GRANDE SERTÃO: VEREDAS
- O romance é narrado na
primeira pessoa em monólogo ininterrupto, por Riobaldo, velho fazendeiro do
norte de Minas, antigo jagunço, que conta a sua vida e as suas angústias.
- primeiro bandido, depois chefe de bando, a sua tarefa principal é vingar a
morte do grande chefe Joca Ramiro, assassinado à traição. Para isso estabelece
um pacto com o diabo, que não sabe se foi realmente feito, mas que depois o
atormenta pelo resto da vida, numa dúvida insanável.
- o seu maior amigo e companheiro de armas é Reinaldo, quem chama Diadorim e
por quem sente uma extrema amizade, que se aproxima do amor e o deixa
perturbado. O fato se explica quando Diadorim morre em duelo, matando ao mesmo
tempo o traidor Hermógenes: era a moça Diadorina, filha de Joca Ramiro,
disfarçada de homem.
- na estrutura do livro, os fatos são transpostos para uma atmosfera lendária e
o real se cruza com o fantástico.
- concepção de vanguarda – universalismo literário moderno – desestruturação da
linguagem literária tradicional.
- aspecto temático – retrata o coronelismo em função do tema filosófico – ser
ou não ser.
- mundo cultural identificado com o regionalismo sertanejo.
Análise
Completa de "Grande Sertão: Veredas":
1. Narrativa e
Estrutura:
·
Monólogo em Primeira Pessoa: A narrativa
em primeira pessoa, sob a voz de Riobaldo, cria uma intimidade com o leitor,
que acompanha suas reflexões e dúvidas como se estivesse em uma conversa. O
monólogo ininterrupto simula o fluxo de pensamento do personagem, com suas
digressões, hesitações e memórias embaralhadas.
·
Não Linearidade: A narrativa não segue uma
ordem cronológica linear. Riobaldo mistura passado e presente, lembranças e
reflexões, criando uma estrutura labiríntica que reflete a complexidade da vida
e da memória. Essa não linearidade contribui para a atmosfera de mistério e
ambiguidade da obra.
·
Oralidade: A linguagem de Rosa busca reproduzir
a oralidade do sertão, com suas expressões típicas, sintaxe peculiar e ritmo
cadenciado. Isso confere verossimilhança à narrativa e aproxima o leitor do
universo sertanejo.
2. Personagens:
·
Riobaldo: O protagonista e narrador. Sua
trajetória é marcada pela busca por identidade, pela dúvida sobre a existência
do diabo e pelo amor ambíguo por Diadorim. Ele é um personagem complexo e
contraditório, dividido entre o bem e o mal, a razão e a emoção.
·
Diadorim/Diadorina: A figura enigmática que
acompanha Riobaldo em suas aventuras. Sua identidade ambígua (homem/mulher) e
sua bravura o transformam em um símbolo de força e mistério. Sua morte revela a
verdade sobre sua identidade e impacta profundamente Riobaldo.
·
Joca Ramiro: O antigo chefe dos jagunços, cuja
morte desencadeia a jornada de Riobaldo. Sua figura representa a liderança e a
tradição do cangaço.
·
Hermógenes: O antagonista, símbolo da traição e
da maldade. Sua morte pelas mãos de Diadorim encerra um ciclo de vingança.
3. Temas Centrais:
·
O Bem e o Mal: A obra explora a dualidade entre o
bem e o mal, presente tanto no mundo exterior (nas ações dos jagunços) quanto
no interior de Riobaldo (em suas dúvidas e conflitos). A questão do pacto com o
diabo intensifica essa temática, colocando em xeque a moralidade e a fé do
personagem.
·
O Sertão: O sertão não é apenas um cenário,
mas um personagem em si mesmo. Ele influencia a vida e a mentalidade dos
personagens, com sua natureza hostil e sua cultura peculiar. O sertão é um
espaço físico e simbólico, carregado de história, tradição e misticismo.
·
O Amor e a Amizade: A relação entre Riobaldo e
Diadorim é complexa e ambígua, misturando amizade, admiração e um sentimento
que se aproxima do amor. A revelação da verdadeira identidade de Diadorim
intensifica a tragédia e questiona as convenções sociais.
·
A Busca por Identidade: Riobaldo
passa por uma jornada de autoconhecimento, buscando compreender sua própria
natureza e seu lugar no mundo. Suas dúvidas, seus medos e suas experiências o
transformam ao longo da narrativa.
4. Linguagem e
Estilo:
·
Neologismos e Arcaísmos: Rosa cria
palavras novas e resgata palavras antigas, enriquecendo a linguagem e
conferindo um tom arcaico e mágico à narrativa.
·
Metáforas e Comparações: O uso
constante de metáforas e comparações torna a linguagem mais expressiva e
poética, criando imagens vívidas na mente do leitor.
·
Polifonia: A obra apresenta diferentes vozes e
perspectivas, através das falas dos personagens e das reflexões de Riobaldo,
criando um diálogo constante entre diferentes visões de mundo.
5. Contexto
Histórico e Social:
·
Regionalismo Universalista: "Grande
Sertão: Veredas" se insere no contexto do Modernismo brasileiro,
especificamente na Terceira Fase (Geração de 45), que se caracteriza pelo
regionalismo universalista. A obra retrata o sertão, mas transcende o local
para abordar temas universais da condição humana.
·
O Coronelismo: A obra tangencia o tema do
coronelismo, presente na estrutura social do sertão, mas o transcende ao focar
em questões filosóficas e existenciais.
6. Relação com
Outras Obras:
·
A
obra dialoga com outras obras da literatura brasileira que abordam o sertão,
como as de Graciliano Ramos, mas se diferencia pela inovação na linguagem e
pela complexidade dos personagens.
·
Pode-se
estabelecer conexões com obras da literatura universal que exploram temas
semelhantes, como a busca por identidade, a dualidade entre o bem e o mal e a
relação do homem com a natureza.
7. Reflexões e
Interpretações:
·
O Pacto com o Diabo: A dúvida sobre a real
existência do pacto é crucial para a compreensão da obra. Mais do que um fato
concreto, o pacto representa as angústias e os conflitos internos de Riobaldo.
·
A Identidade de Diadorim: A revelação
da verdadeira identidade de Diadorim questiona as convenções sociais e a
rigidez dos papéis de gênero.
·
O Sertão como Espelho da Alma: O sertão,
com sua vastidão e seus mistérios, reflete a complexidade da alma humana, com
seus desejos, medos e contradições.
1. O Pacto com o
Diabo:
·
A Ambiguidade Central: A questão do
pacto com o diabo não é apresentada como um fato consumado, mas como uma dúvida
que assombra Riobaldo. Ele se pergunta repetidamente se realmente fez o pacto,
se foi apenas uma impressão ou se foi induzido a acreditar nele. Essa
ambiguidade é crucial, pois desloca o foco da narrativa de um evento
sobrenatural para o universo psicológico do personagem.
·
Metáfora da Luta Interior: O pacto,
mais do que uma barganha com uma entidade demoníaca, representa a luta interna
de Riobaldo entre o bem e o mal, entre seus desejos de vingança e seus valores
morais. É a personificação de seus conflitos internos, suas tentações e seus
medos.
·
A Busca por Poder e Vingança: A ideia do
pacto surge em um momento de desespero de Riobaldo, quando ele busca poder para
vingar a morte de Joca Ramiro. O diabo, nesse contexto, simboliza a busca por
soluções rápidas e fáceis, mesmo que isso implique em renunciar a princípios
éticos.
·
A Dúvida como Motor da Narrativa: A dúvida
sobre o pacto impulsiona a narrativa e as reflexões de Riobaldo. Ele revisita
suas memórias, questiona suas ações e busca sinais que confirmem ou neguem a
existência do acordo. Essa busca incessante é o que move a história.
·
A Culpa e o Remorso: Mesmo sem ter certeza da
concretização do pacto, Riobaldo carrega um sentimento de culpa e remorso. Ele
se sente atormentado pela possibilidade de ter se entregado às forças do mal, o
que o leva a uma profunda reflexão sobre sua própria natureza.
2. A Identidade de
Diadorim:
·
A Ambivalência de Gênero: Diadorim é
apresentado como um homem, companheiro de jagunçagem de Riobaldo. No entanto, a
revelação de que ele era, na verdade, uma mulher, Diadorina, filha de Joca
Ramiro, questiona as rígidas convenções sociais e os papéis de gênero da época.
·
O Amor Impossível: O amor que Riobaldo sente por
Diadorim é complexo e ambíguo, marcado pela admiração, pela amizade e por um
desejo que ele não consegue nomear. A revelação da verdadeira identidade de
Diadorim transforma esse amor em uma tragédia, pois torna impossível a
concretização da relação.
