Noite na Taverna ULTRARROMANTISMO DE ÁLVARES DE AZEVEDO
Noite na
Taverna é uma coletânea de narrativas
construída em sete partes. Traz epígrafes
e usa os nomes de cada um dos narradores como subtítulos, antecedendo as
histórias.
Epígrafe é a citação de um
pensamento, de uma frase ou de um provérbio, que está relacionado com o tema ou
assunto de um trabalho acadêmico, de uma monografia, de uma tese, de um
projeto, de um manual organizacional, de um relatório, etc.
“Narrativa frenética é de fato esta que Satã desvenda a Macário como uma espécie de experiência-limite, marcada pelo incesto, a necrofilia, o fratricídio, o canibalismo, a traição, o assassínio – cuja função para os românticos era mostrar os abismos virtuais e as desarmonias da nossa natureza, assim como a fragilidade das convenções.”
I - INTRODUÇÃO:
“Noite na taverna”, de publicação postumamente em 1855, é uma coletânea de contos que apresenta características bastante particulares, uma vez que as personagens se reúnem para relatar acontecimentos macabros e satânicos vividos ou imaginários.
A obra traduz com exatidão o entusiasmo dos românticos pelo mal-do-século que dominou a segunda fase do Romantismo.
A prosa é marcada pelo devaneio e pela fantasia, tomadas aqui como fuga do real, deformação da realidade, dos valores da sociedade, pela embriaguez e pelo tabagismo, estado de torpor que aproxima as personagens e mecanismo de consubstanciação de seus desejos e anseios, bem como de alívio das dores trazidas pela memória.
Álvares de Azevedo em “Noite na taverna”, constrói um mosaico narrativo, fazendo com que as personagens circulem entre os vários contos, criando para alguns leitores e críticos a possibilidade de classificar o texto como novela, se tomado por um todo.
Rodeados de prostitutas, bebidas e fumos, cada um configura um conto, sendo que o primeiro conto “Uma noite do século”, além de expor o ambiente, também apresenta o perfil das personagens e o último conto, “Último beijo de amor”, reuni as personagens dos outros contos, dando unidade à obra.
Dessa forma a independência de cada texto, se tomados os narradores e os elementos narrativos separadamente, anula-se em função da unidade, quando surge um narrador em terceira pessoa que reúne as personagens na taverna.
O enredo do conto, assim, acaba por tornar-se fragmentado, pois decorrem de suas memórias, que, aliás, estão adormecidas em virtude do sonho e da embriaguez.
II - FOCO NARRATIVO:
A obra “Noite na Taverna” gera certo estranhamento pela multiplicidade narrativa, pela configuração complexa dos focos narrativos, pela ideologia romântica contida em cada conto, ou ainda pela aproximação entre o material narrativo e o poético.
O primeiro e o último conto estão em terceira pessoa do singular, um narrador exterior ao texto, enquanto que, nos outros contos, o protagonista acaba por se confundir e muda às vezes de foco narrativo.
III – TEMPO E ESPAÇO:
O tempo é psicológico e indeterminado, embora fique claro o comportamento dos jovens no século XIX. Existe um tempo da narrativa, momento em que os protagonistas “viveram” a ação no passado; e um tempo da narração, momento em que os protagonistas contam a ação vivida, o presente, quando todos estão reunidos na taverna.
O espaço principal da ação é na taverna, lugar marcado por um clima de embriaguez e penumbras. Toda essa atmosfera é criada a partir do noturno, trazendo de volta o culto da noite que predomina na literatura do Romantismo.
IV – CARACTERÍSTICAS:
“Noite na taverna” não se prende apenas a um gênero ou espécie literária, aproximando-se, simultaneamente, dos gêneros épico, lírico e dramático. O épico por relatar façanhas narrativas; o lírico pela carga emocional das falas dos protagonistas, do emprego de um poema num dos contos e da prosa poética que aparece dominar boa parte dos textos e, o dramático, na ação das personagens e em seus diálogos carregados de significação, o que pode ser confirmado, no início da obra onde Macário e Satã dialogam na primeira cena.
