quarta-feira, 27 de novembro de 2024

“As rosas não falam”- Cartola - 2 ª ANÁLISE COMPLETA (perguntas e respostas no final)

 “As rosas não falam”- Cartola  (tentativa de uma análise completa!rs) 


Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas
Que bobagem
as rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir
Para ver os meus
olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que
devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas
Que bobagem as rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

Resumo das ideias contidas em cada estrofe :

  1. Primeira estrofe: O eu lírico começa expressando um coração cheio de esperança, embora a estação do verão esteja chegando ao fim, simbolizando o fim de um ciclo. Ele retorna ao jardim, um espaço simbólico que remete ao amor e à lembrança de alguém. O sentimento é de dor e resignação, pois ele sabe que a pessoa amada não voltará para ele. O ato de voltar ao jardim reforça o laço emocional com o passado.
  2. Segunda estrofe: O eu lírico se queixa às rosas, mencionando que é uma bobagem esperar que elas possam falar. As rosas, embora não possam se comunicar verbalmente, exalam o perfume que "roubam" da pessoa amada, simbolizando a lembrança e o efeito da ausência dessa pessoa sobre o eu lírico. Aqui, a natureza se torna uma metáfora para a saudade e o desejo não correspondido.
  3. Terceira estrofe: O eu lírico expressa novamente o desejo de que a pessoa amada voltasse para ele, para que pudesse ver a tristeza em seus olhos e, talvez, reviver os sonhos que compartilhavam. A melancolia e o anseio por um retorno são centrais aqui, mostrando o desejo de reconciliação e a esperança de um amor perdido.
  4. Quarta estrofe: Repete-se a ideia de que a pessoa amada deveria voltar, mas dessa vez com mais ênfase no sofrimento do eu lírico, destacando sua tristeza e o vazio deixado pela ausência da pessoa amada. A repetição do pedido de "devias vir" reflete a persistência do desejo e o sofrimento contínuo.

Análise geral

O tema central de "As Rosas Não Falam" é a dor da perda e a dificuldade de comunicação em um relacionamento amoroso. O eu lírico busca consolo nas rosas, mas sabe que elas não podem trazer de volta a pessoa amada. As rosas, nesse contexto, simbolizam tanto a beleza e o perfume da memória quanto a impossibilidade de expressão emocional no amor não correspondido. A metáfora das rosas que "não falam" também destaca o silêncio, o vazio e a impossibilidade de reconstrução do que foi perdido.

 


 

ALGUMAS FIGURAS DE LINGUAGEM FORAM DESTACADAS NA LETRA DA MÚSICA. (GRIFO DA PROFESSORA). LEIA  VÁRIAS VEZES. 

A música "Bate Outra Vez" de Cartola é uma das mais emblemáticas do samba e, assim como outras de sua autoria, traz uma poesia carregada de emoção e figuras de linguagem, que ajudam a criar um clima de melancolia e nostalgia, temas recorrentes no samba e na obra de Cartola, intensificando o lamento por um amor que se foi. A canção, ao evocar a imagem das rosas e de um jardim, também remete à natureza e à ideia de renovação, contraposta pela dor da perda.

RITMO: 

O ritmo em As Rosas Não Falam, de Cartola, resulta da alternância entre sílabas fortes e fracas, característica da musicalidade do samba-canção. O metro varia de verso para verso devido à liberdade poética e ao objetivo de encaixar a melodia à letra, o que contribui para um tom emotivo e fluido.

Palavras que se repetem, como "rosas" e "falam", reforçam a ideia central da poesia e criam um efeito de melancolia e contemplação. Essa repetição intensifica o lirismo e o caráter reflexivo da canção.

Os sons que se repetem, como assonâncias ("a") e aliterações ("s"), que criam musicalidade e reforçam a melancolia. A dubiedade no acento tônico e a tensão rítmica surgem da alternância irregular de sílabas fortes, intensificando a subjetividade e a carga emocional do texto.

Essa tensão rítmica também provoca tensão semântica, refletindo a saudade e o lamento. Há rimas internas (como em "rosas"/"falam"), que enriquecem a coesão sonora. O ritmo se relaciona com o tema ao traduzir, em sua fluidez e instabilidade, a oscilação entre dor e beleza presente na saudade amorosa.

O refrão  As Rosas Não Falam. Ele se repete com a frase central "As rosas não falam", reforçando a ideia principal e dando unidade melódica e poética à música.

 

Análise da música "As Rosas Não Falam" – Cartola:

1. Nível Fônico:

A musicalidade de "As Rosas Não Falam" é destacada pela cadência suave e repetitiva que acompanha a melancolia do eu lírico. No nível fônico, a escolha de sons e ritmo contribui para criar uma atmosfera emocionalmente carregada de saudade e desejo.

  • Aliterações: Em "Bate outra vez" e "Com esperanças o meu coração", a repetição das consoantes "t" e "v" em "volto ao jardim" (v) cria um som que se repete de forma suave, contribuindo para o ritmo da música.
  • Assonâncias: As vogais "o" e "a" são recorrentes, como em "Bate outra vez" e "com esperanças o meu coração", criando uma sonoridade fluida e melancólica. A assonância reforça a ideia de repetição emocional, um tema central da canção.
  • Ritmo: O ritmo de "As rosas não falam" é introspectivo, quase como uma oração ou confissão, com uma cadência lenta que acompanha a dúvida, a tristeza e a resignação do eu lírico.

 2. Nível Lexical:

O vocabulário empregado por Cartola é simples e direto, mas altamente expressivo. As palavras escolhidas transmitem claramente o sofrimento e a saudade do eu lírico.

  • Uso de palavras de forte carga emocional: Termos como "esperanças", "coração", "tristonhos", "chorar", "dissabor" e "perfumado" revelam a tristeza do eu lírico, ao mesmo tempo em que conferem profundidade emocional à canção.
  • Metáforas e simbolismos: O uso das rosas como metáfora central na canção (as rosas não falam, mas "exalam" o perfume da pessoa amada) traz um simbolismo de amor, beleza e dor. As rosas, portanto, servem para comunicar o que não pode ser dito em palavras, reforçando o tema da comunicação não verbal e da saudade.

3. Nível Sintático:

A construção sintática de "As Rosas Não Falam" é simples e direta, com frases curtas e com sentido claro, o que ajuda a enfatizar a clareza das emoções do eu lírico. A estrutura sintática, com muitas repetições, também reforça a constância do sofrimento e a persistência do desejo.

  • Frases curtas e repetitivas: A repetição de expressões como "bate outra vez", "com esperanças", "devo chorar" e "devias vir" sublinha a ideia de um ciclo contínuo, refletindo a rotina emocional de quem vive à espera de algo que não pode ser alcançado.
  • O uso de paralelismo: Há paralelismos nas estruturas das frases, como em "Meus olhos tristonhos / Devias vir", onde a repetição cria uma sensação de pesar e de desejo não correspondido.