·
A Força Feminina no Sertão: Diadorim
desafia os estereótipos de gênero ao se inserir em um universo tipicamente
masculino, como o cangaço. Sua bravura, sua liderança e sua habilidade em
combate demonstram a força e a capacidade da mulher sertaneja, mesmo em um
contexto social adverso.
·
O Mistério e o Enigma: A
ambiguidade de gênero de Diadorim contribui para o mistério e o enigma que o
envolve. Sua figura andrógina fascina e intriga Riobaldo, alimentando sua
imaginação e seus desejos.
·
A Quebra das Expectativas: A revelação
da identidade de Diadorim quebra as expectativas do leitor e do próprio
Riobaldo, revelando a complexidade das relações humanas e a fluidez das
identidades.
3. O Sertão como
Espelho da Alma:
·
O Cenário como Personagem: O sertão não
é apenas um pano de fundo para a história, mas um personagem em si mesmo. Sua
vastidão, sua aridez, sua beleza e seus perigos influenciam a vida e a
mentalidade dos personagens.
·
O Reflexo dos Conflitos Internos: A paisagem
sertaneja, com seus contrastes e suas contradições, reflete os conflitos
internos de Riobaldo. A vastidão do sertão espelha a vastidão de suas dúvidas e
angústias; a aridez da terra reflete a secura de sua alma; a violência da
natureza reflete a violência presente nas relações humanas.
·
O Espaço do Mito e da Magia: O sertão é
um espaço carregado de misticismo e crenças populares. As histórias de
assombrações, os rituais religiosos e a presença constante do sobrenatural
criam uma atmosfera mágica que permeia a narrativa.
·
A Dualidade da Natureza: O sertão
apresenta uma dualidade constante: a seca e a chuva, a vida e a morte, a beleza
e a brutalidade. Essa dualidade reflete a complexidade da condição humana,
marcada por contradições e ambivalências.
·
A Identidade Sertaneja: O sertão
molda a identidade dos personagens, com seus valores, suas tradições e seus
costumes. A vida no sertão exige resistência, coragem e adaptação,
características que marcam a personalidade de Riobaldo e dos outros jagunços.
Elementos da
narrativa:
1. Narrador e Foco
Narrativo:
·
Narrador-Personagem (Autodiegético): Riobaldo é o
narrador e protagonista da história. Ele narra em primeira pessoa,
compartilhando suas memórias, reflexões e angústias com um interlocutor
silencioso, o "compadre Quelemém". Essa escolha narrativa confere
grande intimidade à obra, permitindo ao leitor acessar os pensamentos e
sentimentos mais profundos do personagem.
·
Subjetividade: A narrativa é profundamente
subjetiva, filtrada pela percepção de Riobaldo. O leitor tem acesso apenas à
versão dos fatos contada por ele, o que gera ambiguidade e múltiplas
interpretações. A verdade se torna relativa, dependendo do ponto de vista do
narrador.
2. Personagens:
·
Riobaldo: Ex-jagunço e fazendeiro, atormentado
pela dúvida sobre o pacto com o diabo e pelo amor por Diadorim. É um personagem
complexo, dividido entre o bem e o mal, a razão e a emoção. Sua trajetória é
marcada pela busca por identidade e pelo autoconhecimento.
·
Diadorim/Diadorina: Figura enigmática e
andrógina, companheira de Riobaldo na jagunçagem. Sua verdadeira identidade
(mulher disfarçada de homem) é revelada apenas no final da obra, impactando
profundamente Riobaldo e o leitor. Representa a força feminina, a quebra de
estereótipos de gênero e o amor impossível.
·
Joca Ramiro: Antigo chefe dos jagunços, cuja morte
desencadeia a jornada de Riobaldo. Sua figura representa a liderança, a
tradição do cangaço e a figura paterna ausente na vida de Riobaldo.
·
Hermógenes: O antagonista, símbolo da traição,
da inveja e da maldade. Sua morte pelas mãos de Diadorim encerra um ciclo de
vingança e marca o clímax da narrativa.
·
Outros Jagunços: Zé Bebelo, Ricardão, Titão e
outros compõem o universo do cangaço, representando diferentes facetas da vida
marginal e da violência no sertão.
3. Tempo e Espaço:
·
Tempo Psicológico: O tempo da narrativa não é
cronológico, mas psicológico. As memórias de Riobaldo fluem livremente,
misturando passado e presente, sem uma ordem linear. O tempo se dilata e se
contrai, acompanhando o ritmo da memória e das emoções do narrador.
·
Sertão: O sertão é mais do que um cenário; é
um personagem vivo que influencia a vida e a mentalidade dos personagens.
Representa a vastidão, a aridez, a beleza, a violência e o misticismo. É um
espaço físico e simbólico, carregado de história, tradição e crenças populares.
4. Enredo e Ação:
·
Jornada de Autoconhecimento: A narrativa
acompanha a jornada de Riobaldo em busca de sua identidade e de respostas para
suas angústias existenciais. Sua trajetória na jagunçagem, o amor por Diadorim
e a dúvida sobre o pacto com o diabo são os principais motores da ação.
·
Conflitos: Os principais conflitos da obra são:
a luta entre o bem e o mal, a dúvida sobre a existência do diabo, o amor
ambíguo por Diadorim, a violência do cangaço e a busca por vingança.
·
Não Linearidade: A narrativa não segue uma
ordem cronológica linear, apresentando saltos temporais, digressões e memórias
embaralhadas. Essa estrutura labiríntica reflete a complexidade da mente humana
e a natureza fragmentada da memória.
5. Linguagem e
Estilo:
·
Oralidade: A linguagem de Guimarães Rosa busca
reproduzir a oralidade do sertão, com suas expressões típicas, sintaxe
peculiar, ritmo cadenciado e riqueza vocabular.
·
Neologismos e Arcaísmos: Rosa cria
palavras novas (neologismos) e resgata palavras antigas (arcaísmos),
enriquecendo a linguagem e conferindo um tom arcaico e mágico à narrativa.
·
Metáforas e Comparações: O uso
constante de metáforas e comparações torna a linguagem mais expressiva e
poética, criando imagens vívidas na mente do leitor.
·
Polifonia: A obra apresenta diferentes vozes e
perspectivas, através das falas dos personagens e das reflexões de Riobaldo,
criando um diálogo constante entre diferentes visões de mundo.
6. Temas Centrais:
·
O Bem e o Mal: A dualidade entre o bem e o mal
permeia toda a obra, presente tanto nas ações dos personagens quanto em seus
conflitos internos.
·
O Sertão: O sertão como espaço físico,
simbólico e mítico, influenciando a vida e a mentalidade dos personagens.
·
O Amor e a Amizade: A complexidade das relações
humanas, com destaque para o amor ambíguo entre Riobaldo e Diadorim.
·
A Busca por Identidade: A jornada de
autoconhecimento e a busca por respostas para as angústias existenciais.
·
O Pacto com o Diabo: A dúvida sobre a existência
do pacto como metáfora dos conflitos internos e das tentações humanas.
·
7. Aspectos
Filosóficos:
·
Existencialismo: A obra aborda questões
existenciais como a liberdade, a angústia, a escolha e o sentido da vida.
·
Dualismo: A presença constante de dualidades
(bem/mal, razão/emoção, homem/mulher, civilização/barbárie) reflete a
complexidade da condição humana.
8. Contexto
Histórico e Social:
·
Modernismo Brasileiro (Terceira Fase): "Grande
Sertão: Veredas" se insere no contexto do Modernismo brasileiro,
especificamente na Terceira Fase (Geração de 45), que se caracteriza pelo
regionalismo universalista, experimentalismo linguístico e introspecção
psicológica.
·
O Coronelismo: Embora não seja o tema central, a
obra tangencia o tema do coronelismo, presente na estrutura social do sertão.
FIGURAS DE LINGUAGEM:
1. Metáfora:
·
Definição: Consiste na comparação implícita
entre dois elementos, em que um termo é usado em sentido figurado, com base em
uma relação de semelhança.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"O
sertão é dentro da gente." (Metáfora que expressa a internalização do
espaço geográfico, que se torna um estado de espírito).
o
"A
vida é um grande sertão: veredas." (Metáfora que compara a vida a uma
jornada complexa e cheia de caminhos incertos).
o
"As
palavras eram como cobras, umas mortas, outras vivas." (Metáfora que
compara as palavras a seres vivos, com poder de ação e transformação).
2. Comparação:
·
Definição: Estabelece uma relação de semelhança
explícita entre dois elementos, utilizando conectivos comparativos como
"como", "qual", "assim como".
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"A
poeira subia, vermelha, igual sangue seco." (Comparação que evoca a aridez
e a violência do sertão).
o
"As
veredas eram como veias abertas na terra." (Comparação que personifica a
paisagem, conferindo-lhe características humanas).
