terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Trovadorismo, análise de algumas cantigas.

 

Trovadorismo (séculos XII a XIV)

O Trovadorismo foi um movimento literário e cultural que se desenvolveu na Idade Média, especialmente entre os séculos XII e XIV, e é considerado um dos primeiros períodos literários de Portugal e da França. O nome "Trovadorismo" vem da palavra "trovador", que se refere aos poetas que compunham as poesias (principalmente canções e poemas líricos) e as cantavam, geralmente acompanhadas de música, em eventos como festas, castelos e feiras. Este movimento esteve fortemente ligado à cultura cortesã, ou seja, à vida e à arte das cortes medievais, onde a poesia trovadoresca se tornou uma das formas de expressão mais importantes.

Contexto Histórico:

  1. Idade Média e a Formação do Estado Português:

    • Durante o Trovadorismo, Portugal estava passando por um processo de consolidação de sua independência, após o Tratado de Windsor (1386), que firmou uma aliança entre Portugal e a Inglaterra.

O Tratado de Windsor (1386) foi um acordo diplomático de grande importância entre Portugal e Inglaterra, que selou uma aliança política, militar e comercial entre os dois países. Ele foi assinado no Castelo de Windsor, na Inglaterra, e é um dos tratados mais duradouros da história, pois a aliança estabelecida nesse tratado permanece até os dias de hoje.

Contexto Histórico

O tratado foi firmado no contexto de uma Europa marcada por disputas políticas, militares e territoriais. Portugal, sob o reinado de D. João I, enfrentava pressões externas, como a ameaça de um ataque pela Coroa de Castela (Espanha), que desejava conquistar o território português e aniquilar sua independência. Além disso, Portugal estava em processo de afirmação como reino independente após a Revolução de Avis (1383-1385), que levou à ascensão de D. João I ao trono, após a vitória na Batalha de Aljubarrota contra Castela.

A Inglaterra, por sua vez, estava também interessada em uma aliança estratégica com Portugal, dado que enfrentava disputas internas (como a Guerra das Duas Rosas) e tinha interesses comerciais, especialmente no comércio de tecidos e vinho com o continente europeu.

Termos do Tratado

  1. Aliança Militar e Política: O tratado assegurava uma aliança militar entre os dois países, com compromisso de ajuda mútua em caso de guerra. Se um dos países fosse atacado, o outro se comprometeria a prestar apoio militar.

  2. Casamento Real: Uma das cláusulas mais importantes do tratado foi o casamento de D. João I de Portugal com Filipa de Lencastre, filha de João de Gante, duque de Lancaster e filho do rei Eduardo III da Inglaterra. Este casamento fortaleceu a ligação entre as duas famílias reais, estabelecendo uma forte conexão dinástica.

  3. Benefícios Comerciais: O tratado também estabelecia benefícios comerciais para ambos os países, especialmente em relação ao comércio de vinho português e tecidos ingleses. A Inglaterra obteve o privilégio de ter acesso preferencial ao mercado português.

Consequências

  • Fortalecimento de Portugal: O tratado foi crucial para a manutenção da independência de Portugal, pois a aliança com a Inglaterra proporcionou um respaldo militar em tempos de instabilidade política e militar.

  • Estabilidade Interna: A aliança também foi importante para a estabilidade do reinado de D. João I, pois solidificou sua posição política e dinástica, consolidando a dinastia de Avis, que governaria Portugal por vários séculos.

  • Relacionamento Duradouro: A aliança entre Portugal e Inglaterra, estabelecida no Tratado de Windsor, perdurou por séculos, sendo uma das mais longas da história europeia.

Conclusão

O Tratado de Windsor de 1386 foi um marco importante na história de Portugal, pois garantiu a independência do país em relação a Castela e fortaleceu sua posição política e comercial na Europa. A aliança com a Inglaterra foi estratégica para o fortalecimento de Portugal, além de ser crucial no contexto das disputas políticas e das questões dinásticas da época.

    • O contexto histórico inclui também o surgimento das monarquias nacionais, como a dinastia de Borgonha, que fortaleceu a centralização do poder. Esses processos políticos foram importantes para dar um cenário estável para o florescimento da literatura trovadoresca.

A Dinastia de Borgonha foi uma dinastia que governou Portugal de 1139 a 1385. Ela teve início com a ascensão de D. Afonso I, o primeiro rei de Portugal, que foi também o fundador da dinastia. A dinastia de Borgonha se caracteriza por uma série de importantes transformações políticas, sociais e culturais no país. Aqui está um resumo do contexto e dos principais eventos dessa dinastia:

Origem da Dinastia

A Dinastia de Borgonha tem esse nome porque seus primeiros monarcas eram originários da região de Borgonha, uma área situada no atual território da França. D. Afonso I (ou D. Afonso Henriques) foi o fundador dessa dinastia e o primeiro rei de Portugal, tendo proclamado a independência do país após vencer os mouros na Batalha de Ourique, em 1139.

A dinastia de Borgonha recebeu esse nome porque o rei D. Afonso I se casou com Teresa de Leão, filha do conde de Borgonha, uma das mais importantes famílias nobres da época. Esse casamento e a aliança com a nobreza francesa desempenharam um papel significativo na formação e consolidação do Reino de Portugal.

Reinos da Dinastia de Borgonha

Durante os séculos XII a XIV, os monarcas da Dinastia de Borgonha governaram Portugal e passaram por importantes momentos históricos, como:

  1. Fundação do Reino de Portugal (1139): D. Afonso I proclamou-se rei e, com isso, estabeleceu a independência do Reino de Portugal em relação a Leão e Castela, um passo importante para a formação de uma monarquia independente.

  2. Expansão Territorial e a Reconquista: Durante o governo da Dinastia de Borgonha, os monarcas portugueses continuaram a expandir suas terras, principalmente no processo de Reconquista contra os mouros, culminando na conquista do sul do território português.

  3. Guerra da Independência e a Dinastia de Avis (1385): Ao longo do século XIV, a Dinastia de Borgonha enfrentou diversas dificuldades internas e externas. Um dos principais eventos que marcou o fim da dinastia foi a Crise de 1383-1385, uma guerra civil interna que envolveu disputas pelo trono. Esse conflito resultou na ascensão da Dinastia de Avis, com D. João I assumindo o trono após a vitória na Batalha de Aljubarrota.

Fim da Dinastia de Borgonha

A Dinastia de Borgonha chegou ao fim em 1385, após a morte de D. Fernando I (último monarca dessa dinastia). A crise política e a falta de um herdeiro direto levaram à Guerra de Sucessão, que colocou em disputa o trono entre a nobreza portuguesa e a nobreza castelhana.

O fim da Dinastia de Borgonha foi marcado pela vitória das forças portuguesas na Batalha de Aljubarrota (1385), que garantiu a independência de Portugal e a ascensão de D. João I, da Dinastia de Avis, ao trono.

Legado

A Dinastia de Borgonha teve um grande impacto na história de Portugal, pois foi responsável por consolidar o Estado português, promover a expansão territorial e fortalecer as relações com outras monarquias europeias, especialmente a França. Durante esse período, a literatura e as artes floresceram, com o início do movimento literário conhecido como Trovadorismo, que é uma das marcas dessa época.

Assim, a Dinastia de Borgonha foi fundamental na construção do Reino de Portugal, estabelecendo bases para o futuro desenvolvimento do país e para sua independência em relação a Castela

  1. A Corte e a Nobreza:

    • O Trovadorismo tem suas raízes principalmente nas cortes nobres da Europa, onde os trovadores eram poetas-cantores que compunham suas obras em língua vulgar. Eles eram muito valorizados e respeitados nas cortes.
    • A cultura da corte estava intimamente ligada à expressão de sentimentos refinados e idealizados, com grande foco na religião, na cavaleirismo e nos valores do amor cortês.
  2. A Guerra e as Cruzadas:

    • O movimento também surge num momento de grandes tensões sociais e militares, como as Cruzadas, que eram expedições militares lideradas por cristãos europeus com o objetivo de recuperar Jerusalém. Essas batalhas motivaram um clima de reflexão sobre o destino humano e a divindade, temas frequentemente abordados na poesia trovadoresca.
    • As Cruzadas foram uma série de expedições militares, principalmente entre os séculos XI e XIII, com o objetivo de conquistar a Terra Santa (Jerusalém) e outros territórios sob controle muçulmano. Essas expedições foram motivadas por uma combinação de razões religiosas, políticas e econômicas e tiveram um impacto profundo na história medieval, tanto para os cristãos quanto para os muçulmanos e judeus.

      Contexto Histórico

      As Cruzadas aconteceram no contexto da Idade Média, um período marcado pelo domínio da Igreja Católica e pela ideia de que a fé cristã deveria ser defendida e expandida. Jerusalém, considerada a cidade sagrada para o cristianismo, estava sob controle muçulmano desde o século VII, após a conquista árabe. A cidade era vista como um lugar de grande importância religiosa para cristãos, judeus e muçulmanos.

      Motivos das Cruzadas

      1. Religiosos: O principal motivo das Cruzadas foi religioso. A Igreja Católica convocou os cristãos a "recuperarem" a Terra Santa de Jerusalém, que estava sob domínio muçulmano, com a promessa de indulgências (perdão dos pecados) para aqueles que participassem. A ideia de lutar por uma causa sagrada era um grande atrativo para os participantes, que acreditavam que ir para a guerra seria um ato de fé e serviço a Deus.

      2. Políticos e Sociais: O Papa e os monarcas europeus também viam as Cruzadas como uma maneira de expandir o poder da Igreja Católica e a influência do cristianismo, além de canalizar a agressividade e o espírito guerreiro dos cavaleiros e das classes feudais para uma causa comum. Havia também o desejo de adquirir terras e riquezas nos territórios conquistados.

      3. Econômicos: Muitas das expedições militares foram impulsionadas pelo desejo de riquezas. Nobres e cavaleiros viam as Cruzadas como uma oportunidade de adquirir terras e riquezas nos territórios conquistados, além de melhorar sua posição social e política.

      Principais Cruzadas

      1. Primeira Cruzada (1096-1099): Convocada pelo Papa Urbano II em 1095, a Primeira Cruzada foi a mais bem-sucedida para os cristãos. O objetivo era retomar Jerusalém do domínio muçulmano. A cruzada terminou com a conquista de Jerusalém pelos cristãos em 1099, e a criação de vários reinos cristãos no Oriente Médio, como o Reino de Jerusalém.

      2. Segunda Cruzada (1147-1149): Esta Cruzada foi convocada após a queda do Condado de Edessa, um dos reinos cristãos fundados após a Primeira Cruzada. No entanto, foi um fracasso para os cristãos, que não conseguiram alcançar seus objetivos. A Segunda Cruzada foi marcada pela disputa interna entre os cristãos e pelo enfraquecimento das forças cruzadas.

      3. Terceira Cruzada (1189-1192): Também chamada de Cruzada dos Reis, foi uma resposta à conquista de Jerusalém pelos muçulmanos, liderados por Saladino, em 1187. A cruzada foi marcada pela participação de grandes monarcas, como o rei Ricardo Coração de Leão da Inglaterra, o rei Filipe II da França e o imperador Frederico I Barbarossa do Sacro Império Romano. Embora os cristãos não tenham conseguido reconquistar Jerusalém, conseguiram negociar com Saladino para garantir o direito dos peregrinos cristãos de visitar a cidade.

      4. Quarta Cruzada (1202-1204): A Quarta Cruzada se desviou de seu objetivo original de conquistar Jerusalém. Em vez disso, os cruzados atacaram Constantinopla, a capital do Império Bizantino, que era cristão, mas não se alinhava com o Papa. A cidade foi saqueada em 1204, e isso resultou na criação do Império Latino de Constantinopla, um estado cristão que durou até 1261.

