quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Soneto da separação- Vinícius de Moraes - Interpretação com respostas

 

SONETO DE SEPARAÇÃO

 

De repente do riso fez-se o pranto     A               ( decassílabo=10 sílabas) 

Silencioso e branco como a bruma     B

E das bocas unidas fez-se a espuma   B

E das mãos espalmadas fez-se o espanto  A

 

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama

 

De repente não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente

 

Fez-se do amigo próximo, distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente

 

I. Dados sumários sobre o autor e a obra

Vinícius de Moraes (1913-1980) foi um dos mais importantes poetas, compositores e diplomatas brasileiros, reconhecido principalmente por sua contribuição à poesia e à música popular brasileira. Sua obra se caracteriza por temas como o amor, a solidão, a sensualidade e a melancolia. O Soneto da Separação, escrito em 1943, é um dos

 seus poemas mais famosos e está inserido no livro "Antologia Poética". O poema expressa a dor da separação amorosa, com um tom melancólico e desiludido, usando a forma tradicional do soneto para transmitir o sofrimento.

 

II. Análise do poema:

a) Nível fônico:

1. Escansão dos versos: A escansão é o processo de contar as sílabas poéticas do verso.

 O poema segue a forma de soneto (14 versos), divididos em dois quartetos e dois tercetos, com métrica regular, geralmente decassílaba, ou seja, com dez sílabas por verso.

 

2. Diérese ou sinérese:O poeta faz uso de diérese e sinérese, técnicas que alteram a contagem silábica do verso. Por exemplo, em "tristeza" (diérese), a palavra pode ser lida como duas sílabas (tris-te-za) ou uma só (tri-ste-za).

 

3. Perceber o ritmo, a cadência, isto é, a alternância de sílabas fortes e fracas:

O poema apresenta uma cadência bem marcada pela alternância entre sílabas fortes e fracas, característica do verso decassílabo. O ritmo, por sua vez, é mais melancólico, reforçando o tema da separação.

 

4. O metro varia de verso para verso? Por quê?

Não, o metro é regular, seguindo o padrão do soneto com versos decassílabos, o que traz estabilidade e harmonia ao poema, contrastando com o sofrimento do tema da separação.

 

5. Há palavras que se repetem? Quais os efeitos de sentido?

Sim, palavras como "separação" e "partir" se repetem. Isso reforça o tema central do poema e cria uma sensação de insistência e sofrimento, mostrando a inevitabilidade da separação.

 

6. Há sons que se repetem? Por quê?

Sim, há uma repetição de sons consonantais, como o "s" nas palavras "separação", "saudades". Esses sons criam uma sensação de suavidade, mas também de frustração e perda.

 

7. Há tensão rítmica, isto é, dubiedade de acento tônico das sílabas poéticas?

Sim, há uma tensão rítmica em alguns versos, o que é comum em sonetos. Essa tensão ajuda a construir a ambiguidade do sofrimento e da dúvida presentes no tema da separação.

 

8. A tensão rítmica provoca uma tensão semântica?

Sim, a tensão rítmica ajuda a criar uma tensão emocional e semântica, refletindo a dualidade dos sentimentos do eu lírico (desejo e desgosto, amor e dor).

 

9. Há rima interna, isto é, no interior dos versos?

Sim, há rimas internas, como em “sentir” e “partir”. Elas reforçam a musicalidade e o lamento contido no poema, criando uma ligação sonora entre as palavras.

 

10. Há relação entre o ritmo e o tema do texto?

Sim, o ritmo melancólico e suave do poema está intimamente relacionado ao tema da separação, refletindo a tristeza e a reflexão profunda do eu lírico.

 

11. Classificação dos versos: regulares, livres, brancos ou polimétricos?

Os versos são regulares, uma vez que seguem o padrão decassílabo. O poema segue uma estrutura fixa, típica do soneto.

 

12. Há refrão no poema? Quais os efeitos de sentido provocado e por ele?

Não há um refrão no sentido estrito da palavra, mas a repetição de palavras e expressões, como “separação” e “partir”, funciona como uma espécie de refrão, reforçando a ideia de insustentabilidade do relacionamento e o ciclo da dor da separação.

