Capítulo 4 - Página 82- 3º E.M.- MODERNISMO BRASILEIRO-
2ª fase(1930-1945)
Autores-
Poesia- (fase existencialista e crítica na poesia )
Um rico período de construção
Abandonando o espírito destrutivo e irreverente dos primeiros
momentos do Modernismo, a poesia, mais ou menos a partir de 1930, apresenta um
gradual amadurecimento.
Aproveitando a liberdade estética conquistada e elaborando uma
linguagem pessoal, os poetas da segunda fase desenvolveram plenamente suas
tendências próprias sem a preocupação de chocar ou agredir o público
tradicionalista.
O caráter construtivo da segunda geração caracteriza-se por uma
revalorização de determinadas formas tradicionais, como o soneto, conciliando a
combatividade de sua linguagem com a necessidade de polissemia, de riqueza, de
significados.
Segunda
geração (1930-1945): fase de consolidação do Modernismo no
Brasil. Na poesia, autores como Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e
Cecília Meireles (1901-1964) apresentam preocupação acentuada com a análise do
ser humano e suas angústias - reflexo da sociedade em crise, na qual é
essencial indagar o sentido da existência.
1-
Carlos Drummond de
Andrade-
( M.G 1902-
R.J. 1987)
O mais importante poeta brasileiro.
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Característica da poesia:
A poesia mostra um ambiente familiar repleto
de tradições e valores de Minas Gerais numa linguagem coloquial onde mistura
sentimentalismo, irreverência e ironia. Constantes traços de ironia, humor e antilirismo(sem sentimentalismo)
.Tematicamente, expressa preocupações reflexivas, voltadas para o homem do
mundo.
Trabalha tanto versos livres quanto
tradicionais. Cria uma linguagem poética inimitável , inconfundível, seca,
precisa, direta, que não disfarça o objeto ou a coisa.
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O Poema de Sete
Faces(página 82) é significativo da primeira fase da poesia de Drummond,
onde o poeta se coloca como um "gauche", um desajeitado, cujo
coração - mais vasto que o mundo transborda. Mas transborda com ironia,
humor, sarcasmo.
No meio do caminho, por sua vez, é o poema mais
"antipoético" da literatura brasileira , ilustra a travessia do
poeta entre o individual e o social, o coração e o mundo.
A pedra no caminho, é o obstáculo que distancia o sujeito do
objeto, o homem de seus sonhos, marca o itinerário poético de Drummomd, cada
vez mais dirigido ao real.
José, é o "beco sem saída", a consciência da solidão,
da vontade de não continuar. Oscilação entre o coração e o mundo, querer
fugir sem ter para onde.
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2-
Cecília Meireles
(1901-1964)
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Tem preferência pelo vago, espiritualista.
Seus versos são curtos. Numa expressão poética muito rica e clara, conduz o
leitor à visualização rápida e fácil. Trabalha a matéria histórica em
“Romanceiro da Inconfidência”, mostrando o desastre que desabou sobre os
poetas supostos conjurados.
A poesia
de Cecília Meireles caracteriza-se principalmente pela leveza, pela
delicadeza com que tematiza a passagem do tempo , a transitoriedade da vida,
a fugacidade dos objetos, que aparecem impalpáveis em seus poemas,
influenciados por filosofias orientais e elaborados com linguagem
predominantemente sensorial e intuitiva, herdando a linguagem musical do
Simbolismo. O sentimento de saudade, melancolia e do tempo que passa, marcada
por nota de tristeza e desencanto, revela-se como uma das mais significativas
expressões do lirismo moderno.
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Retrato
Eu não
tinha este rosto de hoje,
assim
calmo, assim triste, assim magro
nem estes
olhos tão vazios,
nem o lábio
amargo.
Eu não
tinha estas mãos sem força,
tão paradas
e frias e mortas;
eu não
tinha este coração
que nem se
mostra.
Eu não por
esta mudança,
tão
simples, tão certa, tão fácil:
-Em que
espelho ficou perdida a minha face?
Presença da primeira pessoa: "eu lírico" descrevendo o
próprio rosto.
Advérbio de negação e pronome demonstrativo = passagem de tempo
e transitoriedade da vida. Melancolia do "eu lírico".
Há também o uso seguido da palavra "assim", dando ritmo
lento ao verso, como se a passagem do tempo fosse imperceptível para o
"eu lírico".