      5. Outras Cruzadas: Após as quatro primeiras, houve várias outras Cruzadas menores e expedições em busca de Jerusalém, incluindo tentativas de reconquistar os territórios perdidos. Algumas dessas cruzadas se concentraram também em combater heresias dentro da Europa ou expandir o domínio cristão para outras regiões, como as Cruzadas na Península Ibérica contra os mouros.

      Consequências das Cruzadas

      As Cruzadas tiveram um impacto significativo em várias áreas:

      1. Religiosas: As Cruzadas aumentaram o poder da Igreja Católica e reforçaram a ideia de que a guerra contra os "infiéis" era justificada pela fé cristã. No entanto, também criaram tensões entre cristãos, judeus e muçulmanos, resultando em perseguições e massacres, como o massacre de judeus e muçulmanos durante a Primeira Cruzada.

      2. Sociais e Políticas: As Cruzadas ajudaram a enfraquecer o sistema feudal, uma vez que muitos senhores feudais morreram nas expedições ou perderam suas terras para os cruzados. Ao mesmo tempo, deram início ao fortalecimento de monarquias centralizadas, especialmente na França e na Inglaterra.

      3. Econômicas: As Cruzadas impulsionaram o comércio entre o Oriente e o Ocidente, com a criação de novas rotas comerciais que ligavam a Europa às regiões do Oriente Médio. Isso resultou em uma troca cultural e comercial significativa.

      4. Culturais: As Cruzadas também facilitaram o contato com a cultura muçulmana, que era mais avançada em vários aspectos, como matemática, medicina e filosofia. Esse contato contribuiu para o Renascimento Europeu, quando as ideias e conhecimentos antigos foram reavivados.

      Declínio das Cruzadas

      A partir do século XIII, o fervor religioso que impulsionou as Cruzadas começou a diminuir. Além disso, os conflitos internos e as dificuldades econômicas e políticas enfraqueceram os reinos cristãos no Oriente. A perda de Jerusalém em 1291, quando os muçulmanos conquistaram a última cidade cruzada, Acre, marcou o fim efetivo das Cruzadas.

      Em resumo, as Cruzadas foram um fenômeno complexo e multifacetado que afetou a Europa medieval profundamente, tanto nas suas relações religiosas e sociais quanto nas suas interações com o mundo muçulmano e bizantino.

      Trovadorismo e a Primeira Cruzada

      Durante a Primeira Cruzada, a sociedade feudal europeia estava muito centrada em valores como a honra, o amor cortês, a lealdade e a fé religiosa. Os trovadores, poetas que compunham canções de amor, muitas vezes celebravam esses ideais, e a influência da Igreja e das Cruzadas estava presente em suas obras. A participação dos cavaleiros nas Cruzadas e o ideal de lutar por uma causa sagrada foram temas que permeavam as composições dos trovadores.

      Relações com a cultura medieval

      1. Ideais de Cavalaria e Amor Cortês: O movimento trovadoresco estava profundamente ligado aos valores da cavalaria — a ética do cavaleiro, que combinava coragem, honra, devoção religiosa e, frequentemente, um amor idealizado pela dama. As Cruzadas, ao mobilizar cavaleiros e nobres para lutar em nome da fé cristã, reforçaram esses valores, criando uma atmosfera que favorecia a expressão poética do amor cortês, em que o cavaleiro demonstrava sua devoção à dama através de gestos heroicos e poesias.

      2. Cultura de Entretenimento e Religião: Durante as Cruzadas, especialmente a Primeira Cruzada, o ambiente cultural europeu estava imerso em uma religiosidade forte. Muitas das canções dos trovadores foram inspiradas por temas religiosos, como o próprio ideal de lutar pela fé, que também era um dos motivadores das Cruzadas.

      3. Cruzadas e a Disseminação Cultural: Durante as Cruzadas, houve um grande fluxo de contato entre as culturas cristã e muçulmana. O Oriente, onde as Cruzadas se concentraram, tinha uma rica tradição de poesia e música que influenciou diretamente o Trovadorismo. As trocas culturais entre as diferentes civilizações contribuíram para a evolução da poesia trovadoresca na Europa.

      Conclusão

      Embora o Trovadorismo e as Cruzadas não sejam a mesma coisa, a Primeira Cruzada teve um papel importante no contexto social e cultural que permitiu o florescimento do movimento trovadoresco. A ênfase no ideal de cavaleiro, a religião e o amor cortês, que eram elementos essenciais tanto nas Cruzadas quanto na poesia trovadoresca, estabelecem uma conexão importante entre esses dois fenômenos culturais da Idade Média.

    • O Trovadorismo está relacionado principalmente à Primeira Cruzada (1096-1099), período em que o movimento trovadoresco floresceu. A ligação entre as Cruzadas e o Trovadorismo é principalmente de contexto histórico e cultural, dado que as Cruzadas tiveram um impacto significativo na sociedade medieval europeia, e o movimento trovadoresco se desenvolveu nesse cenário.

Características Principais do Trovadorismo:

  1. Amor Cortês:

    • O conceito de "amor cortês" é um dos principais alicerces da poesia trovadoresca. Esse tipo de amor idealiza a mulher, retratando-a como objeto de adoração, mas também distante e inatingível, muitas vezes casada com um outro homem ou pertencente a uma classe social superior.
    • O amor cortês é apresentado como algo nobre e puro, em que o homem, o cavaleiro ou nobre, se coloca em um estado de submissão e adoração à mulher.
  2. Poesia Lírica:

    • A maioria das obras do Trovadorismo são líricas, ou seja, expressam sentimentos pessoais e subjetivos. Essas poesias são compostas principalmente para serem cantadas, com um forte vínculo com a música.
    • As poesias tratam de temas como o amor, a saudade, a dor da distância e, também, das relações entre vassalos e senhores feudais.
  3. Métrica e Forma:

    • A poesia trovadoresca tem uma métrica rigorosa e utiliza formas fixas, como a "canso" (canção), a "sirventes" (satírico-política) e a "alba" (poemas de despedida, geralmente ao amanhecer). A estrutura das poesias era acompanhada de música, e os poemas eram cantados nas cortes, principalmente por menestréis.
  4. Influência da Cultura Francesa:

    • O Trovadorismo em Portugal foi fortemente influenciado pela literatura provençal (do sul da França). Muitos trovadores portugueses eram também influenciados pela tradição trovadoresca francesa, e tanto a língua quanto as formas poéticas se entrelaçam entre os dois países.
  5. Teocentrismo e Cavalheirismo:

    • O Trovadorismo está profundamente enraizado no pensamento medieval, caracterizado pelo teocentrismo (onde Deus é o centro de tudo) e pelo cavalheirismo, uma ética que valoriza o comportamento nobre e honrado, o serviço à dama e ao senhor feudal.
    • Essa ligação com a religião também se reflete nas obras, com muitas poesias dedicadas a santos ou divindades.

Tipos de Trovadores e Poesias:

  1. Trovador:
    • O trovador era, na maioria das vezes, um poeta de origem nobre ou cavaleiro, com uma educação refinada que permitia que ele compusesse poesias para as cortes. Eles se apresentavam nas festas de corte, onde suas poesias eram cantadas.
  2. Trovadorescas:
    • Poesias líricas, escritas em forma de canções. Podiam ser dedicadas a temas diversos, mas o amor cortês era o tema predominante. Exemplos de formas poéticas incluem:
      • Canso (canção) – um tipo de poema amoroso que expressa sentimentos de saudade, paixão e sofrimento.
      • Sirventes – uma forma satírica e política, geralmente usada para criticar os senhores ou as guerras.
      • Alba – poema geralmente relacionado a despedidas ao amanhecer.
  3. Jogral:
    • Diferente dos trovadores, o jogral era o poeta popular, mais ligado às classes sociais mais baixas e às festas populares. Seu papel era o de levar a poesia para as ruas e festas, contrastando com o público mais nobre dos trovadores.

Principais Trovadores Portugueses:

  • King D. Dinis (Rei de Portugal): Também conhecido como o "Rei Trovador", foi um grande incentivador da poesia trovadoresca em Portugal. Ele compôs muitas canções que eram consideradas sofisticadas e de grande valor cultural.
  • Paio Soares de Taveirós: Um dos trovadores mais famosos de Portugal, destacou-se por suas poesias de amor e pela perfeição de sua técnica.
  • Fernão Lopes de Castanheda: Outro trovador português que contribuiu com a poesia do período.

Declínio do Trovadorismo:

O Trovadorismo começou a declinar no final do século XIV, principalmente com o surgimento do Humanismo e a Renascença, que mudaram os rumos da literatura e das artes, dando ênfase ao indivíduo, à razão e ao estudo das culturas clássicas. A poesia medieval, fortemente ligada ao sentimento religioso e idealizado, perdeu força com o avanço de novas ideias mais voltadas para a razão humana e para a literatura mais realista.

Conclusão:

O Trovadorismo é uma importante fase da literatura medieval, que coloca a poesia como forma de expressão das emoções e da cultura da corte. Ele refletiu a sociedade medieval, com sua divisão de classes, o amor idealizado e as questões políticas e sociais da época. O movimento representou, por meio de suas poesias, as aspirações e os conflitos de uma sociedade em transição, no auge das transformações da Idade Média para o Renascimento.

Análise do Trovadorismo e Cantiga de D. Afonso Sanches

Contexto do Trovadorismo

O Trovadorismo foi um movimento literário e cultural da Idade Média, que se desenvolveu entre o final do século XII e o século XIV, especialmente nas cortes da Europa, sendo um dos primeiros períodos literários de Portugal e da França. Este movimento está fortemente ligado à figura do trovador, poetas que criavam poesias líricas para serem cantadas, geralmente em feiras, festas ou castelos. A poesia trovadoresca teve grande influência nas culturas cortesãs da época, sendo um meio de expressão dos sentimentos e valores da nobreza medieval, como o amor cortês, o cavalheirismo e o teocentrismo.

Contexto Histórico do Trovadorismo:

  • Portugal e a Independência: Durante o Trovadorismo, Portugal estava se consolidando como um Estado independente, com a dinastia de Borgonha e o Tratado de Windsor (1386) firmando uma aliança importante com a Inglaterra.
  • A Corte e a Nobreza: A poesia trovadoresca floresceu especialmente nas cortes nobres, onde trovadores e jograis eram valorizados e respeitados. O amor cortês e a relação entre vassalos e senhores feudais eram temas recorrentes.
  • Guerra e Cruzadas: O Trovadorismo também surge em um contexto de grandes tensões militares e sociais, como as Cruzadas, que incentivaram reflexões sobre a vida, a religião e os valores da época.

Características do Trovadorismo:

  1. Amor Cortês: O amor é idealizado e purificado, geralmente retratando a mulher como distante e inatingível.
  2. Poesia Lírica: As poesias são subjetivas e expressam sentimentos pessoais, frequentemente cantadas em eventos sociais.
  3. Métrica e Forma: A poesia do Trovadorismo segue formas fixas, como a "canso" (canção), a "sirventes" (satírico-política) e a "alba" (poema de despedida).
  4. Influência Francesa: A poesia provençal foi uma grande influência para os trovadores portugueses.
  5. Teocentrismo e Cavalheirismo: Os valores religiosos e cavaleirescos são evidentes nas obras, com uma clara separação entre o amor humano e a devoção a Deus.

Cantiga de D. Afonso Sanches:

A Cantiga de D. Afonso Sanches é um exemplo claro da poesia trovadoresca. D. Afonso Sanches foi um trovador português do final do século XIII e início do século XIV, conhecido por sua habilidade poética e sua origem bastarda, sendo filho do rei D. Dinis e da amante D. Aldonça Rodrigues da Telha. Sua poesia é um reflexo do sentimento comum da época — a decepção amorosa.