Satã conduz Macário a uma orgia, a fim de que “leia uma página da vida, cheia de sangue e de vinho.”
Macário, então, vê da janela de uma taverna “uma sala fumacenta. À roda da mesa estão sentados cinco homens ébrios. Os mais revolvem-se no chão. Dormem ali mulheres desgrenhadas, uma lívidas, outras vermelhas...”
A obra reveste-se de um caráter perverso, noturno, satânico ou demoníaco da mentalidade byroniana, expressa através de crimes e de orgias imaginários, vividos como compensação da incompatibilidade entre o sonho e a realidade e, relatada por cinco personagens-narradores: Solfieri, Bertram, Johann, Gennaro e Claudius Hermann, os quais se caracterizam como homens ébrios e devassos, cultivadores dos vícios e das perdições humanas.
“Noite na taverna” apresenta sete partes, cada uma com uma epígrafe, e ainda uma epígrafe geral. A epígrafe geral refere-se à aparição do pai de Hamlet, da obra homônima de Shakespeare. As demais serão comentadas no final de cada conto.
A ação é lenta, entrecortada por digressões dos narradores, que preferem ressaltar a beleza de suas amadas, geralmente mulheres pálidas, a filosofar a prosseguirem suas histórias.
O amor visto como platônico, inatingível, parece restar somente o aspecto sexual. Justificam o mito de que Eros (amor) e Thanatos (morte) andam sempre juntos, como sombra invisível do outro, o que parece ocorrer em todos os contos.
Ao lado do pólo do mal que predomina em “Noite na taverna”, personificado em especial pelas imagens do libertino e da mulher perdida, a prostituta, aquele que é o seu oposto complementar: o pólo do bem, manifestado através da presença da figura da mulher-anjo, e da ideia do amor como regenerador de todos os vícios, enfim, dos mais preciosos sonhos amorosos e libertários dos nossos byronianos.
O erotismo é algo latente em tais protagonistas. Mal resolvidos em suas aventuras amorosas, encontram na sedução, ao estilo da personagem byroniana Don Juan, o conquistador sem escrúpulos, a materialização de seu herói sem caráter.
A fragilidade das convenções sociais e a natureza fatalmente má da pessoa humana constituem os elementos justificadores da postura sexualmente doentia e perversa dos ultrarromânticos, sugerida pela obra.
A polarização entre idealismo e niilismo que se encontra desde o prólogo da obra, em que as personagens discutem o vício e a pureza, o materialismo e o espiritualismo, a fé e o ateísmo, e, significativamente, o epicurismo: a defesa do prazer com valor supremo da existência.
V – RESUMO DO ENREDO:
“Noite na taverna”, de publicação postumamente em 1855, é uma coletânea de contos que apresenta características bastante particulares, uma vez que as personagens se reúnem para relatar acontecimentos macabros e satânicos vividos ou imaginários.
A obra traduz com exatidão o entusiasmo dos românticos pelo mal-do-século que dominou a segunda fase do Romantismo.
A prosa é marcada pelo devaneio e pela fantasia, tomadas aqui como fuga do real, deformação da realidade, dos valores da sociedade, pela embriaguez e pelo tabagismo, estado de torpor que aproxima as personagens e mecanismo de consubstanciação de seus desejos e anseios, bem como de alívio das dores trazidas pela memória.
Álvares de Azevedo em “Noite na taverna”, constrói um mosaico narrativo, fazendo com que as personagens circulem entre os vários contos, criando para alguns leitores e críticos a possibilidade de classificar o texto como novela, se tomado por um todo.
Rodeados de prostitutas, bebidas e fumos, cada um configura um conto, sendo que o primeiro conto “Uma noite do século”, além de expor o ambiente, também apresenta o perfil das personagens e o último conto, “Último beijo de amor”, reuni as personagens dos outros contos, dando unidade à obra.
