segunda-feira, 29 de maio de 2017

SAGARANA(1946) - JOÃO GUIMARÃES ROSA (TERCEIRA GERAÇÃO DO MODERNISMO- PROSA)



SAGARANA(1946)  - JOÃO GUIMARÃES ROSA  (TERCEIRA GERAÇÃO DO MODERNISMO- PROSA)
3ª FASE DO MODERNISMO OU GERAÇÃO DE 45 E VEM ATÉ OS DIAS ATUAIS
(LITERATURA CONTEMPORÂNEA)- CONHECIDA COMO SOCIAL OU  INTROSPECTIVA.

CONTEXTO HISTÓRICO: influenciará os autores
FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
FIM DA GUERRA FRIA
TRIBUNAL DE NUREMBERG- NAZISTAS CONDENADOS
MAO TSI TUNG- CHINA- CRIA A REPÚBLICA POPULAR DA CHINA
REVOLUÇÃO CUBANA -  FIDEL  E CHE- TIRAM O DITADOR  DO PODER E TOMAM CONTA DA ILHA DE CUBA
BRASIL-FIM DA DITADURA VARGAS –
LEGALIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS- NOVA FASE NA POLÍTICA E ECONOMIA
DITADURA MILITAR- 1964 A 1985- 21 anos de mão de ferro.
CARACTERÍSTICAS DA 3 ª FASE:

Literatura instrumento social de denúncia e de crítica( aprofundar mais nas obras).
Regionalismo universal- Guimarães Rosa
Busca da Verossimilhança-G.R.,

Características de Guimarães Rosa:
PROSA REGIONALISTA-ASPECTOS DA VIDA NO CAMPO, DA FALA COLOQUIAL E REGIONALISTA.
JOÃO GUIMARÃES ROSA(1908-M.G.-1967)-regional/universal
Médico- ia visitar os Pacientes, observava os costumes/linguagem do povo, a terra e o cotidiano. Transportou o conhecimento para a literatura.
Em sua obra a linguagem é cheia de regionalismo(linguagem popular)
Sertão de Minas Gerais
Neologismos( cria novas palavras)-considerado engenheiro da linguagem/língua- mistura  o regional e o universal no sertão de M.G.(miséria)-
ENGENHEIRO PELA MISTURA USAR NORMA CULTA E ARCAÍSMOS, CRIARÁ NEOLOGISMOS.
OBSERVAÇÃO- JOÃO CABRAL ERA CONSIDERADO UM ENGENHEIRO EM BUSCA DA PERFEIÇÃO (NEOPARNASIANO)
Falará sobre a existência.
Bem x mal = misticismo, religiosidade
Foi um dos maiores poetas  do Brasil, sendo que a maioria de suas obras são ambientadas no sertão.

CARACTERÍSTICAS DA OBRA:
Sagarana-a originalidade da linguagem pelo o uso de neologismos(palavras inventadas)
Saga (LENDA)e rana (COMO SE FOSSE)
Sagarana= PARECEM LENDAS.
Sagarana inventada a partir do hibridismo,ou seja,a junção de radicais de línguas diferentes (ESCANDINAVA E TUPI)
A linguagem - dialeto sertanejo nas páginas de seu livro e o mescla aos célebres neologismos e a inúmeros arcaísmos.
É um livro que já mostra o regionalismo (Sertão mineiro,o povo, a jagunçagem,da religiosidade e o amor,que remete á cidade natal do autor,Cordisburgo,onde o autor sairá do regionalismo padrão da segunda geração modernista,para migrar á um regionalismo novo,com a fusão entre o neologismo e linguagem popular.
Sagarana apresentará sertão universal,onde seus personagens terão crenças e reflexões psicológicas acerca do existencialismo da vida e de temas ambíguos como o real x mágico.
O livro contém epígrafes,ou seja,um resumo logo na abertura do capítulo contento provérbios e cantigas do sertão mineiro.
A obra contém nove histórias.