A cantiga apresentada abaixo demonstra a simplesza temática e o uso do procedimento expressivo tão característicos do Trovadorismo:

Cantiga: Dizia la fremosinha:
ai, Deus, val!
Com’estou d’amor ferida!
ai, Deus, val!
Dizia la bem talhada
ai, Deus, val!
Com’estou d’amor coitada!
ai, Deus, val!
Com’estou d’amor ferida!
ai, Deus, val!
Nom vem o que bem queria!
ai, Deus, val!
Com’estou d’amor coitada!
ai, Deus, val!
Nom vem o que muit’amava!
ai, Deus, val!

Análise da Cantiga:

  1. Vocabulário e Linguagem:

    • O vocabulário é característico da linguagem medieval, utilizando formas como "fremosinha" (formosinha) e "ai, Deus, val!" (expressão de sofrimento). A poesia reflete um linguajar simples e direto, mas ao mesmo tempo carregado de emoção, o que facilita a compreensão da dor da personagem feminina que sofre com a perda do amor.
  2. Tema:

    • O tema principal é a decepção amorosa, em que a mulher expressa o sofrimento por não ver correspondido o amor que sente. Esse tipo de tema era recorrente nas poesias trovadorascas e era utilizado para exemplificar a ideia do amor cortês, onde a mulher se coloca como um ser inalcançável, e o homem, submisso, sofre com essa distância.
  3. Repetição como Recurso Poético:

    • A repetição de "ai, Deus, val!" e de expressões como "Com’estou d’amor ferida!" reflete o procedimento expressivo do Trovadorismo. A repetição é usada como uma forma de enfatizar o sofrimento e a dor emocional da personagem. Além disso, a repetição de lamentos é uma característica comum da poesia popular medieval, que muitas vezes se conecta com a música e com as canções populares da época.
  4. Estrutura Musical:

    • A cantiga foi escrita para ser cantada, o que é evidenciado pelo seu ritmo e repetição. A estrutura musical era uma parte fundamental da poesia trovadoresca, pois as poesias eram apresentadas em festas e eventos sociais, sempre acompanhadas de melodia.
  5. Diferenciação entre Trovador e Jogral:

    • Embora D. Afonso Sanches fosse um trovador nobre, sua poesia também pode ser comparada à do jogral, um poeta popular, pois ambos utilizam expressões simples e diretas, além de se focarem em temas universais como o amor e o sofrimento. No entanto, a poesia de um trovador geralmente reflete um contexto de amor idealizado, enquanto a dos jograis tende a ser mais acessível e voltada para o público popular.

Conclusão: A Cantiga de D. Afonso Sanches é um exemplo claro da lírica do Trovadorismo. A repetição e o lamento pela dor amorosa, aliada ao contexto de cortes medievais, nos mostram uma das muitas formas de expressar os sentimentos de uma sociedade nobre, marcada pelo amor cortês, pela adoração e pela distância das amadas. Este tipo de poesia, carregada de emoção e musicalidade, é um reflexo da cultura medieval e da poesia que transcendia as barreiras do tempo, inspirando, inclusive, a poesia popular de séculos posteriores.

A Cantiga de D. Afonso Sanches, exemplo clássico da poesia trovadoresca, reflete o tema da decepção amorosa, muito presente nas cantigas desse período. A repetição e a simplicidade na linguagem reforçam a emoção e o sofrimento da personagem feminina. A estrutura da cantiga, com seu ritmo e repetição, era feita para ser cantada, um aspecto essencial da poesia trovadoresca, que se apresentava nas festas e nas cortes medievais.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O Trovadorismo

O Trovadorismo, movimento literário medieval, floresceu em Portugal entre os séculos XII e XIV, coincidindo com a formação do reino independente. Este período iniciou-se por volta de 1189, com a composição da "Cantiga da Ribeirinha", de Paio Soares de Taveirós, considerada a cantiga mais antiga conservada nos cancioneiros.

Contexto Histórico:

  • 1095: O rei Afonso VI de Leão e Castela concede o condado Portucalense a seu genro Henrique de Borgonha.
  • 1109-1385: Dinastia de Borgonha em Portugal, período de declínio do feudalismo.
  • 1139: D. Afonso Henriques declara a independência de Castela após vencer os mouros em batalha.
  • 1143: Reconhecimento da independência de Castela pelo Tratado de Zamora.
  • 1385: Fim da Revolução de Avis; D. João I é aclamado rei de Portugal, iniciando a dinastia de Avis.

1095: Afonso VI concede o Condado Portucalense a Henrique de Borgonha

Em 1095, o rei Afonso VI de Leão e Castela concedeu ao nobre Henrique de Borgonha o Condado Portucalense, uma porção de terras na região noroeste da Península Ibérica, com o objetivo de fortalecer sua administração e reforçar a defesa das fronteiras contra os mouros. Henrique de Borgonha, casado com Teresa de Leão, filha de Afonso VI e governadora de uma região de fronteira, recebeu essas terras com o título de conde, estabelecendo as bases para o que viria a se tornar o Reino de Portugal.

Esse momento é fundamental porque marca o início do Condado Portucalense e a presença da família borgonhesa, que terá grande importância no desenvolvimento do reino, levando à fundação de Portugal, sob a liderança de Afonso Henriques (o primeiro rei de Portugal), neto de Henrique de Borgonha.

2. 1109-1385: Dinastia de Borgonha em Portugal

Durante este período, Portugal foi governado pela Dinastia de Borgonha, iniciada com Henrique de Borgonha e continuada pelos seus descendentes. O governo dessa dinastia foi marcado pela luta pela independência do Reino de Portugal em relação a Leão e Castela, além de processos de consolidação territorial através da Reconquista Cristã. A dinastia de Borgonha foi importante, mas também enfrentou muitos desafios, incluindo conflitos internos e a pressão externa de outros reinos ibéricos.

Ao longo dos séculos, o Condado Portucalense foi se expandindo e ganhando autonomia, até que em 1139, o então Conde de Portugal, Afonso Henriques, proclamou-se rei, dando início ao Reino de Portugal, que logo buscaria a independência plena de Castela.

3. 1139: Afonso Henriques declara a independência de Portugal

Afonso Henriques, após uma série de vitórias militares contra os mouros e forças castelhanas, declarou-se rei de Portugal em 1139, no contexto da Reconquista Cristã e das disputas dinásticas. Ele se auto-proclamou Afonso I de Portugal, e sua vitória decisiva foi na Batalha de Ourique em 1139, onde conseguiu derrotar os mouros, o que foi visto como uma confirmação divina de sua autoridade para governar.

Esse momento foi importante porque representou a independência de Portugal em relação a Leão e Castela, os dois reinos mais poderosos da Península Ibérica na época. O reino de Portugal, até então um condado vassalo de Leão, passa a ser uma entidade independente, com Afonso Henriques como seu primeiro rei.

4. 1143: Reconhecimento da independência de Portugal pelo Tratado de Zamora

Em 1143, Portugal foi formalmente reconhecido como um reino independente pelo Tratado de Zamora, assinado entre Afonso Henriques e Alfonso VII de Leão e Castela. Afonso Henriques, com o Tratado de Zamora, conseguiu que sua independência fosse reconhecida, embora ainda houvesse disputas sobre territórios na fronteira com Castela. O tratado também consolidou a legitimidade de Afonso I como rei e reconheceu a soberania de Portugal, mas sem garantir a total estabilidade, pois a rivalidade com Castela ainda se manteve.

5. 1385: Fim da Revolução de Avis; D. João I é aclamado rei de Portugal

Em 1385, o reino de Portugal passou por uma crise dinástica significativa. D. Fernando I, rei de Portugal, morreu sem deixar um herdeiro masculino direto, o que gerou uma disputa pela sucessão entre duas facções. João, Mestre de Avis, membro da nobreza portuguesa, foi proclamado rei em 1385, após uma vitória decisiva na Batalha de Aljubarrota contra as forças castelhanas, lideradas por João I de Castela.

Este evento ficou conhecido como a Revolução de Avis, porque foi um movimento liderado pela Casa de Avis, que conseguiu afastar a ameaça dinástica de Castela e estabelecer uma nova linhagem real em Portugal, a dinastia de Avis, que governaria o país pelos próximos séculos.

D. João I de Portugal (da Casa de Avis) consolidou sua posição como rei após a vitória na Batalha de Aljubarrota, garantindo a independência de Portugal e dando início a uma nova era de prosperidade, com a expansão comercial e a exploração ultramarina que se seguiria nos séculos XV e XVI.

Esse período é fundamental para entender como Portugal se estabeleceu como um reino independente e consolidou sua posição no contexto da Península Ibérica.

Características Principais:

O Trovadorismo reflete um período de mudanças políticas e culturais. As características desse movimento incluem:

  • Amor Cortês: Idealização do amor, frequentemente representado como uma adoração à mulher, distante e inalcançável.
  • Poesia Lírica: Composições sentimentais que expressam emoções pessoais, muitas vezes acompanhadas de música.
  • Influência Religiosa: A Igreja Católica e o teocentrismo tiveram forte influência nas produções literárias.
  • Métrica e Forma: O uso de formas poéticas fixas, como "canso" (canção), "sirventes" (satírico-política), e "alba" (poema de despedida).

Tipos de Cantigas:

  • Cantigas de Amor: Expressam o sofrimento do eu lírico, geralmente com temática de amor idealizado.
  • Cantigas de Amigo: Voz feminina que expressa sentimentos de saudade e espera.
  • Cantigas de Escárnio: Críticas indiretas e irônicas.
  • Cantigas de Maldizer: Ofensas diretas e explícitas.

O Trovadorismo em Portugal:

O movimento floresceu nas cortes e era um reflexo da formação do reino e da consolidação do Estado português. A poesia trovadoresca se caracterizou pelo vínculo com as cortes medievais e com temas como a devoção religiosa, o amor cortês e a crítica social.

Principais Trovadores Portugueses:

  • D. Dinis (Rei Trovador): Incentivador da poesia trovadoresca em Portugal e autor de várias canções.
  • Paio Soares de Taveirós: Um dos mais conhecidos trovadores portugueses, com suas poesias de amor.
  • Fernão Lopes de Castanheda: Outro trovador significativo na época.

Declínio do Trovadorismo:

O Trovadorismo começou a declinar no final do século XIV, devido à ascensão do Humanismo e da Renascença, que trouxeram novas formas literárias mais focadas na razão e na realidade, afastando-se dos ideais religiosos e idealizados do período medieval.

Aspectos históricos e literários do Trovadorismo, no contexto da Dinastia de Borgonha (1109-1385) e da Península Ibérica:

1. Contexto Histórico da Península Ibérica

  • Feudalismo em declínio: O feudalismo, embora em declínio, ainda influencia a literatura da época, especialmente a poesia amorosa. Esse reflexo é visto na forma e nos temas das obras, com uma linguagem e estrutura que refletem a hierarquia social e as relações de vassalagem.

  • Cortes dos reis e senhores feudais: As cortes (como as dos reis e grandes senhores feudais) eram os centros de produção cultural e literária. Ali, artistas, poetas e trovadores se reuniam para criar e compartilhar suas obras. A cultura cortesã torna-se a principal forma de expressão literária da época.

  • Reconquista e Cruzadas: A luta para recuperar os territórios ibéricos dos árabes, conhecida como Reconquista, fez com que se prolongasse na nobreza ibérica o espírito guerreiro e aventureiro, influenciado pelas Cruzadas. Esse espírito é refletido em obras literárias da época, como as novelas de cavalaria, que exaltam feitos heroicos, cavaleiros e suas aventuras.

2. Trovadorismo e sua Produção Literária

  • Poesia amorosa e cortesã: O Trovadorismo é caracterizado principalmente pela poesia amorosa e cortesã, que frequentemente expressa o amor idealizado, a busca pelo cavaleiro perfeito e o culto à dama. Essa poesia era produzida nas cortes e, muitas vezes, refletia a estrutura feudal e as relações entre vassalos e senhores.