3. Metonímia:
·
Definição: Consiste na substituição de um termo
por outro, havendo entre eles uma relação de proximidade ou contiguidade.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"Li
Guimarães Rosa." (O autor pelo livro).
o
"Bebia
um copo." (O conteúdo pelo recipiente).
4. Sinestesia:
·
Definição: Consiste na fusão de diferentes
sensações em uma única expressão, combinando percepções sensoriais de
diferentes domínios (visão, audição, olfato, paladar, tato).
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"Vozes
ásperas como areia." (Combinação de audição e tato).
o
"Cores
que cheiravam a terra molhada." (Combinação de visão e olfato).
5. Personificação
(Prosopopeia):
·
Definição: Consiste na atribuição de
características humanas a seres inanimados ou animais.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"O
rio sorria preguiçosamente." (Atribuição de um gesto humano ao rio).
o
"A
noite engolia as últimas luzes do dia." (Atribuição de uma ação humana à
noite).
6. Aliteração:
·
Definição: Consiste na repetição de sons
consonantais no início ou no interior de palavras próximas.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"Sertão:
só serras, só solidão, só silêncio." (Repetição do som /s/).
7. Assonância:
·
Definição: Consiste na repetição de sons
vocálicos no interior de palavras próximas.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"Os
rios corriam lentos, longos e fundos." (Repetição da vogal /o/).
8. Antítese:
·
Definição: Consiste na aproximação de ideias
contrárias em uma mesma frase ou verso.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"Viver
é muito perigoso; porque não se aprende." (Oposição entre a periculosidade
da vida e a falta de aprendizado).
9. Paradoxo:
·
Definição: Consiste na apresentação de uma
ideia aparentemente contraditória, mas que encerra uma verdade profunda.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"O
sertão é o lugar onde o pouco se torna muito." (Contradição aparente entre
a escassez do sertão e a valorização do pouco).
10. Polissíndeto:
·
Definição: Consiste na repetição enfática de
conjunções coordenativas, geralmente "e", com o objetivo de
intensificar a expressividade.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"E
tinha o rio, e tinha a noite, e tinha o medo." (Repetição da conjunção
"e" para enfatizar a presença dos elementos).
11. Elipse:
·
Definição: Omissão de um termo que pode ser
facilmente subentendido pelo contexto.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o
"No
sertão, só." (Omissão do verbo "estar").
12. Hipérbato:
·
Definição: Inversão da ordem natural dos termos
na oração.
·
Exemplos em "Grande Sertão: Veredas":
o "Das veredas
as curvas." (Inversão da ordem "As curvas das veredas").
Funções das
Figuras de Linguagem em "Grande Sertão: Veredas":
·
Criação de imagens vívidas: As figuras
de linguagem contribuem para a construção de imagens sensoriais que aproximam o
leitor do universo sertanejo.
·
Expressividade e Intensidade: As figuras
intensificam as emoções e os sentimentos dos personagens, tornando a narrativa
mais envolvente.
·
Ambiguidade e Multiplicidade de Sentidos: As figuras
de linguagem abrem espaço para múltiplas interpretações, enriquecendo a
complexidade da obra.
·
Ritmo e Musicalidade: A combinação
de diferentes figuras contribui para a musicalidade da prosa rosiana, criando
um ritmo próprio para a narrativa.
·
Caracterização do Sertão: As figuras
de linguagem são essenciais para a construção da imagem do sertão como um
espaço físico e simbólico, carregado de misticismo e contradições.
Informações
importantíssimas:
Contexto
Histórico-Literário:
·
Modernismo Brasileiro (3ª Fase/Geração de 45): "Grande
Sertão: Veredas" se insere na terceira fase do Modernismo, também
conhecida como Geração de 45 ou Pós-Modernismo. Essa fase se caracteriza pelo
experimentalismo linguístico, aprofundamento psicológico dos personagens,
regionalismo universalista e retorno a formas poéticas mais rigorosas.
·
Regionalismo Universalista: há diferença
entre o regionalismo de Guimarães Rosa do regionalismo da segunda fase
modernista (como o de Graciliano Ramos). Enquanto o regionalismo da segunda
fase focava na denúncia social e no determinismo do meio, o de Rosa transcende
o local, abordando temas universais da condição humana, como o bem e o mal, a
busca por identidade e a complexidade das relações.
·
Influências: as influências literárias de
Guimarães Rosa, como a literatura universal (Cervantes, Goethe), a literatura
regionalista brasileira (Euclides da Cunha), a cultura popular do sertão e a psicanálise.
2. Aspectos
Linguísticos e Estilísticos:
·
Neologismos: a criação de novas palavras por
Guimarães Rosa, através de combinações inusitadas, derivações e arcaísmos. Os
neologismos não são aleatórios, mas carregados de significado e contribuem para
a estranheza e o encantamento da linguagem. Exemplos: "arruído",
"desexistir", "riosol".
·
Arcaísmos: o uso de palavras antigas e em
desuso, que conferem um tom arcaico e solene à narrativa, remetendo a tempos
passados e à oralidade. Exemplos: "mui", "vosmecê",
"trempe".
·
Oralidade: a busca pela reprodução da fala
sertaneja, com suas expressões típicas, sintaxe peculiar e ritmo cadenciado. A
oralidade aproxima o leitor do universo sertanejo e confere verossimilhança à
narrativa.
·
Polifonia: a presença de diversas vozes na
narrativa, através das falas dos personagens, dos ditos populares e das
reflexões de Riobaldo. A polifonia enriquece a obra e apresenta diferentes
visões de mundo.
·
Relação entre Linguagem e Temática: a linguagem
inovadora de Rosa se relaciona com os temas da obra. Por exemplo, a ambiguidade
da linguagem reflete a ambiguidade da realidade e a incerteza sobre o pacto com
o diabo.
3. Temas :
·
O Bem e o Mal: a natureza do bem e do mal, mostra
como esses conceitos são relativizados na obra. O pacto com o diabo é um
elemento central para essa discussão, representando a tentação e a fragilidade
humana.
·
A Dúvida Existencial: a angústia
de Riobaldo em busca de respostas para suas dúvidas existenciais, como a
existência de Deus e do diabo, o sentido da vida e a natureza humana.
·
O Amor e a Amizade: a complexa relação entre
Riobaldo e Diadorim, mostra como ela transcende a amizade e se aproxima do
amor, questionando as convenções sociais e os papéis de gênero.
·
O Sertão como Espaço Simbólico: o simbolismo do
sertão, mostra como ele representa a vastidão da alma humana, a luta pela
sobrevivência, o misticismo e as tradições culturais.
·
A Violência: a temática da violência presente no
universo do cangaço, mostra como ela afeta a vida e a mentalidade dos
personagens.
·
O Bem e o Mal:
A obra Grande Sertão: Veredas desconstrói a ideia de bem e mal
como categorias absolutas. Guimarães Rosa apresenta o bem e o mal como elementos
intrínsecos à condição humana, que coexistem em cada indivíduo e são
relativizados pelas circunstâncias. Riobaldo, o narrador, é atormentado por sua
crença de que firmou um pacto com o diabo para alcançar poder. No entanto, ao
longo da narrativa, percebe-se que o pacto talvez não tenha ocorrido de fato, e
a figura do diabo pode ser apenas uma projeção de seus medos e culpas.
O pacto simboliza
a tentação, a ambição e a fragilidade humana. Riobaldo acredita que, para
alcançar a vitória sobre Hermógenes, precisa recorrer a forças sobrenaturais,
mas isso o mergulha em dúvidas e questionamentos sobre sua integridade moral. A
obra sugere que o bem e o mal não estão fora, em forças externas ou entidades
divinas, mas dentro de cada ser humano, sendo construções relativas e
contextuais.
Guimarães Rosa
também explora como a violência e a necessidade de sobrevivência no sertão
complicam esses conceitos. As ações de Riobaldo, embora frequentemente
violentas, são justificadas pelas condições extremas em que vive. O bem e o
mal, na obra, não se separam claramente; eles são misturados, fluídos, e
dependem da perspectiva de quem os vivencia.
A Dúvida
Existencial:
O sertão de Grande Sertão: Veredas é um cenário físico e
simbólico para as dúvidas existenciais de Riobaldo. O personagem busca
respostas para questões universais, como a existência de Deus e do diabo, o
sentido da vida, e a complexidade da natureza humana. Suas dúvidas se refletem
na incerteza sobre o pacto com o diabo, que é um dos temas centrais da obra.
Riobaldo está
constantemente angustiado pela falta de certezas. Ele se pergunta se existe
justiça no mundo, se suas escolhas são corretas e qual é o papel do destino em
sua vida. A obra apresenta a vida como um labirinto de perguntas sem respostas
definitivas, enfatizando que a busca por sentido é mais importante do que a
obtenção de certezas.
