Redação nº LÍNGUA PORTUGUESA
Professora: Bernadete |
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Bimestre |
PRODUÇÃO DE TEXTO |
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º E.F. |
06 / 03 / 2020 |
1º |
RESUMO |
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A literatura é considerada ficção, porém
apresenta a realidade por meio da representação. É nessa relação com a
realidade, que o leitor é convidado a desvendar as lacunas da obra literária. A
literatura é a expressão do ser humano e das ações que instaura com a sociedade
e com seu espaço no mundo. A literatura, então, possibilita ao leitor uma
aproximação com o espaço ficcional, exigindo envolvimento, porém, na mesma
medida, estabelece um distanciamento para poder compreender a elaboração do
processo literário. Assim, o leitor aprende e recebe como prêmio dessa
aprendizagem, a capacidade de refletir sobre si mesma e (texto literário) e
sobre sua própria realidade.
RESUMO:
Leia o conto
: Uma Vela para Dario -
Dalton Trevisan (obs.: professora colocou negrito)
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim
que ( no momento em que)dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar,
encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada,
ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no
e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se
ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco,
estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu
aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta.
Quando lhe retiraram os sapatos,
Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se
na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de
uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela.
O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça
do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha
gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o
motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario
conduzido de volta e recostado á parede - não
tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na
outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do
quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria.
Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas
pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as
delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com
vários objetos - de seus bolsos e
alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo
do nome, idade; sinal de nascença. O endereço
na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de
duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a
polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios.
Restava a aliança de ouro na mão
esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com
sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu — Ele morreu,
ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim.
Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar
a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a
boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se
espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com
almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado
do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado
pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e,
três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A
vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que
voltava a cair. Dalton Trevisan, Uma Vela para Dario, Vinte contos menores. Rio de Janeiro: Record, 1979
RESUMO:
Dalton
Trevisan, no conto “Uma
vela para Dario ”, extraído da obra “Vinte |
contos menores” publicado
pela editora Record no ano de 1979
conta-nos que.... |
"Uma Vela para Dario" é um conto de Dalton Trevisan que retrata a indiferença e o egoísmo da sociedade urbana. A história começa com Dario, um homem que, ao caminhar pela rua, sente-se mal e desmaia. Pessoas que passam por ele tentam ajudá-lo, mas suas ações são superficiais e motivadas por interesses próprios. Enquanto alguns tentam socorrê-lo, outros aproveitam para roubar seus pertences, como o guarda-chuva e o alfinete de pérola da gravata. À medida que o tempo passa, Dario morre na calçada, e a indiferença das pessoas se mantém. Finalmente, um menino descalço chega e acende uma vela ao lado do corpo, simbolizando um gesto de solidariedade em meio à indiferença geral.
Enredo:
Qual o evento central que desencadeia a história? O evento central é o mal súbito de Dario, que, ao caminhar pela rua, desmaia e morre lentamente na calçada.
Quais os principais acontecimentos que marcam a vida de Dario? Dario sofre um ataque e é deixado na calçada, onde é observado por várias pessoas, mas sem ajuda efetiva. Ao longo da história, seus pertences são retirados por transeuntes, e ele morre solitário.
Como a morte de Dario é representada no conto? A morte é retratada de forma fria e impessoal, com a indiferença das pessoas que observam o sofrimento de Dario sem intervir. Sua morte é gradual, com ele sendo deixado para trás, sem cuidados, até ser finalmente levado pelo rabecão.
Personagens:
Descreva a personalidade de Dario. Quais seus medos e desejos? Dario é um homem solitário e desprovido de grandes ações ou reações no conto. Seus medos e desejos não são explicitamente abordados, mas ele parece ter medo da indiferença e da solidão, especialmente em seu momento de necessidade.
Qual o papel dos outros personagens na história? Como eles interagem com Dario? Os outros personagens são, em sua maioria, pessoas curiosas que observam Dario em seu estado de sofrimento. Alguns tentam ajudá-lo, mas sua ajuda é superficial e egoísta, focada mais em satisfazer sua curiosidade ou cumprir um protocolo, como o homem que remove os sapatos de Dario.
Há alguma evolução nos personagens ao longo do conto? Não há grande evolução nos personagens. A maioria permanece passiva e indiferente até o final da história. A única exceção é o menino que acende a vela, um gesto de compaixão, embora também marcado pela impotência diante da situação.
Espaço e tempo:
Onde se passa a história? Qual a importância do espaço para a narrativa? A história ocorre em uma rua de cidade não especificada, em um cenário urbano. O espaço é crucial, pois a indiferença das pessoas reflete a alienação e solidão do ambiente urbano. A rua também simboliza um lugar de observação e passividade.
Qual a duração dos acontecimentos narrados? Há marcas temporais explícitas no texto? Os acontecimentos se passam em algumas horas, mais especificamente duas, como indicado pela referência ao tempo da morte de Dario. Não há muitas outras marcas temporais, exceto as que indicam o ciclo da noite, chuva e a chegada da ambulância.
Narrador:
Qual o tipo de narrador presente no conto? (1ª ou 3ª pessoa, onisciente ou não) O narrador é em 3ª pessoa, onisciente. Ele conhece os pensamentos e ações de Dario e dos outros personagens, oferecendo uma visão completa do ocorrido.
Qual o ponto de vista do narrador em relação aos fatos narrados? O narrador mantém um ponto de vista impessoal e observador, não julgando nem se emocionando com os eventos, mas simplesmente relatando o que acontece.