  • Influência do feudalismo na poesia amorosa: A estrutura feudal aparece na linguagem da poesia amorosa, com o poeta muitas vezes se colocando como vassalo da dama, em uma relação de subordinação e serviço. O amor é tratado como uma forma de dever e obrigação, assim como as relações feudo-vassálicas.

  • Influência das Cruzadas: O espírito das Cruzadas, com sua mistura de fé religiosa e busca por honra e poder, reflete-se nas novelas de cavalaria e outras formas literárias do período. Estas histórias de cavaleiros heróicos que partem para a guerra e enfrentam desafios, muitas vezes com uma visão idealizada da batalha e da honra, são populares entre a nobreza da época.

3. Espírito Religioso Medieval e Teocentrismo

  • Teocentrismo: O teocentrismo (centrado em Deus) predomina na mentalidade medieval. A visão de mundo medieval coloca Deus no centro de todas as coisas, e isso se reflete em diversas manifestações culturais, incluindo a literatura.

  • Literatura religiosa: A poesia religiosa, como as Cantigas de Santa Maria de D. Afonso X, é uma importante expressão literária da época. Estas cantigas eram dedicadas à Virgem Maria e refletiam a devoção religiosa característica do período medieval.

  • Hagiografias: As hagiografias, que são as biografias de santos, também fazem parte da produção literária da época. Elas ajudam a divulgar os exemplos de virtude e fé cristã, funcionando como uma forma de moralização e inspiração religiosa para os fiéis.

  • Obras de devoção: Além das cantigas e hagiografias, outras obras de devoção cristã, como orações e textos litúrgicos, também formam uma parte significativa da literatura religiosa da época.

4. Conclusão

  • O Trovadorismo é marcado por uma forte conexão com os aspectos históricos e culturais da Península Ibérica durante o período da Dinastia de Borgonha. O declínio do feudalismo, as Cruzadas, a Reconquista e o teocentrismo definem o contexto da produção literária da época, influenciando a linguagem, os temas e as formas das obras, que abrangem desde a poesia cortesã e amorosa até a literatura religiosa e das Cruzadas.



Cantiga da Ribeirinha

No mundo nom me sei parelha
mentre me for como me vai,
ca ja moiro por vós e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia.
Mao dia me levantei
que vos entom nom vi fea!

E, mia senhor, des aquelha
me foi a mi mui mal di’ai!
E vós, filha de Dom Paai
Moniz, e bem vos semelha
d’aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d’ua correa.

Explicações
non me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
mentre: enquanto.ca: pois.
branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o rosado do rosto.
retraia: pinte, retrate, descreva.
en saia: sem manto.
que: pois
dês: desde
semelha: parece
d’aver eu por vós: receber por seu intermédio.
guarvaia: manto luxuoso, provavelmente vermelho, usado pela nobreza.
alfaia: presente
valia d’un correa: objeto de pequeno valor.

Considerada por alguns como a mais antiga galego-portuguesa, este texto desafia a interpretação dos esudiosos. Seu sentido continua bastante obscuro. Não se pode concluir nem mesmo se trata de uma cantiga de amor ou de escárnio.

1. Estrutura e Contexto Histórico:

  • Datação: A Cantiga da Ribeirinha é considerada uma das mais antigas composições em galego-português, possivelmente datada entre 1189 e 1198. Sua autoria é atribuída a Pai Soares de Taveirós, um trovador medieval que faz parte da tradição da poesia lírica medieval galego-portuguesa.

  • Gênero Literário: A cantiga pertence ao gênero das cantigas de amor, mas sua interpretação é complexa, pois apresenta elementos que podem sugerir também uma crítica, o que a aproxima de uma cantiga de escárnio. O trovadorismo, movimento literário contemporâneo à dinastia de Borgonha (1109-1385), reflete as relações de poder, amor e classe na sociedade medieval.

2. Características e Temática:

  • A Linguagem e o Tom:
    • A linguagem da cantiga mistura formalidade e expressões emocionais intensas, características da poesia de corte medieval, e a mistura de sentimentos de adoração com críticas diretas.
    • O tom da cantiga oscila entre o louvor à dama e uma reclamação sobre a falta de reciprocidade ou reconhecimento por parte dela. Isso confunde a classificação tradicional de cantiga de amor, sugerindo que o trovador se utiliza de uma ironia ou de uma crítica velada, o que remete à tradição de escárnio.
  • Temas Centrais:
    • Amor Cortês: O trovador expressa sua paixão por uma dama de status elevado, que ele descreve como de beleza imaculada, simbolizando o amor cortês medieval, onde o amor é idealizado e visto como algo nobre.
    • Reclamação de Atenção e Reconhecimento: A queixa do trovador sobre a falta de valorização da sua afeição e da dama não lhe oferecer algo de valor em troca (menciona o "guarvaia" e "alfaia" como símbolos de nobreza e presentes de valor), aponta para a inegualdade social e o desespero do amante em ser reconhecido em sua posição inferior.
    • Dúvida e Contradição: A ambiguidade entre o amor e a crítica faz com que o poema se distinga de uma típica cantiga de amor. Essa contradição está presente no fato de o trovador simultaneamente idealizar a dama e criticar seu comportamento.

3. Análise Linha por Linha:

Verso 1:

  • "No mundo nom me sei parelha": O sujeito poético declara que não conhece ninguém "igual a ele", ou seja, não encontra ninguém que compartilhe do mesmo tipo de sofrimento ou paixão. Isso pode representar a ideia de que seu amor é único, exclusivo, mas também solitário e desesperador.

  • "mentre me for como me vai, ca ja moiro por vós e ai!": Ele diz que, enquanto viver, seu estado será de total submissão ao amor por ela, um amor que o consome. O verbo "morrendo" reflete um amor absoluto e o sofrimento que o acompanha.

Verso 2:

  • "mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia.": Descrição da dama com um contraste de cores — a pele branca e o rosto corado, que simbolizam sua beleza inalcancável e pura. O pedido para "retratar" pode ser uma metáfora para imortalizar a beleza ou a virtude da dama, mas também pode ser uma tentativa de controle sobre a imagem dela.

Verso 3:

  • "Mao dia me levantei que vos entom nom vi fea!": Ele se queixa de um dia em que se levantou e não viu a dama feia, talvez implicando que sempre a encontra perfeita. Isso pode sugerir uma visão idealizada e exagerada do amor cortês, onde a dama é sempre perfeita e intocável, uma figura intocável.

Verso 4:

  • "E, mia senhor, des aquelha me foi a mi mui mal di’ai!": O sujeito, em um tom de queixa, afirma que a dama lhe fez algo de ruim. Pode se referir a uma ação que ela tomou (ou não tomou) que o feriu, mostrando uma falha no ideal de amor perfeito ou o comportamento inconsistente da dama.

Verso 5:

  • "E vós, filha de Dom Paai Moniz, e bem vos semelha d’aver eu por vós guarvaia,": O trovador se dirige diretamente à dama e menciona seu pai, possivelmente um senhor nobre (Dom Paai Moniz), e sugere que ela deveria ser generosa com ele, já que ele demonstra dedicação a ela. O "guarvaia", um manto luxuoso, reflete o status elevado dela e o desejo do trovador de ser reconhecido e tratado com a mesma grandeza.

Verso 6:

  • "pois eu, mia senhor, d’alfaia nunca de vós ouve nem ei valia d’ua correa.": O trovador lamenta não ter recebido de sua amada nenhum presente significativo. O "alfaia" (um presente valioso) e a "correa" (um simples cordão) ilustram essa disparidade de tratamento, e a queixa da falta de valorização e reconhecimento de seus sentimentos é evidente.

4. Possíveis Interpretações:

  • Cantiga de Amor Tradicional?: Inicialmente, o poema pode ser visto como uma típica cantiga de amor, onde o trovador expressa sua adoração à dama. No entanto, a constante queixa e crítica à dama, em especial em relação ao seu tratamento e ao valor de seus presentes, leva a um tom de escárnio (zombaria), o que sugere que o poema pode ser uma crítica velada à dama e à sociedade nobre da época.

  • Ambiguidade na Relação de Classe e Amor: A tensão entre o amor idealizado e a queixa sobre a falta de reciprocidade social e material, com o contraste entre os bens preciosos (guarvaia, alfaia) e os pequenos presentes (correa), reflete um comentário sobre a inequidade e as relações de poder entre as classes sociais, que também se refletem no amor cortês. O trovador não apenas ama a dama, mas também deseja algo mais do que sua afeição — um reconhecimento social.

5. Conclusão:

A Cantiga da Ribeirinha é uma das primeiras expressões literárias do Trovadorismo, cheia de ambiguidade e complexidade. O poema reflete as características do amor cortês, mas também transmite uma crítica velada à sociedade medieval, às diferenças de classe e à insuficiência das relações de poder e reconhecimento. A mistura de amor e crítica em uma mesma composição revela a sofisticação da literatura trovadoresca, que desafiava as convenções da época e abordava temas universais como a adoração, a frustração e a desigualdade.


A poesia no período trovadoresco

  • Poesia Cantada: Ao ler um texto poético desse período, não podemos ter em mente a tradição moderna e o que hoje entendemos por poesia. A poesia não era escrita para ser lida por um leitor solitário. Era poesia cantada (daí o nome de cantiga, que passaremos a usar de agora em diante), geralmente acompanhada por um coro e por instrumentos musicais. Seu público não era, portanto, constituído de leitores, mas de ouvintes.
  • Poesia e Música: Assim, devemos sempre considerar as cantigas como poesia intimamente ligada à música, própria para apresentações coletivas.
  • Poesia Trovadoresca: Chamamos de poesia trovadoresca à produção poética, em galego-português, do final do século XII ao século XIV. Seu apogeu ocorre no reinado de Afonso III, pelos meados do século XIII.

Os Cancioneiros

  • Manuscritos: Só tardiamente (a partir do final do século XIII) as cantigas foram copiadas em manuscritos chamados cancioneiros. Três desses livros, contendo aproximadamente 1.680 cantigas, chegaram até nós:
    • Cancioneiro da Ajuda
    • Cancioneiro da Vaticana
    • Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa

Os Autores

  • Trovadores: Os autores das cantigas são chamados trovadores. Eram pessoas cultas, quase sempre nobres, contando-se entre eles alguns reis, como D. Sancho I, D. Afonso X de Castela e D. Dinis. Nos cancioneiros que conhecemos, estão reunidas as cantigas de 153 trovadores.

Os Intérpretes

  • Jograis, Segréis e Menestréis: As cantigas compostas pelos trovadores eram musicadas e interpretadas pelo jogral, pelo segrel e pelo menestrel, artistas agregados às cortes ou perambulavam pelas cidades e feiras. Muitas vezes, o jogral também compunha cantigas.

Características das Cantigas

  • Língua Galego-Português
  • Tradição Oral e Coletiva
  • Poesia Cantada e Acompanhada por Instrumentos Musicais
  • Colecionada em Cancioneiros
  • Autores Trovadores
  • Intérpretes: Jograis, Segréis e Menestréis
  • Gêneros: Lírico (cantigas de amigo, cantigas de amor) e satírico (cantigas de escárnio, cantigas de maldizer).

Os Gêneros das Cantigas

  • Gênero Lírico:
    • Cantigas de Amigo
    • Cantigas de Amor
  • Gênero Satírico:
    • Cantigas de Escárnio
    • Cantigas de Maldizer


Análise da Cantiga "Canção de Amigo" de Martim Codax

Texto Original:

Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
E ai Deus, se verra cedo!

Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
E ai Deus, se verra cedo!

Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
E ai Deus, se verra cedo!

Se vistes meu amado,
por que ei gram coidado?
E ai Deus, se verra cedo!

Tradução:

Ondas do mar de Vigo,
acaso vistes meu amigo?
Queira Deus que ele venha cedo!

Ondas do mar agitado,
acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amigo
aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amado,
por quem tenho grande cuidado (preocupado)?
Queira Deus que ele venha cedo!