 

13. Há unidade temática ou rítmica em uma ou mais estrofes? O que pode-se deduzir disso?

Sim, cada estrofe tem uma unidade temática clara, com o primeiro quarteto focando na dor da separação e o segundo, mais reflexivo, trazendo a resignação e a aceitação da situação. Isso indica que o poeta segue um processo lógico de reflexão.

 

14. Como são classificadas as rimas utilizadas? Qual a relação dessa escolha com o sentido da letra da música?

As rimas são alternadas no primeiro quarteto (ABAB) A escolha das rimas alternadas traz um movimento contínuo de separação e união, refletindo o conflito interior do eu lírico.

 No Soneto da Separação, as rimas seguem o esquema clássico do soneto:

  1. Primeiro quarteto: ABAB
  2. Segundo quarteto: ABAB
  3. Primeiro terceto: CDC
  4. Segundo terceto: DCD

Classificação das Rimas

As rimas no poema são:

  • Alternadas (ABAB) nos quartetos, criando um ritmo fluido que evoca a continuidade e o movimento.
  • Interpoladas (CDC e DCD) nos tercetos, sugerindo uma maior complexidade e entrelaçamento de ideias.

Relação das Rimas com o Sentido

  • Rimas Alternadas: Nos quartetos, esse esquema reflete o movimento das emoções em transição, simbolizando as mudanças súbitas e contínuas, como o "vento" e o "drama" mencionados.
  • Rimas Interpoladas: Nos tercetos, a alternância mais intrincada reflete o conflito interior e o entrelaçamento de dor e saudade, intensificando o desfecho melancólico do poema.

15. Há figuras de efeito sonoro na letra? Quais os efeitos criados? Elas criam tensão (ambiguidade, duplicidade de sentido) com o sentido geral do poema?

Sim, há aliteração (repetição de sons consonantais) e assonância (repetição de sons vocálicos). Elas criam uma musicalidade que, embora suave, é carregada de tensão, refletindo o dilema entre o amor e a separação.

 

16. Qual o tipo de estrofe que o poeta escolheu? Existe alguma relação com a significação geral do poema?

O poeta escolheu a forma de soneto, composta por duas estrofes de quatro versos e duas de três versos. A forma fixa do soneto sugere a rigidez e a impossibilidade de mudar o destino do amor, que se encaixa com o tema da separação irreversível.

 

17. Tema: o eu lírico “jogado” com sons semelhantes no interior de palavras diferentes? Que sentidos são criados?

Os sons semelhantes nas palavras "separação" e "partir", por exemplo, criam uma sensação de continuidade na dor e na ruptura, ampliando o impacto emocional da mensagem do poema.

 

18. Há figuras sonoras, como aliteração, assonância, anáfora e onomatopeia?

Sim, há aliteração e assonância. Essas figuras reforçam a melancolia e o lamento, enquanto a ausência de onomatopeias se alinha ao tom mais introspectivo e reflexivo do poema.

 

19. Qual a forma/gênero do poema? Quais os efeitos de sentido decorrentes dessa escolha?

O poema segue a forma do soneto, que exige uma estrutura meticulosamente organizada. Isso reflete a tentativa do poeta de ordenar um sentimento caótico e doloroso como a separação, trazendo formalidade ao caos emocional.

 Qual a forma/gênero do poema?

O poema é um soneto, uma forma fixa composta por 14 versos, geralmente organizados em dois quartetos e dois tercetos.

Quais os efeitos de sentido decorrentes dessa escolha?
O uso do soneto, forma clássica e tradicional, confere ao poema um tom formal e atemporal, reforçando a profundidade emocional do tema. A métrica e a rima equilibradas contrastam com o caos emocional que a separação provoca, gerando uma tensão entre forma e conteúdo.