Cecília Meireles, abordou o tema da transitoriedade da vida, sua
passagem de maneira filosófica, universal, recebendo influências do grupo
espiritual ao qual pertenceu.
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3-
Vinícius de Moraes
(1913-1980)
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Numa primeira fase é considerado poeta
transcendental e místico. Na segunda fase traz a aproximação do poeta com o
mundo material(sonetos). Suas poesias transbordam de lirismo.
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Crítico
cinematográfico, exerceu também a carreira diplomática. Foi um dos poetas
mais famosos do Brasil, principalmente pela projeção adquirida por sua
ligação com a Bossa Nova. A sua poesia denota certa impregnação religiosa,
com poemas longos, de acentos bíblicos, mas que abandonou pouco a pouco em
favor de sua tendência natural: A poesia intimista, pessoal, voltada para o
amor físico, com uma linguagem ao mesmo tempo realista, coloquial e lírica.
Soneto de
separação página 91
. A forma
soneto, os verbos decassílabos e as rimas regulares associam-se à
musicalidade, às aliterações (silencioso e branco como a bruma),
fazendo-se pensar no Simbolismo.
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4-
Murilo Mendes
(poesias difíceis)
(1901-1975)
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Poeta com
grande liberdade de expressão.
Procurando incorporar uma visão global do ser humano na sua poesia, a
linguagem de Murilo Mendes caminhou por diversos rumos, explorando
profundamente as potencialidade linguísticas e exigindo sempre do leitor uma participação
ativa na decifração de seus textos. Essa preocupação com a linguagem era uma
constante fundamental de Murilo Mendes, para quem a poesia era "o pão
quotidiano de todos, uma aventura simples e grandiosa do espírito".
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Aproximação do
terror
Dos braços do
poeta
Pende a ópera do
mundo
(Tempo, cirurgião
do mundo) :
O abismo bate
palmas,
A noite aponta o
revólver.
Ouço a multidão,
o coro do universo,
O trote das
estrelas
Já nos subúrbios
da caneta:
As rosas perderam
a fala.
Entrega-se a
morte a domicílio.
Dos braços...
pende a ópera do
mundo.
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5-
Jorge de Lima
+ 1953
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Descendente de senhores de engenho, sua
poesia vem marcada pela paisagem de sua infância e adolescência, numa
atmosfera carregada da presença do escravo negro e , do engenho. Em suas
poesias há sentimento religioso(cristianismo)
De modo
geral, a crítica costuma reconhecer quatro fases na evolução poética de Jorge
de Lima: a parnasiana do livro XIV Alexandrinos, do qual se destaca o soneto
"O acendedor de lampiões"; de 1927 a 1932, estava presente o tema
das recordações da infância passada no nordeste. É desta fase o poema
"Nega Fulô". Logo depois dessa preocupação regionalista, Jorge de
Lima passou a escrever poemas de caráter religioso e místico; esta temática
continuou em textos esparsos e nos livros A túnica inconsútil,
Anunciação e Encontro de Mira-Celi. O tema das recordações dos escravos e do
misticismo africano reapareceu em Poemas negros. Sua última obra, Invenção de
Orfeu, é um longo poema com características épicas que expressa
simbolicamente uma profunda reflexão sobre a vida humana e o universo.
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Pai João
Pai João
secou como um pau sem raiz.-
Pai João vai
morrer.
Pai João remou
nas canoas.-
Cavou a terra.
Fez brotar do
chão a esmeralda,
Das folhas -
café, cana, algodão.
Pai João cavou
mais esmeraldas
Que Pais Leme.
A filha de Pai
João tinha um peito de
Turina para os
filhos de Ioiô mamar:
Quando o peito
secou a filha de Pai João
Também secou
agarrada num
Ferro de engomar.
A pele de Pai
João ficou na ponta
Dos chicotes.
A força de Pai
João ficou no cabo
Da enxada e da
foice.
A mulher de Pai
João o branco
A roubou para
fazer mucamas.
O sangue de Pai
João se sumiu no sangue bom
Como um torrão de
açúcar bruto
Numa panela de
leite.-
Pai João foi
cavalo pra os filhos de Ioiô montar.
Pai João sabia
histórias tão bonitas que
Davam vontade de
chorar.
Pai João vai
morrer.
Há uma noite lá
fora como a pele de Pai João.
Nem uma estrela
no céu.
Parece até
mandinga de pai João.
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