1-Foco Narrativo

3ªpessoa
3ªpessoa 
3ªpessoa 
3ªpessoa 
1ª pessoa
1ªpessoa.
3ªpessoa 
3ªpessoa 
3ªpessoa 
Narrador onisciente
Narrador onisciente
Narrador onisciente
Narrador onisciente
Narrador personagem
Narrador personagem
Narrador onisciente
Narrador onisciente
Narrador onisciente
2- Tempo- começo do século XX.
3-Cenário- sertão de Minas Gerais.
4- Resumo: Sagarana
O Burrinho Pedrês(TEMÁTICA: EXPERIÊNCIA DE UM VELHO ANIMAL; LUTA DO BEM CONTRA O MAL )
Este conto se passa na Fazenda da Tampa, de propriedade do Major Saulo. Seus serviçais estão escolhendo os cavalos que transportarão os homens sertão afora com o objetivo de tanger um rebanho de bois de corte. Infelizmente o burrinho Sete-de-Ouros é um dos animais selecionados para esse trabalho. João Manico é o vaqueiro que o montará.
Enquanto isso, Raymundão narra a história do touro Calundu. Ele só feria quem estivesse a cavalo. Uma vez ele desafiou uma onça preta e afugentou o bicho só para preservar um bando de vacas com seus bezerrinhos.  Ao tirar a vida de Vadico, filho do proprietário rural Neco Borges, ele só é poupado a pedido do rapaz. Mas Raymundão foi então encarregado de conduzir o animal para outra propriedade. Um dia depois de chegar ao novo lar o touro foi encontrado morto.
Após um temporal, a manada atinge o córrego da Fome, o qual estava quase transbordando. Atravessá-lo seria um risco e o Major Saulo insiste que todos tomem cuidado, pois neste lugar muitos já haviam perdido a vida. Porém, tudo corre bem e até o burrinho passa pelas águas sem problemas.
Em um dado momento, o Major exige que João Manico deixe Francolim montar Sete-de-Ouros. Ele assim faz, mas o encarregado pede ao patrão que, quando chegarem ao vilarejo, ele possa mais uma vez trocar de montaria, pois seria humilhante para ele ser visto no lombo do burro.
Dois dos vaqueiros do bando exigem atenção. Badu e Silvino se desentenderam por conta de uma garota caolha. Os dois viraram rivais mortais. Francolim e o Major suspeitam que Silvino esteja planejando matar Badu, que vai se casar com a ex-namorada dele. O vaqueiro carrega consigo mais bens do que deveria e negociou quatro reses por um valor muito baixo. Saulo pede que Francolim observe Silvino a cada momento no regresso da caravana.
Os vaqueiros foram recebidos com festanças no vilarejo. Os bichos vão repousar enquanto os homens passeiam pela região. Na partida os vaqueiros zombaram de Badu. Como ele estava embriagado, foi obrigado a montar o Burrinho, mas era volumoso demais para o animal. Na saída do vilarejo Francolim aguardava pelo companheiro.
Logo depois o encarregado deixa Badu sozinho e se preocupa em vigiar Silvino, que caminhava avante ao lado do irmão dele, Tote, que tentava convencê-lo a não acabar com a vida de Badu. Porém o homem traído insistia em levar seu plano adiante.
A caravana seguia viagem noite adentro. Subitamente os cavalos estacaram diante do córrego transbordado. Os homens decidiram aguardar Badu e Sete-de-Ouros. Se o animal avançasse pelas águas, seria possível transpor o ribeirão, já que este bicho não costuma adentrar um ponto de onde não consiga partir.
O burrinho mergulha nas águas levando Badu consigo. Os outros confiam e vão atrás. Mas não conseguem atravessar o riacho. Oito vaqueiros perdem a vida na travessia: Benevides, Silvino, Leofredo, Raymundão, Sinoca, Zé Grande, Tote e Sebastião. Sete-de-Ouros, porém, chega ao seu destino com Badu às costas e Francolim segurando seu rabo. Ao pisar em solo seguro o animal se liberta do encarregado e vai direto para a fazenda.  Em casa ele é liberado do homem adormecido e de seus arreios.