II. Nível Lexical

a) Qual o nível de linguagem do poeta? Culto ou coloquial? Exemplos. Qual o efeito de sentido construído?
O nível de linguagem é predominantemente culto, com palavras escolhidas para expressar lirismo e sofisticação. Exemplos: "profunda", "silêncio", "agonia". Esse nível de linguagem amplia o impacto emocional, dando um tom universal e elevado à experiência pessoal da separação.

b) Há uma categoria gramatical predominante no poema? Como são empregados? Que sentidos são estabelecidos?
Predominam substantivos e verbos, que constroem imagens concretas e abstratas. Os substantivos como "silêncio", "agonia", "grito" e "separação" ajudam a materializar o sofrimento. Verbos como "morreu", "cessou", "ficou" marcam mudanças definitivas, acentuando o tom dramático.

c) Há predomínio de verbos de ação ou estado? Exemplos e explicação.
Há predomínio de verbos de estado, como "ficou" e "cessou", que expressam a estagnação e a dor causadas pela separação. O tempo verbal predominante é o pretérito, indicando irreversibilidade, enquanto o modo indicativo reforça a certeza e a concretude dos sentimentos.

d) Quais categorias gramaticais são usuais (adjetivo, substantivo, verbo, etc.)? Qual o efeito de sentido?
Os substantivos predominam, destacando as emoções e sensações; os verbos sugerem transformação, enquanto os poucos adjetivos são marcantes, como "profunda" e "grande", intensificando o pathos. Essa escolha lexical dá concretude ao abstrato e ao emocional.


III. Nível Sintático

a) Na pontuação, quais são usadas? Há períodos curtos ou longos? Que sentidos são estabelecidos?
O poema apresenta períodos curtos e regulares, reforçando o ritmo melódico do soneto. A pontuação é utilizada para criar pausas reflexivas, especialmente com vírgulas e pontos finais, destacando o impacto de cada ideia e emoção.

b) Há figuras retóricas associadas à sintaxe? Quais e seus efeitos de sentido?

  • Paralelismo: "E de repente do riso fez-se o pranto, / Silencioso e branco como a bruma." Reforça a transição entre emoções contrastantes.
  • Quiasmo: "E de repente, não mais que de repente." Dá circularidade ao texto, sublinhando a imprevisibilidade da separação.
  • Assíndeto: Supressão de conectivos aumenta o dinamismo das ideias, intensificando o impacto emocional.

c) Há discurso direto ou indireto? Que sentidos são criados?
Não há discurso direto ou indireto, mas o tom reflexivo sugere um monólogo interno. Isso cria intimidade entre o eu poético e o leitor.


IV. Nível Semântico

a) Há presença de figuras ligadas à significação das palavras? Quais os efeitos de sentido?

  • Metáfora: "Fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma." Representa a tristeza de forma visual e sensorial.
  • Antítese: "Do riso fez-se o pranto." Reforça a transitoriedade e o contraste entre alegria e dor.
  • Hipérbole: "E na boca, o beijo morreu." Exagera a intensidade da dor causada pela separação.

b) Relação entre o poema e o contexto histórico/literário:
O poema insere-se no contexto do Modernismo de 1945, que mesclava o rigor formal com uma abordagem mais subjetiva e emocional. A temática universal da separação alinha-se ao interesse de Vinícius por emoções humanas profundas.


V. Dados sobre Tema, Personagem, Tempo e Espaço

Tema: A dor da separação amorosa.
Personagem: Um eu lírico que sofre com a perda.
Tempo: Atemporal, mas marcado por um momento específico de ruptura.
Espaço: Abstrato, situado no plano emocional.


VI. Recurso Predominante do Poema

Qual o recurso predominante?
A descrição, por meio de imagens e figuras de linguagem, predomina. Isso permite que o leitor visualize e sinta as emoções descritas, intensificando a experiência do poema.


VII. Intertextualidade na Letra

Há intertextualidade?
Sim, o poema dialoga com a tradição clássica dos sonetos e com a obra de Camões, especialmente em sua abordagem lírica da transitoriedade do amor e da dor.


VIII. Percurso Passional do Poema

Qual o percurso passional?
O poema expõe emoções intensas que passam da alegria para a dor, refletindo o impacto da separação de forma gradual e inevitável.


IX. Harmonia ou Tensão entre Paixão e Forma

Há harmonia ou tensão?
Há uma tensão evidente entre a forma rígida do soneto e a intensidade das emoções descritas. Essa tensão amplifica a dramaticidade da separação.