4. Nível Semântico:

O nível semântico envolve a interpretação das palavras e das imagens utilizadas para expressar a experiência emocional do eu lírico. As metáforas, simbolismos e repetições na letra de Cartola têm um peso semântico profundo, sugerindo sentimentos de perda, saudade e falta de comunicação.

  • Metáforas: O eu lírico se queixa às rosas, um símbolo de beleza e fragilidade, que "não falam", mas "exalam" o perfume, um modo de indicar que a comunicação, embora desejada, é impossível. A rosa, que simboliza o amor e a memória, não pode devolver o que foi perdido, tornando-se um elo entre o eu lírico e o objeto de seu desejo.
  • Contraste e ambiguidade emocional: A letra mistura sentimentos de esperança e sofrimento. O desejo de reatar o relacionamento é contrastado com a certeza da impossibilidade de isso acontecer ("não queres voltar para mim"). No entanto, o eu lírico ainda alimenta esperanças ("com esperanças o meu coração"), o que demonstra uma tensão entre a realidade dolorosa e a fantasia.
  • Saudade e desesperança: A frase "meus olhos tristonhos" traz um forte sentido de melancolia. O fato de o eu lírico se queixar das rosas e pedir que a pessoa amada volte traz uma dualidade de sentimentos: o amor, a dor, o desejo e a resignação.

Conclusão:

Em "As Rosas Não Falam", Cartola combina uma estrutura sintática simples e uma sonoridade suave com um vocabulário emocionalmente carregado. A repetição e a escolha de palavras como "esperança", "tristonhos" e "chorar" transmitem a dor da saudade, enquanto as metáforas (especialmente a das rosas) exploram a comunicação sem palavras e a memória de um amor perdido. O equilíbrio entre esperança e melancolia, aliado ao uso eficaz de recursos poéticos, faz dessa música uma obra-prima que toca profundamente as emoções dos ouvintes.

 

UNIDADE TEMÁTICA E RITMICA: em As Rosas Não Falam, de Cartola. A música desenvolve o tema do amor perdido e da saudade, com o eu lírico buscando explicações para a ausência do ser amado. Essa unidade dá coesão à obra e reforça sua melancolia poética.

Classificação das rimas:

As rimas são predominantemente ricas (quando há encontro de palavras de classes gramaticais diferentes) e alternadas (ABAB). Exemplos:

  • "Florescer" (verbo) e "você" (pronome).

Relação com o sentido da música:

A escolha de rimas ricas e a regularidade rítmica acentuam o tom lírico e reflexivo da canção, criando harmonia entre melodia e poesia. Isso contribui para a delicadeza e sofisticação do sentimento expresso, elevando a simplicidade do tema ao sublime.

Em As Rosas Não Falam, de Cartola, o poeta escolhe predominantemente a estrofe de quatro versos (quadra), com rimas alternadas (ABAB). Esse tipo de estrofe, comum na poesia popular e na música, é marcado pela clareza e fluidez, que se ajustam bem ao estilo melódico da música.

Relação com a significação do poema:

A escolha da quadra tem uma relação direta com a simplicidade e a musicalidade do tema tratado: a saudade e a dor pela perda do amor. A estrutura regular e equilibrada das quadras reflete a busca do eu lírico por um certo equilíbrio ou entendimento sobre a ausência do amado. Além disso, a simplicidade da forma condiz com a profundidade e a sinceridade do sentimento, conferindo à música um caráter tanto íntimo quanto universal. A repetição de formas e sons nas estrofes também enfatiza a persistência do desejo e da lembrança, elementos centrais na temática da canção.

O  eu lírico de As Rosas Não Falam faz uso de uma técnica conhecida como aliteração, que é a repetição de sons semelhantes dentro de palavras diferentes. Esse recurso sonoro é recorrente na obra e ajuda a criar um ritmo envolvente e melódico, além de intensificar a expressividade do sentimento transmitido.

Exemplos de aliterações:

  • "As rosas não falam, simplesmente exalam"
  • "A dor é quase o fim, o resto é só saudade"

Sentidos criados:

  1. Musicalidade e fluidez: A repetição de sons semelhantes cria uma sonoridade suave, quase como um lamento, que se conecta diretamente à melancolia e à saudade que o eu lírico sente pela ausência do amor. Isso reforça a ideia de que a dor, apesar de presente, se manifesta de maneira contínua e persistente, como uma melodia que não tem fim.
  2. Ênfase no inefável: A alusão à fala das rosas, que "não falam" mas "exalam", é um exemplo de como a aliteração e a sonoridade aproximam a poesia do conceito de algo que é impossível de expressar completamente, mas que se comunica de outras maneiras — nesse caso, pela exalação das flores e pelo lamento sutil que a melodia e os sons criam.
  3. Sensação de nostalgia e repetição: A aliteração também contribui para a sensação de algo que se repete, como um ciclo de saudade e lembrança. A musicalidade, criada pelos sons repetidos, faz o eu lírico reviver o que foi perdido, de forma contínua e quase incontrolável.

Portanto, a utilização de sons semelhantes não só embeleza a composição, mas também serve para aprofundar o impacto emocional e a continuidade do sentimento de perda, tornando a música mais sensível e evocativa.

As Rosas Não Falam, de Cartola, o uso de figuras sonoras como aliteração, assonância, anáfora e onomatopeia contribui para criar uma musicalidade rica, intensificando os sentidos e a expressividade da música. Vamos analisar cada uma delas e os sentidos que elas geram:

1. Aliteração:

A aliteração é a repetição de sons consonantais dentro de palavras diferentes, como em “As rosas não falam, simplesmente exalam”.
Sentido criado:

  • Ritmo e suavidade: A repetição do som “s” cria um efeito suave, quase sussurrado, que reflete a melancolia e a suavidade do sentimento de saudade e dor. Esse som tranquilo, mas repetido, também sugere a persistência da dor, que nunca se apaga completamente.
  • Ênfase no inefável: Ao repetir os sons, o eu lírico parece tentar expressar algo que não pode ser dito diretamente (a dor da perda), criando uma atmosfera de algo que se comunica de maneira sutil, por meio de gestos e sensações.

2. Assonância:

A assonância é a repetição de sons vocálicos dentro de palavras próximas, como em “o resto é só saudade”.
Sentido criado:

  • Lamento e nostalgia: A repetição do som “a” transmite uma sensação de tristeza contínua e de algo que persiste no tempo, como uma saudade que nunca se apaga. Essa sonoridade suave também reflete o caráter introspectivo da canção, no qual o eu lírico permanece preso às lembranças e ao vazio deixado pela ausência.