Essa angústia
existencial de Riobaldo dialoga com correntes filosóficas como o
existencialismo, que coloca o ser humano diante de sua liberdade,
responsabilidade e incerteza. A narrativa questiona se o homem é regido por
forças superiores ou se é ele mesmo o criador de seu destino, tornando a dúvida
uma força motriz da trama.
O Amor e a
Amizade:
A relação entre Riobaldo e Diadorim é um dos aspectos mais profundos e
complexos da obra. Inicialmente apresentada como uma amizade entre companheiros
de armas, a relação vai além das convenções sociais e dos papéis de gênero,
aproximando-se do amor. A descoberta da identidade de Diadorim no final da
narrativa (como sendo Reinaldo, uma mulher disfarçada de homem) lança uma nova
luz sobre os sentimentos de Riobaldo, que são intensos e confusos ao longo da
história.
O amor entre os
dois desafia as normas de masculinidade e hierarquia presentes no universo do
cangaço. Riobaldo não consegue admitir plenamente seus sentimentos, pois isso
confronta sua visão de mundo e os valores tradicionais do sertão. Essa relação
é permeada por uma dualidade: ao mesmo tempo em que é fonte de força e
lealdade, também é motivo de conflito interno para Riobaldo.
Guimarães Rosa usa
essa relação para questionar as fronteiras entre amor e amizade, bem como as
construções sociais de gênero e sexualidade. A ambiguidade e a profundidade do
amor entre Riobaldo e Diadorim são reflexos das contradições e complexidades do
próprio sertão, enquanto espaço simbólico.
O Sertão como
Espaço Simbólico:
O sertão em Grande Sertão: Veredas não é apenas um espaço
geográfico; ele é uma metáfora para a alma humana, repleta de mistérios,
contradições e vastidões. É um território onde a luta pela sobrevivência é
constante, mas também um lugar de misticismo, tradições culturais e
espiritualidade.
Guimarães Rosa
utiliza o sertão para simbolizar os dilemas universais enfrentados pelos seres
humanos. É nele que Riobaldo vive suas aventuras, enfrenta dilemas éticos e
busca sentido para sua vida. O sertão é, ao mesmo tempo, um lugar de opressão e
liberdade, um espaço que representa tanto a dureza da realidade quanto as
possibilidades de transcendência.
Além disso, o
sertão carrega um forte simbolismo cultural e histórico. Ele é um cenário de
resistência, onde os valores e costumes tradicionais persistem frente às
mudanças sociais e econômicas. Ao mesmo tempo, o sertão é um lugar de
transformação, onde o personagem principal embarca em uma jornada de
autoconhecimento que transcende o espaço físico.
A Violência:
A violência é uma temática central em Grande Sertão: Veredas,
especialmente no contexto do cangaço, em que a narrativa se insere. Guimarães
Rosa explora como a violência é uma força estruturante no universo sertanejo,
tanto como meio de sobrevivência quanto como expressão de poder.
Riobaldo, como
jagunço, está inserido em um mundo onde a violência é a linguagem dominante. A
luta contra Hermógenes, a busca por vingança e os confrontos constantes
refletem como a violência molda a mentalidade e as relações dos personagens. No
entanto, Guimarães Rosa não glorifica essa violência; pelo contrário, ele a
apresenta como uma força destrutiva que também é fruto das condições sociais e
culturais do sertão.
A obra também
problematiza a ideia de que a violência é apenas externa. Há uma violência
interior em Riobaldo, que se manifesta em seus conflitos existenciais e na luta
para lidar com suas emoções e dilemas éticos. Guimarães Rosa sugere que a
violência do cangaço é uma metáfora para os confrontos internos enfrentados por
todos os seres humanos.
Por fim, a
violência no sertão é um reflexo das condições históricas e sociais do Brasil,
marcado por desigualdades, exploração e resistência. A obra, ao explorar a
violência em suas múltiplas formas, oferece um retrato complexo e ambivalente
da realidade sertaneja e da condição humana
4.
Intertextualidade:
·
Euclides da Cunha ("Os Sertões"): a visão do
sertão em "Grande Sertão: Veredas" x a de Euclides da Cunha em
"Os Sertões". Enquanto Euclides adota uma perspectiva científica e
sociológica, Guimarães Rosa oferece uma visão mais subjetiva e literária.
·
Outras Obras de Guimarães Rosa:"Sagarana"
e "Primeiras Estórias", há muitas semelhanças e diferenças
temáticas e estilísticas.
A visão do sertão:
Guimarães Rosa x Euclides da Cunha
A comparação entre
o sertão de "Os Sertões" (Euclides da Cunha) e "Grande
Sertão: Veredas" (Guimarães Rosa) evidencia abordagens
profundamente distintas:
1.
Perspectiva científica x subjetiva:
o
Euclides da Cunha: Em "Os Sertões", o
sertão é analisado por meio de uma lente científica, sociológica e
histórica, ressaltando a aridez da paisagem, os aspectos geográficos, a
luta pela sobrevivência e os conflitos humanos e sociais, como a Guerra de
Canudos. Sua visão é impregnada por teorias positivistas e deterministas da época.
o
Guimarães Rosa: Em "Grande Sertão: Veredas", o
sertão transcende o espaço físico e se torna metáfora universal da
alma humana. A abordagem é subjetiva, filosófica e literária,
centrando-se na complexidade das experiências, dúvidas e escolhas humanas.
2.
O sertão como símbolo:
o
Para
Euclides, o sertão é o palco de desafios concretos: miséria,
desigualdade e resistência. É um território hostil, mas também um lugar de
luta e força.
o
Para
Rosa, o sertão é existencial: representa a jornada interna, os
dilemas morais e a relação entre o bem e o mal.
3.
Linguagem:
o
Euclides: Uma prosa de caráter técnico e
descritivo, com traços épicos e uma preocupação analítica.
o
Rosa: Uma linguagem inovadora e poética,
que mistura oralidade, neologismos, arcaísmos e lirismo, aproximando-se mais da
experimentação modernista.
Semelhanças e
diferenças entre "Sagarana" e "Primeiras Estórias"
As duas obras de
Guimarães Rosa, "Sagarana" e "Primeiras
Estórias", apresentam semelhanças temáticas e estilísticas, mas também
diferenças significativas que marcam o amadurecimento literário do autor.
1. Temática:
·
Semelhanças:
o
Ambas
abordam o universo sertanejo com foco em dilemas humanos,
tradições culturais e questões existenciais.
o
Há
uma forte presença do regionalismo universal, que transforma o
sertão em símbolo de experiências humanas universais.
·
Diferenças:
o
"Sagarana": Tem um tom mais regionalista, com
narrativas enraizadas em histórias de aventuras, coragem e superação. O sertão
é representado de forma concreta, com um toque de oralidade e humor.
o
"Primeiras Estórias": É mais
introspectivo e filosófico, com narrativas curtas que exploram o mistério, a
transcendência e a condição humana. A temática é menos centrada no sertão
físico e mais voltada para o interior do ser humano.
2. Estilo:
·
Semelhanças:
o
Uso
de linguagem poética, oralidade e elementos inovadores, como neologismos e
figuras de linguagem.
o
Narrativas
fragmentadas, que exigem a participação ativa do leitor.
·
Diferenças:
o
"Sagarana": É mais acessível, com uma
linguagem que combina o coloquial com o erudito. O tom é mais narrativo e
linear, focado em histórias completas.
o
"Primeiras Estórias": É mais denso e
simbólico, com uma prosa mais compacta e carregada de significados. A obra
exige uma leitura reflexiva para captar suas camadas profundas.
Comparação geral
entre as obras de Guimarães Rosa
"Sagarana"
(1946):
·
Características principais: Narrativas
longas, com personagens heroicos e enredos enraizados no sertão mineiro. Rosa
demonstra um grande domínio da oralidade sertaneja, mas mantém uma estrutura
narrativa mais tradicional.
·
Exemplo: O conto "O Burrinho
Pedrês" é emblemático por narrar uma aventura com foco no
cotidiano sertanejo, mesclando humor, tensão e observação social.
"Primeiras
Estórias" (1962):
·
Características principais: Narrativas
curtas, minimalistas e profundamente filosóficas. A linguagem é ainda mais
experimental, e os enredos são fragmentados e simbólicos.
·
Exemplo: O conto "A Terceira
Margem do Rio" aborda a transcendência, o mistério e a ruptura
com a lógica cotidiana, apresentando um estilo mais abstrato.