Características das Cantigas de Amigo:

  • Voz Lírica Feminina:
    A cantiga tem a voz de uma mulher que expressa seus sentimentos amorosos de maneira direta e espontânea, algo típico das cantigas de amigo. A mulher se dirige ao mar e questiona sobre seu amado, em uma relação com a natureza.

  • Tratamento Dado ao Namorado:
    O namorado é tratado como "amigo", o que é uma característica marcante da cantiga de amigo. Essa palavra sugere uma amizade profunda e intimidade, sem as conotações modernas de amor romântico, mas, ainda assim, existe uma forte ligação emocional.

  • Expressão da Vida Campesina e Urbana:
    As cantigas de amigo, de maneira geral, trazem cenas simples e cotidianas, refletindo a vida das mulheres das camadas populares, que moravam tanto nas áreas urbanas quanto nas rurais. No caso dessa cantiga, o mar de Vigo pode sugerir um contexto geográfico específico, que remete à vida cotidiana e à relação da mulher com a natureza.

  • Amor Realizado ou Possível - Sofrimento Amoroso:
    O sofrimento da mulher, que anseia pela chegada de seu amado, é um tema comum. Ela expressa sua saudade e sua espera, o que caracteriza a dor do amor não realizado ou distante. A repetição do verso "E ai Deus, se verra cedo!" é uma súplica pela chegada do amado, o que revela a vulnerabilidade emocional da mulher.

  • Simplicidade - Pequenos Quadros Sentimentais:
    A cantiga se caracteriza pela simplicidade e pela sinceridade. A linguagem direta, sem adornos excessivos, é típica das cantigas de amigo. A mulher questiona repetidamente o mar sobre o paradeiro de seu amado, expressando sentimentos profundos em um contexto simples e natural.

  • Paralelismo e Refrão:
    A estrutura da cantiga é marcada pelo paralelismo e pelo refrão, elementos comuns na poesia trovadoresca. O uso repetido da pergunta "Se vistes meu amigo?" e a resposta implícita "E ai Deus, se verra cedo!" reforça a urgência da espera e cria uma musicalidade que se repete ao longo da obra.

  • Origem Popular e Autóctone:
    As cantigas de amigo têm uma origem popular e autóctone, isto é, são frutos da tradição oral da Península Ibérica, com influências da cultura e do folclore local. A simplicidade da linguagem e a ligação com o mundo natural refletem esse caráter popular.


Análise Poética da Cantiga

Martim Codax, ao escrever "Canção de Amigo", cria uma obra que não apenas expressa o sofrimento de uma mulher que aguarda seu amado, mas também encapsula um sentimento coletivo presente nas camadas populares da sociedade medieval. A voz lírica feminina, que é constante na cantiga, se destaca pela forma como lida com a saudade e a espera, temas universais e atemporais.

O mar de Vigo, que aparece como um dos elementos centrais da composição, pode ser interpretado de diversas maneiras: como símbolo de distância, de separação, ou até mesmo como uma metáfora do caminho a ser percorrido para o reencontro. A repetição dos versos com a interrogação constante ao mar, se traduz como um clamor de esperança e desejo.

A simplicidade da estrutura poética de Codax, com versos curtos e um refrão que se repete, cria uma musicalidade natural e envolvente, própria da poesia trovadoresca, que deveria ser cantada e acompanhada por música. A cantiga se caracteriza pela busca de um equilíbrio entre a dor da saudade e a esperança na chegada do amado, o que a torna uma das peças mais significativas da tradição trovadoresca.

Em resumo, "Canção de Amigo" de Martim Codax encapsula de forma comovente a essência das cantigas de amigo, utilizando a simplicidade, a musicalidade e a expressão emocional para criar uma obra profundamente ligada à cultura e aos sentimentos da época.

Cantiga de amigo
D. Dinis

- Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novass do meu amigo!
Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que lmentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é?

- Vós me preguntades polo voss’amado,
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?

Vós me preguntades polo voss’amado,
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é san’e vivo
e seera vosc’ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é viv’e sano
e seera vosc’ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?

Explicações
pino: pinheiro
novas: notícias
e u é?: e onde ele está?
do que pôs comigo: sobre aquilo que combinou comigo (isto é, o encontro sob os pinheiros)
preguntades: perguntais
polo: pelo
que é san’e vivo: que está são (com saúde e vivo)
e seera vosc’ant’o prazo saído (passado): e estará convosco antes de terminar o prazo combinado

Análise da Cantiga "Cantiga de Amigo" de D. Dinis

Texto Original:

  • Ai flores, ai flores do verde pino,
    se sabedes novass do meu amigo!
    Ai Deus, e u é?

  • Ai flores, ai flores do verde ramo,
    se sabedes novas do meu amado!
    Ai Deus, e u é?

  • Se sabedes novas do meu amigo,
    aquel que lmentiu do que pôs comigo!
    Ai Deus, e u é?

  • Se sabedes novas do meu amado,
    aquel que mentiu do que mi á jurado!
    Ai Deus, e u é?

  • Vós me preguntades polo voss’amado,
    e eu bem vos digo que é san’e vivo.
    Ai Deus, e u é?

  • Vós me preguntades polo voss’amado,
    e eu bem vos digo que é viv’e sano.
    Ai Deus, e u é?

  • E eu bem vos digo que é san’e vivo
    e seera vosc’ant’o prazo saído.
    Ai Deus, e u é?

  • E eu bem vos digo que é viv’e sano
    e seera vosc’ant’o prazo passado.
    Ai Deus, e u é?

Tradução:

  • Ai flores, ai flores do verde pinheiro,
    se sabeis notícias do meu amigo!
    Ai Deus, onde está ele?

  • Ai flores, ai flores do verde ramo,
    se sabeis notícias do meu amado!
    Ai Deus, onde está ele?

  • Se sabeis notícias do meu amigo,
    aquele que mentiu sobre o que combinou comigo!
    Ai Deus, onde está ele?

  • Se sabeis notícias do meu amado,
    aquele que mentiu sobre o que me jurou!
    Ai Deus, onde está ele?

  • Vós me perguntais sobre o vosso amado,
    e eu bem vos digo que está são e vivo.
    Ai Deus, onde está ele?

  • Vós me perguntais sobre o vosso amado,
    e eu bem vos digo que está vivo e são.
    Ai Deus, onde está ele?

  • E eu bem vos digo que está são e vivo
    e estará convosco antes de terminar o prazo combinado.
    Ai Deus, onde está ele?

  • E eu bem vos digo que está vivo e são
    e estará convosco antes do prazo ter passado.
    Ai Deus, onde está ele?


Características da Cantiga de Amigo de D. Dinis

  1. Voz Lírica Feminina:
    A voz lírica, como é típico das cantigas de amigo, é feminina, expressando suas emoções e sentimentos em relação ao seu amado. A mulher se dirige às flores, como se elas soubessem de seu amado, o que simboliza a confissão íntima e a conexão com a natureza.

  2. Relação com a Natureza:
    A cantiga faz uso de elementos naturais, como "flores do verde pino" e "flores do verde ramo", que são apelidos para a natureza que a voz feminina invoca para questionar sobre a presença do amado. Essa relação com a natureza é característica das cantigas de amigo, que muitas vezes usam o ambiente ao redor como metáforas para os sentimentos da personagem.

  3. Sofrimento e Expectativa:
    A voz lírica expressa um sofrimento relacionado à espera do amado, questionando sua ausência e o que aconteceu com o encontro prometido. A repetição da pergunta "Ai Deus, e u é?" (onde ele está?) revela uma angústia e expectativa em relação ao amado, que não comparece no momento combinado.

  4. Simplicidade e Sentimento Puro:
    A estrutura da cantiga é simples e direta, como é comum nas cantigas de amigo. A linguagem é acessível e expressa sentimentos de amor, saudade e espera de maneira honesta e espontânea. O tom de lamento e anseio está presente ao longo do texto, caracterizando a sinceridade emocional da voz feminina.

  5. Ambiguidade e Incerteza:
    Em várias estrofes, a voz lírica questiona e duvida da presença e compromisso do amado, como se ele tivesse "mentido" sobre o que combinou ou jurou. A repetição do "Ai Deus, e u é?" também reflete uma incerteza sobre a chegada do amado e sobre o que realmente ocorreu, o que aumenta o caráter dramático da cantiga.

  6. Caminho de Resolução:
    Nas últimas estrofes, a voz lírica afirma que o amado está "são e vivo" e que virá dentro do prazo combinado, ou seja, há uma tentativa de resolver a angústia, dando uma resposta afirmativa. No entanto, a dúvida sobre o amado ainda paira, pois a certeza é dada apenas por alguém que não está diretamente em contato com ele, mas supõe que ele cumprirá o que prometeu.

  7. Refrão e Paralelismo:
    O refrão "Ai Deus, e u é?" é repetido ao longo de toda a cantiga, o que cria uma estrutura paralelística que reforça o sentimento de busca, dúvida e desejo. Esse paralelismo e repetição reforçam a musicalidade da obra, que era essencial para o contexto trovadoresco, onde as cantigas eram cantadas e acompanhadas por música.


Análise Poética da Cantiga

A cantiga de D. Dinis, como muitas outras cantigas de amigo, é uma expressão do sofrimento feminino diante da espera e da incerteza do amor. A repetição constante da dúvida, expressa pela interrogação "Ai Deus, e u é?", reflete a angústia de uma mulher que se vê em um momento de espera pelo seu amado, questionando sobre o que aconteceu ao que foi prometido.

Ao tratar o amado de "amigo", a cantiga carrega um tom de simplicidade e de sinceridade na relação amorosa, característica das cantigas de amigo, em que o amor é expresso de maneira direta e sem artifícios. O uso do termo "flores" não é apenas uma referência à natureza, mas também uma forma simbólica de fazer com que a natureza saiba dos sentimentos da protagonista, conferindo-lhe uma espécie de sabedoria ou conexão com o universo.

A tensão entre a esperança de que o amado cumprirá seu compromisso e a dúvida sobre sua fidelidade e presença é o motor da cantiga, com a resolução final afirmando que ele está "são e vivo", mas sem a certeza de que a mulher o verá em breve.

Em termos estilísticos, a simplicidade e a musicalidade da cantiga são características que a tornam uma obra representativa do período trovadoresco. A linguagem direta e o uso do refrão aumentam o impacto emocional, permitindo que o ouvinte (ou leitor) se conecte com a dor e a espera da mulher, refletindo uma universalidade do sofrimento amoroso.


Conclusão

A cantiga "Cantiga de Amigo" de D. Dinis, com sua simplicidade e carga emocional, reflete a natureza e a realidade das cantigas de amigo. A protagonista expressa seus sentimentos de maneira direta e sem rodeios, usando a natureza como uma metáfora para seu sofrimento e suas dúvidas. A construção repetitiva e a presença de um refrão ajudam a reforçar o tema da espera ansiosa, característica do amor e da saudade na literatura medieval.

A "Cantiga de Amor" de D. Dinis, intitulada "Quero em maneira de Provença", é uma obra emblemática do Trovadorismo português, destacando-se pela exaltação da figura feminina e pela idealização da amada.

Texto Original:

Quero em maneira de Provença!
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi ém:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quizo Deus fazer tal,
quando a faz, que a fez sabedord
e todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sém,
e desi nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis lh’outra foss’igual.
Ca mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem, e riir melhor
que outra molher; desi é leal
muit’, e por esto nom sei oj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom á, tra-lo seu bem, al.