3. Anáfora:

A anáfora é a repetição de uma palavra ou frase no início de versos ou frases consecutivas, como em "As rosas não falam / simplesmente exalam".
Sentido criado:

  • Reforço emocional: A repetição de "as rosas não falam" enfatiza o contraste entre o que é esperado e o que é vivido. Ao repetir a ideia de que as rosas não falam, mas apenas exalam, Cartola reforça a sensação de que a dor e a saudade são inefáveis, não podem ser expressas diretamente, mas se manifestam em gestos e ações sutis, como o perfume das flores.
  • Ciclo de repetição: A anáfora sugere a ideia de repetição e continuidade da dor, como se o eu lírico estivesse preso em um ciclo de saudade que se renova a cada momento.

4. Onomatopeia:

A onomatopeia é a utilização de palavras que imitam sons naturais, como "sussurrar" ou "murmurar", embora não haja exemplos explícitos em As Rosas Não Falam, o uso de palavras como "exalam" e "sussurram" cria a sensação de algo suave e quase inaudível, como o som do vento ou do perfume das flores.
Sentido criado:

  • Ambiência sensorial: Mesmo sem uma onomatopeia explícita, o som das palavras evoca o murmúrio do ambiente, o sussurro das flores que "exalam" seu perfume. Isso ajuda a criar uma atmosfera sensorial, em que o ouvinte ou leitor sente a dor e a saudade não só pela letra, mas também pelo som que remete ao vazio deixado pela ausência.

Conclusão:

Essas figuras sonoras, quando combinadas, criam uma musicalidade que reflete e intensifica o conteúdo emocional da música. Elas ajudam a transmitir a saudade e a dor do eu lírico de maneira profunda e sensível, utilizando o som como um veículo para a emoção. A repetição de sons suaves e a criação de um ritmo contínuo, através da aliteração e da anáfora, aumentam a sensação de que o sentimento de perda é algo que não tem fim, persistindo e ecoando na mente e no coração do ouvinte. A assonância e a onomatopeia ajudam a envolver o ouvinte em um ambiente de nostalgia e reflexão, onde as palavras têm o poder de evocar mais do que apenas imagens, mas também sensações.

Forma e Gênero do Poema:

As Rosas Não Falam de Cartola é uma canção, ou seja, um poema lírico que foi escrito com a intenção de ser cantado. Esse gênero se caracteriza pela expressão subjetiva de sentimentos, emoções e estados de alma, com uma musicalidade que é fundamental para a sua forma e compreensão.

  • Forma: A estrutura da música é organizada em estrofes de quatro versos, com rimas alternadas (ABAB), o que proporciona uma fluidez melódica. A simplicidade da forma facilita a comunicação de sentimentos profundos, permitindo que o foco permaneça nas emoções que o eu lírico deseja expressar.
  • Gênero: Lírico, porque é voltado para a expressão de sentimentos e subjetividade. O eu lírico de Cartola fala de um amor perdido, da dor da ausência e da saudade, emoções que são o cerne da canção. Além disso, como é uma canção, a musicalidade e a voz do cantor desempenham um papel central na interpretação emocional da obra.

Efeitos de Sentido Decorrentes dessa Escolha:

  1. Subjetividade e Intimidade:
    A forma lírica, com a repetição de versos e a simplicidade das estrofes, cria um ambiente de confissão e intimidade. O eu lírico revela sua dor e saudade de forma direta, como se estivesse conversando com o ouvinte, o que intensifica a sensação de proximidade e vulnerabilidade.
  2. Repetição e Persistência:
    A estrutura da canção e a repetição das estrofes contribuem para um efeito de persistência. A saudade e a dor do amor perdido são apresentadas como algo que se repete sem fim, refletindo o ciclo contínuo de lembranças e sentimentos não resolvidos. Isso é reforçado pela musicalidade da canção, que naturalmente cria uma sensação de algo que se repete e ecoa.
  3. Emoção Amplificada pela Música:
    O gênero de canção implica que a música seja uma extensão da poesia. A melodia, a voz do cantor e o ritmo intensificam as emoções expressas nos versos. Quando a música é ouvida, a emoção se amplifica, criando um efeito sensorial onde o ouvinte não apenas compreende o sentimento de perda, mas também o sente de forma profunda. A melodia pode até mesmo transformar o texto em uma experiência quase visceral, tocando os ouvintes de uma maneira única.
  4. Simbolismo e Simplicidade:
    O uso de figuras sonoras e a forma simples das estrofes permitem que o poema evoque sentimentos complexos através de imagens simbólicas, como as "rosas que não falam". O fato de as rosas não falarem, mas exalarem, cria um efeito de inefabilidade, sugerindo que certos sentimentos e emoções não podem ser verbalizados, mas se manifestam de maneiras sutis, como o perfume das flores.
  5. Universalidade e Acessibilidade:
    A escolha da canção como forma poética torna o poema mais acessível ao público em geral. Ao mesmo tempo que trata de um tema pessoal e introspectivo, a musicalidade e a simplicidade do poema tornam suas emoções universais, tocando qualquer ouvinte que tenha experimentado a perda e a saudade. A forma da canção facilita a conexão emocional, tornando a obra memorável e com um poder de evocação duradouro.

Conclusão:

A escolha da forma de canção e do gênero lírico em As Rosas Não Falam permite que Cartola comunique, de maneira simples e direta, um sentimento profundo e universal de saudade e amor perdido. A musicalidade e a repetição das estrofes amplificam a emoção do texto, tornando a obra não só uma expressão poética, mas uma experiência sensorial completa que envolve o ouvinte e o transporta para o mundo emocional do eu lírico. A forma lírica e a estrutura da canção reforçam a ideia de que a dor e a saudade são sentimentos imortais e repetitivos, que nunca desaparecem completamente.

 

Categorias gramaticais:  no poema As Rosas Não Falam, de Cartola, há uma categoria gramatical predominante: o substantivo. O uso de substantivos está diretamente ligado à construção de um cenário simbólico e emocional, com foco em elementos concretos (como "rosas", "flor", "mundo") que, ao serem utilizados de forma simbólica, ganham um peso emocional.