Conclusão:
Enquanto
"Sagarana" representa o início do percurso literário de Guimarães
Rosa, marcado por um regionalismo inovador, "Primeiras Estórias"
revela a maturidade do autor, com narrativas que transcendem o espaço sertanejo
e dialogam com a condição humana em níveis filosóficos e universais. Em todas as
suas obras, Rosa demonstra sua genialidade ao transformar o sertão em um lugar
onde o regional e o universal coexistem, desafiando o leitor a repensar os
limites da literatura e da existência
5. Citações
Relevantes:
·
algumas
citações importantes da obra que possam ser usadas em redações ou questões
discursivas. Exemplos:
o
"O sertão está em toda parte."
o
"Viver é muito perigoso; porque não se
aprende."
o
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de
repente aprende."
1.
O sertão como metáfora universal
Tema: "O
sertão está em toda parte."
O sertão, em Grande
Sertão: Veredas, é mais do que um espaço geográfico delimitado pelo
interior brasileiro; é uma metáfora para os dilemas humanos universais.
Guimarães Rosa constrói o sertão como um lugar de contradições, onde o bem e o
mal, a esperança e o desespero, convivem e se entrelaçam, refletindo a
complexidade da existência.
Ao afirmar que “o
sertão está em toda parte”, o autor sugere que o sertão não é restrito ao chão
seco e à vegetação áspera. Ele existe onde quer que o homem enfrente desafios e
busque respostas para seus dilemas mais profundos. O sertão de Riobaldo é
físico, mas também simbólico, pois nele se travam batalhas interiores que
transcendem o tempo e o espaço.
Essa metáfora
dialoga com a condição humana: em qualquer lugar do mundo, pessoas enfrentam
escolhas éticas, lutam contra medos e buscam sentido para suas vidas. A jornada
de Riobaldo é universal porque reflete a busca por um equilíbrio entre forças
opostas, como razão e instinto, fé e dúvida. Assim, o sertão torna-se um
espelho da alma humana, um lugar onde cada um enfrenta suas próprias
"veredas".
Essa ideia de
sertão como metáfora universal se alinha a obras como A Odisseia,
de Homero, onde a jornada física também reflete a transformação interior do
protagonista. No entanto, enquanto Ulisses busca voltar para casa, Riobaldo
busca encontrar seu lugar no mundo e dentro de si mesmo. Em ambos os casos, o
espaço físico é apenas um pano de fundo para a verdadeira jornada: a do
autoconhecimento.
Guimarães Rosa, ao
tornar o sertão um conceito tão amplo, revela a universalidade da literatura,
mostrando que, mesmo partindo de um cenário regional, ele atinge dilemas que
são comuns a toda a humanidade. O sertão, portanto, não é apenas um lugar; é
uma condição humana.
2: A
imprevisibilidade da existência
Tema: "Viver
é muito perigoso; porque não se aprende."
A frase de
Riobaldo em Grande Sertão: Veredas sintetiza a essência da
condição humana: a vida é imprevisível, desafiadora e muitas vezes
incompreensível. Apesar das experiências acumuladas, o homem nunca domina
completamente a arte de viver, pois a existência é marcada por incertezas e
surpresas que desafiam qualquer lógica.
Para Riobaldo,
viver é perigoso porque envolve escolhas difíceis e suas consequências
inevitáveis. Sua jornada como jagunço é repleta de dilemas éticos e
existenciais, como a dúvida sobre a existência do pacto com o demônio. Mesmo ao
buscar certezas, ele se depara com a impossibilidade de entender plenamente a
vida. A frase reflete essa fragilidade humana diante do desconhecido e a
consciência de que o aprendizado é sempre incompleto.
Essa
imprevisibilidade da existência é um tema recorrente na literatura, como
em Macbeth, de Shakespeare, onde o protagonista tenta controlar seu
destino, apenas para ser vítima de suas próprias ações. Em ambos os casos, a
busca pelo poder ou pela certeza acaba revelando a vulnerabilidade humana
diante de forças maiores, sejam elas sobrenaturais ou internas.
A frase também
dialoga com o pensamento existencialista, que enxerga a vida como uma série de
escolhas em um mundo sem garantias absolutas. Assim como Riobaldo, o ser humano
é chamado a agir mesmo sem saber todas as respostas, enfrentando a
responsabilidade e as consequências de seus atos.
Guimarães Rosa,
com essa reflexão, coloca a vida como um território de risco e beleza, onde o
aprendizado não está em alcançar a certeza, mas em aceitar as dúvidas e os
mistérios que a tornam única. Viver, portanto, é perigoso, mas também
profundamente humano.
3: A aprendizagem
como processo contínuo
Tema: "Mestre
não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende."
Em Grande
Sertão: Veredas, Guimarães Rosa desafia a visão tradicional de mestre como
aquele que possui todo o conhecimento. Para ele, o verdadeiro mestre é aquele
que está aberto ao aprendizado constante, reconhecendo sua própria
incompletude. Essa ideia se aplica tanto à trajetória de Riobaldo quanto à
compreensão mais ampla de liderança, educação e crescimento humano.
Riobaldo, ao longo
de sua jornada, assume o papel de líder dos jagunços, mas é apenas por meio das
experiências e dos erros que ele aprende sobre si mesmo e sobre o mundo. Sua
sabedoria não vem de um conhecimento prévio, mas da reflexão sobre as situações
que vive. Essa postura o transforma em um líder mais humano, consciente de suas
limitações e das complexidades de suas escolhas.
A frase também
questiona o modelo educacional tradicional, que privilegia a transmissão de
conhecimento de forma hierárquica. Guimarães Rosa sugere que o aprendizado
verdadeiro ocorre quando há uma troca entre mestre e aprendiz, quando ambos
reconhecem que têm algo a ensinar e a aprender. Essa visão está em sintonia com
pensadores como Paulo Freire, que defendem a educação como um processo
dialógico e libertador.
Além disso, a
ideia de aprendizado contínuo se conecta com conceitos filosóficos, como
a paideia grega, que enxerga a educação como um processo de
formação integral do ser humano ao longo da vida. Riobaldo, ao reconhecer que é
um eterno aprendiz, reflete essa perspectiva, mostrando que o aprendizado não
termina, mas se renova a cada experiência.
Guimarães Rosa,
com essa frase, nos lembra que a verdadeira sabedoria está na humildade de
aprender. Seja na liderança, na educação ou na vida, o mestre não é aquele que
detém todas as respostas, mas aquele que tem coragem de fazer perguntas e
buscar novas respostas continuamente.
Questões
discursivas para Grande Sertão: Veredas
1.
"O sertão está em toda parte."
Pergunta: Explique como a frase reflete a concepção simbólica do
sertão em Grande Sertão: Veredas e sua relação com os dilemas
humanos universais.
Resposta: Em Grande Sertão: Veredas, o sertão é
apresentado não apenas como uma localização geográfica, mas como um estado de
espírito, uma metáfora para os desafios, contradições e escolhas que todos
enfrentam. Riobaldo afirma que o sertão está "dentro da gente",
destacando que o enfrentamento do bem e do mal é um dilema interior. A frase
reflete a universalidade da narrativa, conectando-a com questões existenciais
aplicáveis a qualquer cultura ou contexto.
2. "Viver é
muito perigoso; porque não se aprende."
Pergunta: Analise como essa frase sintetiza a trajetória de
Riobaldo no romance.
Resposta: A frase sintetiza a jornada de Riobaldo, marcada pela
busca incessante por respostas que nunca são completamente encontradas. Apesar
de suas experiências como jagunço e da tentativa de dominar seu destino,
Riobaldo percebe que a vida é imprevisível e que o aprendizado pleno é
inatingível. Sua reflexão sobre o pacto com o demônio e os dilemas éticos que
enfrenta evidenciam que o aprendizado da vida é mais intuitivo e emocional do
que racional ou didático.
3.
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de
repente aprende."
Pergunta: Relacione a frase à trajetória de Riobaldo e sua
compreensão sobre a liderança.
Resposta: Ao longo de Grande Sertão: Veredas, Riobaldo
aprende que a verdadeira liderança não está na imposição ou no conhecimento
absoluto, mas na capacidade de adaptar-se e aprender com as situações. Sua
experiência como chefe de jagunços o ensina que liderar é compreender as
necessidades e limitações dos outros, bem como reconhecer suas próprias falhas
e dúvidas. A frase também reflete o amadurecimento de Riobaldo ao perceber que
ninguém domina completamente a vida e que todos são aprendizes em algum nível.
1.
"O sertão está em toda parte."
Pergunta: Como o sertão é utilizado como cenário e metáfora ao
longo da obra?
Resposta: O sertão é o cenário físico onde a narrativa se
desenrola, mas também é uma metáfora para os dilemas e conflitos interiores de
Riobaldo. É um espaço de luta entre o bem e o mal, de escolhas difíceis e de
reflexões sobre a existência. A geografia do sertão, com seus desafios naturais
e sua vastidão, simboliza a complexidade da vida humana e a jornada de
autodescoberta do protagonista.
2.