A volta do marido pródigo
Lalino Salãthiel é um mulato esperto que nunca chega na hora para o trabalho árduo na mineração da terra. Seu Marra vigia o tempo todo os trabalhadores, mas nem ele pode com o protagonista. Este vive criando histórias e justificativas para não se matar de trabalhar. Alguns gostam muito dele, outros o desprezam. Generoso acredita que o espanhol Ramiro está cercando a esposa de Lalino.
O protagonista decide ir para a capital. Ele chega ao trabalho, pede as contas e ao regressar para casa vê o homem que tenta conquistar sua esposa, Maria Rita. Lalino tem uma ideia; inventa que deseja partir sem sua garota, mas não tem os recursos financeiros para fazer a viagem. O espanhol cede e lhe empresta um conto de réis. O protagonista embarca para a capital do Brasil.
Um mês se passa e Maria Rita está arrasada. Três meses depois, ela já vivia com Ramiro. Todos acreditavam que Lalino tinha negociado a própria esposa. Mais de meio ano após esses fatos, ele já viveu muitas peripécias em terras cariocas. Mas agora o homem está prestes a ficar sem nada e começa a ficar saudoso. Resolve então retornar para casa.
No vilarejo todos zombam dele. Ele vai à morada do espanhol e exige ver Ritinha, chegando até mesmo a ameaçar Ramiro ao aproximar sua mão do cabo da sua arma. De repente, porém, desiste de falar com a ex-esposa e leva apenas o violão. Verificou que Ramiro cuidava bem da mulher e no igarapé encontrou seu Oscar. O homem se comprometeu a conseguir um espaço para Lalino no mundo da política com seu pai, o Major Anacleto.
Porém o Major tem princípios morais rígidos e não quer dar uma chance para alguém que vendeu a própria família. Tio Laudônio, irmão de Anacleto, que vê em meio á escuridão e tem os sentidos apurados além da conta, intervém a favor de Lalino e consegue demover o Major de sua recusa. Ele pede que Lalino o procure um dia depois. Mas o protagonista só se apresenta na quarta-feira e dá de cara com Anacleto.
O Major tenta mandá-lo embora, mas o mulato o convence de que passou esse tempo fazendo um levantamento de quem era leal a ele e quem o atraiçoava pelas costas. Sabia tudo sobre os planos de Benigno para vencer Anacleto nas eleições. O protagonista demanda a proteção de Estevão, o capanga de quem todos têm medo, e passa a ser visto como o cabo eleitoral de Anacleto.
Tudo vai bem para Lalino até que Ramiro o entrega para o Major. O espanhol conta que ele vinha mantendo amizade com Nico, filho de Benigno. Tocavam e bebiam juntos, inclusive na companhia de Estevão. Anacleto ficou furioso. Porém o mulato o persuade de que tudo faz parte de seus planos para obter informações.
Após um tempo, Lalino pediu que Oscar fosse até Ritinha e falasse com a mesma sem contar que ia a pedido de Lalino. Ele fez o oposto do pedido, inventando intrigas e tentando roubar um beijo da mulher. Ela o mandou embora alegando que era mesmo apaixonada pelo ex-marido. Mas Oscar relata ao protagonista que a ex-esposa tinha, na verdade, se apaixonado por Ramiro.
Uma tarde Ritinha vai até a fazenda e aos prantos implora ao Major que a proteja, pois Ramiro, enciumado, desejava assassinar Lalino e ela; depois ele se mataria. Quando Anacleto exige que lhe tragam o mulato, descobre que ele estava tomando uns drinques com estranhos recém-chegados em um carro. Irado, acreditando ser seus opositores, vê o homem chegar com pessoas do governo, entre eles o Secretário do Interior. Feliz, o Major interveio para reconciliar Lalino e a mulher dele.

