SÉRIES DIFERENTES ( ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO)
Contexto
histórico: |
Destaca-se a
prosa regionalista nordestina (prosa neo-realista e neo-naturalista). Representante:- Rachel de Queiroz - Obra: O Quinze. A obra é
composta de 26 capítulos sem títulos. Com o
enfoque na região nordestina, a obra O Quinze possui um caráter
regionalista. Numa
narrativa linear, Rachel retrata a realidade dos retirantes nordestinos
quando essa região foi atingida por uma grande seca em 1915. Assim, o
romance contém um forte teor social, que além de enfocar na realidade das
pessoas do local, retrata a fome e a miséria. A análise
psicológica das personagens e o uso do discurso direto, revelam as
dificuldades e os pensamentos do ser humano ante os problemas sociais que são
desencadeados pela seca. Numa
linguagem simples e coloquial, o romance é marcado sobretudo, por frases
curtas, breves e precisas. A prosa é narrada em terceira pessoa, com a
presença de um narrador onisciente. |
O QUINZE- Rachel de Queirós.
O Quinze é o
primeiro romance da escritora modernista Rachel de Queiroz. Publicada em 1930,
a obra regionalista e social apresenta como tema central a seca de 1915 que
assolou o nordeste do país.
1-
Quais são os personagens principais ?
Personagens Principais
Vicente – Representa a classe média rural do Nordeste, um homem educado, mas que enfrenta as dificuldades impostas pela seca. Casado com Conceição, ele se vê dividido entre suas origens e os desafios da seca que afeta sua terra e sua vida.
Conceição – Esposa de Vicente, é uma mulher de ideias modernas e preocupada com a situação social dos sertanejos. Vem da cidade e, apesar de sua educação, acaba se sentindo desconectada da vida rural e do comportamento de seu marido, o que gera conflitos em seu casamento.
Chico Bento – Sertanejo simples, representa o homem do campo que vive em função da sobrevivência. Seu foco está em garantir o sustento da família, especialmente em tempos de seca. Ele é caracterizado como um homem submisso ao meio e à luta pela sobrevivência.
Cordulina – Esposa de Chico Bento, uma mulher simples que vive com ele no sertão e enfrenta as dificuldades da seca, sempre preocupada com a sobrevivência da família.
Mocinha – Cunhada de Chico Bento, filha de sua irmã. Ela é uma mulher pobre que, devido às dificuldades da vida e à falta de alternativas, acaba se prostituindo.
Personagens Secundários
Dona Inácia – Mãe de Vicente, uma mulher conservadora e que representa os valores tradicionais da classe média rural. Ela tem uma visão rígida sobre o que é certo ou errado.
Alice – Irmã mais velha de Vicente. Representa a mulher da classe média rural, com uma psicologia simples e voltada para os interesses da família.
Lourdinha – Irmã mais nova de Vicente, mais jovem e com uma mentalidade mais simples comparada à de Conceição.
Paulo – Irmão mais velho de Vicente, que renega suas origens sertanejas e se distancia de sua família. Representa a tentativa de ascensão social através da educação.
Sinhá Eugênia – Mulher que mora em Castro e é amiga de Conceição. Ela recebe Mocinha em sua casa, funcionando como uma espécie de "anjo da guarda" para ela.
Dona Maroca – Dona da fazenda Aroeiras, no Ceará, onde a seca também faz estragos. Ela é uma fazendeira rica da região.
Zé Bernardo – Vaqueiro que trabalha na fazenda de Vicente. É um personagem secundário importante que também reflete as dificuldades do sertão.
Mimosa – Filha de Zé Bernardo, que tem um papel secundário, mas que também vive as dificuldades do sertão.
2-
Resumo da obra
a)O Quinze
de Rachel de Queiroz – Primeiro Plano – Vicente e Conceição
b)O Quinze
de Rachel de Queiroz – Segundo Plano – Chico Bento e sua família
Resumo de "O Quinze" - Rachel de Queiroz
A) O Quinze de Rachel de Queiroz – Primeiro Plano – Vicente e Conceição
O romance "O Quinze" tem como foco principal a seca de 1915, que devastou o Nordeste do Brasil, e seus impactos na vida das pessoas. O primeiro plano da história é centrado na relação entre Vicente e Conceição, um casal que representa duas realidades distintas. Vicente é um homem do campo, oriundo de uma família tradicional da classe média rural, enquanto Conceição é uma mulher vinda da cidade, com uma educação mais refinada e ideias modernas.
Quando a seca atinge a região, a vida deles começa a ser marcada pela escassez de recursos, o sofrimento e as tensões entre suas diferentes visões de mundo. Conceição, que se casou com Vicente mais por impulso do que por verdadeira afinidade, começa a perceber que seu casamento com ele foi um erro. Ela sente a distância emocional e cultural entre eles, o que vai aprofundando a crise no relacionamento.
A seca e a luta pela sobrevivência acabam se tornando um reflexo dos conflitos internos do casal, que, além das dificuldades externas, enfrentam o fracasso de seus próprios ideais. Vicente tenta ser racional e buscar soluções práticas para os problemas, mas sua incapacidade de entender a angústia de Conceição a distancia ainda mais dele. Conceição, por sua vez, sente-se sufocada pela vida no campo e pela falta de perspectivas, buscando escapar da realidade opressiva de sua existência.
B) O Quinze de Rachel de Queiroz – Segundo Plano – Chico Bento e sua Família
O segundo plano do romance é focado na família de Chico Bento, um sertanejo que vive de forma mais simples e que, juntamente com sua esposa Cordulina, enfrenta as dificuldades da seca de maneira muito mais direta e imediata. Ao contrário de Vicente e Conceição, Chico Bento não se preocupa com questões ideológicas ou emocionais, mas sim com a luta pela sobrevivência no sertão.
Chico Bento representa o homem do campo, submisso às forças naturais e à dura realidade da vida no sertão. Ele e sua família sofrem com a falta de alimentos e água, e a seca ameaça a existência de todos. O sofrimento de Chico Bento é visível, e ele se dedica incansavelmente a procurar formas de garantir o sustento de sua família. Cordulina, sua esposa, está ao seu lado em todos os momentos, também sofrendo, mas sempre lutando para manter sua família unida.
Além disso, o romance destaca a figura de Mocinha, cunhada de Chico Bento, que, devido à pobreza e à falta de alternativas, acaba se prostituindo para sobreviver. A família de Chico Bento sofre imensamente com a seca, e seus filhos enfrentam a morte e a fome, o que traz à tona as tragédias humanas causadas pela escassez.
O romance de Rachel de Queiroz, portanto, se alterna entre esses dois planos – o de Vicente e Conceição, que lidam com uma crise de valores e sentimentos no contexto da seca, e o de Chico Bento e sua família, que representam a luta diária pela sobrevivência no sertão. Ambos os planos estão imersos no drama da seca e nas dificuldades impostas por ela, e a obra reflete as diferentes formas como as pessoas reagem ao sofrimento e às adversidades impostas pelo contexto social e natural.
3-- Na época de Rachel de Queiróz, no
Brasil e no mundo, se verificava um contexto histórico em que o quadro social,
econômico e político era conturbado. Pesquise
sobre o contexto histórico.
Contexto Histórico da Época de Rachel de Queiroz (1930)
Na época em que Rachel de Queiroz publicou "O Quinze" (em 1930), o Brasil e o mundo estavam imersos em transformações políticas, sociais e econômicas significativas. O período foi marcado por uma série de eventos que influenciaram profundamente a literatura, a sociedade e o cotidiano das pessoas, especialmente no Brasil e no Nordeste, cenário central da obra de Queiroz.
1. Contexto Político e Econômico no Brasil
República Velha (1889-1930): O Brasil estava sob o regime da República Velha, que havia sido instaurada em 1889 com a Proclamação da República. O governo era dominado por uma oligarquia rural, com as elites políticas da região sul e sudeste (principalmente São Paulo e Minas Gerais) exercendo grande poder.
Oligarquias e Coronelismo: Durante esse período, o Brasil era caracterizado por um sistema de coronelismo, no qual as elites locais (coronéis) controlavam politicamente as regiões do interior, como o Nordeste. A vida rural e o domínio das grandes fazendas eram fundamentais, e as relações de poder eram baseadas em clientelismo e trocas de favores.
A Grande Seca de 1915: Em 1915, a seca devastadora que assolou o Nordeste foi um dos maiores desastres naturais da história do Brasil, afetando diretamente as populações rurais, como as que são retratadas em "O Quinze". A seca gerou uma grande migração de sertanejos para as cidades e outras regiões, em busca de sobrevivência, mas também causou morte e destruição, agravando ainda mais as condições de pobreza na região.
Crise de 1929 e a Revolução de 1930: No final da década de 1920, o Brasil enfrentava uma crise econômica devido à queda dos preços do café, principal produto de exportação. Esse cenário agravou a desigualdade social e as tensões políticas. Em 1930, ocorreu a Revolução de 1930, que depôs o presidente Washington Luís e colocou Getúlio Vargas no poder, marcando o início da Era Vargas. A revolução também refletia o crescente descontentamento das oligarquias rurais e das camadas populares com o regime da República Velha.
2. Contexto Social e Cultural
Desigualdade Social e Pobreza: A seca de 1915, tema central de "O Quinze", é um reflexo da grave desigualdade social do Nordeste brasileiro. A elite rural controlava a terra, mas a maior parte da população vivia em condições precárias. A fome, o desamparo e a falta de infraestrutura eram comuns, principalmente no sertão, onde o romance de Queiroz se passa.
Movimento Modernista: Em 1930, o Brasil vivia um período de grande efervescência cultural, com a Semana de Arte Moderna (1922) e o movimento modernista, que buscava romper com as formas tradicionais de arte e literatura. Rachel de Queiroz, embora ligada ao regionalismo, foi uma das vozes importantes desse período, influenciada pelas mudanças culturais e pelo desejo de retratar a realidade brasileira de forma mais direta e sem idealizações.
Nordeste e Sertão: O Nordeste brasileiro, cenário principal de "O Quinze", representava, na literatura e na sociedade da época, um lugar de atraso econômico e isolamento social. O sertão era marcado pela dura realidade da seca e da miséria, contrastando com as grandes cidades, que estavam começando a se modernizar. O regionalismo, que caracterizou a obra de Rachel, buscou retratar a vida real do Nordeste, sem as máscaras das idealizações românticas.
3. Contexto Mundial
Primeira Guerra Mundial (1914-1918): O mundo estava se recuperando das consequências da Primeira Guerra Mundial, que causou enormes perdas humanas e transformou as estruturas econômicas e políticas em diversos países. A guerra resultou na queda de impérios europeus e na ascensão de novas potências, como os Estados Unidos e a União Soviética.
Revoluções e Movimentos Sociais: Na década de 1920, o mundo também vivenciava movimentos de mudança social e política. O movimento socialista ganhava força, especialmente após a Revolução Russa de 1917, enquanto as grandes potências buscavam se recuperar das dificuldades da guerra. O feminismo também começava a ganhar força, com a luta pela sufrágio feminino e a busca por mais direitos para as mulheres, temas que estavam se tornando mais evidentes na literatura e no pensamento social.
Crise Econômica Mundial (1929): O Crash de 1929 e a Grande Depressão afetaram a economia global, especialmente nos Estados Unidos, e tiveram repercussões em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. Esse contexto de crise mundial ajudou a intensificar as desigualdades sociais e econômicas, principalmente nos países em desenvolvimento.