Dessa forma a independência de cada texto, se tomados os narradores e os elementos narrativos separadamente, anula-se em função da unidade, quando surge um narrador em terceira pessoa que reúne as personagens na taverna.
O enredo do conto, assim, acaba por tornar-se fragmentado, pois decorrem de suas memórias, que, aliás, estão adormecidas em virtude do sonho e da embriaguez.
II - FOCO NARRATIVO:
A obra “Noite na Taverna” gera certo estranhamento pela multiplicidade narrativa, pela configuração complexa dos focos narrativos, pela ideologia romântica contida em cada conto, ou ainda pela aproximação entre o material narrativo e o poético.
O primeiro e o último conto estão em terceira pessoa do singular, um narrador exterior ao texto, enquanto que, nos outros contos, o protagonista acaba por se confundir e muda às vezes de foco narrativo.
III – TEMPO E ESPAÇO:
O tempo é psicológico e indeterminado, embora fique claro o comportamento dos jovens no século XIX. Existe um tempo da narrativa, momento em que os protagonistas “viveram” a ação no passado; e um tempo da narração, momento em que os protagonistas contam a ação vivida, o presente, quando todos estão reunidos na taverna.
O espaço principal da ação é na taverna, lugar marcado por um clima de embriaguez e penumbras. Toda essa atmosfera é criada a partir do noturno, trazendo de volta o culto da noite que predomina na literatura do Romantismo.
IV – CARACTERÍSTICAS:
“Noite na taverna” não se prende apenas a um gênero ou espécie literária, aproximando-se, simultaneamente, dos gêneros épico, lírico e dramático. O épico por relatar façanhas narrativas; o lírico pela carga emocional das falas dos protagonistas, do emprego de um poema num dos contos e da prosa poética que aparece dominar boa parte dos textos e, o dramático, na ação das personagens e em seus diálogos carregados de significação, o que pode ser confirmado, no início da obra onde Macário e Satã dialogam na primeira cena.
Satã conduz Macário a uma orgia, a fim de que “leia uma página da vida, cheia de sangue e de vinho.”
Macário, então, vê da janela de uma taverna “uma sala fumacenta. À roda da mesa estão sentados cinco homens ébrios. Os mais revolvem-se no chão. Dormem ali mulheres desgrenhadas, uma lívidas, outras vermelhas...”
A obra reveste-se de um caráter perverso, noturno, satânico ou demoníaco da mentalidade byroniana, expressa através de crimes e de orgias imaginários, vividos como compensação da incompatibilidade entre o sonho e a realidade e, relatada por cinco personagens-narradores: Solfieri, Bertram, Johann, Gennaro e Claudius Hermann, os quais se caracterizam como homens ébrios e devassos, cultivadores dos vícios e das perdições humanas.
“Noite na taverna” apresenta sete partes, cada uma com uma epígrafe, e ainda uma epígrafe geral. A epígrafe geral refere-se à aparição do pai de Hamlet, da obra homônima de Shakespeare. As demais serão comentadas no final de cada conto.
A ação é lenta, entrecortada por digressões dos narradores, que preferem ressaltar a beleza de suas amadas, geralmente mulheres pálidas, a filosofar a prosseguirem suas histórias.
O amor visto como platônico, inatingível, parece restar somente o aspecto sexual. Justificam o mito de que Eros (amor) e Thanatos (morte) andam sempre juntos, como sombra invisível do outro, o que parece ocorrer em todos os contos.
Ao lado do pólo do mal que predomina em “Noite na taverna”, personificado em especial pelas imagens do libertino e da mulher perdida, a prostituta, aquele que é o seu oposto complementar: o pólo do bem, manifestado através da presença da figura da mulher-anjo, e da ideia do amor como regenerador de todos os vícios, enfim, dos mais preciosos sonhos amorosos e libertários dos nossos byronianos.
O erotismo é algo latente em tais protagonistas. Mal resolvidos em suas aventuras amorosas, encontram na sedução, ao estilo da personagem byroniana Don Juan, o conquistador sem escrúpulos, a materialização de seu herói sem caráter.