Sarapalha
Em um vilarejo quase deserto, às margens do Rio Pará, um surto de malária levou a população a partir. Em uma propriedade rural vazia, restaram três habitantes: Primo Ribeiro, Primo Argemiro e uma preta velha que todos os dias prepara a refeição. Não há como trabalhar nessa região.
O fantasma da morte assombra os primos. Um dia Ribeiro, achando que vai morrer, conta ao Primo Argemiro que a esposa partiu com um boiadeiro, deixando-o sozinho. Ele quis seguir os dois, mas se os achasse teria que assassinar o casal e lhe faltava ousadia para tanto.
Aproveitando as confidências, Argemiro confessa que era apaixonado por Luísa, a esposa de Ribeiro, embora nunca tenha se declarado a ela ou lhe desrespeitado. Embora sem forças e febril, por causa da malária, Ribeiro se enfurece com o primo. Apesar da insistência deste, ele não lhe concede o perdão e o expulsa.
Argemiro parte praticamente se arrastando e ainda, no caminho, é confundido pelos pássaros com um espantalho. Ele lamenta nunca ter se declarado para Luísa e sonha com ela, rememorando seu rosto antes do casamento. No cenário que o cerca ele vê flores azuis, mesma cor do vestido que cobria sua amada no dia do matrimônio.

Duelo
Turíbio Todo foi a uma pescaria e disse à esposa que retornaria apenas no dia seguinte. Na margem do rio o protagonista sofreu um incidente e acabou voltando ao anoitecer. Então ele flagrou a esposa com Cassiano Gomes, ex-policial e perito em armas. Turíbio fingiu nada ter visto e teceu um plano. Dias depois, pronto para a fuga, ele foi à residência do rival e atirou na nuca dele, um tiro certeiro, mas por engano matou o irmão dele, Levindo Gomes. Após o enterro, Cassiano se fechou no interior de sua morada. Preparou tudo e então iniciou a vingança.
Na perseguição Cassiano viu seus planos serem frustrados. Turíbio, exímio conhecedor das redondezas, levava vantagem. O protagonista estava tão confiante que regressou para casa e passou a noite com sua mulher, Dona Silvana.  Nessa ocasião ele confidenciou à esposa sua estratégia derradeira. Ele contava que o coração do rival não suportaria a pressão. Mas, quando foi possível, a companheira entregou seus planos para Cassiano.
Cinco meses se passaram sem que eles se enfrentassem. Então Turíbio, iludido com a ideia de fazer fortuna em São Paulo, partiu para a cidade grande. Depois levaria a esposa.  Enquanto isso, Cassiano, doente, tomou uma decisão; antes de sua morte ele acabaria com Turíbio. Ao passar pelo vilarejo chamado Mosquito, sua saúde piorou. Ele não conseguiu contratar ninguém que matasse seu rival.  Antes da sua morte, ele conhece um sertanejo chamado Vinte-E-Um, na verdade Antônio. Cassiano o ajuda inclusive a salvar a vida do filho. Quando ele morre, Turíbio retorna seguro de si. Mas Vinte-E-Um, desejoso de fazer justiça ao seu antigo benfeitor, acaba com a vida de Turíbio.

Minha gente
O narrador vai de visita à propriedade rural de seu tio, no momento preocupado em ganhar as eleições do lugarejo. Ele cai de amores por Maria Irma, sua prima. Mas esta paixão não é correspondida. Um belo dia a jovem é visitada por Ramiro, e o protagonista fica enciumado.
A moça conta que ele é noivo de outra mulher. O garoto teceu um plano; ele iria simular um relacionamento com uma jovem da propriedade vizinha. Mas a estratégia de fazer ciúmes à prima é frustrada. O único benefício de seus planos foi, sem querer, colaborar para a vitória de seu tio nas eleições.
O narrador parte. Na segunda vez em que ele vai à fazenda, a prima lhe apresenta a mulher da sua vida, Armanda. Ele é fulminado pelo cupido na mesma hora e logo depois a moça se torna sua esposa, enquanto Maria Irma contrai matrimônio com Ramiro Gouveia.