Conclusão
A época de Rachel de Queiroz foi marcada por uma grande instabilidade política, econômica e social no Brasil e no mundo. O país enfrentava uma transição do regime oligárquico da República Velha para a Revolução de 1930 e a chegada de Getúlio Vargas ao poder. O Nordeste, onde se passa a história de "O Quinze", vivia as consequências da seca, da pobreza extrema e da falta de políticas públicas eficazes. O romance, portanto, se insere num contexto de reflexão sobre a realidade social brasileira, abordando a luta pela sobrevivência no sertão e os dilemas de uma sociedade em transformação.
4-
Parentesco dos personagens.
Em "O Quinze", de Rachel de Queiroz, o parentesco entre os personagens é fundamental para entender as dinâmicas familiares e sociais que moldam a história. Aqui estão os principais relacionamentos de parentesco na obra:
1. Vicente e Conceição
- Parentesco: Primos.
- Descrição: Vicente e Conceição são primos, e embora não seja especificado exatamente como se conheceram, é provável que tenham se relacionado desde a infância devido ao vínculo familiar. Sua relação amorosa é uma das centrais do romance, marcada por diferenças culturais e de classe social.
2. Chico Bento e Cordulina
- Parentesco: Marido e esposa.
- Descrição: Chico Bento é casado com Cordulina, e juntos têm filhos. Cordulina é uma mulher forte e dedicada à família, enquanto Chico Bento é um sertanejo simples e rústico. Eles representam a realidade dura da vida no sertão, sendo afetados pela seca.
3. Vicente e Alice/Lourdinha
- Parentesco: Irmão (Vicente) e irmãs (Alice e Lourdinha).
- Descrição: Vicente tem duas irmãs, Alice e Lourdinha, que são personagens secundárias no romance. Elas compartilham com Vicente o mesmo contexto familiar, mas suas relações com ele são mais periféricas à narrativa central.
4. Conceição e Dona Inácia
- Parentesco: Mãe e filha.
- Descrição: Conceição é filha de Dona Inácia, que representa a geração mais velha e mais tradicional. O relacionamento entre mãe e filha é uma das nuances familiares da história, refletindo a diferença de visão sobre o mundo e as questões sociais e culturais.
5. Chico Bento e Josias
- Parentesco: Pai (Chico Bento) e filho (Josias).
- Descrição: Josias é um dos filhos de Chico Bento e Cordulina. Ele é uma das vítimas trágicas da seca e da fome, tendo sua morte um grande impacto na família.
6. Mocinha e Cordulina
- Parentesco: Cunhada (Mocinha) e irmã (Cordulina).
- Descrição: Mocinha é cunhada de Chico Bento e irmã de Cordulina. Sua trajetória, marcada pela pobreza e pela exploração da prostituição, é uma das facetas sombrias da obra, refletindo a desintegração das famílias diante da seca.
7. Alice/Lourdinha e Vicente
- Parentesco: Irmãs (Alice e Lourdinha) e irmão (Vicente).
- Descrição: As duas irmãs de Vicente, Alice e Lourdinha, têm uma relação familiar mais distante na trama, mas fazem parte do mesmo círculo de personagens que compartilham as dificuldades e tensões do contexto sertanejo.
8. Paulo e Vicente
- Parentesco: Irmão mais velho (Paulo) e irmão mais novo (Vicente).
- Descrição: Paulo é irmão de Vicente e está afastado do sertão, vivendo em um contexto mais urbano. Ele representa a tentativa de ascensão social e o distanciamento da realidade rural do Nordeste.
9. Dona Inácia e Conceição
- Parentesco: Mãe e filha.
- Descrição: Dona Inácia, mãe de Conceição, é uma personagem secundária, mas suas interações com a filha ajudam a contextualizar o papel da mulher na sociedade sertaneja, além de refletir a educação conservadora da época.
Esses são os principais relacionamentos familiares entre os personagens centrais de "O Quinze". O romance é marcado por essa rede de parentescos que revelam tanto as diferenças culturais e sociais como também os vínculos emocionais que influenciam as ações e reações das personagens diante da crise provocada pela seca.
5-
Espaço:
O espaço em "O Quinze", de Rachel de Queiroz, tem grande importância na construção da narrativa e no desenvolvimento dos personagens. O espaço não é apenas o cenário físico onde as ações acontecem, mas também reflete o contexto social, econômico e emocional vivido pelas personagens. Aqui estão as principais características do espaço na obra:
1. O Sertão Nordestino:
- Descrição: O romance é ambientado no sertão nordestino, mais especificamente no interior do Ceará, um local afetado pela seca de 1915. A seca é um personagem invisível, mas presente, que marca toda a trama, influenciando as vidas dos personagens, suas decisões e os rumos da narrativa. A aridez, a pobreza, a luta pela sobrevivência e a falta de recursos são características do espaço geográfico que refletem a dificuldade existencial dos moradores.
- Função: O sertão não é apenas o lugar físico; ele simboliza também o contexto social e cultural de uma região marcada pela desigualdade, pelas adversidades climáticas e pela exploração dos menos favorecidos.
2. A Fazenda de Vicente e a Casa de Conceição:
- Descrição: A fazenda de Vicente, localizada no sertão, serve como um espaço de contraste entre a classe social mais abastada, representada por Vicente, e a classe mais simples e sofrida, representada por Conceição e os demais personagens do sertão. A casa de Conceição, mais simples e modesta, também ilustra essa diferença de classe e a desigualdade social entre os personagens.
- Função: Esses espaços domésticos refletem as condições sociais dos personagens, suas relações familiares e as expectativas de vida e de casamento, além de servir como uma metáfora da divisão social entre o campo e a cidade, a elite e o povo.
3. O Espaço da Seca:
- Descrição: A seca de 1915 é o grande cenário simbólico que determina o ritmo da vida no sertão. O espaço é dominado pela aridez, pela fome e pela escassez, resultando em um ambiente hostil e inóspito para os personagens. Este espaço físico é o cenário de grande parte da tragédia da obra, afetando diretamente o cotidiano das famílias sertanejas e forçando muitos a buscar refúgio em outros lugares.
- Função: O espaço da seca é um agente ativo no desenvolvimento da trama. Ele pressiona os personagens, provocando reações de resistência, resignação ou fuga. A seca também contribui para a destruição das famílias e das relações pessoais, tornando-se um símbolo das forças que o homem não pode controlar.
4. A Viagem e o Espaço Urbano:
- Descrição: Ao longo do romance, alguns personagens fazem viagens para cidades como Quixadá e Castro, onde se refletem os contrastes entre a vida rural e urbana. Esses espaços urbanos são apresentadas de forma um tanto distante, mas marcam uma diferença significativa em relação à vida no campo.
- Função: O espaço urbano aparece como um lugar de escapismo ou de possibilidade de mudança, mas também de alienação para personagens como Mocinha, que se vê obrigada a se prostituir para sobreviver, ou para Chico Bento, que busca melhores condições de vida. Essas cidades servem para ilustrar as diferentes alternativas e destinos que o sertão oferece.
5. A Natureza:
- Descrição: A natureza no romance é descrita de forma bastante detalhada e simbólica. As paisagens áridas, com pouca vegetação, rios secos e sol escaldante, servem para ilustrar o conflito entre o ser humano e a força da natureza. Ao mesmo tempo, a natureza é impiedosa e agressiva, mas também é fonte de beleza e inspiração para aqueles que ainda possuem esperança.
- Função: A natureza no romance vai além de um simples cenário físico; ela se torna um reflexo do estado emocional dos personagens, que buscam nas pequenas alegrias da vida, como a paisagem ou a água, uma razão para continuar a lutar.
Conclusão do Espaço:
O espaço em "O Quinze" é fundamental para entender as dificuldades e as adversidades enfrentadas pelos personagens. Ele é um reflexo das condições sociais e econômicas do Brasil do início do século XX, especialmente do Nordeste, e se configura como um personagem ativo que influencia o comportamento e as escolhas dos indivíduos. O sertão, a seca, as casas simples e as cidades distantes constituem um cenário de luta, sobrevivência, desigualdade e resistência.
6-
Temas:
7-
Foco
narrativo:
Em "O Quinze", de Rachel de Queiroz, o foco narrativo da obra é um narrador em terceira pessoa, com onisciência. Isso significa que o narrador tem um conhecimento completo sobre os pensamentos, sentimentos e ações de todos os personagens, podendo apresentar suas emoções, percepções e até mesmo os conflitos internos de maneira aprofundada.
Características do Foco Narrativo:
Narrador Onisciente: O narrador conhece todos os aspectos da história e pode acessar as mentes dos personagens, revelando suas emoções mais íntimas, suas dúvidas e os conflitos internos que enfrentam. Ele não se limita a um único ponto de vista, mas oferece uma visão abrangente de todos os eventos e personagens.
Imersão no Interior dos Personagens: O narrador explora o universo emocional dos personagens, permitindo ao leitor entender seus pensamentos mais profundos. No caso de personagens como Conceição e Chico Bento, por exemplo, o narrador revela os dilemas existenciais e as lutas internas que eles enfrentam, além de seus sentimentos de solidão, frustração e esperança.
Objetividade e Subjetividade: Embora o narrador tenha acesso a todas as informações, ele se mantém relativamente objetivo na descrição dos eventos, sem se envolver diretamente nas ações. No entanto, ao explorar as emoções e pensamentos dos personagens, o narrador também oferece um ponto de vista subjetivo, especialmente em relação à maneira como os personagens percebem a seca e suas consequências.
Ampliação da Perspectiva: O narrador oferece ao leitor uma visão panorâmica da história, não apenas dos personagens centrais, mas também de figuras secundárias e dos elementos do cenário (como a seca, a fome e a miséria). Isso permite que a obra apresente um retrato completo do contexto social e psicológico em que os personagens estão inseridos.
Distanciamento e Crítica Social: A escolha de um narrador onisciente também permite que a obra tenha um caráter de crítica social, pois o narrador, embora não esteja envolvido emocionalmente na história, pode fazer observações sobre a desigualdade social, a miséria e os efeitos da seca na vida das pessoas. Essa visão distanciada proporciona um julgamento sutil sobre a condição humana e a realidade social do Nordeste.
Função do Foco Narrativo:
- O uso do narrador em terceira pessoa permite uma abordagem profunda e abrangente da história, com a capacidade de explorar diversos pontos de vista e questões sociais de maneira complexa e multifacetada.
- A objetividade do narrador contribui para uma visão crítica da realidade, sem influenciar diretamente a percepção dos personagens, mas permitindo que o leitor forme seu próprio julgamento.
- Esse foco narrativo também reforça a tragédia coletiva da seca, mostrando a experiência dos personagens não apenas em nível individual, mas também como um reflexo das condições sociais e econômicas da época.
Conclusão:
O foco narrativo em terceira pessoa, onisciente, é uma ferramenta poderosa que permite a Rachel de Queiroz desenvolver uma narrativa rica e complexa, explorando as emoções, os conflitos internos e as condições sociais dos personagens, ao mesmo tempo em que oferece uma visão crítica da sociedade nordestina em tempos de seca.
8-
A fé em Deus
é representada por qual religião?
Em "O Quinze", a fé em Deus é representada de forma cristã, especificamente com uma forte presença do catolicismo, religião predominante no Nordeste brasileiro na época retratada na obra (início do século XX).
Características da fé cristã na obra:
Religião Popular e Prática do Catolicismo: A maioria dos personagens, como Vicente, Conceição, Chico Bento e outros moradores do sertão, demonstra uma fé cristã popular, muitas vezes associada à religiosidade do cotidiano, como orações, devoções e o pedido de ajuda divina diante das adversidades.
Relação com a seca e o sofrimento: A seca de 1915, que é o pano de fundo da obra, leva os personagens a uma relação de sofrimento e entrega a Deus, muitas vezes como um refúgio emocional. A fé é vista como uma maneira de enfrentar as dificuldades da vida no sertão, onde a seca, a fome e a morte são recorrentes.