Linguagem e estilo:
Como você descreveria a linguagem utilizada por Trevisan? Ela é simples ou complexa? A linguagem é direta e simples, mas carrega um tom de crítica social que torna o texto impactante. Há uma certa frieza na descrição dos eventos, que reforça a indiferença do ambiente.
Quais as principais figuras de linguagem empregadas no texto? O texto utiliza metáforas e símbolos, como o uso da vela, que representa a morte e a luz efêmera. Também há personificação das ações humanas, como quando a multidão "investiu" sobre Dario.
Qual o efeito da linguagem na construção da atmosfera do conto? A linguagem direta e simples contribui para a construção de uma atmosfera de frieza e indiferença, onde o sofrimento de Dario é ignorado e minimizado pelos outros.
Temas:
Quais os principais temas abordados no conto? (solidão, morte, desigualdade, etc.) Os principais temas são a solidão, a morte e a indiferença social. A obra critica a falta de empatia no mundo moderno e a superficialidade das relações humanas.
Como esses temas são explorados? Quais as reflexões que o conto provoca? Os temas são explorados por meio da morte solitária de Dario e da reação impessoal das pessoas ao seu sofrimento. O conto provoca reflexões sobre a indiferença da sociedade e a condição humana diante da morte.
Perguntas sobre a interpretação:
Simbolismo:
Quais os possíveis significados simbólicos da vela no título? A vela pode simbolizar a luz efêmera da vida, o último gesto de dignidade e a presença de compaixão no meio da indiferença.
O que representa a chuva na história? A chuva pode simbolizar a transitoriedade da vida e a natureza impiedosa da morte, apagando a vela e envolvendo a cidade em sua frieza.
Há outros elementos que podem ser interpretados simbolicamente? O próprio corpo de Dario, sendo progressivamente despojado de seus pertences, pode simbolizar a desumanização e a perda da identidade em uma sociedade indiferente.
Relação com o contexto histórico:
O conto pode ser relacionado a algum contexto histórico específico? Embora não haja uma referência direta a um contexto histórico específico, a crítica à indiferença social pode ser relacionada ao crescente urbanismo e à alienação das grandes cidades brasileiras nas décadas de 1950 e 1960.
Quais as características da sociedade brasileira da época em que o conto foi escrito? A sociedade brasileira da época era marcada por uma urbanização acelerada e pela crescente desigualdade social, refletindo a falta de empatia e a individualização.
Comparação com outras obras:
Como "Uma Vela para Dario" se relaciona com outras obras de Dalton Trevisan? O conto compartilha com outros textos de Trevisan a temática da solidão urbana e da indiferença social. Suas obras frequentemente exploram a alienação e a frieza das relações humanas nas grandes cidades.
É possível estabelecer paralelos com outros contos ou romances da literatura brasileira? Sim, é possível fazer paralelos com obras como "Os Vingadores" de Manuel Bandeira e "O Primo Basílio" de José de Alencar, que também abordam a frieza e a hipocrisia nas relações humanas.
Análise crítica:
Quais os pontos fortes e fracos do conto? Os pontos fortes incluem a crítica social incisiva e o simbolismo efetivo. O ponto fraco pode ser a ausência de um desenvolvimento mais profundo dos personagens, o que pode dificultar uma identificação mais íntima com o leitor.
Qual a relevância de "Uma Vela para Dario" para a literatura brasileira? O conto é relevante por sua reflexão crítica sobre a sociedade urbana e a alienação, sendo um exemplo claro da literatura modernista e da obra de Dalton Trevisan.
Perguntas sobre a sua experiência como leitor:
Impacto emocional:
Quais as suas impressões iniciais ao ler o conto? O conto causa uma sensação de desconforto e reflexão sobre a indiferença da sociedade diante do sofrimento humano.
Quais os sentimentos que a história despertou em você? Sentimentos de tristeza, solidão e crítica social, com uma certa impotência diante da indiferença das pessoas.
Identificação com os personagens:
- Você se identificou com algum personagem? Por quê? A identificação pode ser difícil, pois os personagens são, em sua maioria, passivos. No entanto, o gesto do menino que acende a vela pode despertar identificação, pela sua compaixão e humanidade.
Relevância pessoal:
- O que o conto te fez pensar sobre a vida, a morte e a condição humana? O conto provoca uma reflexão sobre a fugacidade da vida e a importância de tratar os outros com humanidade, especialmente em momentos de sofrimento.
Perguntas para aprofundar a análise:
Intertextualidade:
Há alguma referência a outras obras literárias, artísticas ou culturais? Não há referências explícitas, mas o conto faz alusão a temas universais como a morte e a indiferença, comuns em outras obras literárias.
Como essas referências enriquecem a leitura do conto? Essas referências enriquecem a leitura ao situar o conto dentro de uma tradição literária que explora a desumanização nas grandes cidades e a efemeridade da vida.
Análise psicológica:
Qual a motivação das ações dos personagens? As ações dos personagens são motivadas principalmente pela curiosidade e pelo desejo de escapar da responsabilidade, refletindo uma falta de empatia e um egoísmo social.
Há alguma simbologia psicológica presente no texto? A indiferença das pessoas e a forma como Dario é despojado de seus pertences podem simbolizar a desconexão emocional e psicológica das pessoas em relação ao sofrimento dos outros.
Análise social:
Como o conto retrata as relações sociais? O conto retrata as relações sociais como superficiais e impessoais, com as pessoas mais preocupadas em satisfazer sua curiosidade ou aliviar sua própria consciência do que realmente ajudar quem está em sofrimento.
Quais as críticas sociais presentes na obra? O conto critica a alienação e a desumanização nas grandes cidades, mostrando como as pessoas se tornam indiferentes ao sofrimento do outro
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