São Marcos(duelo travado entre dois apaixonados pela sonoridade poética)
O narrador é José, conhecido como Izé, médico graduado há pouco tempo e novo no Calango-Frito. João Mangolô era considerado um feiticeiro poderoso na região. José sempre zombava do preto-velho, desprezando seu saber e considerando tudo que o envolvia como pura superstição. Mas ele exagerava no preconceito e sempre dizia que todo negro era vagabundo, cachaceiro e feiticeiro.
Sem nada respeitar, o médico começa a declamar a oração de São Marcos quando encontro Aurísio Manquitola, que foge com medo.
Caminhando pelas trilhas que levam à lagoa, o narrador passa a contemplar a harmonia da natureza e dos animais. Subitamente ele perde a vista. Pouco a pouco ele percebe que está muito longe de todos e não tem como regressar a sua morada. Ele decidiu gritar, mas não teve resposta. José tenta se orientar entre as árvores e cai no choro, porém nada resolve.
Ele começa a rezar a oração de São Marcos, proferindo inclusive os insultos contidos na prece. O médico passa a ter alucinações e corre pela floresta. O narrador chega à residência de Mangolô movido por uma raiva descontrolada. Ele tenta esganar o feiticeiro, mas Mangolô implora que o deixe vivo. De repente a visão retorna. O feiticeiro tinha atado uma tira de pano preto nos olhos de um boneco para José ficar cego por um tempo. O narrador decide conviver em paz com o preto-velho.

Corpo fechado
Trabalhar não é com Manuel Fulô. Ele adora mesmo é contar histórias regadas a uma boa cachaça. O homem propõe ao narrador, médico em Lajinha, que seja seu padrinho de casamento.  Ele conta que tinha uma mula, Beija-Fulô, enquanto Antonico é proprietário de uma sela do México.
Os dois vivem tentando conquistar o bem do outro. Surge então Targino, um dos arruaceiros da região. Ele diz para todo mundo que vai dormir com a noiva de Manuel Fulô antes do matrimônio. O homem fica agoniado, pois o valentão é o dono da região. Surge então o feiticeiro Antonico e faz um acordo com Manuel. Ele vai ‘fechar seu corpo’, porém em troca precisará lhe dar a mula Beija-Fulô, bem de maior estima de Fulô. Sem saída, ele concorda.
Desta forma ele desafia Targino e, para surpresa do povo, acaba com a vida dele com uma singela faca que mais parecia um canivete. Manuel se casa com a amada e em algumas ocasiões ainda pode tomar por empréstimo sua mula de estimação. Além do mais, torna-se o novo valentão das redondezas.

Conversa de bois
Neste conto o autor destaca quatro fatores essenciais do sertão mineiro. Um deles é o carro de bois que atravessa a região transportando rapadura e um corpo, o do pai de Tiãozinho. Os animais são o segundo elemento; os outros são o condutor do carro e o guia, o menino Tiãozinho.
Oito bois movem o carro, Buscapé e Namorado, Capitão e Brabagato, Dançador e Brilhante, Realejo e Canindé. Na parte superior vai o carreiro, Agenor Soronho. O morto era também um guia da boiada. O garoto vive sua dor da perda; ele tem que enfrentar igualmente a exaustão e a forma cruel como Agenor o trata, incitando os bois sem dó ou piedade. Agora o garoto está sujeito à boa-vontade do condutor, que promove a sobrevivência dos familiares de Tiãozinho porque quer conquistar a mãe dele, a qual já era sua amante antes mesmo da morte do pai do garoto, Januário, que vivia paralisado e cego há algum tempo, sem condições de trabalhar. Enquanto Agenor adormece e o personagem mergulha numa espécie de transe, os bois conversam entre si. Os animais eram solidários ao menino e, a um comando dele, eles saltam adiante e provocam a queda de Agenor. O carreiro morre e a viagem segue mais leve