Tradução:

Quero, à maneira provençal,
fazer agora um cantar de amor,
e quero muito louvar minha senhora
a quem honra nem formosura não faltam
nem bondade; e mais vos direi sobre ela:
Deus a fez tão cheia de qualidades
que ela vale mais que todas as mulheres do mundo.
Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo
quando a fez, que a fez conhecedora
de todo bem e de muito grande valor,
e além disso é muito sociável
quando deve; também deu-lhe bom senso,
e desde então não lhe fez pouco bem
impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela.
Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal,
mas pôs nela honra e beleza e mérito
e capacidade de falar bem, e de rir melhor
que outra mulher; além disso é leal
muito, e por isto não sei hoje quem
possa cabalmente falar no seu próprio bem
pois não há outro bem, para além do seu.

Análise:

  1. Voz Lírica Masculina: A cantiga é composta na primeira pessoa do singular, com o eu lírico masculino dirigindo-se à sua amada, referindo-se a ela como "mia senhor" (minha senhora).

  2. Idealização da Amada: A figura feminina é exaltada em suas qualidades físicas e morais. A amada é descrita como possuidora de honra, beleza, bondade, sabedoria e lealdade, sendo considerada superior a todas as mulheres do mundo.

  3. Influência Provençal: O título da cantiga indica a inspiração na tradição trovadoresca provençal, conhecida por suas convenções de amor cortês e pela idealização da figura feminina.

  4. Estrutura e Estilo: A cantiga apresenta uma estrutura poética regular, com versos que enfatizam as virtudes da amada. A linguagem é formal e reverente, refletindo as normas de cortesia da época.

  5. Contexto Histórico: D. Dinis, conhecido como o "Rei Trovador", foi um grande incentivador da cultura e das artes em Portugal. Sua obra poética é vasta, com 138 cantigas conhecidas, refletindo seu amor pela literatura e pela música.

Conclusão:

A "Cantiga de Amor" de D. Dinis é uma obra que exemplifica a idealização da mulher na literatura medieval portuguesa, seguindo as convenções do amor cortês e destacando as qualidades da amada de forma exaltada e reverente.

Gênero Satírico: Cantigas de Escárnio e Maldizer

As cantigas satíricas têm grande relevância histórica e literária, sendo importantes documentos que revelam aspectos sociais e culturais da corte medieval portuguesa. Abaixo, as principais características organizadas por tópicos:


1. Importância Histórica das Cantigas Satíricas

  • Documentam a vida social da corte medieval portuguesa.
  • Retratam reações públicas a eventos políticos.
  • Revelam aspectos íntimos da aristocracia, trovadores e jograis.
  • Exposição de mexericos e vícios ocultos da fidalguia medieval.

2. Diferença entre Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer

  • Cantigas de Escárnio:

    • Utilizam ironia e equívocos.
    • Apresentam crítica indireta e mais sutil.
    • Zombaria velada que exige interpretação cuidadosa.
  • Cantigas de Maldizer:

    • Realizam sátira direta, explícita e agressiva.
    • Empregam palavrões, xingamentos e difamações.
    • Abordam vícios sexuais e comportamentos imorais de forma desabusada.

3. Definições dos Termos

  • Escárnio:
    • Zombaria, desprezo ou ironia indireta.
  • Maldizer:
    • Verbo: praguejar ou difamar.
    • Substantivo: maledicência ou difamação direta.

4. Características das Cantigas Satíricas

  • Cantigas de Escárnio:

    • Indiretas, com uso de ironia e ambiguidade.
    • Evitam críticas explícitas, exigindo interpretação refinada.
  • Cantigas de Maldizer:

    • Diretas e sem rodeios.
    • Intenção claramente difamatória.
    • Utilizam linguagem vulgar, com palavrões e insultos.

5. A Sátira como Paródia

  • Frequentemente, as cantigas de escárnio funcionam como uma paródia das cantigas de amor.
  • Enquanto as cantigas de amor exaltam as virtudes da amada, as de escárnio subvertem esse elogio, tornando-o zombaria.

Análise da Cantiga de Escárnio: Pero Larouco

A cantiga de Pero Larouco é um exemplo clássico do gênero de escárnio, caracterizado pela crítica indireta, o uso de ironia e o tom satírico. Abaixo segue a análise detalhada:


Texto Original (Medieval)

De vós, senhor, quer’eu dizer verdade
e nom ja sobr’[o] amor que vos ei:
senhor, bem [moor] é vossa torpicidade
de quantas outras eno mundo sei;
assi de fea come de maldade
nom vos vence oje senom filha dum rei
[Eu] nom vos amo nem me perderei,
u vos nom vir, por vós de soidade[...]


Tradução (Moderna)

Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade
e não já sobre o amor que tenho por vós:
senhora, bem maior é vossa estupidez
do que a de quantas outras conheço no mundo
tanto na feiúra quanto na maldade
não vos vence hoje senão a filha de um rei
Eu não vos amo nem me perderei
de saudade por vós, quando não vos vir.


1. Estrutura e Contexto

  • Estrutura:

    • O poema é composto em versos de arte menor, característico da poesia trovadoresca.
    • Rima consonantal que reforça a musicalidade e a sátira.
  • Contexto Social:

    • Inserida na tradição das cantigas satíricas, reflete o ambiente cortesão, onde a sátira e a ironia eram usadas para criticar comportamentos ou personalidades de forma velada.

2. Elementos de Escárnio

  • Crítica Indireta:

    • Embora mencione a "senhora" diretamente, o eu lírico utiliza ironia para criticar sua feiura, maldade e estupidez.
    • A "filha de um rei" é usada como referência exagerada para minimizar qualquer possibilidade de elogio à destinatária.
  • Uso de Ironia:

    • A declaração inicial parece indicar um elogio (“quer’eu dizer verdade”), mas rapidamente se transforma em sarcasmo com expressões como "vossa torpicidade" e "bem maior é vossa estupidez".
    • O tom finge neutralidade, mas carrega uma crítica profunda.
  • Ambiguidade e Subversão:

    • Apesar de ser uma sátira, o poema deixa margem para interpretação, típica das cantigas de escárnio, ao misturar elementos de "elogio" e "insulto".
    • A contradição no verso final ("Eu não vos amo nem me perderei") sugere desprezo ao mesmo tempo em que reafirma a liberdade do eu lírico.

3. Temas Principais

  • Feiúra e Maldade:

    • A senhora é retratada como um exemplo máximo de feiura e maldade, acentuado pela ironia que a compara à filha de um rei.
    • A escolha de vícios universais (aparência e moralidade) aumenta a força da crítica.
  • Independência do Eu Lírico:

    • O eu lírico afirma sua indiferença ao sofrimento ("não me perderei de saudade"), mostrando superioridade emocional sobre a figura satirizada.

4. Linguagem e Estilo

  • Adjetivação:
    • Termos como "torpicidade", "fea" e "maldade" reforçam a crítica e o tom depreciativo.
  • Tom Irônico:
    • A forma aparentemente neutra de apresentar a "verdade" esconde uma crítica mordaz e jocosa.

5. Comparação com Cantigas de Maldizer

  • Cantiga de Escárnio:

    • Neste caso, a sátira é feita de forma indireta, sem o uso explícito de palavrões ou insultos grosseiros.
    • Utiliza ironia e subversão, deixando espaço para a interpretação do público.
  • Cantigas de Maldizer (comparação):

    • Em oposição, uma cantiga de maldizer teria sido mais explícita, usando xingamentos diretos para atacar a figura satirizada.

Conclusão

A cantiga de Pero Larouco é um exemplo refinado do uso da ironia para crítica social e pessoal na poesia trovadoresca. Representa bem a tradição das cantigas de escárnio, ao misturar elegância estrutural com uma mensagem satírica indireta, revelando o papel cultural da poesia satírica na corte medieval.


Cantiga de escárnio
João Garcia de Ghilhade

Ai, dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, se Deus mi pardom,
pois avedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero ja loar toda via;
e vedes qual sera a loaçom:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora ja um bom cantrar farei,
em que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!

Tradução
Ai, dona feia, foste-vos queixar
que nunca vos louvo em meu cantar;
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvares de qualquer modo;
e vede como quero vos louvar
dona feia, velha e maluca!

Dona feia, que Deus me perdoe,
pois tendes tão grande desejo
de que eu vos louve, por este motivo
quero vos louvar já de qualquer modo;
e vede qual será a louvação:
dona feia, velha e maluca!

Dona feia, eu nunca vos louvei
em meu trovar, embora tenha trovado muito;
mas agora já farei um bom cantar;
em que vos louvarei de qualquer modo;
e vos direi como vos louvarei:
dona feia, velha e maluca!

A cantiga de escárnio de Garcia Guilhade é uma paródia das cantigas de amor. Recorde-se de que, na cantiga de D. Dinis, o homem se propõe a louvar as grandes qualidades de sua amada:
“e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal”.

Análise da Cantiga de Escárnio: João Garcia de Ghilhade

A cantiga de escárnio "Ai, dona fea" de João Garcia de Ghilhade exemplifica o tom irônico e satírico típico do gênero trovadoresco, subvertendo as convenções das cantigas de amor para zombar da figura da "dona fea". Abaixo, segue a análise detalhada:


1. Estrutura e Contexto

  • Estrutura:

    • A cantiga é composta em versos de arte menor, com rimas regulares e uma musicalidade que reforça o tom irônico.
    • Refrão repetitivo (“dona fea, velha e sandia”) enfatiza o escárnio e cria um efeito humorístico.
  • Contexto Literário:

    • Faz paródia das cantigas de amor, onde normalmente o trovador exalta as qualidades físicas e morais de uma dama idealizada.
    • Ao invés disso, João Garcia de Ghilhade utiliza o formato das cantigas de amor para ridicularizar a figura da mulher “fea, velha e sandia” (maluca).

2. Características de Escárnio

  • Crítica Indireta e Irônica:

    • O trovador não faz críticas explícitas, mas sim utiliza o conceito de “louvar” a dona para insultá-la de forma velada.
    • A repetição do refrão aparentemente laudatório esconde uma ofensa: o elogio é, na verdade, uma forma de rebaixar a mulher ao contrário das convenções cortesãs.
  • Subversão da Louvação:

    • O eu lírico finge atender ao pedido da dama (queixa por nunca ser louvada), mas o faz de maneira satírica, enfatizando características consideradas negativas (feiura, idade avançada e comportamento insensato).
  • Uso de Repetição:

    • A repetição do refrão reforça o tom humorístico e mordaz, ao mesmo tempo em que se apresenta como uma "falsa louvação", reforçando a intenção de escárnio.

3. Comparação com Cantigas de Amor

A cantiga de Ghilhade subverte diretamente os ideais das cantigas de amor. Enquanto estas exaltam as virtudes da dama, destacando sua beleza, graça e virtude, Ghilhade:

  • Descreve a dama com adjetivos pejorativos: fea (feia), velha e sandia (maluca).
  • Contrapõe a solenidade dos temas amorosos com o humor grotesco e a sátira.
  • Parodia o desejo de ser lembrada e louvada nas canções, algo comum nas cantigas de amor, transformando esse desejo em um pretexto para zombaria.

4. Temas Principais

  • Paródia e Ironia:
    • A cantiga ironiza as convenções poéticas, revelando como a linguagem cortesã pode ser adaptada para zombar ao invés de enaltecer.
  • Desmistificação da Dama:
    • Ao descrever a dama de forma depreciativa, a cantiga quebra a idealização típica das mulheres na literatura trovadoresca.
  • Rejeição Velada:
    • Apesar de fingir louvar a dama, o eu lírico reforça sua rejeição emocional e estética.

5. Linguagem e Estilo

  • Tom Satírico:
    • A repetição do refrão torna o tom da cantiga cômico e mordaz, expondo o exagero das críticas.
  • Adjetivação Negativa:
    • Palavras como "fea", "velha" e "sandia" são escolhidas propositalmente para construir uma imagem grotesca da figura feminina.
  • Recurso à Paródia:
    • O uso da estrutura típica das cantigas de amor serve para amplificar o efeito cômico e irônico.

6. Relação com D. Dinis

Na cantiga de D. Dinis, o trovador diz:

"E querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal."

