quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Livro – O Quinze-



Livro –
 O Quinze- primeiro e mais popular romance de Raquel de Queirós((Fortaleza, 17 de novembro de 1910Rio de Janeiro, 4 de novembro de 2003)
Tema: o Flagelo da seca- (grande seca no nordeste em 1915, vivida pela escritora em sua infância)-  Século XX.
           O Quinze é um romance regionalista de temática social. A história tem dois planos: a saga da família de Chico Bento (recheada de amarguras e desgraças) e a história de amor entre Vicente e Conceição, que na verdade não foi um romance concretizado, visto que a falta de comunicação entre os dois e o desnível cultural que os separam foram alguns dos ingredientes que levaram ao desfecho infeliz.
           O romance tem característica psicológica. A análise exterior dos personagens existe, mas a autora vai soltando uma característica aqui, outra além, sem interromper a narrativa para pormenores. A autora situa a história do romance no Ceará de 1915. O fato histórico importante da época era a própria seca de 1915 (o que origina o título do livro). Não há avanços nem recuos no tempo: a história é contada maneira tradicional, obedecendo à sequência de início, meio e fim. 
           A história acontece no Ceará, principalmente na região de Quixadá, onde se situam as fazendas de Dona Inácia (avó de Conceição), do Major (pai de Vicente) e de Dona Maroca (patroa de Chico Bento).  Há também o cenário urbano, destacando Fortaleza, por onde passa a família de retirantes de Chico Bento e onde mora Conceição. Quanto à linguagem, Não há uso de palavreado erudito. Sua linguagem é natural, direta, coloquial, simples, sóbria, condicionada ao assunto e á região, própria da linguagem moderna brasileira. É uma linguagem regionalista sem afetação, sem pretensão literária e sem vínculo obrigatório a um falar específico (modismo comum na tendência regionalista).
Personagens:
Conceição: Neta de Dona Inácia. É culta e tem ideias avançadas sobre a condição feminina de sua época. Tinha vocação para ser “solteirona”: não sentia vontade de casar, tendo uma perspectiva diferente do comportamento feminino tradicional da época (casar e fazer crescer os filhos). O único homem que lhe despertou desejos é o primo Vicente.
Dona Inácia: Avó de Conceição, espécie de mãe, pois foi quem a criou depois que a mãe verdadeira morreu. É dona da fazenda Logradouro, na região de Quixadá. Não aprova as idéias liberais da neta.
Vicente: Filho de fazendeiro rico (major). Desde menino, quis ser vaqueiro. No início, isso causava tristeza e desgosto à família, principalmente à mãe, Dona Idalina. Vicente é o vaqueiro não-tradicional da região. Cuida do gado com um desvelo incomum, mas cuida do que é seu, ao contrário dos outros (Chico Bento é o exemplo) que cuidam de gado alheio. Tem boas condições financeiras, mas é humano em relação à família e aos empregados.
Chico Bento: Chico Bento é o vaqueiro pobre que cuida do rebanho de Dona Maroca, da fazenda das Aroeiras, na região de Quixadá. Ele e Vicente são compadres e vizinhos. Chico Bento tem a mulher (Cordulina) e cinco filhos, todos ainda pequenos. Expulso pela seca e pela dona da fazenda, Chico Bento e família empreendem uma caminhada desastrosa em direção a Fortaleza. Perde dois filhos no caminho: um morre envenenado (Josias), o outro desaparece (Pedro). Antes de embarcar para São Paulo, doa o mais novo (Duquinha) para a madrinha, Conceição (que estava em Fortaleza, com a Dona Inácia, por causa da seca). De Fortaleza, Chico Bento e parte da família vão, de navio, para São Paulo.
Cordulina: É a esposa de Chico Bento. Personifica a mulher submissa, analfabeta, sofredora, com o destino atrelado ao destino do marido. É o exemplo da miséria como conseqüência da falta de instrução. 
Resumo do parentesco dos personagens:
Dona Inácia é avó de Conceição. Conceição tem uma casa em Fortaleza (onde trabalha como professora) e passa as férias com Dona Inácia no Quixadá (na fazenda do Logradouro). Dona Idalina é prima de Dona Inácia e mãe de Vicente (logo, Vicente e Conceição são primos). Dona Idalina é casada com o Major e moram numa outra fazenda perto do Quixadá. Vicente tem três irmãos: Lourdinha, Alice e Paulo (o orgulho da família, pois é promotor). Na região do Quixadá, tem outra fazenda, que é administrada pela Dona Maroca. É a fazenda de Aroeiras, que tem como vaqueiro Chico Bento. O Chico Bento é casado com Cordulina e eles têm cinco filhos. Mocinha é a irmã de Cordulina e vive com eles também.