Figura de Deus como Consolador: A obra explora o conceito de Deus como consolador, uma figura para a qual os personagens se voltam em momentos de desespero e dor. Apesar da dureza da realidade, a fé cristã oferece um certo consolo e esperança nas dificuldades extremas.
Religião como instrumento de resistência: A fé também se apresenta como uma forma de resistência diante da opressão social e da natureza implacável do sertão. A religião funciona como um porto seguro, especialmente em um contexto de pobreza extrema, onde não há muitos outros recursos para o povo.
O catolicismo nas práticas populares: Além das orações formais, as personagens recorrem a santos e padres, em busca de milagres e de proteção divina, o que reflete uma religiosidade voltada tanto para a espiritualidade pessoal quanto para as necessidades cotidianas.
Conclusão:
A fé em Deus no romance é predominantemente associada ao catolicismo, refletindo a religiosidade popular do sertão nordestino, onde a prática da fé está entrelaçada com o sofrimento diário e a busca por alívio diante das adversidades da vida.
9-
Características físicas dos personagens principais.
Em "O Quinze", as características físicas dos personagens principais não são descritas de forma excessivamente detalhada, mas são mencionadas de maneira que ajudam a dar uma ideia de suas origens, condições sociais e psicológicas. Aqui estão algumas das principais características físicas de alguns dos personagens principais:
1. Vicente
- Descrição física: Vicente é descrito como um homem de classe média, que, embora vivencie a realidade dura do sertão, possui características que indicam uma origem mais ligada à elite rural. Sua aparência é de um homem simples, mas de uma elegância rústica. Ele possui uma postura firme e saudável, mas não é retratado como fisicamente imponente.
- Detalhes: Um detalhe importante é que Vicente tem dentes brancos com um ponto de ouro, o que simboliza a sua classe social mais elevada e sua condição econômica.
2. Conceição
- Descrição física: Conceição é uma mulher jovem e de beleza delicada. Ela é descrita como tendo uma beleza simples, mas com uma certa pureza e suavidade em seus traços. Sua aparência reflete sua origem na cidade, em contraste com a rusticidade do sertão.
- Detalhes: Embora não haja uma descrição detalhada de suas roupas ou de sua constituição física, a autora sugere que ela é uma personagem de classe média e que sua beleza, mesmo simples, chama atenção. A aparência de Conceição é associada ao refinamento e à educação, sendo contrastada com a vida dura do sertão.
3. Chico Bento
- Descrição física: Chico Bento é o típico sertanejo, de aparência rústica e humilde. Ele é um homem de estatura média e de corpo forte, resultado da vida difícil que leva no campo. Sua aparência é marcada pela simplesidade e pela falta de vaidade, típica de alguém que trabalha na roça.
- Detalhes: Chico é o retrato de um homem marcado pelo sofrimento e pela pobreza do sertão, mas também é alguém resistente e forte, com as feições típicas do sertanejo.
4. Cordulina (mulher de Chico Bento)
- Descrição física: Cordulina é descrita como uma mulher simples, mas forte e trabalhadora. Sua aparência reflete a vida difícil que leva, com traços duros e uma expressão de quem enfrenta constantemente as dificuldades do sertão. Não há grandes detalhes sobre sua beleza, mas é uma mulher que, apesar das dificuldades, mantém uma força física e moral.
- Detalhes: Como esposa de Chico Bento, Cordulina é uma figura que personifica a mulher sertaneja, com um físico forte e resistente, marcado pelo trabalho árduo.
5. Mocinha
- Descrição física: Mocinha é uma personagem que passa por uma mudança em sua vida. Ela é uma jovem que, devido à miséria e ao sofrimento, se vê forçada a se entregar à prostituição. Ela é descrita como jovem e bonita, mas a vida difícil no sertão a transforma em uma figura de desgaste físico e psicológico.
- Detalhes: Sua beleza inicial é mencionada como algo que atrai, mas sua vida dura a faz perder essa juventude, refletindo a violência social e moral que afeta as mulheres no contexto de miséria.
6. Dona Inácia
- Descrição física: Dona Inácia é uma mulher mais velha, que possui traços de elegância devido à sua origem e condição social. Ela é descrita como uma senhora de classe média, com um aspecto mais refinado. Sua aparência transmite uma certa rigidez e conformismo com a sociedade em que vive.
- Detalhes: Dona Inácia é uma personagem que, em sua idade avançada, é marcada pela dignidade, mas também pela rigidez de comportamento, refletindo a classe social mais conservadora.
Considerações Finais:
As características físicas dos personagens em "O Quinze" são importantes não só para criar a visualização dos mesmos, mas também para indicar suas condições sociais e a influência do ambiente em que vivem. A obra foca mais nas questões psicológicas e sociais dos personagens, mas as suas características físicas ajudam a dar uma ideia da dupla realidade entre a classe média e o sertanejo, entre a cidade e o campo.
10-
Características psicológicas dos
personagens principais.
Em "O Quinze", as características psicológicas dos personagens principais são bem exploradas por Rachel de Queiroz e estão intimamente relacionadas ao contexto social e à dura realidade da seca no Nordeste brasileiro. Aqui estão as principais características psicológicas dos personagens:
1. Vicente
- Psicologia: Vicente é um personagem marcado pela ambiguidade e pelo dilema entre o desejo de um futuro melhor e o apego à sua terra natal. Ele representa a classe média rural que, apesar de seus privilégios, sente-se desconectada da realidade do sertão. Sua psicologia reflete um conflito interno: ele busca um novo modo de vida, mais moderno e confortável, mas é constantemente atraído pela vida no campo e pelos laços familiares e afetivos com a terra e seus habitantes. Ele demonstra resiliência, mas também incertezas sobre seu lugar no mundo e sobre seu futuro.
- Insegurança: Sua decisão de ir para São Paulo com Conceição é impulsionada pela insegurança quanto ao futuro e pela promessa de uma vida melhor, mas ele também não consegue escapar completamente de seu passado e da realidade rural.
- Sentimentos: Vicente é um personagem muito introspectivo, que sente uma profunda solidão, apesar de estar em um relacionamento com Conceição. Sua vida no campo e a seca que se abate sobre o lugar causam nele um sentimento de impotência e frustração.
2. Conceição
- Psicologia: Conceição é uma personagem muito complexa, com uma mentalidade urbana e culturalmente refinada, mas que se vê desafiada pelos costumes e dificuldades do sertão. Ela é uma mulher com fortes ideais e princípios e uma visão crítica sobre a realidade do sertão. Inicialmente, ela tenta se adaptar, mas acaba reconhecendo que a vida no campo não condiz com suas expectativas de felicidade.
- Idealismo e Frustração: Conceição, apesar de sua educação e sonhos, sente-se alienada no sertão, onde a seca e a pobreza prevalecem. Ela possui um grande idealismo e tenta transformar as condições de vida, mas essa tentativa é frustrada pela dura realidade.
- Conflitos internos: A psicologia de Conceição é marcada por um grande conflito interno entre o amor por Vicente e as dificuldades de adaptação ao sertão. Ela deseja realizar algo para melhorar a situação das pessoas, mas sente-se desamparada e impotente diante do cenário de miséria e seca.
3. Chico Bento
- Psicologia: Chico Bento representa o sertanejo típico, simples, mas com uma psicologia mais pragmática e conformada com a realidade do sertão. Sua vida é marcada pela luta pela sobrevivência, e ele não tem grandes aspirações para além disso. Ele é submisso às condições externas e pragmático em relação à vida.
- Resignação e Determinação: Chico não questiona a seca nem a vida dura no campo. Ele aceita as dificuldades com uma resignação que beira a apatia, mas é também um homem de grande força de trabalho e de caráter, preocupado com a alimentação de sua família. Sua psicologia reflete a simplificação da vida, onde a maior preocupação é sobreviver.
- Falta de esperança: Sua psicologia é marcada pela falta de esperança, pois ele não vê possibilidades de mudança em sua vida. Sua preocupação imediata é a sobrevivência, sem grandes ideais ou sonhos, o que o torna uma figura trágica na história.
4. Cordulina (mulher de Chico Bento)
- Psicologia: Cordulina é uma personagem que vive intensamente as dificuldades do sertão. Ela se caracteriza pela força psicológica, sendo uma mulher pragmática e determinada, mas com uma certa desilusão diante da vida difícil que leva. Ela não tem grandes expectativas para si mesma, mas se preocupa profundamente com a família e com a sobrevivência dos filhos.
- Afeto e Sacrifício: Sua psicologia é marcada pelo afeto profundo pelos filhos e pela disposição para sacrificar-se para que eles tenham um futuro melhor, apesar de estar submersa nas dificuldades impostas pela seca. Ela também demonstra um certo desgosto com a vida no sertão, mas é uma mulher de grande resiliência.
- Preocupação com o futuro: Cordulina é muito realista e preocupada com o futuro da família, especialmente no contexto de uma seca implacável. Ela sente a falta de perspectivas e desconfia das promessas de mudanças, mas faz o possível para ajudar sua família a sobreviver.
5. Mocinha
- Psicologia: Mocinha é uma personagem que reflete a dura realidade das mulheres sertanejas em tempos de miséria. Sua psicologia é marcada pela solidão e pelo sofrimento emocional. Ela é uma jovem que, diante da falta de perspectivas, se vê obrigada a adotar um comportamento desesperado e se entrega à prostituição para sobreviver.
- Desespero e Dureza: Mocinha é uma personagem que representa o lado mais sombrio da realidade do sertão. Sua psicologia é marcada pela falta de alternativas e pelo desespero em face das circunstâncias. Ela se torna, assim, uma vítima da realidade de miséria, mas também uma mulher duramente afetada pela violência da vida no sertão.
- Culpa e Tristeza: Mocinha sente uma grande culpa e tristeza por suas escolhas, mas não vê outra forma de sobreviver. Ela reflete a opressão social e a falta de oportunidades para as mulheres pobres e desamparadas do sertão.
6. Dona Inácia
- Psicologia: Dona Inácia é uma mulher mais velha, conservadora e muito rigorosa. Sua psicologia é marcada por uma visão tradicionalista e uma forte apreensão em relação às mudanças sociais e culturais, representando a velha geração da aristocracia rural. Ela possui uma grande resistência às ideias mais avançadas e ao progresso.
- Conservadorismo e Racionalidade: Dona Inácia age com grande racionalidade e disciplina, mas também com uma falta de flexibilidade que reflete seu conformismo com o status quo. Sua psicologia é conservadora, com resistência ao novo, e ela vê com desconfiança as ideias mais progressistas de Conceição.
As características psicológicas dos personagens principais de "O Quinze" refletem não apenas as suas individualidades, mas também as condições sociais e culturais que os moldam. A autora constrói personagens complexos e profundos, cujas psicologias estão imbricadas com o contexto da seca e da luta pela sobrevivência, tema central da obra.
11- Fale sobre a diferença cultural entre Vicente e Conceição.
A diferença cultural entre Vicente e Conceição, em O Quinze de Rachel de Queiroz, é uma das principais fontes de tensão no romance, refletindo as disparidades entre o mundo urbano e o mundo rural no Brasil, especialmente no contexto do sertão nordestino durante a seca de 1915. A forma como esses dois personagens se relacionam com o espaço e a sociedade ao seu redor revela muito sobre as suas origens, suas perspectivas e suas limitações.
12-
Você
concorda com essas afirmações:
( S ) Conceição: personagem
densa, com psicologia evolutiva, notando que o casamento com Vicente constitui
um erro porque os dois são culturalmente opostos.
( S)
Vicente: representa a aristocracia rural; apesar de rústico, mostra-se
elegante, fazendo elogios de cavalheiro à Conceição.