A imprevisibilidade da vida
Pergunta: Como a frase "Viver é muito perigoso; porque não se
aprende" dialoga com o pacto de Riobaldo com o demônio?
Resposta: A frase reflete a tentativa de Riobaldo de controlar seu
destino ao realizar o pacto com o demônio. No entanto, ao longo da narrativa,
ele percebe que a vida é cheia de incertezas e que o poder ou o conhecimento
adquirido nunca são absolutos. A ideia de que "não se aprende"
reforça a fragilidade humana diante das forças superiores e das consequências
inesperadas de suas escolhas.
Questões objetivas
de múltipla escolha
1. Sobre o sertão
como metáfora:
O sertão em Grande Sertão: Veredas pode ser entendido como:
a) Um espaço físico delimitado pelo rio São Francisco.
b) Uma metáfora para os dilemas interiores e a condição humana.
c) Uma representação das dificuldades exclusivamente geográficas.
d) O lugar onde o bem vence o mal.
Resposta: b) Uma metáfora para os dilemas interiores e a condição
humana.
2.
Frase "Mestre não é quem sempre ensina, mas quem
de repente aprende":
A frase reflete:
a) A necessidade de experiência para liderar.
b) A capacidade de adaptação e humildade no aprendizado.
c) A superioridade de quem ensina sobre quem aprende.
d) A importância de dominar completamente o conhecimento.
Resposta: b) A capacidade de adaptação e humildade no aprendizado.
6. Interpretação
de Trechos:
Este tipo de
questão exige uma análise minuciosa de um excerto da obra, identificando
elementos como:
·
Figuras de Linguagem: Metáforas,
comparações, metonímias, sinestesias, personificações, aliterações,
assonâncias, antíteses, paradoxos, polissíndetos, elipses e hipérbatos.
·
Temas: O bem e o mal, o sertão como espaço
físico e simbólico, o amor e a amizade, a busca por identidade, o pacto com o
diabo, a violência, a religiosidade, a solidão.
·
Características da Narrativa: Foco
narrativo em primeira pessoa, não linearidade temporal, oralidade, polifonia,
subjetividade.
·
Contexto: Relação do trecho com o contexto
geral da obra, com a trajetória do personagem e com os temas centrais.
Exemplo de Trecho
e Questão:
"O sertão não
é lugar: é um estar. A gente vive nele imprensado, que nem uso de dizer. Lugar
sertão se divulga: é onde os pastos fazem pastos; sertão é terras altas, mais
para o chapadão; sertão é campos gerais, campos cerrados, campos limpos; sertão
é gerais sem tamanho. Estes seus gerais: sertão. Digo: o sertão é o sozinho.
Que Deus vem por detrás!"
Possíveis
Questões:
·
Identifique
e explique a principal figura de linguagem presente no trecho. (Resposta:
Metáfora, ao definir o sertão como um "estar" e não um
"lugar", internalizando o espaço geográfico).
·
Qual
a visão de sertão apresentada por Riobaldo nesse excerto? (Resposta: O sertão é
apresentado como um estado de espírito, uma condição existencial, além de um
espaço físico com características específicas).
·
Como
a linguagem utilizada por Guimarães Rosa contribui para a construção da imagem
do sertão? (Resposta: A linguagem oralizante, com repetições e enumerações, e o
uso de expressões regionais ("imprensado", "uso de dizer")
reforçam a verossimilhança e a proximidade com o universo sertanejo).
2. Temas para
Redação:
·
A
dualidade entre o bem e o mal na trajetória de Riobaldo.
·
A
construção da identidade em "Grande Sertão: Veredas".
·
O
simbolismo do sertão na obra de Guimarães Rosa.
·
A
representação do amor e da amizade na relação entre Riobaldo e Diadorim.
·
A
influência do contexto social e cultural na formação dos personagens.
·
A
linguagem inovadora de Guimarães Rosa e sua contribuição para a literatura
brasileira.
1. A dualidade
entre o bem e o mal na trajetória de Riobaldo
Introdução:
No romance Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa desconstrói a
ideia tradicional de bem e mal ao apresentar esses conceitos como inseparáveis
e coexistentes na experiência humana. Por meio da trajetória de Riobaldo, o
autor explora a ambiguidade moral, questionando valores universais e propondo
uma visão mais complexa e fluida da ética.
Desenvolvimento:
Ao narrar sua história, Riobaldo revela como suas escolhas foram permeadas por
dilemas éticos e dúvidas existenciais. O suposto pacto com o diabo simboliza a
tentação humana diante do poder, mas também expõe a fragilidade do protagonista
ao lidar com a ambição e a moralidade. Em suas reflexões, Riobaldo percebe que
o bem e o mal não são forças externas ou absolutas, mas sim dimensões
intrínsecas à condição humana, que se manifestam conforme as circunstâncias.
Além disso, o
sertão, como cenário simbólico, reforça a dualidade moral. É um espaço onde a
sobrevivência exige decisões difíceis e onde o bem e o mal se tornam relativos.
A luta entre Riobaldo e Hermógenes não é apenas um confronto físico, mas também
um embate moral, em que Riobaldo questiona sua própria integridade ao usar a
violência para alcançar seus objetivos.
Conclusão:
A dualidade entre o bem e o mal em Grande Sertão: Veredas não
apresenta respostas definitivas, mas convida o leitor a refletir sobre os
limites da moralidade e sobre como as escolhas humanas moldam a percepção
desses conceitos. Guimarães Rosa, ao relativizar o bem e o mal, oferece uma
visão mais rica e profunda da ética, alinhada às complexidades da vida.
2. A construção da
identidade em Grande Sertão: Veredas
Introdução:
A construção da identidade é um dos temas centrais de Grande Sertão:
Veredas. A jornada de Riobaldo não é apenas física, mas também psicológica
e espiritual, marcada por questionamentos sobre si mesmo, seu lugar no mundo e
as forças que moldam seu destino. A narrativa reflete como a identidade é
construída a partir de experiências, escolhas e conflitos internos.
Desenvolvimento:
A identidade de Riobaldo é construída em um cenário de incertezas e
contradições. Como jagunço, ele se insere em um contexto de violência e
sobrevivência, mas também se destaca por sua sensibilidade e inteligência,
características que contrastam com a brutalidade do cangaço. Sua relação com
Diadorim, que transcende as normas sociais e de gênero, também é fundamental
para sua formação, desafiando suas ideias preconcebidas e ampliando sua
compreensão do amor e da humanidade.
Além disso, o
pacto com o diabo, embora talvez apenas simbólico, reflete a luta de Riobaldo
para lidar com sua própria natureza e suas ambições. Ele busca respostas para
questões existenciais, como o papel do destino e a existência de Deus, em uma
tentativa de compreender quem ele realmente é. O sertão, como espaço simbólico,
também contribui para essa construção, representando as vastidões e os
mistérios da alma humana.
Conclusão:
A construção da identidade em Grande Sertão: Veredas é um
processo contínuo e multifacetado. Guimarães Rosa apresenta Riobaldo como um
personagem que cresce e se transforma ao longo de sua jornada, mostrando que a
identidade não é fixa, mas moldada por experiências e reflexões. A obra, assim,
convida o leitor a refletir sobre suas próprias contradições e possibilidades
de autoconhecimento.
3. O simbolismo do
sertão na obra de Guimarães Rosa
Introdução:
O sertão em Grande Sertão: Veredas é mais do que um cenário; é
uma metáfora universal para os desafios, as contradições e os mistérios da
vida. Guimarães Rosa utiliza o sertão para representar a complexidade da
condição humana, tornando-o um símbolo de luta, descoberta e transcendência.
Desenvolvimento:
O sertão simboliza a vastidão da alma humana, um espaço onde o bem e o mal, a
fé e a dúvida, a violência e o amor coexistem. Para Riobaldo, o sertão é tanto
um campo de batalha quanto um espaço de aprendizado, onde ele enfrenta dilemas
éticos, paixões e questões existenciais.
Além disso, o
sertão é um reflexo da cultura e das tradições brasileiras, marcado pelo
misticismo, pela religiosidade e pela oralidade. É um espaço de resistência,
onde os valores antigos se confrontam com as mudanças sociais. A linguagem de
Guimarães Rosa, repleta de neologismos e regionalismos, contribui para essa
simbolização, tornando o sertão um espaço literário único.
Conclusão:
O sertão em Grande Sertão: Veredas transcende sua dimensão
geográfica para se tornar um espaço simbólico, representando a complexidade da
existência humana. Guimarães Rosa, ao explorar o sertão como metáfora, eleva a
obra a um nível universal, convidando o leitor a se identificar com os dilemas
e descobertas de seus personagens.