A fragilidade das convenções sociais e a natureza fatalmente má da pessoa humana constituem os elementos justificadores da postura sexualmente doentia e perversa dos ultrarromânticos, sugerida pela obra.
A polarização entre idealismo e niilismo que se encontra desde o prólogo da obra, em que as personagens discutem o vício e a pureza, o materialismo e o espiritualismo, a fé e o ateísmo, e, significativamente, o epicurismo: a defesa do prazer com valor supremo da existência.
V – RESUMO DO ENREDO:
CONTO I “Uma noite do século”
OBSERVAÇÕES:
No primeiro conto “Uma noite do século”, as personagens são reunidas numa taverna entre copos de vinho e baforadas de cachimbo para contarem suas histórias. Os princípios de cada integrante do grupo são apresentados, bem como suas opiniões. É importante chamar a atenção para o posicionamento contrário entre as personagens no que se refere às ideias sobre o espiritualismo e ciência, mantendo, entretanto a mesma posição com relação ao vinho e ao tabagismo. Percebe-se que essa visão romântica do mal-do-século domina os presentes, preocupados constantemente com as garrafas vazias, pois só no álcool encontram a fuga ideal para seus temores e fantasmas, bem como a coragem para prosseguirem suas narrativas.
A grande preocupação dos presentes com a literatura e a filosofia pode ser tomada como intertextualidade, mantendo íntima ligação da presente obra com textos de autores famosos.
A epígrafe desse conto, de autoria de José Bonifácio, traduz uma ideia geral de transitoriedade de todas as coisas, mostrando que tudo é ilusão, tudo é provisório, devendo-se buscar o prazer na embriaguez.
No primeiro conto “Uma noite do século”, as personagens são reunidas numa taverna entre copos de vinho e baforadas de cachimbo para contarem suas histórias. Os princípios de cada integrante do grupo são apresentados, bem como suas opiniões. É importante chamar a atenção para o posicionamento contrário entre as personagens no que se refere às ideias sobre o espiritualismo e ciência, mantendo, entretanto a mesma posição com relação ao vinho e ao tabagismo. Percebe-se que essa visão romântica do mal-do-século domina os presentes, preocupados constantemente com as garrafas vazias, pois só no álcool encontram a fuga ideal para seus temores e fantasmas, bem como a coragem para prosseguirem suas narrativas.
A grande preocupação dos presentes com a literatura e a filosofia pode ser tomada como intertextualidade, mantendo íntima ligação da presente obra com textos de autores famosos.
A epígrafe desse conto, de autoria de José Bonifácio, traduz uma ideia geral de transitoriedade de todas as coisas, mostrando que tudo é ilusão, tudo é provisório, devendo-se buscar o prazer na embriaguez.
CONTO II “Solfieri”
OBSERVAÇÕES:
O conto revela uma relação macabra entre o protagonista e uma jovem supostamente morta, mas que estava apenas tomada de um sono cataléptico. Esse comportamento macabro, que poderia ser tomado como necrofilia, pois para o protagonista a moça estava morta, é continuado após a morte real da moça, enterrada sob as lajes debaixo da cama do protagonista, e pelo fato dele trazer ao pescoço as flores murchas da grinalda que a moça levava no caixão.
É importante ressaltar que nesse conto a figura da mulher dormindo revela um comportamento típico na obra de Álvares de Azevedo. Aqui se aliam o amor e o medo de amar. Diante desse temor, resultado típico da inexperiência amorosa, como observa Mário de Andrade sobre o autor, fica mais fácil possuir a mulher dormindo: “o medo de amor inventa a ideia de possuir a bela adormecida”. Cabe destacar que, enquanto, a mulher dorme, existe espaço para a fantasia, o sonho e a imaginação.
A epígrafe do conto, de autoria de Lord Byron, alude a um beijo apaixonado nos lábios de um corpo pálido e frio, o que ocorre no presente texto.
