porém, ela passou mais tempo namorando e se engraçando
com os homens do que trabalhando. Eugênia, revoltada, despediu Mocinha, que
continuou vivendo por aí. Na história, acabou se tornando uma “mulher da vida”,
com um filho sem pai.
Chico Bento continuou sua saga. Josias, seu filho,
morrendo de fome, comeu uma mandioca crua e acabou morrendo envenenado. A burra
já estava morrendo, então Chico a vendeu por 6 mil réis antes dela morrer.
Depois vem o episódio da cabra roubada: Chico Bento encontra uma cabra no
caminho e, desesperado, a mata para poder comê-la. Nesse ínterim, aparece o
dono da cabra e, ao ver o animal morto, se revolta. Acusa Chico Bento de ladrão
e recolhe o corpo do animal. Chico Bento, desesperado e com a família morrendo
de fome, pede para o dono da cabra deixar um pouco de carne. Ele, revoltado com
Chico Bento, deixa apenas as tripas para Chico Bento e vai embora.
Depois, Pedro (outro filho de Chico Bento)
desaparece. Chico Bento vai até a delegacia para pedir ajuda e o delegado o
reconhece (é o Luís Bezerra, amigo de Chico Bento há algum tempo). O delegado
ajuda a procurar o menino e descobre que ele se misturou com comboieiros de
cachaça (o que seria melhor para o menino do que ficar com o próprio pai e
conviver c om sua desgraça de retirante). O delegado alimentou e arranjou
passagens de trem para Chico Bento e sua família (quer dizer, para o que restou
da família) viajar para Fortaleza.
Ao chegarem lá, Chico Bento e sua família ficou no
Campo de Concentração e se encontraram com Conceição, que os ajudou. Com a
ajuda de Conceição, Chico Bento conseguiu um trabalho no açude do Tauape. A
moça enviou um bilhete à senhora que administrava o serviço, tentando comovê-la
com a história da família do vaqueiro. Conceição adota Duquinha (Manuel), o
caçula dos filhos de Chico Bento, já que estava doente e precisava de socorro:
estava prestes a morrer. Chico Bento resolve ir para São Paulo para tentar
novas oportunidades, visto que o emprego na represa (açude) do Tauape não
estava rendendo (pagavam muito pouco, mal dava para sobreviver e sustentar a
família). Foram de navio.
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