( S )
Chico Bento: sertanejo de psicologia primária, dominado pelo meio hostil; é
submisso, preocupado apenas em matar a fome, sua e da família.
( S )
Dona Inácia: recrimina as ideias avançadas de Conceição, mas brandamente,
adotando postura de apoio.
( S )
Alice e Lourdinha: irmãs de Vicente, têm psicologia bem primária se comparadas
a Conceição.
( S )
Mocinha: por ser pobre e ter que sobreviver sozinha, torna-se prostituta em
Castro, interior do Ceará.
( ) Conceição: personagem densa, com psicologia evolutiva, notando que o casamento com Vicente constitui um erro porque os dois são culturalmente opostos.
- Concordo parcialmente. Conceição é, de fato, uma personagem densa e complexa, mas sua psicologia não se desenvolve de forma linear ou evolutiva como a descrição sugere. Ela percebe o erro do casamento, mas mais por uma incompatibilidade entre seus valores urbanos e as dificuldades da vida no sertão, do que por um processo de autodescobrimento profundo. Sua percepção de incompatibilidade com Vicente é mais uma frustração com as dificuldades externas, como a seca e a vida no campo, do que uma análise profunda sobre os aspectos culturais entre eles. Portanto, a psicologia dela é mais reativa ao ambiente do que evolutiva.
( ) Vicente: representa a aristocracia rural; apesar de rústico, mostra-se elegante, fazendo elogios de cavalheiro à Conceição.
- Concordo. Vicente tem uma origem rural aristocrática, o que o coloca em uma posição intermediária entre a vida rural e a cidade. Ele é rústico, mas não deixa de ter uma educação e um comportamento refinado, especialmente em seus gestos para com Conceição. Seus elogios e atitudes elegantes são parte de sua tentativa de se afirmar dentro dos padrões urbanos que ele aspira, embora ele esteja imerso no contexto rural. A tensão entre essas duas dimensões culturais é clara.
( ) Chico Bento: sertanejo de psicologia primária, dominado pelo meio hostil; é submisso, preocupado apenas em matar a fome, sua e da família.
- Concordo em parte. Chico Bento, de fato, é um personagem de psicologia simples e primária, refletindo o impacto da vida dura no sertão. Ele é submisso ao ambiente, sem muitas aspirações além de garantir a sobrevivência de sua família. Contudo, sua psicologia é mais marcada pela resiliência e pragmatismo do que pela simples submissão. Ele está preso ao ciclo da seca e da fome, mas ainda assim, sua preocupação com os outros e a luta pela sobrevivência indicam uma força de caráter, embora limitada pelas condições em que vive.
( ) Dona Inácia: recrimina as ideias avançadas de Conceição, mas brandamente, adotando postura de apoio.
- Concordo. Dona Inácia, embora de mentalidade mais conservadora e tradicional, não rejeita totalmente as ideias de Conceição. Ela, na verdade, adota uma postura conflituosa, mas ao mesmo tempo apoiadora. Ela recrimina algumas das ideias de Conceição, principalmente por serem mais avançadas para o contexto rural, mas ao longo da história, também se mostra solidária e protetora em relação à personagem. Essa tensão é uma das formas de mostrar a resistência às mudanças no sertão.
( ) Alice e Lourdinha: irmãs de Vicente, têm psicologia bem primária se comparadas a Conceição.
- Concordo. Alice e Lourdinha, as irmãs de Vicente, são personagens secundárias, cujas psicologias não são profundamente desenvolvidas. Elas vivem em um mundo mais simples e menos introspectivo do que Conceição, sendo mais voltadas para as questões cotidianas do sertão e da família. Sua psicologia é mais primitiva, refletindo a realidade mais simples e direta do sertão, sem as complexidades e os dilemas que Conceição enfrenta.
( ) Mocinha: por ser pobre e ter que sobreviver sozinha, torna-se prostituta em Castro, interior do Ceará.
- Concordo. Mocinha é uma personagem que representa o destino trágico das mulheres pobres e isoladas no sertão. Sem perspectivas e tendo que lutar pela sobrevivência, ela se vê forçada a se entregar à prostituição, o que reflete a dureza das escolhas de vida para aqueles que vivem em extrema pobreza e desamparo social. Seu destino é um reflexo da fragilidade das condições sociais e da falta de oportunidades para as mulheres pobres na região.
Essas afirmações abordam aspectos importantes da psicologia e das relações sociais dos personagens, muitas vezes evidenciando os contrastes entre o mundo rural e urbano, as desigualdades sociais, e o impacto das condições de vida no comportamento e nos sentimentos dos personagens. A obra de Rachel de Queiroz é repleta de complexidades em suas construções de personagens, tornando o livro uma reflexão poderosa sobre a realidade nordestina e os conflitos internos de seus habitantes.
13 A respeito de O Quinze, de Rachel de Queiroz, afirma-se o
seguinte (pesquisar sobre a vida da autora ).
I - Seguindo uma tendência
modernista, a linguagem da autora caracteriza-se pelo uso de termos populares,
visíveis tanto na fala dos personagens quanto no discurso do narrador.
II - Há visível semelhança entre as
características de Conceição e da própria autora Rachel de Queiroz.
Você concorda?Análise das afirmações sobre O Quinze e a vida de Rachel de Queiroz:
(I) Seguindo uma tendência modernista, a linguagem da autora caracteriza-se pelo uso de termos populares, visíveis tanto na fala dos personagens quanto no discurso do narrador.
- Concordo. Rachel de Queiroz, embora parte do movimento modernista, se distingue por sua linguagem direta e acessível, focando na simplicidade do estilo, que reflete a realidade do Nordeste e dos sertanejos. A autora utiliza termos populares para refletir a cultura local, especialmente no modo como seus personagens se expressam, tanto no discurso direto quanto no relato do narrador. Esse uso da linguagem é uma característica importante da literatura de Rachel de Queiroz, que busca dar voz aos personagens simples e às suas vivências cotidianas. Ao empregar uma linguagem clara e compreensível, a autora também cumpre um dos objetivos do movimento modernista, que era romper com a literatura acadêmica e aproximar o leitor da realidade do povo brasileiro.
(II) Há visível semelhança entre as características de Conceição e da própria autora Rachel de Queiroz.
- Concordo parcialmente. Embora seja possível traçar alguns paralelos entre Conceição e Rachel de Queiroz, não podemos afirmar que a personagem seja um reflexo direto da autora. Conceição, como mulher urbana e educada, se vê imersa em um ambiente sertanejo que é estranho e difícil de lidar. Ela tem um espírito independente e uma visão crítica das dificuldades sociais e das tradições conservadoras, algo que pode refletir a perspectiva crítica e o questionamento de Rachel sobre as condições sociais e a situação da mulher na sociedade da época. No entanto, Rachel de Queiroz viveu uma realidade diferente, como escritora que, apesar de ser do Nordeste, estava mais inserida no meio literário e urbano. Conceição, por sua vez, representa uma mãe do sertão, com um contexto familiar e social muito mais voltado para o interior e as dificuldades da terra seca e da pobreza.
Semelhanças:
- Ambas têm uma visão crítica sobre o mundo que as cerca.
- Ambas enfrentam dificuldades de adaptação e compreensão do mundo em que estão imersas.
- Rachel de Queiroz, assim como Conceição, pode ter se sentido distante do mundo rural e das tradições conservadoras do sertão.
Diferenças:
- Rachel de Queiroz foi uma escritora que, embora tenha vivido no Ceará, não era do sertão profundo e teve acesso a uma educação urbana. Sua experiência de vida é, portanto, mais distante da realidade de Conceição, embora ambas compartilhem a origem nordestina.
- Conceição é um personagem mais submisso ao contexto rural e social do que Rachel de Queiroz, que se impôs como autora e escritora em um cenário de predominância masculina.
Portanto, embora seja possível identificar semelhanças em seus perfis, é preciso cuidado ao comparar diretamente Rachel de Queiroz com sua personagem, pois as diferenças contextuais entre a vida da autora e a de Conceição são significativas.
_____________________________________________________________________
14-Coloque v ou f:
( ) O
livro não tem a tradicional oposição entre heróis e vilões. A seca vai
determinando a vida e o comportamento das pessoas.
( ) A fome e as
necessidades mais elementares da vida vão destruindo a família de Chico Bento.
Josias morre envenenado, Pedro desaparece e Mocinha, sua cunhada, fica para
trás, entregando-se à vida fácil.
15-Coloque v
ou f:
1. ( ) Dona Idalina: mulher do Major, tem
participação secundária na história.
2. ( ) Sinhá Eugênia: mulher que mora em Castro e em
cuja casa ficou Mocinha, cunhada de Chico Bento.
3. ( ) Paulo: bacharel, irmão de Vicente,
orgulhoso, renega sua origem sertaneja.
4. ( ) Lourdes e Alice: filhas de Dona Idalina; aquela
casou-se com Clóvis Garcia em Quixadá.
5. ( ) Jandaia, Mimosa e Rendeira: vacas de
estimação da fazenda de Dona Maroca.
(V) Dona Idalina: mulher do Major, tem participação secundária na história.
- Verdadeiro. Dona Idalina é uma personagem secundária na história, sendo esposa do Major, e sua participação é limitada em relação aos principais acontecimentos do romance. Ela aparece em algumas cenas, mas seu papel não é central na trama.
(V) Sinhá Eugênia: mulher que mora em Castro e em cuja casa ficou Mocinha, cunhada de Chico Bento.
- Verdadeiro. Sinhá Eugênia é uma personagem importante no contexto da trajetória de Mocinha, a cunhada de Chico Bento. Mocinha encontra refúgio em sua casa, depois de ser deixada para trás pela família, e lá ela se vê confrontada com as dificuldades de uma vida marcada pela pobreza e pela busca por sobrevivência.
(V) Paulo: bacharel, irmão de Vicente, orgulhoso, renega sua origem sertaneja.
- Verdadeiro. Paulo é o irmão mais velho de Vicente e tem uma postura de orgulho em relação à sua origem sertaneja. Ele tenta afastar-se de suas raízes, considerando a vida rural e a pobreza como algo que o envergonha, o que reflete o conflito entre a origem e a ascensão social que ele almeja.
(V) Lourdes e Alice: filhas de Dona Idalina; aquela casou-se com Clóvis Garcia em Quixadá.
- Verdadeiro. Lourdes e Alice são filhas de Dona Idalina. Lourdes se casou com Clóvis Garcia, o que destaca uma das relações familiares dentro do romance. A obra explora os relacionamentos e as dinâmicas familiares entre os diferentes personagens.
(F) Jandaia, Mimosa e Rendeira: vacas de estimação da fazenda de Dona Maroca.
- Falso. Jandaia, Mimosa e Rendeira não são vacas de estimação da fazenda de Dona Maroca. Elas são, na verdade, personagens de um simbolismo mais amplo, associadas à ideia da vida no campo e às dificuldades da subsistência rural, mas não fazem parte de uma relação de "estimação" no contexto da narrativa.
16- Coloque v ou f:
a)
Vicente e Conceição são primos. Não
se sabe onde se conheceram nem em que circunstâncias. É provável que, sendo
parentes, conheçam-se desde a infância. O interesse um pelo outro nasceu na
época da adolescência.
b)
Quando partiram para São Paulo, Chico Bento e
Cordulina levavam apenas dois filhos, os que não têm nome na história.
c)
Duquinha
é filho de Chico Bento e Cordulina.
- Verdadeiro. Vicente e Conceição são primos e, embora o romance não forneça detalhes sobre como se conheceram, é possível inferir que, por serem parentes, tenham se conhecido desde a infância. O romance de ambos começa a se desenvolver na adolescência, e o interesse mútuo é claramente expresso, mas as circunstâncias iniciais de seu relacionamento não são detalhadas na obra.
b) (F) Quando partiram para São Paulo, Chico Bento e Cordulina levavam apenas dois filhos, os que não têm nome na história.