O conto revela uma relação macabra entre o protagonista e uma jovem supostamente morta, mas que estava apenas tomada de um sono cataléptico. Esse comportamento macabro, que poderia ser tomado como necrofilia, pois para o protagonista a moça estava morta, é continuado após a morte real da moça, enterrada sob as lajes debaixo da cama do protagonista, e pelo fato dele trazer ao pescoço as flores murchas da grinalda que a moça levava no caixão.
É importante ressaltar que nesse conto a figura da mulher dormindo revela um comportamento típico na obra de Álvares de Azevedo. Aqui se aliam o amor e o medo de amar. Diante desse temor, resultado típico da inexperiência amorosa, como observa Mário de Andrade sobre o autor, fica mais fácil possuir a mulher dormindo: “o medo de amor inventa a ideia de possuir a bela adormecida”. Cabe destacar que, enquanto, a mulher dorme, existe espaço para a fantasia, o sonho e a imaginação.
A epígrafe do conto, de autoria de Lord Byron, alude a um beijo apaixonado nos lábios de um corpo pálido e frio, o que ocorre no presente texto.
CONTO III “Bertram” A
história de Bertram passa-se na Espanha.
OBSERVAÇÕES:
Neste conto a figura de Ângela foge do modelo romântico de mulher idealizada pelo autor em toda em toda a obra. Ela não é pálida nem frágil como as demais, pelo contrário, é morena; não se mostra passiva, mas ativa, tem poder de decisão, entrega-se a Bertram porque assim o desejo. Para ficar com ele, não hesita em assassinar o marido e cometer infanticídio. Além do mais, foge do modelo de mulher-anjo para representar um ser demoníaco e decaído, afinal bebe, fuma, veste-se e age como homem, apesar de seu nome indicar o oposto.
Esse comportamento masculino traduz certa ambigüidade à personagem, daí o amor anormal que despertaria no protagonista.
O conto apresenta provas do comportamento devasso e desabusado do protagonista que, aproveitando-se daquele que o salvou de um atropelamento, seduz-lhe a filha e foge com a moça. Tal comportamento é continuado ao vender a moça para um pirata, traduzindo a visão da mulher como objeto de posse. A atitude da moça é geradora de mais duas tragédias: assassina o comprador e suicida. Como se não bastasse, paga a acolhida do comandante em seu navio tornando-se amante de sua mulher. O final do conto não poderia ser mais macabro, aludindo à necessidade de sobrevivência, mata o comandante e pratica a antropofagia. Assim temos: adultério, homicídio, suicídio e antropofagia reunidos no mesmo conto.
Como ocorre no comportamento do protagonista, predomina na epígrafe do terceiro conto uma tendência individualista: “Mas porque eu deveria chorar pelos outros / Se ninguém suspira por mim?”
OBSERVAÇÕES:
Neste conto a figura de Ângela foge do modelo romântico de mulher idealizada pelo autor em toda em toda a obra. Ela não é pálida nem frágil como as demais, pelo contrário, é morena; não se mostra passiva, mas ativa, tem poder de decisão, entrega-se a Bertram porque assim o desejo. Para ficar com ele, não hesita em assassinar o marido e cometer infanticídio. Além do mais, foge do modelo de mulher-anjo para representar um ser demoníaco e decaído, afinal bebe, fuma, veste-se e age como homem, apesar de seu nome indicar o oposto.
Esse comportamento masculino traduz certa ambigüidade à personagem, daí o amor anormal que despertaria no protagonista.
O conto apresenta provas do comportamento devasso e desabusado do protagonista que, aproveitando-se daquele que o salvou de um atropelamento, seduz-lhe a filha e foge com a moça. Tal comportamento é continuado ao vender a moça para um pirata, traduzindo a visão da mulher como objeto de posse. A atitude da moça é geradora de mais duas tragédias: assassina o comprador e suicida. Como se não bastasse, paga a acolhida do comandante em seu navio tornando-se amante de sua mulher. O final do conto não poderia ser mais macabro, aludindo à necessidade de sobrevivência, mata o comandante e pratica a antropofagia. Assim temos: adultério, homicídio, suicídio e antropofagia reunidos no mesmo conto.