Sentidos estabelecidos a partir do predomínio de substantivos:

  1. Subjetividade e Abstração: O substantivo "rosa", por exemplo, não é usado apenas de forma literal, mas como um símbolo de amor, beleza e efemeridade. Isso traz uma carga de significados subjetivos e abstratos, permitindo que o eu lírico se refira a sentimentos e estados de espírito sem precisar descrevê-los diretamente.
  2. Imagens poéticas e simbolismo: O uso de substantivos também ajuda a construir imagens poéticas que evocam sensações. As "rosas", que "não falam", mas "exalam", trazem a ideia de algo que não é dito verbalmente, mas que se manifesta através da presença e do efeito que causa. Esse simbolismo cria uma dimensão de silêncio e de comunicação não verbal, sugerindo que a dor e a saudade se expressam de formas sutis e indiretas.
  3. Tensão entre o concreto e o abstrato: O substantivo também carrega essa tensão entre o concreto (as "rosas", o "mundo") e o abstrato (o "sentimento", a "saudade"). A escolha de substantivos concretos, como "flor" e "mundo", ajuda a ancorar o poema na realidade física, enquanto os sentimentos que eles evocam (amor, saudade, perda) são abstratos, conferindo uma sensação de profundidade emocional.

 

Tipos de Verbos Identificados: (rever!)

1. Bate (verbo "bater")

  • Tempo: Presente do indicativo
  • Pessoa: 3ª pessoa do singular
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo intransitivo
  • Explicação: O verbo "bater" está sendo usado de maneira figurada, referindo-se ao coração. O verbo indica a ação do coração batendo com esperança, e é utilizado de maneira emocional, associando o ato físico ao sentimento de esperança. O verbo é intransitivo porque não exige complemento (o sujeito é o coração).

2. Vai (verbo "ir")

  • Tempo: Presente do indicativo
  • Pessoa: 3ª pessoa do singular
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo intransitivo
  • Explicação: O verbo "vai" se refere ao verão. O sujeito é impessoal, ou seja, o verbo transmite a ideia de que o verão está indo embora. A utilização do verbo aqui expressa o fim da estação, criando uma sensação de perda. O verbo é intransitivo porque não exige complemento.

3. Volto (verbo "voltar")

  • Tempo: Presente do indicativo
  • Pessoa: 1ª pessoa do singular
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo intransitivo
  • Explicação: O verbo "voltar" indica a ação do sujeito (que é o eu lírico) retornando ao jardim. Esse verbo sugere um movimento físico e emocional, como se o eu lírico retornasse ao seu estado anterior de saudade e dor. Voltar é intransitivo porque não requer complemento direto.

4. Devo (verbo "dever")

  • Tempo: Presente do indicativo
  • Pessoa: 1ª pessoa do singular
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo transitivo indireto
  • Explicação: O verbo "dever" aqui tem o sentido de uma obrigação ou certeza de que o eu lírico precisa ou deve chorar. Este verbo exige complemento indireto (no caso, a ideia de chorar). O sentido de obrigação ou necessidade reforça a melancolia da letra.

5. Chorar (verbo "chorar")

  • Tempo: Infinitivo
  • Pessoa: Impessoal
  • Modo: Infinitivo
  • Classe: Verbo transitivo direto
  • Explicação: O verbo "chorar" está no infinitivo e é transitivo direto, já que a frase "devo chorar" implica em uma ação que não exige complemento direto, mas é a ação que é esperada ou que o eu lírico sente ser inevitável. O verbo "chorar" aqui está associado à dor da perda e à tristeza que o eu lírico sente pela ausência do outro.

6. Queixo-me (verbo "queixar-se")

  • Tempo: Presente do indicativo
  • Pessoa: 1ª pessoa do singular
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo pronominal (reflexivo)
  • Explicação: O verbo "queixar-se" é um verbo pronominal (porque o pronome reflexivo "me" acompanha o verbo), e aqui está sendo usado para expressar a ação de reclamar ou lamentar-se. O eu lírico lamenta a ausência do amado, que não retorna. O verbo é intransitivo porque não exige complemento direto ou indireto.

7. Querem (verbo "querer")

  • Tempo: Presente do indicativo
  • Pessoa: 3ª pessoa do plural
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo transitivo direto
  • Explicação: O verbo "querer" tem um caráter de desejo, e está relacionado ao fato de que as rosas não falam, como se o eu lírico estivesse questionando o mundo, querendo que ele fosse diferente. Este verbo é transitivo direto, pois é usado com complemento direto, mas no contexto da música, o complemento é implícito (o desejo de que o amado voltasse).

8. Sonhavas (verbo "sonhar")

  • Tempo: Imperfeito do indicativo
  • Pessoa: 2ª pessoa do singular
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo transitivo direto
  • Explicação: O verbo "sonhavas" é utilizado para expressar uma ação no passado, algo que o eu lírico gostaria que tivesse ocorrido. Ele sugere um desejo de que a pessoa amada sonhasse com ele também. Esse verbo é transitivo direto, pois não há preposição ou complemento indireto, apenas o sujeito implícito que poderia ter sonhado.

9. Roubam (verbo "roubar")

  • Tempo: Presente do indicativo
  • Pessoa: 3ª pessoa do plural
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo transitivo direto
  • Explicação: O verbo "roubam" é transitivo direto, porque tem como complemento o objeto direto "o perfume". As rosas "roubam" o perfume da pessoa amada, no sentido de que o perfume das flores carrega a memória ou o efeito do outro. O verbo tem um sentido figurado de apropriação ou retenção de algo intangível (a lembrança ou o perfume da pessoa amada).

10. Devias (verbo "dever")

  • Tempo: Imperfeito do indicativo
  • Pessoa: 2ª pessoa do singular
  • Modo: Indicativo
  • Classe: Verbo transitivo indireto
  • Explicação: O verbo "dever" está no imperfeito do indicativo, sugerindo um dever ou obrigação não cumprido. A frase "devias vir" significa que o eu lírico sente que seria necessário que o outro retornasse. Este verbo é transitivo indireto, já que exige a preposição "a" para ligar o verbo ao complemento (devia vir "para").

Conclusão

A maioria dos verbos no poema são verbos intransitivos e verbos de ação, como "bater", "vai", "volto", e "exalam", criando um ritmo melancólico, reflexivo e cheio de emoções indiretas. O poema não se concentra em ações diretas, mas em estados emocionais e desejos do eu lírico, utilizando verbos intransitivos para reforçar a ideia de um sentimento que não se comunica diretamente, mas de forma implícita e sutil.

Os verbos transitivos como "roubam" e "sonhavas" têm um papel importante em contextualizar a falta e a saudade do eu lírico, reforçando o tom de desejo não realizado e a insistência na perda.