4. A representação
do amor e da amizade na relação entre Riobaldo e Diadorim
Introdução:
A relação entre Riobaldo e Diadorim em Grande Sertão: Veredas é
uma das mais complexas da literatura brasileira, pois transcende as convenções
de gênero, amizade e amor. Guimarães Rosa aborda esse vínculo como uma
expressão das ambiguidades e profundidades da alma humana.
Desenvolvimento:
Ao longo da narrativa, Riobaldo descreve sua amizade com Diadorim como intensa
e incondicional, mas permeada por sentimentos que ele não compreende ou não
admite completamente. A descoberta de que Diadorim é, na verdade, uma mulher
(Reinaldo), no final da obra, não anula, mas intensifica a complexidade de seus
sentimentos.
Essa relação
desafia as normas do universo jagunço, que valoriza a masculinidade e a
hierarquia. O amor de Riobaldo por Diadorim não é apenas romântico, mas também
espiritual e ético, simbolizando a conexão humana em sua forma mais pura. A
ambiguidade da relação reflete os dilemas internos de Riobaldo e contribui para
sua jornada de autoconhecimento.
Conclusão:
A relação entre Riobaldo e Diadorim é uma representação magistral do amor e da
amizade como forças transformadoras. Guimarães Rosa mostra que esses
sentimentos transcendem barreiras sociais e pessoais, revelando as nuances da
humanidade e desafiando o leitor a questionar suas próprias concepções sobre
amor e identidade.
5. A influência do
contexto social e cultural na formação dos personagens
Introdução:
Os personagens de Grande Sertão: Veredas são profundamente
influenciados pelo contexto social e cultural do sertão brasileiro. Guimarães
Rosa constrói um universo onde as tradições, as condições de vida e os valores
locais moldam as ações, os pensamentos e os dilemas dos indivíduos.
Desenvolvimento:
A vida no sertão é marcada pela escassez, pela luta pela sobrevivência e pela
violência, elementos que moldam a mentalidade e as escolhas dos personagens.
Riobaldo, por exemplo, é um produto desse contexto, inserido no universo do
cangaço, onde a lealdade, a hierarquia e a força física são determinantes.
Além disso, a
religiosidade, o misticismo e a oralidade típicos do sertão influenciam a visão
de mundo dos personagens. As crenças em Deus, no diabo e nas forças
sobrenaturais permeiam a narrativa, refletindo a cultura popular brasileira.
Guimarães Rosa utiliza esses elementos para criar personagens complexos, que
dialogam com seu tempo e espaço, mas também transcendem essas limitações.
Conclusão:
O contexto social e cultural do sertão é essencial para compreender a formação
dos personagens de Grande Sertão: Veredas. Guimarães Rosa, ao
explorar as influências do ambiente sobre seus protagonistas, cria uma obra que
é ao mesmo tempo profundamente local e universal, mostrando como a cultura
molda a experiência humana.
Exemplo de
Proposta de Redação:
"Em 'Grande
Sertão: Veredas', o sertão é apresentado como um espaço físico e simbólico, que
influencia profundamente a vida e a mentalidade dos personagens. Analise a
importância do sertão na construção da identidade de Riobaldo e na
representação dos conflitos humanos presentes na obra."
3. Questões
Objetivas:
As questões
objetivas sobre "Grande Sertão: Veredas" podem abranger:
·
Contexto Histórico-Literário: Características
do Modernismo brasileiro (3ª fase), regionalismo universalista, influências
literárias de Guimarães Rosa.
·
Características da Narrativa: Foco
narrativo, tempo e espaço, estrutura não linear, oralidade, polifonia.
·
Temas Centrais: O bem e o mal, o sertão, o amor e a
amizade, a busca por identidade, o pacto com o diabo.
·
Personagens: Características e importância de
Riobaldo, Diadorim, Joca Ramiro e Hermógenes.
·
Linguagem e Estilo: Neologismos, arcaísmos,
metáforas, comparações e outras figuras de linguagem.
Questões Objetivas
sobre Grande Sertão: Veredas
1. Contexto
Histórico-Literário
Questão de
múltipla escolha:
Guimarães Rosa pertence à terceira fase do Modernismo brasileiro. Uma
característica marcante desta fase é:
A) A experimentação estética e a busca pela identidade nacional, típica da
Semana de Arte Moderna.
B) A universalização de temas regionais, conciliando o regionalismo com
reflexões filosóficas e existenciais.
C) O uso de linguagem formal e preocupação com a crítica social direta, como no
Realismo.
D) O predomínio da poesia sobre a prosa, com forte influência do Parnasianismo.
Resposta: B
Questão de foco
negativo:
Assinale a alternativa que não corresponde às
características da terceira fase do Modernismo:
A) Interesse por questões existenciais e filosóficas.
B) Regionalismo com alcance universal.
C) Realismo determinista em relação ao comportamento humano.
D) Valorização da linguagem como elemento de construção literária.
Resposta: C
2. Características
da Narrativa
Questão de
associação:
Associe os elementos narrativos de Grande Sertão: Veredas a suas
definições:
1.
Foco narrativo
2.
Tempo e espaço
3.
Estrutura narrativa
4.
Oralidade
A) Narrador em
primeira pessoa, que reflete e dialoga diretamente com o interlocutor.
B) Espaço simbólico que transcende o sertão físico para abarcar dilemas
universais.
C) Uso de repetições, regionalismos e musicalidade da fala.
D) Não-linearidade, com memórias intercaladas e reflexões filosóficas.
Resposta correta:
1 - A
2 - B
3 - D
4 - C
Questão de
interpretação:
Leia o trecho a seguir e responda:
"O sertão está em toda parte. O sertão está dentro da gente."
Essa afirmação do narrador em Grande Sertão: Veredas simboliza:
A) A vastidão geográfica do sertão brasileiro e sua relação com o misticismo.
B) A percepção de que o sertão é uma metáfora para os conflitos internos do ser
humano.
C) A universalidade do sertão como espaço de violência e sobrevivência.
D) A dificuldade de definir o sertão como um conceito estático e fechado.
Resposta: B
3. Temas Centrais
Questão de análise
crítica:
O pacto com o diabo em Grande Sertão: Veredas é interpretado por
alguns estudiosos como:
A) Uma alegoria do conflito moral entre bem e mal enfrentado pelo protagonista.
B) Um elemento puramente religioso, indicando a crença do sertanejo no
sobrenatural.
C) Uma crítica ao poder político e sua corrupção moral.
D) Um elemento de suspense que reforça o mistério em torno de Riobaldo.
Resposta: A
Questão de
asserção-razão:
Sobre os temas centrais de Grande Sertão: Veredas, analise as
proposições:
I. O bem e o mal são apresentados como forças externas, representadas pelo
pacto com o diabo.
II. O sertão funciona como um espaço simbólico, abarcando os conflitos
existenciais e sociais dos personagens.
A respeito dessas
proposições, assinale a alternativa correta:
A) As duas estão corretas, e a segunda é uma justificativa da primeira.
B) As duas estão corretas, mas a segunda não justifica a primeira.
C) Apenas a primeira está correta.
D) Apenas a segunda está correta.
Resposta: D
4. Personagens
Questão de
múltipla escolha:
A relação entre Riobaldo e Diadorim é considerada complexa porque:
A) Transcende a amizade e envolve questões de gênero e amor.
B) Está inserida em um contexto de violência e rivalidade.
C) É marcada pela traição, que divide a lealdade de Riobaldo.
D) Representa a única relação de confiança dentro do cangaço.
Resposta: A
Questão de
correspondência:
Associe os personagens de Grande Sertão: Veredas às suas
características principais:
5.
Riobaldo
6.
Diadorim
7.
Joca Ramiro
8.
Hermógenes
A) Líder
carismático do cangaço, assassinado de forma traiçoeira.
B) Narrador e protagonista, marcado por dilemas éticos e existenciais.
C) Jagunço inimigo, representando o mal absoluto na narrativa.
D) Figura andrógina, que une coragem e mistério.
Resposta correta:
1 - B
2 - D
3 - A
4 - C
5. Linguagem e
Estilo
Questão de análise
linguística:
O uso de neologismos e regionalismos em Grande Sertão: Veredas é
fundamental para:
A) Refletir a oralidade e as tradições do sertão brasileiro.
B) Criar um distanciamento entre o leitor e a narrativa.
C) Uniformizar a linguagem literária com a culta e acadêmica.
D) Mostrar que o regionalismo de Guimarães Rosa segue as normas clássicas da
língua.
Resposta: A
Questão de
complementação simples:
Complete a frase:
A linguagem inovadora de Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas contribui
para a literatura brasileira ao combinar __________ e __________, transformando
a prosa em uma experiência estética única.
Resposta: regionalismos
/ invenções linguísticas
Questão de
Discursiva
Tema: A
universalidade do sertão
Explique como o sertão em Grande Sertão: Veredas transcende o
espaço geográfico e assume uma dimensão simbólica universal.