Como ocorre no comportamento do protagonista, predomina na epígrafe do terceiro conto uma tendência individualista: “Mas porque eu deveria chorar pelos outros / Se ninguém suspira por mim?”
CONTO IV-GENNARO Esta história se passa na Itália.
OBSERVAÇÕES:
Nesse conto, a falta de virtudes morais do protagonista leva-o a desonrar a filha de seu mestre de pintura, mesmo amando loucamente a jovem esposa de seu preceptor. Seu ato é consciente, apesar de sua pouca idade. Tinha também consciência, ao descobrir que a jovem estava grávida, de que deveria assumir a paternidade e honradamente casar-se com ela. Entretanto, sabia que, se o fizesse, perderia qualquer chance de seduzir a mulher do mestre. Assim, deixou que a jovem fosse levada ao desespero de cometer o aborto e deixar-se morrer de tristeza e dor. Acaba conseguindo realizar seu intento e seduz a mulher do mestre. Este, tomado pela loucura, acaba descobrindo tudo e tenta matá-lo. Julgando-o morto, envenena a esposa e comete suicídio.
A epígrafe trabalha com a ideia de matar ou morrer, que se configura no clímax do conto.
OBSERVAÇÕES:
Nesse conto, a falta de virtudes morais do protagonista leva-o a desonrar a filha de seu mestre de pintura, mesmo amando loucamente a jovem esposa de seu preceptor. Seu ato é consciente, apesar de sua pouca idade. Tinha também consciência, ao descobrir que a jovem estava grávida, de que deveria assumir a paternidade e honradamente casar-se com ela. Entretanto, sabia que, se o fizesse, perderia qualquer chance de seduzir a mulher do mestre. Assim, deixou que a jovem fosse levada ao desespero de cometer o aborto e deixar-se morrer de tristeza e dor. Acaba conseguindo realizar seu intento e seduz a mulher do mestre. Este, tomado pela loucura, acaba descobrindo tudo e tenta matá-lo. Julgando-o morto, envenena a esposa e comete suicídio.
A epígrafe trabalha com a ideia de matar ou morrer, que se configura no clímax do conto.
CONTO V- CLAUDIUS HERMANN Hermann é chamado para contar também a sua história.
OBSERVAÇÕES:O protagonista do conto é um jovem rico e devasso, entregou a sua juventude ao jogo e ao amor com prostitutas. De repente, é tomado de paixão por uma jovem duquesa casada e apaixonada pelo marido. Sabendo da impossibilidade de conquistá-la por meio convencionais, consegue obter de um criado ambicioso uma cópia da chave da duquesa e vai visitá-la enquanto ela dorme. Lançando mão de um sonífero, apesar da mulher estar dormindo, satisfaz seus desejos sexuais. Cabe ressaltar que o protagonista não vê qualquer mal em sua atitude, pois visa unicamente à satisfação de seus apetites sexuais. Não satisfeito, entretanto, com as incursões noturnas, termina por raptá-la e tenta aceitá-lo como amante. O final do conto é marcado pela tragédia: o marido assassina a esposa adúltera e fica abraçado ao cadáver, tomado pela loucura.
Encontram-se, nesse conto, os elementos amor e medo. Ele só atinge a realização de seus objetivos porque a mulher dorme profundamente.
O autor toma Shakespeare como referência, empregando uma epígrafe que alude à temática do êxtase.