 

  1. Verbos Intransitivos:
    • Verbos intransitivos não exigem complemento direto ou indireto. Eles indicam uma ação ou estado que não precisa de um objeto para que a frase tenha sentido completo.
    • Exemplos no poema:
      • "Falam" (verbo "falar"): Neste caso, o verbo "falar" é intransitivo, pois a frase "As rosas não falam" não exige complemento. A ideia é que as rosas não têm a capacidade de se comunicar verbalmente, mas não há um destinatário ou objeto da ação de "falar". O verbo é usado de forma negativa, para mostrar a ausência de fala.
      • "Exalam" (verbo "exalar"): O verbo "exalar" é também intransitivo. A frase "simplesmente exalam" mostra que as rosas não emitem um som ou uma palavra, mas liberam algo (perfume), e novamente, não há complemento direto necessário. O verbo descreve uma ação em que o objeto (perfume) é emanado, mas não se dirige a ninguém ou a nada de forma específica.

Predomínio dos Tipos de Verbos no Poema:

  • O predomínio no poema é de verbos intransitivos. Os dois principais verbos utilizados, "falam" e "exalam", são intransitivos. Eles indicam ações indiretas e sutis, reforçando a ideia de comunicação sem palavras e de emoções que não são expressas diretamente.
    • "Falam" é um verbo de ação, mas intransitivo, pois não exige complemento direto ou indireto para completar seu sentido.
    • "Exalam", também intransitivo, transmite a ideia de que as rosas não fazem uma ação de falar, mas liberam algo de maneira sutil (o perfume), novamente sem a necessidade de um complemento.

Explicação do Predomínio de Verbos Intransitivos:

  • Verbos intransitivos ajudam a criar uma sensação de imobilidade e melancolia, sugerindo que as emoções e sentimentos no poema não são expressos através de ações diretas e objetivas, mas de uma forma mais silenciosa e indireta.
  • A escolha de verbos intransitivos como "falam" e "exalam" ajuda a transmitir a impossibilidade de comunicação verbal direta (falar) e a expressão sutil de sentimentos (exalar o perfume). Isso reflete a natureza introspectiva e silenciosa do poema, onde a dor, a saudade e a perda não são comunicadas por meio de palavras, mas de gestos ou efeitos indiretos.

Conclusão:

No poema "As Rosas Não Falam", o predomínio é de verbos intransitivos (como "falam" e "exalam"). Esses verbos são usados para expressar ações que não exigem complementos diretos ou indiretos, ajudando a criar uma atmosfera de comunicação indireta e silenciosa. O poema não utiliza verbos de estado como "ser" ou "estar", e também não faz uso de verbos transitivos que exigiriam complementos. A escolha dos verbos intransitivos reforça a ideia de que as rosas, assim como as emoções expressas no poema, não se comunicam de forma explícita, mas de maneira sutil, quase imperceptível, contribuindo para o tom melancólico e introspectivo da obra.

Na letra da música "As Rosas Não Falam", de Cartola, são usadas diversas categorias gramaticais para criar efeitos de sentido específicos, que contribuem para a expressão da saudade, da melancolia e da reflexão. Abaixo, explico as categorias gramaticais mais presentes e como elas ajudam a estabelecer o tom e a mensagem do poema:


1. Substantivo

  • Exemplo: "coração", "jardim", "rosas", "perfume", "olhos", "sonhos"
  • Função: O substantivo é responsável por nomear coisas, lugares, sentimentos e elementos importantes para o contexto do poema.
  • Efeito de sentido:
    • Saudade e falta: Palavras como "coração", "rosas", "perfume" e "olhos" remetem a sentimentos e a uma memória do que já foi. Elas funcionam como símbolos da ausência do amor ou da pessoa amada.
    • Natureza e ligação emocional: O "jardim" é um espaço simbólico de cuidado, lembrança e até de um santuário emocional que conecta o eu lírico a algo do passado (o amor que já não existe).

2. Adjetivo

  • Exemplo: "tristonhos", "bobagem"
  • Função: O adjetivo qualifica e dá características aos substantivos, criando uma imagem mais precisa ou expressiva.
  • Efeito de sentido:
    • Tristeza e melancolia: O adjetivo "tristonhos" descreve o estado emocional dos "olhos", sugerindo um olhar carregado de tristeza e de dor pela perda.
    • Descrédito e ironia: O uso do adjetivo "bobagem" para qualificar o fato de as rosas não falarem traz um tom irônico, como se o eu lírico questionasse a própria falta de comunicação, sugerindo que o amor poderia ter uma forma de falar além das palavras.

3. Advérbio

  • Exemplo: "simplesmente"
  • Função: O advérbio modifica um verbo, adjetivo ou outro advérbio, dando mais detalhes sobre como a ação ou o estado ocorre.
  • Efeito de sentido:
    • Sutileza e simplicidade: O advérbio "simplesmente" sugere que as rosas não falam, mas exalam, como se fosse algo simples, natural e inevitável. Isso reforça a ideia de que a dor ou o amor se manifestam de maneiras sutis e não necessariamente verbais.

4. Verbo

  • Exemplo: "bate", "vai", "volto", "devo", "queixo-me", "exalam", "sonhavas", "roubam"
  • Função: O verbo é a categoria que expressa a ação ou estado dos sujeitos.
  • Efeito de sentido:
    • Ação emocional e física: Os verbos de ação como "bate", "volto" e "roubam" ajudam a criar um movimento emocional, de expectativa, de retorno ao passado e de apropriação (como o perfume das rosas).
    • Ser ou dever: Os verbos como "exalam" e "devo" transmitem uma sensação de imobilidade emocional, como se a dor e a saudade fossem inerentes, sem possibilidade de mudança ou resolução imediata.
    • Lamento e desespero: O verbo "queixar-se" reflete o estado de lamentação, de alguém que se sente incapaz de alterar a situação.
    • Desejo de retorno: O verbo "sonhavas" evoca o desejo de que o outro tivesse sonhado com o eu lírico, criando uma atmosfera de nostalgia e desejo não correspondido.

5. Tempo verbal

  • Exemplo: Presente do indicativo (ex.: "bate", "vai", "exalam", "devo", "queixo-me") e Imperfeito do indicativo (ex.: "sonhavas")
  • Função: O tempo verbal indica o momento da ação ou do estado, e sua escolha tem um papel importante na percepção do tempo e da emoção.
  • Efeito de sentido:
    • Presente do indicativo: O uso do presente transmite a ideia de que os sentimentos e a ação estão atuais, como se o sofrimento e a saudade do eu lírico fossem sentimentos persistentes, ainda vivos no presente.
    • Imperfeito do indicativo: O uso do imperfeito em "sonhavas" reflete a nostalgia e a lembrança de algo que não aconteceu, um desejo de que o passado fosse diferente. Esse tempo verbal contribui para a ideia de que o eu lírico está preso a uma memória não realizada, reforçando o tom de perda e arrependimento.