Aqui, a figura da dama é exaltada com elogios à sua beleza (fremosura) e virtudes (prez). Em contraste, Ghilhade inverte o papel do trovador ao fazer da louvação uma oportunidade para a sátira, destacando defeitos ao invés de qualidades.


7. Conclusão

A cantiga de João Garcia de Ghilhade é uma representação primorosa do escárnio trovadoresco, combinando ironia, paródia e subversão das convenções poéticas. Ela reflete o papel social das cantigas satíricas na corte medieval, que não apenas divertiam, mas também criticavam de forma velada os costumes e as relações interpessoais do período. A repetição humorística do refrão a torna memorável, destacando seu tom sarcástico e zombeteiro.

1. Questões Dissertativas

1.1 Explique como a sátira presente nas cantigas de escárnio e maldizer contribui para a compreensão da sociedade medieval.
Resposta:
As cantigas de escárnio e maldizer revelam aspectos do cotidiano, comportamentos e valores da sociedade medieval. Enquanto as cantigas de escárnio usavam ironia e linguagem indireta para criticar pessoas ou situações, as de maldizer eram mais diretas e frequentemente utilizavam palavrões e xingamentos. Ambas funcionavam como registros históricos da vida na corte, destacando intrigas, hipocrisias e vícios, contribuindo para uma visão crítica e satírica da aristocracia medieval.

1.2 Compare a cantiga de João Garcia de Ghilhade com as cantigas de amor típicas do Trovadorismo.
Resposta:
As cantigas de amor exaltavam as virtudes da dama idealizada, seguindo uma linguagem solene e respeitosa. Já a cantiga de João Garcia de Ghilhade subverte essa tradição ao utilizar o formato das cantigas de amor para satirizar e ridicularizar a figura feminina. Enquanto as cantigas de amor expressavam submissão e louvação, a cantiga de Ghilhade utiliza adjetivos pejorativos para criticar a “dona fea”.


2. Questões de Múltipla Escolha

2.1 O principal objetivo das cantigas de escárnio era:
a) Exaltar a beleza da dama.
b) Satirizar pessoas ou situações de forma indireta.
c) Criticar diretamente utilizando palavrões.
d) Louvar os feitos heroicos do rei.
Resposta: b) Satirizar pessoas ou situações de forma indireta.

2.2 Qual das alternativas abaixo é uma característica exclusiva das cantigas de maldizer?
a) Linguagem indireta e uso de metáforas.
b) Presença de elogios disfarçados.
c) Uso explícito de palavrões e xingamentos.
d) Criação de imagens idealizadas.
Resposta: c) Uso explícito de palavrões e xingamentos.


3. Verdadeiro ou Falso

3.1 ( ) As cantigas de escárnio são sempre diretas e utilizam palavrões para criticar.
Resposta: Falso. (As cantigas de escárnio são indiretas e utilizam ironia e ambiguidade.)

3.2 ( ) Tanto as cantigas de escárnio quanto as de maldizer abordam temas sociais e políticos da época.
Resposta: Verdadeiro.

3.3 ( ) João Garcia de Ghilhade utiliza a estrutura das cantigas de amor para criar uma sátira na cantiga “Ai, dona fea”.
Resposta: Verdadeiro.


4. Correspondência

4.1 Relacione as colunas sobre as características das cantigas:
Coluna A

  1. Linguagem indireta e irônica.
  2. Uso de palavrões e críticas diretas.
  3. Exaltação das virtudes femininas.
  4. Paródia das cantigas de amor.

Coluna B
a) Cantigas de maldizer.
b) Cantigas de amor.
c) Cantigas de escárnio.
d) João Garcia de Ghilhade.

Resposta:
1 - c
2 - a
3 - b
4 - d


5. Análise Crítica

5.1 Analise como João Garcia de Ghilhade utiliza a ironia para construir a sátira na cantiga “Ai, dona fea”.
Resposta:
João Garcia de Ghilhade finge atender ao pedido da dama de ser louvada, mas o faz de maneira sarcástica. Ao invés de exaltá-la, repete adjetivos depreciativos como “fea, velha e sandia” (feia, velha e maluca). A estrutura repetitiva intensifica a ironia, expondo a contradição entre a expectativa de louvação e a realidade da crítica mordaz.


6. Complementação Simples

6.1 Complete a frase:
As cantigas de escárnio utilizam _________ e _________ para criticar de forma indireta.
Resposta: ironia e ambiguidade.

6.2 Complete a frase:
As cantigas de maldizer distinguem-se das de escárnio por serem _________ e utilizarem _________ de maneira explícita.
Resposta: diretas; palavrões.


7. Interpretação

7.1 A quem se dirige a cantiga de João Garcia de Ghilhade? Qual é o objetivo do trovador ao escrever essa composição?
Resposta:
A cantiga é dirigida a uma mulher que reclamava de não ser louvada nos cantos do trovador. O objetivo é satirizá-la de forma irônica, utilizando o formato das cantigas de amor para criticar suas características físicas e comportamentais de maneira jocosa.


8. Resposta Múltipla

8.1 Assinale as alternativas que descrevem corretamente as cantigas de escárnio:
a) Críticas diretas e difamatórias.
b) Utilizam linguagem indireta e irônica.
c) São compostas para louvar a beleza da dama.
d) Fazem críticas veladas por meio de metáforas.
e) Não apresentam intenção crítica.
Resposta: b) Utilizam linguagem indireta e irônica.
d) Fazem críticas veladas por meio de metáforas.


9. Questão de Associação

9.1 Associe cada cantiga com seu estilo:
Coluna A

  1. “Ai, dona fea” (João Garcia de Ghilhade)
  2. Cantigas de maldizer.
  3. Cantigas de amor.

Coluna B
a) Diretas e críticas, com uso de palavrões.
b) Exaltação da dama idealizada.
c) Críticas irônicas e indiretas.

Resposta:
1 - c
2 - a
3 - b


10. Asserção-Razão

10.1
As cantigas de escárnio são compostas com linguagem indireta (Asserção).
PORQUE
A sátira nessas composições busca criticar de forma velada e ambígua (Razão).
a) As duas são verdadeiras, e a razão justifica a asserção.
b) As duas são verdadeiras, mas a razão não justifica a asserção.
c) A asserção é verdadeira, e a razão é falsa.
d) A asserção é falsa, e a razão é verdadeira.
Resposta: a) As duas são verdadeiras, e a razão justifica a asserção.


1.1 Explique a principal diferença temática entre as cantigas de amor e as cantigas de amigo no contexto do Trovadorismo.
Resposta:
A principal diferença temática reside no enfoque do eu-lírico. Nas cantigas de amor, o eu-lírico masculino expressa uma devoção quase servil à dama, que é idealizada e inacessível. Já nas cantigas de amigo, o eu-lírico feminino é quem manifesta suas emoções, geralmente em relação ao amado ausente, com uma perspectiva mais simples e direta, frequentemente relacionada à natureza e à saudade.

1.2 Analise o papel da mulher nas cantigas de amigo e nas cantigas de amor, considerando o contexto social medieval.
Resposta:
Nas cantigas de amor, a mulher é retratada como uma figura idealizada e distante, refletindo o conceito medieval de amor cortês e a posição submissa do trovador em relação à dama. Nas cantigas de amigo, a mulher aparece como protagonista, expressando sentimentos pessoais, o que sugere uma visão mais humanizada e próxima da realidade feminina, embora essas vozes sejam representações masculinas.


2. Questões de Múltipla Escolha

2.1 Nas cantigas de amor, o eu-lírico:
a) É feminino e expressa saudade pelo amado ausente.
b) Louva as qualidades da dama de forma idealizada.
c) Critica diretamente os vícios da corte.
d) Usa linguagem irônica para expressar sentimentos.
Resposta: b) Louva as qualidades da dama de forma idealizada.

2.2 Nas cantigas de amigo, a ambientação geralmente está associada a:
a) Castelos e palácios.
b) Eventos religiosos.
c) Elementos da natureza.
d) Cenários urbanos.
Resposta: c) Elementos da natureza.


3. Verdadeiro ou Falso

3.1 ( ) Nas cantigas de amigo, o eu-lírico é sempre masculino.
Resposta: Falso. (O eu-lírico é feminino, embora escrito por trovadores homens.)

3.2 ( ) As cantigas de amor seguem a tradição do amor cortês, onde o poeta expressa submissão à sua dama.
Resposta: Verdadeiro.

3.3 ( ) Tanto nas cantigas de amor quanto nas de amigo, a mulher é idealizada de forma inatingível.
Resposta: Falso. (Nas cantigas de amigo, a mulher é representada de forma mais realista.)


4. Correspondência

4.1 Relacione as colunas com as características das cantigas:
Coluna A

  1. Eu-lírico feminino, temas de saudade e abandono.
  2. Eu-lírico masculino, devoção à dama.
  3. Críticas sociais, ironia e linguagem indireta.
  4. Linguagem direta, críticas com uso de palavrões.

Coluna B
a) Cantigas de amigo.
b) Cantigas de amor.
c) Cantigas de escárnio.
d) Cantigas de maldizer.

Resposta:
1 - a
2 - b
3 - c
4 - d


5. Análise Crítica

5.1 Analise como as cantigas de amigo representam a voz feminina e quais estratégias são usadas para expressar sentimentos de saudade e melancolia.
Resposta:
As cantigas de amigo simulam a voz feminina, muitas vezes com ambientação naturalista, como rios, campos e bosques, que reforçam o tom melancólico e nostálgico. Os trovadores utilizam repetições, paralelismos e refrãos para intensificar a expressão dos sentimentos de saudade, abandono e espera pelo amado ausente, criando uma sensação de lamento.


6. Complementação Simples

6.1 Complete a frase:
Nas cantigas de amigo, o eu-lírico é _________ e os temas centrais são _________ e _________.
Resposta: feminino; saudade; abandono.

6.2 Complete a frase:
O conceito de amor cortês é central nas cantigas de _________, onde o eu-lírico se coloca em posição de _________ em relação à dama.
Resposta: amor; submissão.


7. Interpretação

7.1 Na cantiga de amigo, como o uso de elementos da natureza contribui para a construção do ambiente e dos sentimentos expressos pelo eu-lírico?
Resposta:
Os elementos da natureza, como rios, árvores e montanhas, são utilizados como cenários simbólicos que espelham os sentimentos do eu-lírico, como tristeza, saudade ou esperança. A natureza se torna um reflexo emocional do estado de espírito da personagem feminina, intensificando a conexão entre o ambiente e o tema central da cantiga.


8. Resposta Múltipla

8.1 Assinale as alternativas que caracterizam as cantigas de amor:
a) O eu-lírico é masculino.
b) O eu-lírico é feminino.
c) Abordam temas como saudade e abandono.
d) Seguem o ideal do amor cortês.
e) Utilizam linguagem direta e objetiva.
Resposta: a) O eu-lírico é masculino.
d) Seguem o ideal do amor cortês.


9. Questão de Associação

9.1 Associe as cantigas ao tipo de sentimento expressado:
Coluna A

  1. Saudade pelo amado ausente.
  2. Louvação à dama idealizada.
  3. Crítica social velada.
  4. Difamação direta.

Coluna B
a) Cantigas de amigo.
b) Cantigas de amor.
c) Cantigas de escárnio.
d) Cantigas de maldizer.

Resposta:
1 - a
2 - b
3 - c
4 - d


10. Asserção-Razão

10.1
As cantigas de amigo possuem um eu-lírico feminino (Asserção).
PORQUE
Elas expressam sentimentos ligados à saudade, utilizando elementos da natureza (Razão).
a) As duas são verdadeiras, e a razão justifica a asserção.
b) As duas são verdadeiras, mas a razão não justifica a asserção.
c) A asserção é verdadeira, e a razão é falsa.
d) A asserção é falsa, e a razão é verdadeira.
Resposta: a) As duas são verdadeiras, e a razão justifica a asserçãO.