OBSERVAÇÕES:O protagonista do conto é um jovem rico e devasso, entregou a sua juventude ao jogo e ao amor com prostitutas. De repente, é tomado de paixão por uma jovem duquesa casada e apaixonada pelo marido. Sabendo da impossibilidade de conquistá-la por meio convencionais, consegue obter de um criado ambicioso uma cópia da chave da duquesa e vai visitá-la enquanto ela dorme. Lançando mão de um sonífero, apesar da mulher estar dormindo, satisfaz seus desejos sexuais. Cabe ressaltar que o protagonista não vê qualquer mal em sua atitude, pois visa unicamente à satisfação de seus apetites sexuais. Não satisfeito, entretanto, com as incursões noturnas, termina por raptá-la e tenta aceitá-lo como amante. O final do conto é marcado pela tragédia: o marido assassina a esposa adúltera e fica abraçado ao cadáver, tomado pela loucura.
Encontram-se, nesse conto, os elementos amor e medo. Ele só atinge a realização de seus objetivos porque a mulher dorme profundamente.
O autor toma Shakespeare como referência, empregando uma epígrafe que alude à temática do êxtase.
CONTO VI - “JOHANN” Johann reclama a sua vez de contar sua história.
OBSERVAÇÕES:
A narrativa é marcada pelo clima boêmio que dominou o comportamento dos jovens do século passado, frequentadores assíduos de tavernas, cafés e bilhares. Misturavam-se nessa atitude típica de rebeldia contra a sociedade burguesa os comportamentos desregrados, tais como a jogatina, a sexualidade despudorada, o alcoolismo, a violência dos duelos, enfim uma vida marcada por valores repudiados pelas pessoas de bem.
O conto tem seu espaço inicial marcado em Paris, onde ocorre um duelo, um incesto e ainda um fratricídio. O que fica bem evidente, como nos demais contos, é o comportamento amoral, degradante e desprezível do protagonista. Johann, não satisfeito de matar num duelo por causa de um jogo de bilhar, ainda se aproveita de um pedido do antagonista (Artur), que confiando em sua dignidade, desvirginou a amante do rapaz (sua própria irmã) e, ainda não saciado em seu absoluto declínio moral, mata o irmão que surge para defender a honra da moça (no caso, seu próprio irmão). Assim se sucedem degradantes situações que ora chocam, ora assustam pelo absurdo das situações e coincidências.
Mário de Andrade considera que esse caso de incesto coincide com o comportamento do próprio Álvares de Azevedo, que sentiria profunda atração pela própria irmã como, aliás, boa parte da crítica costuma considerar, “de tudo ressaltando muito bem, e com violenta sensualidade, a esplendidez do ente irmã”.
Outro elemento importante é o caráter de Artur, cuja descrição aproxima-o da ambiguidade da personagem Ângela, claro que por oposição.
A epígrafe desse conto, de autoria de Alexandre Dumas, coloca a ideia da evasão, bem como a inadequação do indivíduo ao seu tempo e à impossibilidade de uma alegria presente. Assim, o indivíduo busca a dor através da memória, do passado.
OBSERVAÇÕES:
A narrativa é marcada pelo clima boêmio que dominou o comportamento dos jovens do século passado, frequentadores assíduos de tavernas, cafés e bilhares. Misturavam-se nessa atitude típica de rebeldia contra a sociedade burguesa os comportamentos desregrados, tais como a jogatina, a sexualidade despudorada, o alcoolismo, a violência dos duelos, enfim uma vida marcada por valores repudiados pelas pessoas de bem.
O conto tem seu espaço inicial marcado em Paris, onde ocorre um duelo, um incesto e ainda um fratricídio. O que fica bem evidente, como nos demais contos, é o comportamento amoral, degradante e desprezível do protagonista. Johann, não satisfeito de matar num duelo por causa de um jogo de bilhar, ainda se aproveita de um pedido do antagonista (Artur), que confiando em sua dignidade, desvirginou a amante do rapaz (sua própria irmã) e, ainda não saciado em seu absoluto declínio moral, mata o irmão que surge para defender a honra da moça (no caso, seu próprio irmão). Assim se sucedem degradantes situações que ora chocam, ora assustam pelo absurdo das situações e coincidências.