Efeito de sentido geral criado pelas categorias gramaticais:

As categorias gramaticais no poema contribuem para uma atmosfera melancólica e nostálgica, com o uso do substantivo para evocar elementos simbólicos de saudade (como "coração", "rosas" e "perfume"), o adjetivo para qualificar os sentimentos e a falta (como "tristonhos" e "bobagem"), e o advérbio para expressar a ideia de algo simples e inevitável. O uso de verbos de ação, como "bate" e "exalam", ajuda a intensificar a sensação de que os sentimentos não são apenas experiências mentais, mas se manifestam também fisicamente e de maneira sutil.

As escolhas dos tempos verbais, o presente e o imperfeito, criam uma tensão entre o momento presente de sofrimento e a lembrança de um passado idealizado, onde a pessoa amada poderia ter retornado ou correspondido aos sentimentos do eu lírico.

O resultado é uma música que transmite a impossibilidade de comunicação direta, mas que se expressa através de gestos indiretos (como o perfume das rosas ou o bater do coração), e que reflete sobre a saudade e a dor da perda.

 

A análise sintática de "As Rosas Não Falam" de Cartola revela como a estrutura da frase, a pontuação e as figuras de linguagem contribuem para o efeito emocional e o sentido profundo da música. A seguir, exploramos esses aspectos:

1. Pontuação

  • Uso da pontuação: A pontuação na música é importante para dividir as frases, dar ritmo e estabelecer pausas que intensificam a melancolia e o desespero do eu lírico.
    • Vírgulas: São utilizadas com frequência para indicar pausas curtas, ajudando a dividir o fluxo de pensamento e conferindo ao texto uma qualidade introspectiva e reflexiva.
    • Ponto final: Os pontos finais são usados para dar uma pausa mais longa entre as ideias, criando um efeito de isolamento emocional e refletindo o estado de espera e de sofrimento do eu lírico.
    • Interrogação: A ausência de ponto de interrogação em “Que bobagem as rosas não falam?” sugere uma afirmação irônica sobre a impossibilidade de comunicação. Essa ausência intensifica o tom de desespero e resignação do sujeito.

2. Períodos Curto ou Longo

  • Períodos curtos: O uso de períodos curtos (ex: "Bate outra vez", "Queixo-me às rosas") reflete o ritmo acelerado da emoção do eu lírico, onde pensamentos ou sentimentos rápidos se sucedem, quase como um fluxo contínuo de lamento.
  • Períodos mais longos: As frases mais longas (ex: "Pois já vai terminando o verão...") ajudam a criar uma sensação de reflexão profunda, melancolia e nostalgia. Ao estabelecer uma pausa maior, o sujeito lírico pode aprofundar seus sentimentos de saudade e perda, além de sugerir uma conexão com o tempo (como a transição de estações).

3. Figuras Retóricas Associadas à Sintaxe

  • Anáfora: Repetição de um elemento no início de versos consecutivos. Exemplo: “Bate outra vez...” (duas vezes no poema). A repetição enfatiza o desejo do eu lírico de que o coração bata com esperança, apesar da dor e do abandono. A anáfora reforça o insistente desejo de retorno e a insatisfação emocional.
  • Assíndeto: Ausência de conjunções. Exemplo: “Bate outra vez / Com esperanças o meu coração / Pois( CONJUNÇÃO EXPLICATIVA) vai terminando o verão” – a ausência de conjunções entre as frases reflete a rapidez dos sentimentos e o fluxo contínuo de pensamentos do eu lírico, sem pausas ou intervenções. Isso transmite uma sensação de pressa e urgência emocional.
  • Polissíndeto: Uso excessivo de conjunções, que não aparece fortemente neste trecho, mas pode ser notado em algumas partes como "E, quem sabe, sonhavas meus sonhos / Por fim." O polissíndeto também pode intensificar a afirmação de ideias, dando ênfase ao sentimento de incompletude do eu lírico. (As conjunções são: "E" (aditiva) e "por fim" (locução conjuntiva conclusiva).
  • Paradoxo ou oxímoro: Exemplo de contradição implícita em “as rosas não falam / Simplesmente as rosas exalam”. Aqui, o eu lírico faz uma contradição entre a ideia de comunicação verbal (falar) e a comunicação sutil através do perfume (exalar), criando uma tensão entre o que é desejado (falar) e o que é possível (exalar). Isso simboliza a impossibilidade de uma comunicação plena no amor e a silenciosa dor do eu lírico.
  • Hipérbato: A inversão da ordem direta das palavras pode ser observada em expressões como "Para ver os meus olhos tristonhos", em que o normal seria "Ver os meus olhos tristonhos". Essa inversão ajuda a dar ênfase ao estado emocional do sujeito, criando uma sensação de distanciamento ou angústia.
  • Elipse: A omissão de palavras que são subentendidas. Exemplo: "Que bobagem as rosas não falam", onde a palavra "falam" já se torna subentendida sem precisar de complemento adicional. Isso pode simbolizar a impossibilidade de uma verdadeira comunicação emocional entre os sujeitos. No exemplo "Que bobagem as rosas não falam", subentende-se algo como "É uma bobagem pensar que as rosas falam" — reforçando o tom reflexivo e a ideia de uma comunicação impossível ou idealizada. Excelente explicação simbólica sobre a comunicação emocional!
  • Metáfora: Em “as rosas exalam o perfume que roubam de ti”, o perfume das rosas é uma metáfora para os sentimentos que o eu lírico carrega da pessoa amada, transmitindo a ideia de que as flores "roubam" algo precioso (o amor perdido) e o transmitem de forma sutil.

4. Discurso Direto ou Indireto

  • Discurso direto: Não é explicitamente utilizado no poema, mas podemos ver uma forma indireta de diálogo quando o eu lírico se dirige às rosas e se queixa a elas. Exemplo: "Queixo-me às rosas". Embora não haja uma fala direta de um interlocutor, o eu lírico usa uma forma indireta de conversa com as rosas como uma maneira de desabafar suas emoções e expressar sua solidão e frustração.

5. Efeitos de Sentido Criados pela Sintaxe e Figuras Retóricas

  • Urgência emocional e intensidade: O uso do assíndeto cria a sensação de que o eu lírico está expressando seus sentimentos de forma urgente, como se as palavras não fossem suficientes para transmitir a profundidade de sua dor.
  • Reforço da saudade e da perda: A anáfora e o hipérbato reforçam a ideia de que os sentimentos não se resolvem e continuam a se repetir, aumentando a sensação de que o sofrimento é persistente e não superado.
  • Impossibilidade de comunicação: As metáforas, como as rosas que exalam o perfume, junto com a ironia de que "as rosas não falam", refletem a ideia de uma comunicação ineficaz ou inevitável, em que o amor e a dor se expressam de maneira sutil e indireta, sem palavras.