A hora e a vez de Augusto Matraga(LUTA DO BEM X O MAL, VALENTIA E FORÇA)
Augusto Estêves  (NHÔ Augusto)é o valentão do vilarejo onde habita. Ele gasta tudo que cai em suas mãos e, com o falecimento de seu pai, conhece a miséria. Um belo dia ele recebe uma mensagem de Quim Recadeiro; acabara de ficar sem seus capangas, recrutados por seu maior rival, o Major Consilva, e sua esposa e a filha tinham partido na companhia de Ovídio Moura.
Inconformado, ele vai à fazenda do Major para enfrentar os antigos homens de confiança. O Major exige que o protagonista receba a marca do ferro no glúteo e que a vida lhe seja tirada. No auge da agonia, ele pula de um abismo. À beira da morte, é socorrido por um casal de negros. Até um sacerdote é chamado para confortá-lo. Ao se curar, o protagonista resolve mudar de vida. Então ele se refugia com os negros no Tombador.
A partir de então, ele passa a trabalhar sem cessar, especialmente para a sobrevivência do casal que o salvou. Além disso, ele pretende expiar seus erros. Em uma ocasião o bando de jagunços comandado por Joãozinho Bem-Bem chega ao povoado e Augusto e o célebre fora-da-lei se tornam amigos. É com tristeza que o protagonista o vê partir.
Com a passagem do tempo, Augusto também se despede de Tombador, sentindo que seu momento está por vir. Ele se depara com o jagunço, que se prepara para eliminar uma família por revanche. O protagonista implora ao amigo que não cometa essa atrocidade, e o mesmo vê esse pedido como uma ofensa. Ambos duelam entre si e acabam perdendo a vida.






