Resposta esperada:
O sertão, na obra de Guimarães Rosa, vai além do espaço físico do interior
brasileiro para se tornar uma metáfora da existência humana. Ele simboliza os
dilemas, as lutas e os mistérios que caracterizam a vida. Riobaldo, ao
enfrentar seus conflitos internos e externos, demonstra que o sertão está
dentro de cada indivíduo, sendo o palco de suas contradições e descobertas.
Assim, Guimarães Rosa transforma o regionalismo em uma expressão universal,
explorando temas como o bem e o mal, a busca por sentido e a natureza humana.
·
(ENEM)
A linguagem de "Grande Sertão: Veredas" caracteriza-se por:
o
(a)
Priorizar a norma culta da língua, buscando a precisão e a objetividade.
o
(b)
Apresentar forte influência da linguagem científica, com o uso de termos
técnicos e especializados.
o
(c) Buscar a reprodução da oralidade sertaneja, com o
uso de expressões típicas e sintaxe peculiar.Guimarães Rosa recria a linguagem
do sertão, misturando oralidade, neologismos e uma sintaxe inovadora, sem se
prender exclusivamente à norma culta.
o
(d)
Utilizar uma linguagem rebuscada e erudita, com o objetivo de distanciar-se da
realidade sertaneja.
o
(e)
Combinar elementos da linguagem formal e informal, buscando um equilíbrio entre
a norma culta e a oralidade.
·
Qual
dos seguintes temas NÃO é central em "Grande Sertão: Veredas"?
o
(a)
A dualidade entre o bem e o mal.
o
(b) A crítica à exploração da mão de obra escrava.Embora o romance
trate de questões sociais e humanas profundas, como a violência, a fé e os
dilemas éticos, a exploração da mão de obra escrava não é um tema abordado de
forma central. Os outros temas são essenciais à narrativa.
o
(c)
A busca por identidade.
o
(d)
O simbolismo do sertão.
o
(e)
O amor e a amizade.
I. Questões
Dissertativas:
1. Pergunta: Analise a
importância do sertão na construção da identidade de Riobaldo.
o Resposta: O sertão não
é apenas um cenário, mas um personagem fundamental na obra. Ele molda a
identidade de Riobaldo, influenciando seus valores, crenças e comportamentos. A
vastidão e a aridez do sertão refletem a complexidade e os conflitos internos
do personagem. A vida na jagunçagem, as relações com outros jagunços e o
contato com a natureza hostil contribuem para a formação de sua identidade. O
sertão também é um espaço mítico, permeado por crenças e superstições, que
influenciam a visão de mundo de Riobaldo.
2. Pergunta: Discuta a
dualidade entre o bem e o mal presente na obra.
o Resposta: A dualidade
entre o bem e o mal é um tema central em "Grande Sertão: Veredas".
Riobaldo se debate constantemente entre esses dois polos, questionando suas
ações e buscando compreender a natureza humana. O pacto com o diabo simboliza
essa luta interior, representando a tentação e a fragilidade humana. A obra não
apresenta uma visão maniqueísta do mundo, mas sim uma perspectiva complexa, em
que o bem e o mal se misturam e se confundem.
II. Questões
Alternativas (Múltipla Escolha):
1.
Pergunta: Qual das seguintes características
NÃO se aplica à linguagem de "Grande Sertão: Veredas"?
o
(a)
Oralidade.
o
(b)
Neologismos.
o
(c)
Objetividade científica.
o
(d)
Arcaísmos.
o
(e)
Metáforas.
o
Resposta: (c). A linguagem de Rosa é marcada
pela subjetividade e pela expressividade poética, distanciando-se da
objetividade científica.
2.
Pergunta: Diadorim representa:
o
(a)
A figura materna de Riobaldo.
o
(b)
A traição e a maldade.
o
(c)
A força feminina e a quebra de estereótipos de gênero.
o
(d)
A estabilidade e a segurança.
o
(e)
O poder político do coronelismo.
o
Resposta: (c). Diadorim, ao se apresentar como
homem e depois revelar-se mulher, questiona as convenções sociais e os papéis
de gênero.
III. Questões de
Verdadeiro ou Falso (V ou F):
1.
Afirmação: A narrativa de "Grande Sertão:
Veredas" segue uma ordem cronológica linear.
o
Resposta: Falso. A narrativa é não linear, com
constantes saltos temporais e memórias embaralhadas.
2.
Afirmação: O pacto com o diabo é apresentado
como um fato concreto e inquestionável na obra.
o
Resposta: Falso. A dúvida sobre a real
existência do pacto é um elemento central na narrativa.
IV. Questões de
Correspondência:
·
Instrução: Associe os personagens às suas
características:
o
(1)
Riobaldo (a) Antagonista, símbolo da traição.
o
(2)
Diadorim (b) Narrador e protagonista, atormentado por dúvidas.
o
(3)
Hermógenes (c) Figura enigmática, quebra estereótipos de gênero.
o
Resposta: (1-b), (2-c), (3-a).
V. Análise Crítica
(Questão Dissertativa com foco em análise):
·
Pergunta: Analise criticamente a relação entre
linguagem e temática em "Grande Sertão: Veredas".
o
Resposta: A linguagem inovadora de Guimarães
Rosa está intrinsecamente ligada aos temas da obra. A ambiguidade da linguagem
reflete a ambiguidade da realidade e a incerteza sobre o pacto com o diabo. Os
neologismos e arcaísmos criam uma atmosfera mágica e arcaica, que se relaciona
com o misticismo do sertão. A oralidade aproxima o leitor do universo sertanejo
e confere verossimilhança à narrativa. A polifonia apresenta diferentes visões
de mundo, enriquecendo a complexidade da obra.
VI. Questões
Objetivas de Múltipla Escolha (com foco em interpretação):
·
Trecho: "Viver é muito perigoso;
porque não se aprende."
o
Pergunta: A frase acima expressa:
§
(a)
A facilidade de se adaptar às dificuldades da vida.
§
(b)
A impossibilidade de se prever os acontecimentos.
§
(c)
A natureza imprevisível e complexa da vida.
§
(d)
A importância da experiência para o aprendizado.
§
(e)
A necessidade de se evitar situações de risco.
§
Resposta: (c). A frase destaca a
imprevisibilidade e a complexidade da vida, que não oferece um aprendizado
linear e previsível.
VII.
Complementação Simples:
·
Pergunta: O narrador de "Grande Sertão:
Veredas" é __________.
o
Resposta: Riobaldo.
VIII. Resposta
Única:
·
Pergunta: Qual o nome do autor de "Grande
Sertão: Veredas"?
o
Resposta: João Guimarães Rosa.
IX. Interpretação
(com foco em inferência):
·
Trecho: "O sertão está em toda
parte."
o
Pergunta: O que se pode inferir da frase
acima?
§
Resposta: Que o sertão não se limita a um
espaço geográfico, mas representa um estado de espírito, uma condição humana.
X. Resposta
Múltipla (com mais de uma alternativa correta):
·
Pergunta: Quais das seguintes características
são marcantes na obra?
o
(a)
Linguagem inovadora.
o
(b)
Narrativa linear.
o
(c)
Temática regionalista com alcance universal.
o
(d)
Presença de elementos fantásticos.
o
(e)
Ausência de conflitos psicológicos.
o
Resposta: (a), (c) e (d).
XI.
Asserção-Razão:
·
Asserção: A linguagem de "Grande Sertão:
Veredas" é marcada pela oralidade.
o
Razão: Porque o autor busca reproduzir a
fala do sertanejo, com suas expressões típicas e sintaxe peculiar.
o
Resposta: A asserção e a razão são
verdadeiras, e a razão justifica a asserção.
XII. Questão de
Foco Negativo (identificar a incorreta):
·
Pergunta: Qual das seguintes afirmações sobre
Diadorim é INCORRETA?
o
(a)
É um personagem enigmático.
o
(b)
Sua verdadeira identidade é revelada apenas no final da obra.
o
(c)
Representa a fragilidade feminina no sertão.
o
(d)
Sua figura questiona os papéis de gênero.
o
Resposta: (c). Diadorim representa a força
feminina, não a fragilidade.
XIII. Questão de
Associação com Respostas (com foco em personagens):
·
Instrução: Relacione os personagens às suas
características:
o
(1)
Riobaldo (a) Símbolo da traição
o
(2)
Diadorim (b) Protagonista dividido entre o bem e o mal
o
(3)
Hermógenes (c) Representa a ambiguidade de gênero
o
Opções de Resposta:
§
(A)
1-a, 2-b, 3-c
§
(B)
1-b, 2-c, 3-a
§
(C)
1-c, 2-a, 3-b
§
(D)
1-a, 2-c, 3-b
o
Resposta: (B)
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