Mário de Andrade considera que esse caso de incesto coincide com o comportamento do próprio Álvares de Azevedo, que sentiria profunda atração pela própria irmã como, aliás, boa parte da crítica costuma considerar, “de tudo ressaltando muito bem, e com violenta sensualidade, a esplendidez do ente irmã”.
Outro elemento importante é o caráter de Artur, cuja descrição aproxima-o da ambiguidade da personagem Ângela, claro que por oposição.
A epígrafe desse conto, de autoria de Alexandre Dumas, coloca a ideia da evasão, bem como a inadequação do indivíduo ao seu tempo e à impossibilidade de uma alegria presente. Assim, o indivíduo busca a dor através da memória, do passado.
CONTO VII- “ÚLTIMO BEIJO DE AMOR”
OBSERVAÇÕES:
A última parte do livro revela bem seu caráter nitidamente romântico. A irmã desvirginada no ato incestuoso do irmão Johann retorna para vingar-se, depois de tornar-se prostituta. Revela-se ainda que Arnold na verdade é Artur, o jovem que supostamente fora morto no duelo com Johann. Giórgia vinga-se tirando a vida do irmão e reencontra o antigo amante, terminando por morrer em seus braços. Arnold, vendo a amada, reencontrada depois de cinco anos em seus braços, mata-se, caindo sobre o seu corpo.
O título sugere bem o clima dessa última parte, pois é a despedida final dos amantes e ainda o encerramento da obra. É um beijo mortal e último, que se encerra com a morte dos protagonistas. Esse clima de desamor ou de amor impossível predomina, traduzindo com bastante clareza a visão do amor impossível ou do amor degradado que paira sobre os jovens escritores do romantismo.
Cabe também ressaltar que essa última parte sugere em seu clímax um desfecho de tragédia, aproximando o texto, que também emprega constantemente o diálogo, das peças dramáticas.
A epígrafe desse conto retoma, ainda uma vez, Shakespeare, traduzindo a ideia de amor e morte, que se configura no clímax do texto.
A última parte do livro revela bem seu caráter nitidamente romântico. A irmã desvirginada no ato incestuoso do irmão Johann retorna para vingar-se, depois de tornar-se prostituta. Revela-se ainda que Arnold na verdade é Artur, o jovem que supostamente fora morto no duelo com Johann. Giórgia vinga-se tirando a vida do irmão e reencontra o antigo amante, terminando por morrer em seus braços. Arnold, vendo a amada, reencontrada depois de cinco anos em seus braços, mata-se, caindo sobre o seu corpo.
O título sugere bem o clima dessa última parte, pois é a despedida final dos amantes e ainda o encerramento da obra. É um beijo mortal e último, que se encerra com a morte dos protagonistas. Esse clima de desamor ou de amor impossível predomina, traduzindo com bastante clareza a visão do amor impossível ou do amor degradado que paira sobre os jovens escritores do romantismo.
Cabe também ressaltar que essa última parte sugere em seu clímax um desfecho de tragédia, aproximando o texto, que também emprega constantemente o diálogo, das peças dramáticas.
A epígrafe desse conto retoma, ainda uma vez, Shakespeare, traduzindo a ideia de amor e morte, que se configura no clímax do texto.
-
A obra traz um grupo de amigos em uma taverna. A partir disso, cada um deles apresenta
uma narrativa com capítulo intitulado com o próprio nome, fechando a obra com o
capítulo “Último Beijo de Amor”
- Ao todo, são sete contos
- Cada personagem narra uma história que viveu. As temáticas são, entre outras, incesto, adultério, necrofilia e assassinatos
- Observar a esfera fantasiosa e a ideia ultrarromântica de destruição do sentimento amoroso pelo desejo carnal
- Ao todo, são sete contos
- Cada personagem narra uma história que viveu. As temáticas são, entre outras, incesto, adultério, necrofilia e assassinatos
- Observar a esfera fantasiosa e a ideia ultrarromântica de destruição do sentimento amoroso pelo desejo carnal
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