Resumo
Sagarana, publicado em 1946, reúne contos do escritor Guimarães Rosa. Confira resumos dos contos do livro: 
1. O burrinho pedrês. O fazendeiro Major Saulo determina que seus homens levem uma grande quantidade de bois para comercialização em uma cidade distante. Para cumprir a tarefa, convoca seus vaqueiros mais experientes, montados em cavalos jovens e fortes. Acompanha a condução o burrinho Sete-de-Ouros, velho e fraco. Depois de uma chuva torrencial, um pequeno riacho, que foi facilmente superado na ida, torna-se rio caudaloso no retorno dos vaqueiros à fazenda. O único animal a escapar da correnteza é justamente o burrinho, que conta com sua experiência para poupar suas forças e deixar-se levar pelas águas ao invés de tentar lutar contra elas, como fizeram os outros.
2. A volta do marido pródigo (Traços biográficos de Lalino Salãthiel). O mulato Lalino Salãthiel vive no interior de Minas mas sonha com aventuras amorosas em terras cariocas. Junta algum dinheiro e parte, deixando para trás a esposa Maria Rita. Depois de algum tempo, terminam o dinheiro e a empolgação, e ele retorna. Encontra Maria Rita envolvida com o espanhol Ramiro. Lalino se envolve então nas disputas políticas locais e, com a vitória de seu candidato, consegue a expulsão dos estrangeiros. Alcança também o perdão de Maria Rita.
3. Sarapalha. Os primos Ribeiro e Argemiro vivem isolados, com seu cachorro Jiló, em Sarapalha, lugarejo do interior de Minas Gerais. Sofrem com a malária, doença que lhes provoca febre e tremedeiras. Para Ribeiro, a dor maior vem do fato de ter sido abandonado pela esposa Maria Luísa, que fugiu com outro homem. Durante as intermináveis conversas que mantêm para tentar distrair da doença, Argemiro confessa ter sentido igual amor pela moça, embora sem jamais faltar com o respeito ao primo. Ribeiro, decepcionado com o que considera uma traição, expulsa o parente de suas terras.
4. Duelo. Voltando de uma pescaria mal sucedida, Turíbio Todo flagra sua mulher Dona Silivana com o ex-militar Cassiano Gomes. Contém seu ímpeto e adia a vingança. No entanto, ao executá-la, acaba por assassinar o irmão de Cassiano, fugindo em seguida. Segue-se uma grande perseguição pelo interior de Minas, que dura até Turíbio se retirar para São Paulo. Cassiano, sofrendo do coração, é obrigado a interromper sua busca no lugarejo do Mosquito. Ali, torna-se amigo de Timpim Vinte-e-Um, homem simples que recebe o auxílio financeiro de Cassiano para comprar remédio para sua família. Em troca, Cassiano, pouco antes de morrer, pede a Timpim que vingue seu irmão. Turíbio fica sabendo da morte de seu perseguidor e retorna a Minas. No caminho para a casa de Silivana, encontra Timpim, que cumpre a promessa feita a Cassiano.
5. Minha gente. O narrador é um inspetor escolar que, de férias, visita a fazenda de seu Tio Emílio no interior de Minas. Lá, reencontra a prima Maria Irma, namorada de infância, e tenta retomar a aventura amorosa. A moça consegue fazer com que a atenção do primo seja atraída para a amiga Armanda, noiva de Ramiro, rapaz pretendido por ela. O narrador, aficionado do jogo de xadrez, se vê vítima de uma jogadora perspicaz nas estratégias amorosas. Ela consegue fazer com que Armanda se interesse pelo narrador, deixando Ramiro livre para ela. O final feliz é composto pelo duplo casamento.
6. São Marcos. Izé, o narrador, faz pouco caso das crendices populares, não perdendo a oportunidade de passar diante da casa de certo João Mangolô, negro tido como feiticeiro, para zombar de seus feitos. Durante um passeio, vê-se repentinamente cego. Seguindo certa lenda, reza a oração de São Marcos, que tem fama de ser poderosa. Orientado pelo olfato, pela audição e pelo tato, aproxima-se da casa do feiticeiro. Consegue avançar sobre este e recupera a visão no momento em que o negro retira a venda dos olhos de um boneco. Izé se despede de Mangolô e parte, agora um pouco mais crédulo.
7. Corpo fechado. No lugarejo da Laginha vive Manuel Fulô, que tem duas paixões: sua noiva Das Dores e uma mulinha de estimação, a Beija-Fulô, cobiçada por Antonico das Pedras, que tem fama de feiticeiro. Targino, um valentão local, avista Das Dores e comunica a Manuel Fulô o desejo de dormir com ela antes do casamento. Para impedir essa ofensa, Manuel teria que enfrentar o valentão. O narrador, médico local e amigo de Manuel Fulô, não encontra meio de ajudá-lo. O rapaz recorre a Antonico, que fecha seu corpo com feitiço. No duelo com Targino, Manuel escapa por milagre dos tiros que lhe são dirigidos e fere mortalmente o rival com uma pequena faca. Depois desse feito, torna-se o novo valentão do lugar.
8. Conversa de bois. O menino Tiãozinho vive um drama: seu pai, entrevado, nada pode fazer contra os amores que a esposa mantém com Agenor Soronho, condutor de carros de boi. Quando o pai morre, Tiãozinho ajuda a transportar o corpo a um cemitério próximo, com outras mercadorias. Pelo caminho, Agenor prenuncia a vida que o menino teria dali por diante, agora sob suas ordens, na condição de padrasto. A crueldade que Agenor demonstra para com o menino, manifesta-se também no trato com os bois de carga. Estes se comunicam entre si e articulam uma forma de matar o carreiro. Aproveitam-se de um cochilo de Agenor e, sacudindo o carro, derrubam-no e passam com as rodas sobre ele. Sem desconfiar de nada, Tiãozinho se desespera, enquanto os bois lançam berros triunfais.
9. A hora e a vez de Augusto Matraga. Augusto Esteves é um fazendeiro de comportamento violento. Gasta dinheiro com jogos e prostitutas, maltrata a esposa Dionóra, despreza a filha e enfrenta seus opositores com a ajuda dos capangas que o acompanham. A esposa foge com outro homem, enquanto seus empregados o abandonam, reclamando o pagamento de salários atrasados. Augusto vai tirar satisfações e acaba agredido por eles. Durante a surra, atira-se de um barranco e é dado como morto. No entanto, é encontrado por um casal de negros que cuida dele. 
Durante a convalescença, Augusto reflete sobre sua vida e se penitencia dos pecados cometidos. Recuperado, parte para uma pequena propriedade que possui no Tombador, lugar distante, passando a servir o casal de negros, trabalhando arduamente. Certo dia, aparece no lugar o cangaceiro Joãozinho Bem-Bem, que simpatiza com Augusto e o convida a participar de seu bando. Augusto recusa. Tempos depois, sente irresistível desejo de partir. Segue sem rumo, até reencontrar o bando de cangaceiros no lugarejo do Rala-Coco. Quando vê a ameaça de Joãozinho Bem-Bem de fazer mal a um homem velho e à sua família, Augusto sente que chegou sua hora de concluir a remissão de seus pecados. Enfrenta o bando e vence o líder, morrendo em seguida. 
GUIMARÃES ROSA*  1908 -  Cordisburgo – Minas Gerais/+  1967 - Rio de Janeiro
VIDA
- Foi médico, diplomata, embaixador, romancista, novelista, contista
- Formado em Medicina no interior de Minas Gerais, onde foi médico da Força Pública local.
- Entra na diplomacia, chegando a embaixador.
- Ganha prêmio com um livro de versos que não publicou. É o marco inicial de sua carreira literária.
1946 – publica coleção de contos – Sagarana.
- 1956 – publica Corpo de Baile – novela; Grande Sertão: Veredas – romance.

