Relaxamento
Contar a história- TRABALHAR O CIÚME ENTRE IRMÃOS
O lobinho
esperto-Vanderlei Danielski
Numa grande fazenda, morava com seus pais um
simpático lobinho, chamado Espertino.
Todos o agradavam e ele fazia o impossível para ganhar urna carícia ou
um osso.
Sua verdadeira paixão
era passear pelo campo.
Com seu pai, punha-se a correr longamente, farejando vastas
zonas com seu narizinho sempre colado à terra, à procura de qualquer coisa que
pudesse caçar. Divertia-se muito!
Com sua mãe, ao contrário, rolava alegremente pelo chão,
simulando lutas sem tréguas, sempre com latidos muito felizes.
Às vezes, os três juntos, saíam sobre carrinhos puxados pelos
tratores e lá ficavam por longo tempo, respondendo com uivos, saltos, latidos e
piruetas às observações carinhosas dos camponeses.
Era mesmo um prazer, para Espertíno, viver assim, muito
querido por todos.
Houve porém um tempo em que sua mãe, contrariamente ao
costume, não mais saía com ele pelo campo para brincar: ficava sempre acomodada
dentro do estábulo.
E uma noite nasceram três irmãozinhos para
Espertino, que nada gostou.
A mãe os lambia amorosamente para limpá-los
e aquecê-los. Quando tinham fome, ela se
deitava e lhes oferecia as tetas cheias de leite.
Espertino, de lado, observava silencioso:
evidentemente, tudo se repetia, corno quando ele havia nascido, junto com
outros irmãozinhos. Estes, depois de
crescidos, tinham ido para urna fazenda
vizinha.
Embora sabendo disso, sua primeira reação
foi a de sentir-se excluído da atenção dos pais.
Ah, se também esses irmãozinhos fossem
mandados para outras fazendas... Ficaria somente ele com a mãe e o pai e assim continuaria a
ser o único a ter o amor deles.
Uma vez desmamados, dois dos irmãozinhos
foram de fato para outras fazendas.
Ficou apenas um irmãozinho: Negrinho.
Espertino gostava dele, mas ao mesmo tempo sentia um certo ciúme.
E continuou a correr com papai e a brincar
com mamãe... Porém, no meio deles estava sempre aquele amolante que, mal se
aguentando sobre as pernas, se intrometia em tudo, atrasando inevitavelmente e
às vezes parando as corridas e as brincadeiras.
Espertino, como um bom lobinho, prometia
frequentemente ser paciente e bom com Negrinho e, acima de tudo, compreensivo
com sua mãe quando, por exemplo, parava de brincar com ele para dedicar-se ao
irmãozinho mais novo.
Mas não conseguia cumprir a promessa. Muitas vezes, para chamar a atenção sobre si
e fazer com que a mãe se interessasse primeiro por ele e depois por Negrinho,
fazia de conta que estava mal, agitando-se em sua caminha até que ela o
pegasse.
Passaram-se dias, semanas.
Negrinho, a princípio vacilante e inseguro, tornou-se um lobinho muito
esperto. Também Espertino cresceu. Agora
os dois ficavam sempre juntos, tanto que mamãe e papai os deixavam brincando
sozinhos.
Negrinho, porém, não prestava muita atenção nos perigos e, sem
alguém que o guiasse, metia-se em mil encrencas. Um dia, o pai chamou Espertino e lhe disse:
- Ouça, meu filho, eu e sua mãe já vimos que você é
verdadeiramente muito corajoso e atento.
Estamos certos de poder confiar-lhe uma tarefa...
A mãe ouvia a conversa e, pela sua expressão, concluía-se que
concordava com tudo aquilo.
-
Pois bem - prosseguiu o
pai -, queremos que você tome conta de Negrinho. Sabendo que ele está sob a sua proteção,
ficaremos tranquilos e sossegados.
Espertino aceitou a missão com entusiasmo.
Daquele dia em diante, Espertino foi um atencioso protetor de
Negrinho. Vigiava-o constantemente, impedindo-o
de se meter em perigos ou de se machucar.
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