Conclusão:

A sintaxe da música "As Rosas Não Falam" e o uso de figuras retóricas, como a análise do período curto e longo, as figuras de estilo (como assíndeto e metáforas), e a escolha do discurso indireto, criam um clima emocional intenso e melancólico. As pausas, o ritmo e as inversões na estrutura das frases intensificam o lamento e o desejo de retorno, simbolizando as dificuldades de comunicação e o sofrimento do eu lírico. Além disso, a utilização de assíndeto e polissíndeto acentuam a continuidade do sofrimento e a luta interna de expressar sentimentos profundos e dolorosos.

O nível de linguagem do poema "As Rosas Não Falam", de Cartola, é predominantemente culto, mas com toques de informalidade, o que confere ao poema um caráter introspectivo e emocional. O vocabulário e a construção das frases não são excessivamente formais, mas também não são coloquiais no sentido de uma linguagem simples ou vulgar. O poema utiliza um estilo poético característico da música popular brasileira, que combina expressões refinadas com sentimentos universais e acessíveis, algo que é muito comum em letras de samba e bossa nova.

Exemplos de linguagem culto:

  1. “Que bobagem as rosas não falam”
    O verbo "falam" está no contexto de uma afirmação irônica, e a escolha da palavra "bobagem" dá a sensação de que o eu lírico está refletindo sobre a impossibilidade de uma comunicação direta, mas sem vulgaridade.
  2. “Simplesmente as rosas exalam / O perfume que roubam de ti”
    A palavra “exalam” e a construção "o perfume que roubam de ti" são expressões poéticas e mais elevadas, típicas de um discurso culto, sugerindo uma metáfora refinada sobre a dor e o desejo do eu lírico.
  3. “Bate outra vez / Com esperanças o meu coração”
    A utilização da expressão "com esperanças" reflete um tono melancólico e poético, sugerindo um discurso mais elaborado, típico de um estilo culto, em contraste com uma linguagem simples.

Exemplos de linguagem coloquial (comum em canções populares):

  1. “Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos”
    A forma simples de "devias" e o uso de "olhos tristonhos" tem um toque mais direto e mais acessível do que uma construção excessivamente poética. A simplicidade dessa expressão torna a dor do eu lírico mais intimista e direta, algo que todos podem compreender.
  2. “Pois já vai terminando o verão”
    Aqui, a linguagem é mais coloquial, pois não há uma abstração poética complexa, mas uma simples constatação sobre a passagem do tempo.

Efeito de sentido construído por esse nível de linguagem:

  • O nível culto usado em várias partes do poema, com metáforas e escolhas de palavras mais elaboradas, constrói um tom de reflexão e maturidade emocional. O eu lírico não expressa apenas a dor de forma simples, mas a expõe de maneira poética, fazendo uso de recursos que trazem uma profundidade simbólica.
  • A linguagem coloquial, por sua vez, torna o poema mais intimista e acessível, aproximando o ouvinte ou leitor da experiência emocional do eu lírico. Ela não busca esconder ou enfeitar os sentimentos, mas sim trazê-los de maneira mais direta, gerando uma sensação de proximidade e simplicidade emocional, o que reflete o sofrimento de alguém que fala de forma sincera e sem rodeios.

Em suma, o poema mistura um nível culto de linguagem para dar profundidade e reflexão poética, ao mesmo tempo que incorpora toques de linguagem coloquial para facilitar a identificação emocional e criar uma conexão mais direta com o ouvinte/leitor. Esse equilíbrio entre culto e coloquial amplifica o efeito de melancolia e saudade, tornando a dor do eu lírico universal e acessível, mas também profunda e simbólica.

 

Nível semântico:

No poema "As Rosas Não Falam" de Cartola, há uma rica utilização de figuras de linguagem que contribuem para a profundidade emocional e simbólica da letra. As figuras de linguagem presentes no poema criam efeitos de sentido que ampliam a experiência do eu lírico e a relação com o tema da saudade e da perda. A seguir, vamos analisar as principais figuras de linguagem presentes no poema e seus efeitos:

1. Metáfora

  • Exemplo: “Simplesmente as rosas exalam / O perfume que roubam de ti”
  • Explicação: Aqui, as rosas são usadas como um símbolo do amor perdido ou da ausência do amado. A metáfora sugere que o perfume das rosas é o que resta da pessoa amada, algo indireto e subjetivo. As rosas não "falam" (como sugerido no título), mas exalam um perfume que é o eco da presença do amado.
  • Efeito de sentido: A metáfora cria uma conexão emocional entre o objeto (as rosas) e o sentimento de saudade e memória. O perfume, algo etéreo e intangível, representa a ausência do ser amado de maneira poética e sensível.

2. Prosopopeia (ou personificação)

  • Exemplo: “Que bobagem as rosas não falam”
  • Explicação: A prosopopeia é a atribuição de características humanas a seres não-humanos ou inanimados, e aqui as rosas são tratadas como se pudessem falar. O eu lírico se queixa delas por não se comunicarem como ele gostaria, o que confere à natureza uma dimensão humana, quase como se as flores fossem responsáveis pela ausência de comunicação.
  • Efeito de sentido: A prosopopeia contribui para o sentimento de frustração do eu lírico, que busca uma explicação ou uma forma de comunicação que as rosas, como símbolo da natureza, não podem fornecer. Essa figura de linguagem cria um descompasso entre o desejo do eu lírico e a realidade da natureza, amplificando a sensação de solidão e incompletude.

3. Antítese

  • Exemplo: "Que bobagem as rosas não falam / Simplesmente as rosas exalam"
  • Explicação: A antítese é a juStaposição de ideias opostas. Nesse caso, o eu lírico começa com a ideia de que seria uma "bobagem" as rosas não falarem, mas em seguida afirma que elas exalam um perfume. A ideia de falar e exalar são opostas, pois a primeira sugere comunicação verbal, enquanto a segunda é uma ação silenciosa e involuntária.
  • Efeito de sentido: A antítese reforça a ideia de frustração do eu lírico, que deseja uma forma de comunicação clara e direta, mas se depara com uma realidade onde a comunicação é silenciosa e intangível. Isso amplia o sentimento de distanciamento entre o eu lírico e o objeto do seu desejo.

4. Sinestesia

  • Exemplo: “O perfume que roubam de ti”
  • Explicação: A sinestesia envolve a interação entre sentidos diferentes. No caso, o perfume (um sentido olfativo) é associado à ideia de roubo, o que envolve uma percepção emocional, sensorial e até mesmo uma forma de dor.
  • Efeito de sentido: A sinestesia intensifica a experiência sensorial e emocional do poema, já que o perfume das rosas não é apenas uma fragrância, mas uma lembrança do ser amado, algo que foi tomado e agora existe de forma abstracta, como uma sensação fugaz e irrecuperável.