- Falso. Quando Chico Bento e Cordulina partem para São Paulo, o casal leva os filhos, mas não são apenas dois. Além disso, os filhos que aparecem na história são mais do que apenas dois, e alguns são nomeados (como Duquinha), enquanto outros são mencionados de maneira mais vaga.
c) (V) Duquinha é filho de Chico Bento e Cordulina.
- Verdadeiro. Duquinha é, de fato, filho de Chico Bento e Cordulina. Ele é um dos filhos do casal, e sua presença na narrativa é significativa, principalmente nas partes que tratam da vida difícil e das dificuldades enfrentadas pela família durante a seca e a fuga do sertão.
17- Coloque v ou f:
a)Vicente tinha dentes brancos com um ponto de ouro.
b) Na intimidade, quando se põe a pensar na vida e na felicidade,
Vicente associa tais coisas à Conceição.
- Verdadeiro. Na descrição de Vicente, a autora menciona que ele possui dentes brancos, e é destacado um ponto de ouro, um detalhe que sublinha a sua aparência cuidada e certa sofisticação, apesar de sua origem rural e da simplicidade de sua vida no sertão.
b) (V) Na intimidade, quando se põe a pensar na vida e na felicidade, Vicente associa tais coisas à Conceição.
- Verdadeiro. Vicente, em momentos de reflexão mais íntima, associa a felicidade e o sentido de vida com Conceição. Isso reflete o quanto ele é influenciado por ela e como ele idealiza o relacionamento deles, mesmo que as diferenças culturais e as adversidades externas desafiem essa visão.
18-Coloque v ou f:
a) ( ) Romance narrado em terceira pessoa, com narrador
onisciente.
b)( ) Romance modernista, vinculado ao regionalismo
voltado para o Nordeste.
c) ( ) A construção dos personagens obedece ao
princípio da realidade. Não há fantasia nem exagero ao caracterizá-los. São
humanos: frágeis, fortes, às vezes acertam, às vezes erram.
d)( ) A natureza é hostil, ameaçadora. Em função dela,
há morte e tragédia a cada instante.
19- Coloque v ou f:
( ) A elaboração dos diálogos flui espontânea, normal,
cotidiana.
( ) O sucesso do livro está atrelado à simplicidade da
linguagem (a mais difícil das virtudes literárias!). Não há exibicionismo da
autora no uso de palavreado erudito.
( ) A linguagem da autora é sóbria, direta, enxuta,
sobressaindo a nitidez das formas e a emoção sem grandiloquência.
a)
vaqueiro
b) mulher de Chico Bento
c) Irmã de Cordulina, cunhada de
Chico Bento
d) compadre de Chico Bento e Cordulina
e) esposa de Luís Bezerra, madrinha
do Josias
f)
filho de Chico Bento e Cordulina
g) filho mais velho de Chico Bento e Cordulina
h) : filho caçula de Chico Bento e
Cordulina
i)
proprietário e criador de gado
j)
irmão mais velho de Vicente
k) irmã mais velha de Vicente
l)
irmã mais nova de Vicente
m) prima de Dona Inácia e a mãe de Vicente,
Paulo, Alice e Lourdinha
n) professora prima de Vicente
o) avó de Conceição
p) moradora de Quixadá, interessada em Vicente
q) trabalhava na fazenda de Vicente
r)
fazendeiro rico da região de Quixadá
s) fazendeira e dona da fazenda
Aroeiras, na região de Quixadá
t)
filha do vaqueiro Zé Bernardo
c) Irmã de Cordulina, cunhada de Chico Bento – Mocinha
d) Compadre de Chico Bento e Cordulina – Luís Bezerra
e) Esposa de Luís Bezerra, madrinha do Josias – Doninha
f) Filho de Chico Bento e Cordulina – Josias
g) Filho mais velho de Chico Bento e Cordulina – Pedro
h) Filho caçula de Chico Bento e Cordulina – Manuel (Duquinha)
i) Proprietário e criador de gado – Vicente
j) Irmão mais velho de Vicente – Paulo
k) Irmã mais velha de Vicente – Lourdinha
l) Irmã mais nova de Vicente – Alice
m) Prima de Dona Inácia e a mãe de Vicente, Paulo, Alice e Lourdinha – Dona Idalina
n) Professora prima de Vicente – Conceição
o) Avó de Conceição – Mãe Nácia (Dona Inácia)
p) Moradora de Quixadá, interessada em Vicente – Mariinha Garcia
q) Trabalhava na fazenda de Vicente – Chiquinha Boa
r) Fazendeiro rico da região de Quixadá – Major
s) Fazendeira e dona da fazenda Aroeiras, na região de Quixadá – Dona Maroca
t) Filha do vaqueiro Zé Bernardo – Zefinha
x)
Resumo da Obra O Quinze: ESTÁ NA ORDEM SEQUENCIAL, A PRINCÍPIO TINHAM QUE COLOCAR NA ORDEM SEQUENCIAL.
Chico Bento e sua família em Quixadá: Chico Bento, vaqueiro, vivia com sua esposa Cordulina e seus três filhos na fazenda de Dona Maroca, em Quixadá. O sustento vinha da terra, mas a seca assolava a região.
Migração para Fortaleza: A seca levou a família a migrar para a capital, Fortaleza, na busca por melhores condições de vida, já que estavam sem trabalho.
Caminhada para Fortaleza: Sem dinheiro para a passagem, a família fez o trajeto a pé de Quixadá até Fortaleza, enfrentando dificuldades como fome e sede ao longo do caminho.
Encontro com outro grupo de retirantes: No caminho, Chico Bento e sua família se deparam com outro grupo de retirantes que saciavam a fome com a carcaça de um gado. Comovido, Chico divide a pouca comida que levava com eles.
Problema com a cabra: Ao matar uma cabra para alimentação, o dono do animal, embora comovido com a história de Chico Bento, só deixa as vísceras para alimentá-los.
Morte de Josias: Em meio à fome, um dos filhos, Josias, come uma raiz de mandioca crua, o que leva à sua morte.
Sepultamento de Josias: Josias é enterrado à beira da estrada, com uma cruz improvisada feita pelo pai. O narrador destaca que Josias está em paz, livre da miséria que o aguardava.
Desaparecimento de Pedro: O filho mais velho, Pedro, se junta a outro grupo de retirantes e desaparece, sem que seus pais o vejam novamente.
Chegada a Fortaleza e o "Campo de Concentração": A família chega a Fortaleza e é direcionada para o "Campo de Concentração", onde estão os flagelados da seca.
Encontro com Conceição: No campo, conhecem Conceição, uma professora voluntária, que se torna madrinha do filho caçula do casal, Duquinha.
Ajuda de Conceição: Conceição ajuda a família a comprar passagens para São Paulo e, como madrinha, pede para ficar com Duquinha, a quem considera como filho. Apesar da resistência dos pais, o menino fica no Ceará com sua madrinha.
Conceição e Vicente: Conceição, prima de Vicente (proprietário de gado mesquinho), se sente atraída por ele, mas Vicente se interessa por Mariinha Garcia, uma moradora de Quixadá.
Conselho da avó: A avó de Conceição consola a neta, dizendo que a vida é difícil e que, com o tempo, os homens se tornam melhores.
A chegada da chuva e a despedida de Logradouro: Com a chegada da chuva e a esperança renovada, a avó de Conceição decide voltar para sua terra natal, Logradouro, enquanto Conceição resolve ficar em Fortaleza.
Trechos da Obra O Quinze com Explicação:
Trecho 1:
"Depois de se benzer e de beijar duas vezes a medalhinha de São José, Dona Inácia concluiu: 'Dignai-vos ouvir nossas súplicas, ó castíssimo esposo da Virgem Maria, e alcançai o que rogamos. Amém.' Vendo a avó sair do quarto do santuário, Conceição, que fazia as tranças sentada numa rede ao canto da sala, interpelou-a: - E isto chove, hein, Mãe Nácia? Já chegou o fim do mês... Nem por você fazer tanta novena..."
- Explicação: Este trecho retrata a religiosidade de Dona Inácia, que realiza um ritual de benzedura e oração pedindo por chuva, típica do sofrimento do povo nordestino diante da seca. Conceição, por outro lado, faz uma crítica irônica à fé da avó, questionando a eficácia da oração, já que a situação não muda. A frase revela a frustração do povo nordestino com a espera por ajuda divina diante da miséria e da seca.
Trecho 2:
"Agora, ao Chico Bento, como único recurso, só restava arribar. Sem legume, sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar morrendo de fome, enquanto a seca durasse. Depois, o mundo é grande e no Amazonas sempre há borracha... Alta noite, na camarinha fechada que uma lamparina moribunda alumiava mal, combinou com a mulher o plano de partida. Ela ouvia chorando, enxugando na varanda encarnada da rede, os olhos cegos de lágrimas. Chico Bento, na confiança do seu sonho, procurou animá-la, contando-lhe os mil casos de retirantes enriquecidos no Norte."
- Explicação: O trecho mostra o desespero de Chico Bento diante da seca e da fome. Ele toma a decisão de deixar a terra natal e partir em busca de uma vida melhor, mesmo sem recursos. Ele usa a promessa de um futuro melhor, contando histórias de retirantes que ficaram ricos no Norte, para tentar confortar a esposa, Cordulina. Este é um momento de desesperança e também de resistência, típico das condições extremas enfrentadas pelo povo nordestino.
Trecho 3:
"No dia seguinte, de madrugada bem cedo, Vicente, no seu cavalo pedrês, galopava na estrada. De longe ainda apareceu-lhe a casa do Logradouro, erguida no seu alto. As janelas verdes, cerradas, o alpendre vazio, o curral, com a poeira seca do estrume meio varrida pelo vento. Defronte à janela do quarto de Conceição, uma forquilha onde sempre havia uma panela de barro com um craveiro, se espetava sozinha, sem planta e sem panela, estendendo para o ar os três braços vazios. E na frente do alpendre, um gato faminto, esguio como uma cobra, miava lamentosamente."
- Explicação: Este trecho descreve o cenário desolador da casa de Conceição, que agora está vazia e em ruínas, refletindo a seca e a miséria que assola a região. A imagem do gato faminto simboliza o abandono e a tristeza. A casa vazia, sem vida, é uma metáfora para a devastação causada pela seca e pela falta de recursos. O vazio do ambiente também é uma representação da falta de esperança.
Trecho 4:
"Tudo isso era vagaroso, e ainda tinham que sofrer vários meses de fome. À medida que a cadeirinha avançava, Dona Inácia informava-se com o vaqueiro sobre o que sucedera pelo Logradouro. O homem só aludia a misérias e a mortes. Dos olhos embaciados da velha, as lágrimas desciam, apressadas. E ao ver a sua casa, o curral vazio, o chiqueiro da criação devastado e em silêncio, a vida morta, apesar do lençol verde que tudo cobria, Dona Inácia amargamente chorou, com a mesma desesperada aflição de quem encontra o corpo de alguém muito querido, que durante nossa ausência morreu."
- Explicação: Aqui, Dona Inácia, ao retornar para sua terra natal, encontra sua casa e propriedades destruídas pela seca. A dor de ver o curral vazio e o chiqueiro devastado é comparada à dor de perder um ente querido. O "lençol verde" que cobre a terra é a última esperança de vida, mas o vazio e o silêncio revelam a tragédia. As lágrimas de Dona Inácia refletem a perda irreparável e a impotência diante da situação.