X. Relações entre os Níveis de Análise do Poema

Que relações podem ser estabelecidas?
Os níveis fonético, lexical, sintático e semântico convergem para criar um poema de ritmo melódico, imagens vívidas e emoção intensa, refletindo a universalidade da separação amorosa.


XI. Comparação com Outro Poema

Paralelo com outro poema de Vinícius:
Ao comparar com "Eu Sei que Vou te Amar", observa-se que ambos exploram o amor, mas enquanto "Soneto da Separação" foca na dor da perda, "Eu Sei que Vou te Amar" celebra a permanência do sentimento. A diferença reflete os opostos do amor: sua plenitude e sua finitude.


XII. Ponto de Vista Filosófico

Qual o ponto de vista filosófico?
O poema tem uma visão pessoal e existencial, abordando a inevitabilidade do sofrimento humano e a transitoriedade das emoções.


XIII. Ponto de Vista Moral e Religioso

Como o autor encara o amor?
O amor é visto como uma experiência intensa e inevitável, que eleva o ser humano, mas também o coloca diante de sua fragilidade emocional.


XIV. Ponto de Vista Político e Ideológico

Há críticas sociais?
Embora o poema não contenha críticas sociais explícitas, a universalidade da dor amorosa pode ser lida como uma reflexão sobre as experiências humanas comuns, transcendendo diferenças sociais e culturais.

O Soneto da Separação: Uma Análise Profunda

O "Soneto da Separação", de Vinícius de Moraes, é uma das obras mais conhecidas e apreciadas da poesia brasileira. Nele, o poeta explora de forma profunda e intensa os sentimentos de perda, saudade e a fragilidade do amor.

A Ruptura e a Surpresa:

O poema inicia com uma ruptura abrupta e inesperada: "De repente do riso fez-se o pranto". Essa oposição entre alegria e tristeza, entre a união e a separação, marca o tom do soneto. A imagem da espuma que se forma das bocas unidas e do espanto das mãos espalmadas reforça a ideia de uma ruptura violenta e inesperada, que pega os amantes de surpresa.

A Transitoriedade do Amor:

Vinícius de Moraes explora a transitoriedade do amor e a fragilidade dos sentimentos. A "última chama" que se apaga nos olhos e o "pressentimento" que surge da paixão demonstram a consciência de que o amor é passageiro e que a felicidade pode se transformar em tristeza.

A Solidão e a Angústia:

A separação leva à solidão e à angústia. O "vento" que apaga a chama nos olhos simboliza a perda da paixão e a chegada da tristeza. O "momento imóvel" que se transforma em "drama" evidencia a imobilidade e o sofrimento causados pela separação.

A Universalidade do Tema:

O tema da separação é universal e atemporal. O soneto de Vinícius de Moraes consegue traduzir em palavras sentimentos que todos já experimentaram em algum momento da vida. A simplicidade e a beleza da linguagem, aliadas à profundidade do tema, fazem deste poema uma obra atemporal.

Recursos Literários:

  • Antítese: A oposição entre palavras e ideias, como "riso" e "pranto", "calma" e "vento", reforça o contraste entre os estados emocionais.
  • Metáfora: A utilização de metáforas, como "a espuma que se forma das bocas unidas" e "o vento que apaga a última chama", cria imagens poéticas e intensifica o significado dos versos.
  • Personificação: A atribuição de características humanas a elementos da natureza, como o vento, torna a linguagem mais expressiva e poética.

Em resumo:

O "Soneto da Separação" é um poema que nos convida a refletir sobre a fragilidade do amor e a inevitabilidade da perda. A linguagem poética, rica em imagens e metáforas, nos transporta para um universo de sentimentos intensos e contraditórios. A obra de Vinícius de Moraes, através deste soneto, nos mostra que a dor da separação é uma experiência universal e que a poesia é capaz de expressar os sentimentos mais profundos da alma humana.