CANTIGAS ANALISADAS

  • Cantiga de Amor: "Quer’eu em maneira de proença" – D. Dinis
  • Cantiga de Amigo: "Ai flores, ai flores do verde pino" – D. Dinis
  • Cantiga de Amigo: "Ondas do mar de Vigo" – Martim Codax

1. Questões Dissertativas

1.1 Explique como a cantiga "Quer’eu em maneira de proença" de D. Dinis reflete o estilo provençal e o conceito de amor cortês.
Resposta:
A cantiga reflete o estilo provençal pela adoção de temas associados ao amor cortês, como a idealização da amada e o sofrimento do eu-lírico diante da sua inatingibilidade. A estrutura poética e a linguagem rebuscada seguem a tradição dos trovadores provençais, marcando o elogio à dama e o papel submisso do trovador.

1.2 Analise o uso da natureza como elemento simbólico nas cantigas "Ai flores, ai flores do verde pino" e "Ondas do mar de Vigo".
Resposta:
A natureza é usada como um espelho dos sentimentos do eu-lírico feminino, simbolizando saudade e melancolia. Em "Ai flores, ai flores do verde pino", as flores funcionam como testemunhas do sofrimento causado pela ausência do amado. Em "Ondas do mar de Vigo", as ondas representam o movimento das emoções e o desejo de reencontro, unindo o ambiente natural e os sentimentos humanos.


2. Questões de Múltipla Escolha

2.1 A cantiga "Quer’eu em maneira de proença" é uma:
a) Cantiga de amigo.
b) Cantiga de amor.
c) Cantiga de escárnio.
d) Cantiga de maldizer.
Resposta: b) Cantiga de amor.

2.2 Em "Ai flores, ai flores do verde pino", as flores simbolizam:
a) A alegria do encontro amoroso.
b) O ciclo da vida e da morte.
c) A tristeza pela ausência do amado.
d) A efemeridade do amor.
Resposta: c) A tristeza pela ausência do amado.


3. Verdadeiro ou Falso

3.1 ( ) As cantigas de amigo possuem eu-lírico masculino que idealiza sua amada.
Resposta: Falso. (O eu-lírico é feminino e expressa sentimentos relacionados ao amado.)

3.2 ( ) Em "Ondas do mar de Vigo", a repetição reforça a melodia e a intensidade emocional da cantiga.
Resposta: Verdadeiro.

3.3 ( ) "Quer’eu em maneira de proença" segue o ideal provençal ao louvar as qualidades da dama.
Resposta: Verdadeiro.


4. Correspondência

4.1 Relacione as colunas com as características das cantigas:
Coluna A

  1. Representa o amor cortês e idealizado.
  2. Usa elementos da natureza para expressar sentimentos.
  3. Tem um eu-lírico masculino, submisso à amada.
  4. Retrata a saudade e o lamento pela ausência do amado.

Coluna B
a) Cantiga de amor.
b) Cantiga de amigo.

Resposta:
1 - a
2 - b
3 - a
4 - b


5. Análise Crítica

5.1 Como as cantigas "Ai flores, ai flores do verde pino" e "Ondas do mar de Vigo" contribuem para a valorização da voz feminina na poesia trovadoresca?
Resposta:
As cantigas de amigo destacam a voz feminina ao trazer o eu-lírico feminino como protagonista, manifestando suas emoções em relação ao amado. Embora escritas por homens, essas cantigas humanizam as mulheres, expressando suas saudades, dores e desejos em uma linguagem poética que valoriza seus sentimentos.


6. Complementação Simples

6.1 Complete a frase:
Em "Quer’eu em maneira de proença", o trovador segue o modelo do _________, exaltando a dama de forma _________.
Resposta: amor cortês; idealizada.

6.2 Complete a frase:
As cantigas de amigo, como "Ai flores, ai flores do verde pino", geralmente utilizam a _________ como um espelho dos sentimentos do eu-lírico feminino.
Resposta: natureza.


7. Interpretação

7.1 Em "Ondas do mar de Vigo", qual o papel das ondas na construção do significado da cantiga?
Resposta:
As ondas representam o fluxo emocional do eu-lírico, simbolizando tanto a inconstância do mar quanto a esperança de reencontro com o amado. O movimento das ondas também pode ser interpretado como uma metáfora para o vai e vem dos sentimentos de saudade e desejo.


8. Resposta Múltipla

8.1 Sobre as cantigas "Ai flores, ai flores do verde pino" e "Ondas do mar de Vigo", assinale as afirmativas corretas:
a) Ambas são cantigas de amigo.
b) Ambas possuem eu-lírico feminino.
c) Ambas seguem o modelo provençal do amor cortês.
d) Ambas utilizam elementos da natureza para expressar sentimentos.
e) Ambas são cantigas de escárnio.
Resposta: a) Ambas são cantigas de amigo.
b) Ambas possuem eu-lírico feminino.
d) Ambas utilizam elementos da natureza para expressar sentimentos.


9. Questão de Associação

9.1 Associe as cantigas às suas características principais:
Coluna A

  1. Amor idealizado, eu-lírico masculino.
  2. Lamento pela ausência do amado.
  3. Uso de metáforas naturais para expressar emoções.

Coluna B
a) "Quer’eu em maneira de proença".
b) "Ai flores, ai flores do verde pino".
c) "Ondas do mar de Vigo".

Resposta:
1 - a
2 - b
3 - c


10. Asserção-Razão

10.1
As cantigas de amigo usam a natureza como elemento central (Asserção).
PORQUE
A poesia trovadoresca visava retratar o cotidiano das mulheres na sociedade medieval (Razão).
a) As duas são verdadeiras, e a razão justifica a asserção.
b) As duas são verdadeiras, mas a razão não justifica a asserção.
c) A asserção é verdadeira, e a razão é falsa.
d) A asserção é falsa, e a razão é verdadeira.
Resposta: b) As duas são verdadeiras, mas a razão não justifica a asserção.


1. Dissertativas

1.1 Explique as principais diferenças entre as cantigas de amor e as cantigas de amigo no contexto do trovadorismo.
Resposta:
As cantigas de amor apresentam um eu-lírico masculino que idealiza a amada de forma distante, inserindo-se no contexto do amor cortês, onde o trovador se submete à dama, que é inatingível. Já as cantigas de amigo possuem um eu-lírico feminino, expressando sentimentos de saudade e melancolia em relação ao amado, geralmente utilizando elementos da natureza como metáforas.

1.2 Analise a função social das cantigas de escárnio e maldizer na sociedade medieval.
Resposta:
As cantigas de escárnio e maldizer funcionavam como uma forma de crítica social, expondo os vícios e comportamentos inapropriados das classes aristocráticas ou religiosas. Enquanto as cantigas de escárnio utilizavam a ironia e o duplo sentido, as de maldizer eram mais diretas e agressivas, empregando muitas vezes palavrões e ataques pessoais.


2. Alternativas

2.1 Qual é o principal tema abordado nas cantigas de amigo?
a) O amor cortês.
b) A saudade e o lamento pela ausência do amado.
c) A crítica social.
d) O louvor às qualidades da dama.
Resposta: b) A saudade e o lamento pela ausência do amado.

2.2 As cantigas de amor possuem qual característica principal?
a) Uso de palavrões e críticas diretas.
b) Eu-lírico masculino idealizando a amada.
c) Repetição e musicalidade para representar emoções.
d) Voz feminina expressando sentimentos.
Resposta: b) Eu-lírico masculino idealizando a amada.


3. Verdadeiro ou Falso

3.1 ( ) As cantigas de amor e de amigo possuem sempre um tom irônico e crítico.
Resposta: Falso. (Somente as cantigas de escárnio e maldizer possuem esse tom.)

3.2 ( ) Nas cantigas de amigo, a repetição é usada para reforçar a musicalidade e a intensidade emocional.
Resposta: Verdadeiro.

3.3 ( ) O eu-lírico nas cantigas de amor é masculino e segue o ideal do amor cortês.
Resposta: Verdadeiro.


4. Correspondência

4.1 Relacione as colunas com as características de cada tipo de cantiga:
Coluna A

  1. Amor cortês, eu-lírico masculino.
  2. Crítica indireta com uso de ironia.
  3. Saudade expressa pelo eu-lírico feminino.
  4. Uso de linguagem direta e ofensiva.

Coluna B
a) Cantiga de amor.
b) Cantiga de amigo.
c) Cantiga de escárnio.
d) Cantiga de maldizer.

Resposta:
1 - a
2 - c
3 - b
4 - d


5. Análise Crítica

5.1 Como o uso da natureza nas cantigas de amigo contribui para a expressividade poética e emocional do eu-lírico?
Resposta:
A natureza é utilizada como uma extensão dos sentimentos do eu-lírico feminino, criando metáforas e imagens sensoriais que amplificam a melancolia, a saudade e o desejo pelo amado. Por meio de elementos como flores, mar, e pinos, o ambiente natural funciona como um reflexo do estado emocional e da conexão da personagem com seu entorno.


6. Complementação Simples

6.1 Complete a frase:
Nas cantigas de escárnio, a crítica é feita de forma ________, enquanto nas de maldizer, a linguagem é ________.
Resposta: indireta; direta.

6.2 Complete a frase:
As cantigas de amor seguem o ideal do _________, onde o trovador se coloca em posição de _________ em relação à amada.
Resposta: amor cortês; submissão.


7. Resposta Única

7.1 Qual é o tipo de cantiga que utiliza elementos da natureza como parte central da construção poética?
Resposta: Cantigas de amigo.

7.2 Qual o principal elemento distintivo entre as cantigas de escárnio e de maldizer?
Resposta: O grau de direcionalidade da crítica, sendo indireta no escárnio e direta no maldizer.


8. Interpretação

8.1 No verso “Ai flores, ai flores do verde pino”, o que as flores representam no contexto da cantiga de amigo?
Resposta:
As flores representam a saudade e o desamparo do eu-lírico feminino pela ausência do amado, funcionando como testemunhas do sofrimento e da solidão.


9. Resposta Múltipla

9.1 Sobre as cantigas de amigo, assinale as afirmativas corretas:
a) Utilizam o eu-lírico feminino para expressar sentimentos.
b) Seguem o modelo do amor cortês.
c) Fazem uso de elementos da natureza como metáforas.
d) Têm origem provençal.
e) São sempre críticas.
Resposta:
a) Utilizam o eu-lírico feminino para expressar sentimentos.
c) Fazem uso de elementos da natureza como metáforas.


10. Asserção-Razão

10.1
As cantigas de amor são caracterizadas pelo amor idealizado e o sofrimento do trovador (Asserção).
PORQUE
A poesia trovadoresca baseia-se no modelo provençal de amor cortês (Razão).
a) As duas são verdadeiras, e a razão justifica a asserção.
b) As duas são verdadeiras, mas a razão não justifica a asserção.
c) A asserção é verdadeira, e a razão é falsa.
d) A asserção é falsa, e a razão é verdadeira.
Resposta: a) As duas são verdadeiras, e a razão justifica a asserção.


11. Questão de Foco Negativo

11.1 Qual das opções abaixo NÃO representa uma característica das cantigas de amigo?
a) Eu-lírico feminino.
b) Uso da natureza como tema central.
c) Submissão à dama idealizada.
d) Expressão de saudade e melancolia.
Resposta: c) Submissão à dama idealizada.


12. Questão de Associação

12.1 Associe as cantigas às suas características principais:
Coluna A

  1. Amor idealizado, sofrimento do eu-lírico masculino.
  2. Saudade expressa por meio da repetição e musicalidade.
  3. Crítica irônica feita de forma indireta.

Coluna B
a) Cantiga de amor.
b) Cantiga de amigo.
c) Cantiga de escárnio.

Resposta:
1 - a
2 - b
3 - c

Nenhum comentário:

Postar um comentário