Trecho 5:
"O povo se apinhava na avenida, o dinheiro circulava alegremente, as lâmpadas de carbureto espargiam sobre o burburinho focos de luz muito branca, que tornava baça e triste a cara afilada da lua crescente. Num grupo, a um recanto iluminado, Conceição, Lourdinha e o marido, Vicente e o novo dentista da terra - um moço gordo, roliço, de costeletas crespas e o pince-nez sempre mal seguro no nariz redondo - conversavam animadamente."
- Explicação: Este trecho descreve a cena de um momento de aparente prosperidade, em contraste com a seca e a miséria do interior. O povo, reunido na avenida, simboliza a vida urbana e o contraste com a realidade do campo. A descrição do dentista, um personagem fútil e com aparência distinta, destaca as diferenças sociais e as relações entre as classes. A luz fria das lâmpadas de carbureto e a lua crescente criam uma atmosfera melancólica, sublinhando o contraste entre a agitação da cidade e as dificuldades da vida rural.
tt)
Interpretação para nota:
O QUINZE
Mas foi em vão que Chico Bento contou ao homem das passagens a sua necessidade
de se transportar a Fortaleza com a família. Só ele, a mulher, a cunhada e
cinco filhos pequenos.
O homem não atendia.
- Não é possível. Só se você esperar um mês. Todas as passagens que eu tenho
ordem de dar, já estão cedidas. Por que não vai por terra?
- Mas, meu senhor, veja que ir por terra com esse magote de meninos é uma
morte!
O homem sacudiu os ombros:
- Que morte! Agora é que retirante tem esses luxos . . . No 77 não teve trem
para nenhum. É você dar um jeito, que, passagens, não pode ser. . .
Chico Bento foi saindo.
Na porta, o homem ainda o consolou:
- Pois se quiser esperar, talvez se arranje mais tarde. Imagine que tive de
ceder cinqüenta passagens ao Matias Paroara, que anda agenciando rapazes
solteiros para o Acre!
Na loja do Zacarias, enquanto matava o bicho, o vaqueiro desabafou a raiva:
- Desgraçado! Quando acaba, andam espalhando que o governo ajuda os pobres. ..
Não ajuda nem a morrer!
O Zacarias segredou:
- Ajudar, o governo ajuda. O preposto é que é um ratuíno. . .Anda vendendo as
passagens a quem der mais . . .
Os olhos do vaqueiro luziram:
- Por isso é que ele me disse que tinha cedido cinquenta passagens ao Matias
Paroara! . . .
- Boca de ceder! Cedeu, mas foi mão pra lá, mão pra cá . . O Paroara me disse
que pouco faltou pro custo da tarifa . . .Quase não deu interesse . . .
Chico Bento cuspiu com a ardência do mata-bicho:
- Cambada ladrona!
(Do romance homônimo de Rachel de Queiroz)
1 ) Os olhos de Chico Bento luziram de
a) revolta. d) dor.
b) compreensão. e) satisfação.
c) ironia.
2 ) ". . . o governo ( . . . ) não ajuda nem a morrer!" Este desabafo
revela-nos
a) religiosidade. d) comparação.
b) ironia. e) esperança.
c) conformismo.
3) A passagem que melhor caracteriza uma atitude irônica, embora amarga e
necessitada, é:
a ) "Só se você esperar um mês."
b) "Mas foi em vão . . . "
c) "Só ele, a mulher, a cunhada e cinco filhos pequenos."
d) ". . . ir por terra com esse magote de meninos é uma morte!"
e) "Por isso é que ele me disse que tinha cedido cinqüenta
passagens..."
4) Este texto foi tirado do romance de Rachel de Queiroz O Quinze. No trecho há
referência a um número: O 77. Estes números indicam
a) os trens encarregados de transportar retirantes.
b) o tempo em meses que durou cada uma das grandes secas nordestinas.
c) os anos em que houve as grandes secas do Nordeste.
d) o total diário de mortes durante as secas.
e) o total de cidades nordestinas assoladas pelas secas.
5) A primeira reação de Chico Bento, após a negativa ao seu pedido, foi:
a) procurar alguém influente para conseguir-lhe as passagens.
b) desabafar sua raiva num comentário contra o homem das passagens.
c) abafar a sua raiva na cachaça.
d) revoltar-se contra o governo.
e) conformar-se com seu destino.
6) O funcionário encarregado de vender as passagens era
a) um inocente útil.
b) um bode expiatório.
c) maria-vai-com-as-outras.
d) pobre-diabo, infeliz como Chico Bento.
e) aproveitador da desgraça alheia.
7) Matias recebeu o apelido de Paroara porque
a) tinha o monopólio das passagens de trem.
b) era considerado um ratuíno por todos que o conheciam bem.
c) contratava rapazes para o trabalho nos seringais.
d) tinha a sagacidade e a tenacidade comuns aos paus-de-arara.
e) nascera no Pará.
8 ) A expressão usada por Chico Bento - "com esse magote de meninos"
- revela
a) a pobreza de seus filhos.
b) a desolação que a seca provocara no vaqueiro.
c) a influência do vocabulário profissional no linguajar quotidiano.
d) o penoso e lastimável estado doentio em que se encontravam os garotos.
e) a hipocrisia do funcionário das passagens.
9) A expressão "mão pra lá e mão pra cá" tem sentido
a) agrícola.
b) comercial.
c) humorístico.
d) náutico.
e) romântico.
10) Assinale, segundo o texto, a afirmativa correta.
a) O Matias Paroara fez um grande negócio com as passagens.
b) O governo vendia as passagens por preço reduzido aos retirantes.
c) Chico Bento estava na capital do Ceará solicitando passagens.
d) O número de pessoas que dependiam do vaqueiro impedia a sua locomoção por
terra.
e) O governo, através de passagens gratuitas, procurava incrementar o envio de
braços para os seringais paraenses.
11. Em relação ao primeiro período do texto "Mas foi em vão que Chico
Bento contou ao homem das passagens a sua necessidade de se transportar a
Fortaleza com a família.", assinale alternativa correta.
1. Há 3 orações.
2. O sujeito da 2ª oração é "Chico Bento".
3. O pronome "sua" se refere a "família".
4. A oração iniciada em "que Chico Bento contou ao homem..." deve ser
classificada como or. subord. substantiva predicativa.
5. "com a família" é o objeto indireto do verbo
"transportar".
a. V - V - F - F - V
b. F - F - F - V - F
c. V - V - F - F - F
d. F - V - F - F - F
e. F - F - F - F - F
12. Ainda em relação ao 1º período do texto.
1. "Mas foi à-toa Chico Bento ter contado ao bilheteiro que era necessário
transferir os familiares para Fortaleza", apesar de nova redação, o texto
original não sofreu alteração .
2. Em "... contou ao homem das passagens a sua necessidade..." o
emprego do acento grave no "a" é facultativo, haja vista ocorrer
antes de pronome possessivo.
3. Os vocábulos "família" e "só" foram acentuados
corretamente porque toda paroxítona terminada em ditongo e toda monossílaba
tônica devem ser acentuadas graficamente.
4. No 1º período do texto, aparece três vezes o monossílabo "a",
respectivamente, preposição, artigo e artigo.
5. Em "...contou ao homem das passagens" temos combinação e contração
de preposições com artigos.
a. V - V - V - V - F
b. F - F - F - F - V
c. F - V - F - F - F
d. V - V - V - F - F
e. F - F - F - V - V
13. Julgue as alternativas abaixo e escolha a alternativa que reúna as respostas
corretas.
1. O segmento "Por que não vai por terra?" poderia ser modificado,
sem alteração semântica e sem incorreção, para "Você não vai por terra,
por quê?"
2. Se não soubéssemos que O Quinze é o célebre romance de Raquel de Queiroz,
que enfoca a terrível seca de 1915 e a miséria do sertão, o texto poderia
sugerir que Chico Bento pleiteava para si e para a família passagens aéreas.
3. No trecho “- Que morte! Agora é que retirante tem esses luxos ..." ,
pode-se afirmar que o verbo ter foi empregado corretamente no campo semântico,
mas cometeu-se erro de concordância.
4. No trecho " É você dar um jeito, que, passagens, não pode ser..."
a palavra "que" poderia ser substituída, sem mudança de significado,
por porque.
5. Em " No 77 não teve trem para nenhum.", o verbo ter foi empregado
em desacordo com a norma culta da língua.
a. V - V - V - V - F
b. F - F - F - F - V
c. F - V - F - V - F
d. V - V - V - F - F
e. V - F - F - V - V
14. Julgue as alternativas abaixo e escolha a alternativa que reúna as respostas
corretas.
1. No trecho "- Pois se quiser esperar, talvez se arranje mais
tarde.", a palavra "se" deve ser classificada, respectivamente,
como conjunção subordinativa condicional e como partícula apassivadora.
2. Observe que os vocábulos "talvez" e "quiser" foram
grafados, respectivamente com Z e S; verifique, agora, se todos os vocábulos a
seguir foram grafados corretamente: pequinez, altivez, indez, quisesse,
graniso, aviso, hemoptise.
3. "O preposto é que é um ratuíno..." poderia ser substituído por
"O representante é um ordinário".
4. No período "O preposto é que é um ratuíno..." há duas orações.
5. O acento agudo em ratuíno deve-se à regra de acentuação dos hiatos, observe
se houve acentuação correta, pela mesma regra, nos vocábulos: genuíno, friíssimo
e sanguíneo.
a. V - V - V - V - F
b. F - F - F - F - V
c. F - V - F - V - F
d. V - F - V - F - F
e. V - F - F - V -V
15. Observe a construção "Chico Bento cuspiu com a ardência do
mata-bicho."
1. O verbo "cuspir" está flexionado na 3ª pessoa do singular do
pretérito perfeito do indicativo, o presente do indicativo é: cuspo, gospes,
gospe, cuspimos, cuspis, gospem.
2. "mata-bicho" é um substantivo composto, significa cachaça ou
aguardente; no plural, fica "mata-bichos".
3. A função sintática de "mata-bicho" é complemento nominal.
4. "cuspir" nesse período é verbo intransitivo.
5. "com", preposição, não exerce função sintática, é apenas um
conectivo, que liga o termo regente (o verbo cuspir) a um termo subordinado (o
substantivo ardência).
a. V - V - V - V - F
b. F - F - F - F - V
c. F - V - F - V - V
d. V - F - V - F - F
e. V - F - F - V - V
Respostas:
1B - 2B - 3C - 4C - 5D - 6E - 7C - 8C - 9B - 10D - 11C - 12B - 13E - 14D -
15C
O Livro está dividido em dois Momentos. No primeiro está o criador de gato
Vicente, a professora Conceição e o vaqueiro Chico Bento e sua família. A
Conceição é prima de paixonite pelo rude primo, porém não tinha em mente em se
casar. Durante as férias a professora ia para a fazenda da família, na
localidade de Logradouro, perto de Quixadá. Com o medo da chegada da seca, a
avó de Conceição foi trabalhar no campo de concentração, local que os
retirantes ficam e ai descobre algo muito peculiar de seu primo.
No segundo momento está Chico Bento, que é casado com Cordulina. O casal e
seus cinco filhos vivenciam a tragédia da seca, representando então os
retirantes. Chico Bento é obrigado a deixar a fazenda em que trabalha. Com seu
pouco dinheiro, tenta comprar passagens de trem, em que foi uma péssima
tentativa. Com este dinheiro Chico Bento compra alimentos e uma burra. E diz:
“– Que passagens! Tem de ir tudo é por terra, feito animal! Nesta desgraça quem
é que arranja nada! Deus só nasceu pros ricos!”. Durante o trajeto a fome bate,
e Josias, o mais novo dos filhos, come mandioca crua, envenenando-se e levando
a morte. A família segue o seu destino. A fome não espera e o vaqueiro encontra
uma cabra, à mata e come as tripas do animal. Após um longo trajeto Chico Bento
sente a falta de Pedro, filho mais velho. Em Acarapé encontram um delegado. Lá
recebem suprimentos e descobrem que o garoto fugiu com comboieiros de cachaça.