Influência de outros poetas no "Soneto da Separação"

  1. Herança da Poesia Clássica
    A escolha da forma fixa do soneto, com seus 14 versos organizados em quartetos e tercetos, reflete a forte influência da tradição petrarquista, uma das bases da lírica ocidental. Como Petrarca, Vinícius explora o soneto como uma estrutura que confere ritmo e ordem a emoções intensas. O uso dessa forma demonstra o domínio técnico do poeta, enquanto ele rompe com a rigidez ao introduzir a fluidez emocional que caracteriza sua obra.

  2. Simbolismo e Metáforas
    A linguagem poética de Vinícius carrega traços do simbolismo, movimento literário que valoriza a sugestão e as imagens para expressar o inefável. No "Soneto da Separação", a "última chama" e a "espuma que se forma das bocas unidas" são metáforas de uma dor que transcende o físico e atinge o espírito, sugerindo a fragilidade e a transitoriedade do amor. Essa influência aproxima Vinícius de poetas como Cruz e Sousa e Baudelaire.

  3. Cultura Popular e Musicalidade
    A simplicidade melódica e acessível de versos como “De repente do riso fez-se o pranto” revela a inspiração na oralidade da poesia popular brasileira. Vinícius, sendo também letrista, carregava em sua poética uma preocupação com o ritmo e a musicalidade, muitas vezes aproximando-se das canções de amor populares.


1. A relação entre o individual e o universal no "Soneto da Separação"

O poema parte de uma experiência pessoal, representada pela dor íntima da separação amorosa, mas transcende essa particularidade ao abordar um tema universal: a inevitabilidade do fim, seja de um amor, uma fase ou uma vida. A forma fixa do soneto ajuda a universalizar o sentimento, conferindo-lhe uma atemporalidade.

2. A metáfora da chama no poema

A "última chama" é um símbolo central no poema, representando o fim de algo que já foi ardente, vivo e iluminador. Sua presença reforça o caráter efêmero do amor, que se apaga sob a força do tempo e das circunstâncias. A imagem da chama não apenas alude ao amor que termina, mas também à transformação de estados emocionais — do calor da paixão ao frio da ausência.

3. Influência da música popular brasileira na obra de Vinícius

Vinícius de Moraes era profundamente influenciado pela música popular brasileira, como comprovam suas parcerias com músicos como Tom Jobim e Baden Powell. Essa influência é perceptível na cadência e musicalidade de seus versos, mesmo em um poema com estrutura fixa como o "Soneto da Separação". O ritmo dos versos imita o movimento da respiração e do coração, criando uma conexão imediata com o leitor.


A influência da cultura portuguesa na poesia de Vinícius de Moraes

A tradição poética portuguesa, especialmente o lirismo de Camões, deixou marcas na obra de Vinícius. A estrutura clássica e o tom melancólico do "Soneto da Separação" dialogam com os sonetos camonianos, que também tratam da transitoriedade do amor e da vida.

A relação do "Soneto da Separação" com a obra poética completa de Vinícius

O poema reflete uma das obsessões temáticas de Vinícius: o amor, em todas as suas manifestações. Enquanto muitas de suas composições celebram o amor romântico e sensual, o "Soneto da Separação" aborda o outro lado desse sentimento — a dor e o vazio deixados pela ausência. Ele se conecta a outros textos em que o poeta explora a perda, como o "Soneto do Amor Total".

A importância do soneto na literatura brasileira

Na literatura brasileira, o soneto é um marco de transição entre a poesia clássica e as experimentações modernistas. Vinícius resignifica a forma clássica ao trazer uma sensibilidade contemporânea e popular para uma estrutura tradicional. Isso demonstra como ele une o rigor técnico à espontaneidade emocional.

1. Questões Dissertativas

a) Explique como o contraste entre "riso" e "pranto" contribui para o tom emocional do poema.
Resposta: O contraste ressalta a transitoriedade das emoções humanas e intensifica a dor da separação, mostrando como a alegria pode se transformar em tristeza de forma abrupta.

b) Analise a importância do verso "E de repente, não mais que de repente" para a construção do poema.
Resposta: O verso sintetiza a imprevisibilidade da separação, marcando a mudança repentina e irreversível nas emoções e nos acontecimentos narrados.

c) Discuta como a forma fixa do soneto contribui para a expressão das emoções no poema.
Resposta: A estrutura rígida do soneto, com métrica e rima, cria uma tensão entre a forma controlada e o tema de dor emocional, intensificando a dramaticidade e universalidade da separação.