Outros personagens: Chiquinha Boa (trabalhava na fazenda de Vicente, mas deixou a região rural na época da seca achando que o governo estava ajudando os pobres que migravam para a capital). Luis Bezerra: amigo de Chico Bento. Também trabalhou na fazenda de Dona Maroca (fazenda de Aoreiras), mas saiu e se tornou delegado. Pedro (filho de Chico Bento que desapareceu), Josias (filho de Chico Bento morto envenenado) e Duquinha (filho de Chico Bento doado à Conceição).
Resumo da história
    A história tem dois planos: temos a história da saga de Chico Bento e temos a história de Conceição. Vamos ver cada uma das duas separado.
História de Conceição
     Conceição sempre passa as férias na fazenda de Dona Inácia, no Quixadá (fazenda do Logradouro). Ela “se engraçava” com seu primo Vicente. Porém, por causa da seca, resolve voltar para sua casa em Fortaleza e leva Dona Inácia e sua família junto de trem. Conceição passou a trabalhar no Campo de Concentração, um lugar onde os retirantes do sertão recebem apoio e ajuda. Lá encontrou Chiquinha Boa, que trabalhou por um período na fazenda de Vicente. As duas conversam e Conceição descobre, por meio de Chiquinha Boa, que Vicente teve um caso “com uma caboclinha qualquer”. Vicente visita Conceição e ela, revoltada, passa a tratá-lo de modo indiferente. Vicente ficou sem entender o motivo e fica ressentido. Quando a seca acabou e voltou a chover, Dona Inácia volta sozinha para o Logradouro: Conceição permanece na capital.
História de Chico Bento
Ao mesmo tempo que se desenrola a história de Conceição (viaja para a capital fugindo da seca e trabalha no Campo de Concentração), se desenrola a história de Chico Bento. Ele era vaqueiro da fazenda de Aroeiras, da Dona Maroca. Porém, com a seca, Dona Maroca manda soltar o rebanho e expulsa os empregados para evitar maiores prejuízos. Chico Bento tem duas opções: ficar no sertão e morrer de fome, ou então migrar para algum outro lugar para tentar sobreviver. Junta um pouco de dinheiro, troca e vende algumas reses e consegue uma burra negociando com Vicente. Começam a viajar (ele, a mulher, a cunhada Mocinha e os cinco filhos). A cunhada Mocinha, no trajeto, encontra uma casa para trabalhar (casa da dona Eugênia), vendendo café na estação de trem. Porém, ela passou mais tempo namorando e se engraçando com os homens do que trabalhando. Eugênia, revoltada, despediu Mocinha, que continuou vivendo por aí. Na história, acabou se tornando uma “mulher da vida”, com um filho sem pai.
Chico Bento continuou sua saga. Josias, seu filho, morrendo de fome, comeu uma mandioca crua e acabou morrendo envenenado. A burra já estava morrendo, então Chico a vendeu por 6 mil réis antes dela morrer. Depois vem o episódio da cabra roubada: Chico Bento encontra uma cabra no caminho e, desesperado, a mata para poder comê-la. Nesse ínterim, aparece o dono da cabra e, ao ver o animal morto, se revolta. Acusa Chico Bento de ladrão e recolhe o corpo do animal. Chico Bento, desesperado e com a família morrendo de fome, pede para o dono da cabra deixar um pouco de carne. Ele, revoltado com Chico Bento, deixa apenas as tripas para Chico Bento e vai embora.
Depois, Pedro (outro filho de Chico Bento) desaparece. Chico Bento vai até a delegacia para pedir ajuda e o delegado o reconhece (é o Luís Bezerra, amigo de Chico Bento há algum tempo). O delegado ajuda a procurar o menino e descobre que ele se misturou com comboieiros de cachaça (o que seria melhor para o menino do que ficar com o próprio pai e conviver c om sua desgraça de retirante). O delegado alimentou e arranjou passagens de trem para Chico Bento e sua família (quer dizer, para o que restou da família) viajar para Fortaleza.
Ao chegarem lá, Chico Bento e sua família ficou no Campo de Concentração e se encontraram com Conceição, que os ajudou. Com a ajuda de Conceição, Chico Bento conseguiu um trabalho no açude do Tauape. A moça enviou um bilhete à senhora que administrava o serviço, tentando comovê-la com a história da família do vaqueiro. Conceição adota Duquinha (Manuel), o caçula dos filhos de Chico Bento, já que estava doente e precisava de socorro: estava prestes a morrer. Chico Bento resolve ir para São Paulo para tentar novas oportunidades, visto que o emprego na represa (açude) do Tauape não estava rendendo (pagavam muito pouco, mal dava para sobreviver e sustentar a família). Foram de navio.  

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