A PARTIR DESSE TRECHO, UMA OPINIÃO DE UMA LEITORA…
“Daí em diante a nova atitude que o romance assume frente ao drama dos
retirantes da seca, vistos agora de uma perspectiva que harmoniza o social e o
psicológico sem perder o foco de entrada para alguns temas políticos da maior
importância para a época, entre eles o da afirmação social da mulher ( no caso,
a protagonista Conceição) naquele contexto difícil e sabidamente adverso. Sob
este aspecto, se é correto dizer, como o fez a melhor crítica, que a heroína do
Quinze em ultima instancia investiga e interroga o seu destino, a verdade é
que, visto a partir dele, o drama social dos flagelados parece diluir-se no
pano de fundo da paisagem calcinada que a linguagem de Raquel de Queiroz recupera
de um ângulo lírico e alusivo, mais cheio de corrosão.”
Dissertativas
- Como a obra "O Quinze" reflete a relação entre o drama social da seca e a afirmação social da mulher representada pela personagem Conceição?
- Analise como a linguagem de Raquel de Queiroz contribui para a representação lírica e alusiva do cenário da seca e seus impactos na vida dos personagens.
Alternativas
Qual é o principal conflito enfrentado por Chico Bento e sua família no segundo momento do romance?
a) Desemprego na fazenda.
b) A fome durante o trajeto como retirantes.
c) Conflito com comboieiros de cachaça.
d) A seca enquanto metáfora psicológica.
Resposta: bQual é o destino de Pedro, filho mais velho de Chico Bento?
a) Ele falece de fome.
b) Ele é acolhido pelo delegado.
c) Ele foge com comboieiros de cachaça.
d) Ele encontra trabalho na fazenda.
Resposta: c
Verdadeiro ou Falso
( ) Conceição é retratada como uma mulher submissa ao contexto social e às adversidades da época.
Resposta: Falso( ) O romance "O Quinze" utiliza a seca como pano de fundo para explorar tanto o drama social quanto as questões psicológicas e políticas.
Resposta: Verdadeiro
Correspondência
- Relacione os personagens ao papel que desempenham no romance:
a) Conceição -
b) Chico Bento -
c) Cordulina -
d) Josias -
Respostas:
a) Protagonista que representa a afirmação social da mulher.
b) Vaqueiro retirante que luta contra os desafios da seca.
c) Esposa de Chico Bento, mãe dedicada.
d) Filho mais novo que morre envenenado.
Questões de Interpretação
- Como a opinião da leitora destaca a integração entre os aspectos sociais, psicológicos e políticos no romance?
Resposta: A opinião destaca que o romance harmoniza as questões sociais e psicológicas dos retirantes enquanto aborda temas políticos importantes, como a afirmação social da mulher, usando a linguagem lírica para ilustrar o drama da seca.
Questões de Análise Crítica
- De que maneira a personagem Conceição simboliza a resistência feminina diante das adversidades sociais e culturais de sua época?
Resposta: Conceição é apresentada como uma mulher que questiona seu destino e desafia as expectativas sociais, representando uma voz de resistência e progresso em um contexto adverso marcado pela seca e desigualdade.
Questões de Complementação Simples
- Conceição, personagem principal de "O Quinze", é __________ e representa o tema da __________ no romance.
Resposta: professora; afirmação social da mulher
Na época
de Rachel de Queiróz, no Brasil e no mundo, se verificava um contexto histórico
em que o quadro social, econômico e político era conturbado. Logo no início da
década de 30 o mundo já sofria os impactos causados pela quebra da bolsa de
Nova York, em 1929. É também na década de 30 que é eleito nos Estados Unidos
Franklin Delano Roosevelt, e no Brasil, Getúlio Vargas. Na Alemanha, Hitler é
eleito chanceler. O cinema nesta década é um dos fatores mais marcantes.
Influencia toda a tendência de moda, não só vestuário, mas também a estética
feminina e também masculina. No Brasil, as marchinhas de carnaval, dentre
outras músicas, ganham maior destaque. No mundo das artes, Salvador Dali ganha
destaque, juntamente com Pablo Picasso, que expõe seu tão conhecido quadro
“Guarnica”, em 1937. Nesta década também notamos a presença de algumas
inovações tecnológicas. No final da década, o mundo já sofria com uma possível
guerra de caráter mundial, que aconteceu em 1939 e mudou toda a moda e a forma
de vida de todo o mundo. Os modelos militares passaram a ser muito usados; as
mulheres tiveram suas saias encurtadas e cortadas na lateral, para facilitar a
locomoção e o trabalho. O mundo sofria com a crise e com a guerra.
Rachel de Queiróz mostrava em
seus textos uma nova postura diante da realidade. Focava em interesses por
temas nacionais e uma linguagem mais brasileira, também utilizava o realismo,
principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a migração, os problemas
de trabalhadores rurais, a miséria e a ignorância foram ressaltados. Uma de
suas principais características era o questionamento da existência humana, do
sentimento de “estar-no-mundo”, inquietação social, religiosa, filosófica e
amorosa. É nesse contexto que surge a primeira obra romântica da autora: O
Quinze.
Dissertativas
Explique como o contexto histórico da década de 1930 influenciou a obra de Rachel de Queiroz, especialmente "O Quinze".
Resposta: O contexto da década de 1930, marcado por crises econômicas, a ascensão de líderes como Vargas no Brasil e Hitler na Alemanha, além das mudanças culturais e sociais, influenciou Rachel de Queiroz a adotar temas nacionais e realistas em "O Quinze". A seca, a migração, a miséria e os problemas dos trabalhadores rurais refletem as preocupações sociais e econômicas da época. Sua linguagem brasileira e o foco em questões humanas universais demonstram uma nova postura literária alinhada com as inquietações do período.Analise como Rachel de Queiroz aborda o sentimento de “estar-no-mundo” em sua obra "O Quinze".
Resposta: Rachel de Queiroz utiliza o sentimento de “estar-no-mundo” para explorar as inquietações existenciais dos personagens, relacionando-as à realidade social do Nordeste brasileiro. Em "O Quinze", ela conecta o drama individual à tragédia coletiva da seca, demonstrando a interação entre as questões sociais e as reflexões humanas sobre sua existência e papel no mundo.
Alternativas
O que marcou o contexto artístico mundial da década de 1930, segundo o texto?
a) A ascensão do cinema e a influência de Salvador Dalí e Picasso.
b) A criação de obras voltadas ao tema da guerra.
c) O domínio exclusivo do teatro como expressão artística.
d) A rejeição total às inovações tecnológicas.
Resposta: aQual é uma das principais características da escrita de Rachel de Queiroz mencionadas no texto?
a) O foco exclusivo na cultura urbana.
b) A negação de temas nacionais.
c) A utilização de uma linguagem realista e brasileira.
d) A preferência por temas de fantasia.
Resposta: c
Verdadeiro ou Falso
( ) Rachel de Queiroz utilizava o realismo em suas obras para explorar questões religiosas e filosóficas do Nordeste brasileiro.
Resposta: Verdadeiro( ) A seca e a migração são temas recorrentes em "O Quinze" porque Rachel de Queiroz queria evitar o contexto social da época.
Resposta: Falso
Questões de Correspondência
- Relacione os acontecimentos globais e nacionais aos seus impactos descritos no texto:
a) Quebra da bolsa de Nova York -
b) Ascensão de Getúlio Vargas -
c) Influência do cinema -
d) Segunda Guerra Mundial -
Respostas:
a) Crise econômica mundial.
b) Transformações políticas no Brasil.
c) Modificação de tendências de moda e estética.
d) Mudanças na vestimenta e no modo de vida.
Interpretação
- Como o contexto mundial influenciou o estilo literário de Rachel de Queiroz?
Resposta: O contexto mundial, caracterizado por crises econômicas, guerras e mudanças culturais, inspirou Rachel de Queiroz a adotar uma postura literária mais realista e comprometida com os problemas sociais brasileiros, refletindo as tensões e desafios da época em sua obra.
Análise Crítica
- De que maneira "O Quinze" pode ser considerado uma obra atemporal?
Resposta: "O Quinze" é atemporal porque aborda questões universais, como a luta pela sobrevivência, as desigualdades sociais e as crises existenciais, enquanto também retrata com profundidade o contexto regional e histórico do Nordeste brasileiro. A combinação de realismo social com reflexões humanas torna a obra relevante para diferentes épocas.
Complementação Simples
- "O Quinze", de Rachel de Queiroz, reflete o drama dos trabalhadores rurais __________ e sua luta contra a __________.
Resposta: nordestinos; seca
Resumo O Quinze de Rachel de Queiroz
O Quinze de Rachel de Queiroz – Primeiro Plano – Vicente e Conceição
O primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz é O Quinze. O título
se refere a grande seca de 1915, vivida pela escritora em sua infância.
Em O Quinze de Rachel de Queiroz, o romance se dá em dois planos, um
enfocando o vaqueiro Chico Bento e sua família, o outro a relação afetiva de
Vicente, rude proprietário e criador de gado, e Conceição, sua prima culta e
professora.
Conceição é apresentada como uma moça que gosta de ler vários livros,
inclusive de tendências feministas e socialistas o que estranha a sua avó, Mãe
Nácia – representante das velhas tradições. No período de férias, Conceição
passava na fazenda da família, no Logradouro, perto do Quixadá.
Apesar de ter 22 anos, não dizia pensar em casar, mas sempre se “engraçava”
à seu primo Vicente.
Ele era o proprietário que cuidava do gado, era rude e até mesmo selvagem.
Com o advento da seca, a família de Mãe Nácia decide ir para cidade e deixar
Vicente cuidando de tudo, resistindo. Trabalhava incessantemente para manter os
animais vivos.
Conceição, trabalhava agora no campo de concentração onde ficavam alojados
os retirantes, e descobre que seu primo estava “de caso” com “uma caboclinha
qualquer”. Enquanto ela se revolta, Mãe Nácia a consola dizendo: “Minha filha,
a vida é assim mesmo… Desde hoje que o mundo é mundo… Eu até acho os homens de
hoje melhores.”
Vicente se encontra com Conceição e sem perceber confessa as temerosidades
dela. Ela começa a tratá-lo de modo indiferente. Vicente se ressente disso e
não consegue entender a razão. As irmã de Vicente armam um namoro entre ele e
uma amiga, a Mariinha Garcia.
Ele porém se espanta ao “saber” que estava namorando, dizendo que apenas era
solícito para com ela e não tinha a menor intenção de comprometimento.
Conceição percebe a diferença de vida entre ela e seu primo e a quase
impossibilidade de comunicação. A seca termina e eles voltam para o Logradouro.
O Quinze de Rachel de Queiroz – Segundo Plano – Chico Bento e sua
família
Sem dúvida a parte mais importante do livro. Apresenta a marcha trágica e
penosa do vaqueiro Chico Bento com sua mulher e seus 5 filhos, representando os
retirantes. Ele é forçado a abandonar a fazenda onde trabalhara.
Junta algum dinheiro, compra mantimentos e uma burra para atravessar o
sertão. Tinham o intuito de trabalhar no Norte, extraindo borracha. No
percurso, em momento de grande fome, Josias, o filho mais novo, come mandioca
crua, envenenando-se.
Agonizou até a morte. O seu fim está bem descrito nessa passagem: “Lá se
tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois
paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de
fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida,
para cair depois no mesmo buraco, à sombra das mesma cruz.”