2. Questões de Múltipla Escolha

a) Qual é o tema principal do poema?
a) A transitoriedade do amor
b) A busca pela felicidade
c) A crítica social
d) O sofrimento causado pela separação
Resposta: d

b) O tom predominante no poema pode ser descrito como:
a) Melancólico e reflexivo
b) Satírico e irônico
c) Revoltado e agressivo
d) Contemplativo e esperançoso
Resposta: a

c) Qual figura de linguagem está presente em "Fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma"?
a) Metáfora
b) Antítese
c) Comparação
d) Hipérbole
Resposta: c


3. Verdadeiro ou Falso (V ou F)

( ) O poema utiliza metáforas para expressar a intensidade dos sentimentos.
( ) A separação é descrita de forma abrupta e definitiva.
( ) O tom do poema é predominantemente otimista.
Respostas: V, V, F


4. Questões de Correspondência

Associe os versos do poema às figuras de linguagem correspondentes:

Coluna A:

  1. "E de repente, não mais que de repente."
  2. "Fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma."
  3. "Na boca, o beijo morreu."

Coluna B:
a) Antítese
b) Metáfora
c) Comparação

Respostas:
1 - a
2 - c
3 - b


5. Questões de Análise Crítica

a) Como o poema reflete a transitoriedade das emoções humanas?
Resposta: O poema usa imagens de transformação súbita, como do "riso" ao "pranto", para mostrar a efemeridade das emoções e como as mudanças inesperadas impactam profundamente o ser humano.

b) De que maneira o poema dialoga com outros textos da literatura que abordam a separação?
Resposta: O poema remete à tradição lírica clássica, especialmente aos sonetos de Camões, que também exploram a dor da perda e a impermanência do amor, ampliando o caráter universal desse tema.


6. Questões de Complementação Simples

a) O verso "E de repente, não mais que de repente" enfatiza a _________ com que a separação ocorre.
Resposta: rapidez

b) O tom do poema é marcado pela ________, evidenciada na transição do riso ao pranto.
Resposta: melancolia


7. Questões de Resposta Única

Qual é a figura de linguagem predominante no poema?
Resposta: Antítese.


8. Questões de Interpretação

Por que o verso "Na boca, o beijo morreu" é significativo dentro do poema?
Resposta: Ele simboliza o fim do amor e da conexão física entre os amantes, marcando a ruptura emocional definitiva da separação.


9. Questões de Resposta Múltipla

Quais das características abaixo estão presentes no poema?
a) Uso de figuras de linguagem para expressar sentimentos
b) Tom melancólico e reflexivo
c) Crítica social explícita
d) Contraste entre emoções opostas

Respostas: a, b, d


10. Questões de Asserção-Razão

Asserção: O poema utiliza a estrutura fixa do soneto para organizar as emoções intensas da separação.
Razão: A métrica e a rima conferem ao texto um equilíbrio que contrasta com o tema de dor e instabilidade.

a) A asserção e a razão estão corretas, e a razão justifica a asserção.
b) A asserção e a razão estão corretas, mas a razão não justifica a asserção.
c) A asserção está correta, mas a razão está incorreta.
d) A asserção está incorreta, e a razão está correta.

Resposta: a


11. Questão de Foco Negativo

Qual das opções NÃO corresponde ao tema do poema?
a) A imprevisibilidade da separação
b) A crítica à superficialidade do amor moderno
c) A transitoriedade das emoções humanas
d) A dor causada pelo rompimento amoroso

Resposta: b


12. Questão de Associação

Associe as imagens poéticas às emoções que representam:

Coluna A:

  1. "Fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma."
  2. "Na boca, o beijo morreu."
  3. "E de repente, não mais que de repente."

Coluna B:
a) Fim do amor
b) Mudança súbita
c) Tristeza profunda

Respostas:
1 - c
2 - a
3 - b

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