OBRAS
ROMANCE
1956 – Grande Sertão: Veredas

CONTOS
1946 – Sagarana – coletânea de contos
1952 – com o Vaqueiro Mariano
1962 – Primeiras Estórias
1967 – Tutaméia (Terceiras Estórias)

NOVELAS
1956 – Corpo de Baile – dois volumes. Atualmente Corpo de Baile é reeditado em três volumes independentes: Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites no Sertão.

CARACTERÍSTICAS
1 – Regionalismo diferente, no qual a invenção, inclusive linguística, supera de muito os valores locais.
2 – Grande Sertão Veredas era para ser uma das novelas, ampliou-se até as dimensões atuais.
3 – Estilo original de criação e da visão do mundo.
4 – Apesar de o regionalismo ser um tema gasto, conseguiu fazer um livro de valor universal, em que os elementos pitorescos são mais condutores de um senso profundo dos grandes problemas do homem.
5 - Deve-se isso à sua capacidade de criar um estilo próprio, baseado na contribuição regional e remontando-o, graças ao arcaísmo desta a velhas matrizes da língua.
6 – Fusão do local e universal, de presente e eterno, aproxima a sua obra das grandes experiências literárias da cultura moderna.
7 - Lirismo delicado, que é a essência das coisas, não maculadas; rudeza e aridez das relações humanas.
8 – Primeiro entre nós que conseguiu captar um mundo regional através de um prisma universal.
9 – A obra de Guimarães Rosa veio concretizar a nova dimensão que o regionalismo estava esperando: a dimensão do espírito e do mistério das coisas.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS
- O romance é narrado na primeira pessoa em monólogo ininterrupto, por Riobaldo, velho fazendeiro do norte de Minas, antigo jagunço, que conta a sua vida e as suas angústias.
- primeiro bandido, depois chefe de bando, a sua tarefa principal é vingar a morte do grande chefe Joca Ramiro, assassinado à traição. Para isso estabelece um pacto com o diabo, que não sabe se foi realmente feito, mas que depois o atormenta pelo resto da vida, numa dúvida insanável.
- o seu maior amigo e companheiro de armas é Reinaldo, quem chama Diadorim e por quem sente uma extrema amizade, que se aproxima do amor e o deixa perturbado. O fato se explica quando Diadorim morre em duelo, matando ao mesmo tempo o traidor Hermógenes: era a moça Diadorina, filha de Joca Ramiro, disfarçada de homem.
- na estrutura do livro, os fatos são transpostos para uma atmosfera lendária e o real se cruza com o fantástico.
- concepção de vanguarda – universalismo literário moderno – desestruturação da linguagem literária tradicional.
- aspecto temático – retrata o coronelismo em função do tema filosófico – ser ou não ser.
- mundo cultural identificado com o regionalismo sertanejo.

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