Uma cena marcante na vida do vaqueiro foi a de matar uma cabra e depois
descobrir que tinha dono.
Este o chamou de ladrão, e levou o resto da cabra para sua casa, dando-lhes
apenas as tripas para saciarem. Léguas após, Chico Bento dá falta do seu filho
mais velho Pedro. Chegando ao Aracape, lugar onde supunha que ele pudesse ser
encontrado, avista um compadre que era o delegado.
Recebem alguns mantimentos mas não é possível encontrar o filho. Ficam
sabendo que o menino tinha fugido com comboeiros de cachaça. Notem: “Talvez
fosse até para a felicidade do menino. Onde poderia estar em maior desgraça do
que ficando com o pai?”
Ao chegarem ao campo de concentração, são reconhecidos por Conceição, sua
comadre. Ela arranja um emprego para Chico Bento e passa a viver com um de seus
filhos. Conseguem também uma passagem de trem e viajam para São Paulo,
desistindo de trabalhar com a borracha.
O mais famoso livro de Rachel de Queiroz é mediano com alguns bons momentos.
Dissertativas
Explique como o romance O Quinze aborda a seca de 1915 por meio dos dois planos narrativos principais.
Resposta: O Quinze aborda a seca de 1915 por meio de dois planos narrativos distintos. O primeiro enfoca a relação entre Vicente, um rude criador de gado, e sua prima Conceição, uma professora culta e leitora de tendências feministas. Este plano destaca os contrastes sociais e culturais entre os personagens e a luta para sobreviver no campo. O segundo plano apresenta Chico Bento e sua família, simbolizando os retirantes, que enfrentam as tragédias causadas pela seca, como a fome, a perda de familiares e a migração forçada em busca de melhores condições de vida.Analise a relação entre Vicente e Conceição, considerando as questões sociais e culturais levantadas no romance.
Resposta: A relação entre Vicente e Conceição evidencia o abismo cultural e social entre os dois. Vicente representa a rudeza do sertanejo resistente às adversidades, enquanto Conceição simboliza a modernidade e os ideais progressistas. Embora exista uma atração mútua, as diferenças de valores e perspectivas de vida tornam o relacionamento quase impossível, refletindo as dificuldades de integração entre modernidade e tradição no contexto do sertão nordestino.
Alternativas
Qual evento marca o fim da seca no romance?
a) A morte de Josias.
b) A volta da família de Conceição ao Logradouro.
c) O casamento de Vicente.
d) A fuga de Pedro com os comboieiros de cachaça.
Resposta: bO que acontece com Chico Bento e sua família ao final do romance?
a) Conseguem uma passagem de trem para São Paulo.
b) Permanecem no campo de concentração.
c) Encontram Pedro e reconstroem sua vida.
d) Retornam à fazenda onde trabalhavam.
Resposta: a
Verdadeiro ou Falso
( ) Conceição aceita a traição de Vicente sem questionamentos e mantém uma relação próxima com ele.
Resposta: Falso( ) A trajetória de Chico Bento e sua família representa as dificuldades enfrentadas pelos retirantes durante a seca de 1915.
Resposta: Verdadeiro
Correspondência
- Relacione os personagens com suas ações ou características:
a) Conceição -
b) Vicente -
c) Chico Bento -
d) Josias -
Respostas:
a) Professora culta que trabalha no campo de concentração.
b) Criador de gado rude e trabalhador.
c) Retirante que tenta salvar sua família da fome.
d) Filho de Chico Bento que morre após comer mandioca crua.
Complementação Simples
Durante a marcha pelo sertão, Josias, o filho mais novo de Chico Bento, __________ após comer mandioca crua.
Resposta: envenena-seVicente é descrito como um __________ proprietário e criador de gado, enquanto Conceição é uma professora __________, interessada em leituras de tendências feministas.
Resposta: rude; culta
Análise Crítica
- Qual é o papel do campo de concentração no romance, e como ele reflete o contexto histórico da época?
Resposta: O campo de concentração no romance simboliza a tentativa do governo de controlar a situação dos retirantes durante a seca, mas também expõe a precariedade e a falta de políticas públicas eficazes para lidar com a miséria. Conceição, ao trabalhar no local, representa a solidariedade e a luta por dignidade em meio ao caos, enquanto os retirantes, como Chico Bento, refletem o abandono e a luta pela sobrevivência.
1. Dissertativa:
Questão 1:
Explique como o romance O Quinze apresenta a seca como um fenômeno natural que se entrelaça com as questões sociais e econômicas. Como isso afeta a vida das personagens e a narrativa da obra?
Resposta:
Em O Quinze, a seca não é apenas uma condição climática, mas um reflexo das desigualdades sociais e econômicas. A personagem principal, Conceição, e outros moradores do sertão não enfrentam a seca apenas como um fenômeno natural, mas como uma consequência de uma estrutura social que os abandona. A seca se torna um símbolo das adversidades que os mais pobres enfrentam, sendo responsável por inúmeras tragédias e sofrimento. O impacto da seca vai além da falta de água, afetando o trabalho, a saúde e a vida cotidiana, revelando a marginalização do sertanejo e as dificuldades para sobreviver em um contexto de abandono político e social.
2. Alternativa:
Questão 2:
Qual é a principal motivação de Conceição para ir para Fortaleza durante a seca?
a) Fugir de sua cidade natal e começar uma nova vida.
b) Buscar ajuda para os filhos e salvar a família da fome e da miséria.
c) Fugir de um relacionamento abusivo.
d) Encontrar um trabalho para sustentar sua família.
Resposta correta:
- b) Buscar ajuda para os filhos e salvar a família da fome e da miséria.
3. Verdadeiro ou Falso:
Questão 3:
"O Quinze" é um romance que trata exclusivamente da seca, sem abordar as questões políticas e sociais que afetam o Nordeste brasileiro.
- ( ) Verdadeiro
- ( ) Falso
Resposta correta:
- ( ) Falso
O Quinze aborda a seca, mas também enfoca as questões políticas e sociais, como a pobreza, a desigualdade e a exploração do povo nordestino.
4. Correspondência:
Questão 4:
Associe as personagens do romance O Quinze aos seus respectivos papéis ou características.
- Conceição
- Quinze
- João Ramos
- Maria José
a) O marido de Conceição, que se dedica à sobrevivência no sertão.
b) A jovem que, apesar das adversidades, tem um grande espírito de luta.
c) A seca, que é simbolicamente personificada como um evento devastador.
d) A mulher que enfrenta o sofrimento da seca, mas mantém sua força para salvar sua família.
Resposta:
1 - d) A mulher que enfrenta o sofrimento da seca, mas mantém sua força para salvar sua família.
2 - c) A seca, que é simbolicamente personificada como um evento devastador.
3 - a) O marido de Conceição, que se dedica à sobrevivência no sertão.
4 - b) A jovem que, apesar das adversidades, tem um grande espírito de luta.
5. Análise Crítica:
Questão 5:
Analise criticamente a maneira como Rachel de Queiroz usa a seca em O Quinze. De que forma o fenômeno natural serve para criticar a estrutura política e social da época? Como a autora usa o sofrimento das personagens para enfatizar essa crítica?
Resposta:
Rachel de Queiroz utiliza a seca não apenas como um fenômeno natural, mas como uma metáfora para a opressão social e política sofrida pelos nordestinos. O sofrimento das personagens é ampliado pela falta de apoio governamental e pela desumanização dos mais pobres, que são forçados a enfrentar um ambiente hostil sem as condições mínimas para sobreviver. A autora denuncia a exploração do sertanejo e a indiferença das autoridades, utilizando a seca para ilustrar a negligência do Estado e a luta diária pela sobrevivência. A tragédia da seca torna-se uma crítica social, onde a natureza e a estrutura social se entrelaçam para formar um cenário implacável.
6. Questões objetivas de múltipla escolha:
Questão 6:
O que simboliza a figura do "quinze" no romance de Rachel de Queiroz?
a) O dia em que a seca atingiu o auge, causando grandes perdas.
b) A data em que a cidade de Fortaleza foi tomada pela seca.
c) O impacto devastador da seca e a luta pela sobrevivência no sertão nordestino.
d) Um evento específico que trouxe a esperança para os sertanejos.
Resposta correta:
- c) O impacto devastador da seca e a luta pela sobrevivência no sertão nordestino.
7. Complementação Simples:
Questão 7:
Complete a frase: A seca em O Quinze pode ser vista como uma metáfora para ___________.
Resposta:
A seca em O Quinze pode ser vista como uma metáfora para a opressão social e a negligência das autoridades para com o povo nordestino.
8. Resposta Única:
Questão 8:
Qual é o principal tema abordado por Rachel de Queiroz em O Quinze?
Resposta:
O principal tema abordado é a seca, como um evento que reflete a miséria e as condições de vida dos sertanejos, além de explorar a luta pela sobrevivência no contexto social e político do Nordeste.
9. Interpretação:
Questão 9:
O que a autora sugere sobre a relação entre os sertanejos e o Estado em O Quinze?
Resposta:
A autora sugere que o Estado é indiferente às necessidades dos sertanejos, deixando-os à própria sorte durante a seca. A falta de assistência e a exploração dos recursos do sertão refletem o abandono e a negligência por parte das autoridades, agravando a situação de miséria e sofrimento da população.
10. Resposta Múltipla:
Questão 10:
Quais elementos são destacados no romance O Quinze como características essenciais da luta pela sobrevivência dos personagens?
a) A resistência física e psicológica diante das adversidades.
b) A ajuda mútua entre os personagens e a solidariedade.
c) A dependência total do auxílio do governo.
d) A esperança de que a seca tenha um fim breve.
Respostas corretas:
- a) A resistência física e psicológica diante das adversidades.
- b) A ajuda mútua entre os personagens e a solidariedade.
11. Asserção-Razão:
Questão 11:
Asserção: A seca em O Quinze é um elemento central que define as ações dos personagens no romance.
Razão: A seca, por ser um fenômeno natural, é a principal causa dos conflitos e das decisões que as personagens tomam ao longo da história.
a) A asserção e a razão são corretas, e a razão é uma explicação da asserção.
b) A asserção e a razão são corretas, mas a razão não é uma explicação da asserção.
c) A asserção é correta, mas a razão é falsa.
d) A asserção é falsa, mas a razão é verdadeira.
Resposta correta:
- a) A asserção e a razão são corretas, e a razão é uma explicação da asserção.
12. Questão de Foco Negativo:
Questão 12:
Qual das alternativas abaixo NÃO é uma característica da obra O Quinze?
a) A seca como metáfora da luta pela sobrevivência no sertão.
b) A crítica à negligência das autoridades em relação ao povo nordestino.
c) O foco em um conflito entre os sertanejos e a natureza sem interações sociais.
d) A representação da pobreza e miséria no contexto do Nordeste brasileiro.
Resposta correta:
- c) O foco em um conflito entre os sertanejos e a natureza sem interações sociais.
13. Questão de Associação:
Questão 13:
Associe as personagens do romance O Quinze com suas características ou papéis principais.
- Conceição
- Quinze
- João Ramos
- Maria José
a) Representa a luta do povo sertanejo contra a seca e a opressão.
b) A seca, uma personagem central, é simbolicamente personificada.
c) Representa a resistência dos sertanejos, especialmente das mulheres, durante a adversidade.
d) Uma jovem que busca a liberdade e a transformação em meio ao sofrimento.
Resposta:
1 - c) Representa a resistência dos sertanejos, especialmente das mulheres, durante a adversidade.
2 - b) A seca, uma personagem central, é simbolicamente personificada.
3 - a) Representa a luta do povo sertanejo contra a seca e a opressão.
4 - d) Uma jovem que busca a liberdade e a transformação em meio ao sofrimento.
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