5. Ironia

  • Exemplo: “Que bobagem as rosas não falam”
  • Explicação: A ironia é a expressão de uma ideia através do contrário do que se espera. O eu lírico se queixa das rosas não falarem, o que é uma afirmação irônica, já que é claro que as flores não podem falar. Essa ironia pode ser vista como uma crítica à impossibilidade de comunicação ou à inevitabilidade da perda.
  • Efeito de sentido: A ironia confere um tom melancólico e reflexivo ao poema, pois o eu lírico está ciente de que sua queixa é impossível — as rosas, de fato, não podem falar. Isso amplifica a sensação de impotência e a dor da saudade, ao mesmo tempo que cria uma crítica implícita à busca por respostas que não podem ser dadas.

6. HipÉrbole

  • Exemplo: “Bate outra vez / Com esperanças o meu coração”
  • Explicação: A hipérbole é a exageração de uma ideia para enfatizar a intensidade de um sentimento. O verbo “bater” associado a “esperanças” e ao coração enfatiza uma vontade de renovação e uma expectativa quase impossível. O exagero da esperança do eu lírico sublinha o quanto ele deseja e anseia pela volta da pessoa amada.
  • Efeito de sentido: A hipérbole confere uma sensação de desespero e urgência à letra, mostrando que o eu lírico não está apenas esperando passivamente, mas procurando incessantemente uma renovação da esperança, algo que é tão intenso quanto as batidas do seu coração.

Efeitos de Sentido Criados pelas Figuras de Linguagem:

  • Profundidade emocional: As figuras de linguagem contribuem para uma experiência sensorial e emocional intensa, onde os sentimentos de perda, saudade, e desejo são expressos de maneira simbólica e complexa. A utilização de metáforas, como as rosas exalando o perfume, cria um efeito poético que vai além da simples descrição do amor perdido.
  • Conflito interno: A ironia, a antítese e a prosopopeia reforçam o conflito interno do eu lírico, que tenta se comunicar com a natureza (as rosas) e com a pessoa amada, mas se vê confrontado com a impossibilidade de ser entendido ou correspondido. Essa contradição interna intensifica a dor emocional do eu lírico.
  • Reflexão sobre o amor e a perda: A combinação de figuras como metáfora, sinestesia e hipérbole cria um efeito de reflexão profunda sobre o amor e a perda. As rosas, que exalam um perfume roubado, tornam-se um símbolo do amor inesperado e impossível de recuperar. A constatação de que a dor não pode ser verbalizada diretamente é expressa de forma poética e sensível.

Em resumo, as figuras de linguagem do poema ampliam seu significado e aprofundam a experiência emocional do eu lírico, refletindo sobre a dificuldade de comunicação, a saudade e a impossibilidade de voltar no tempo ou de reviver o amor perdido. A riqueza dessas figuras de linguagem cria uma camada de profundidade e complexidade que torna o poema uma expressão de dor universal e atemporal.

 

PERÍODO LITERÁRIO:

O poema "As Rosas Não Falam" de Cartola, lançado em 1972, está inserido em um contexto histórico e cultural muito específico, que reflete as tensões sociais e políticas do Brasil durante os anos de ditadura militar (1964-1985). Essa era foi marcada pela repressão política, censura, censura à cultura, e uma atmosfera de censura e medo, mas também por um período fértil para a Música Popular Brasileira (MPB), que, de certa forma, se tornou uma forma de resistência e expressão das dores e anseios do povo brasileiro.

Contexto Histórico de 1972

  • Ditadura Militar (1964-1985): O Brasil vivia um regime autoritário, com repressão aos direitos civis, censura à imprensa, à arte e à música. Esse contexto de censura e repressão gerou, no entanto, uma produção artística poderosa por parte de músicos, poetas e outros artistas que usaram suas obras como formas de protesto ou, ao menos, como reflexo da dor e das dificuldades daquele período.
  • Censura e resistência: A MPB, da qual Cartola fazia parte, embora fosse um pouco mais isolada dessa repressão política explícita, representava a alma do povo brasileiro, com letras que abordavam sentimentos profundos e questões sociais e culturais, muitas vezes em tom de protesto velado ou de melancolia diante do estado do país. O próprio Cartola, sendo um dos mais importantes compositores do samba e da música popular, era de uma geração anterior ao período mais pesado da ditadura, mas a sua obra ressoava de forma profunda naqueles tempos de crise.
  • Melancolia e saudade: No contexto da repressão, o poema de Cartola pode ser interpretado como uma metáfora para as perdas pessoais e coletivas da época, refletindo um desejo de retorno a tempos mais simples e mais felizes. A expressão de sentimentos de saudade e frustração, especialmente na linha "As rosas não falam, simplesmente exalam o perfume que roubam de ti", pode ser vista como um reflexo de um país que vivia no silêncio da censura e na dor da repressão.

Relação com o Período Literário

O poema de Cartola não faz parte diretamente de um movimento literário específico, como o Modernismo ou o Realismo, uma vez que se insere mais diretamente na MPB, que, em muitos aspectos, carrega influências de movimentos literários anteriores, incluindo o Modernismo. Porém, podemos estabelecer algumas relação indireta com as características desses movimentos:

1. Modernismo:

  • Influências Modernistas: O Modernismo teve forte influência na música e na poesia popular brasileira, especialmente a partir da segunda fase do movimento, que buscava dar voz ao povo e retratar a realidade nacional de forma simples e direta, ao mesmo tempo em que fazia uso de figuras de linguagem poderosas e de uma escrita mais próxima da oralidade. O poema de Cartola apresenta características do Modernismo, como o uso de metáforas e uma linguagem simples, mas cheia de sentimentos profundos.
  • Simplicidade e subjetividade: A utilização de uma linguagem mais simples, acessível e emocionalmente intensa, que explora sentimentos de solidão e saudade, remete aos princípios modernistas de expressar o subjetivo e o intimismo da experiência humana, afastando-se de narrativas grandiosas ou com uma linguagem excessivamente erudita.

2. Linguagem poética e melancolia:

  • Embora a MPB de Cartola não se encaixe de maneira direta no Modernismo ou em outros períodos literários específicos, o uso de uma linguagem poética densa, associada a sentimentos de saudade, desejo e melancolia, também remete a um tipo de poesia lírica presente no simbolismo e na fase mais introspectiva do Modernismo. A forma como Cartola expressa a dor e o lamento de uma perda amorosa se aproxima da expressão simbólica das emoções, frequentemente exploradas no Simbolismo e no próprio Modernismo ao dar voz ao "invisível" ou ao "inefável".

Efeito de Sentido:

A relação entre o poema e o contexto histórico de 1972 também gera um efeito de sentido muito importante. Em uma época de repressão, onde muitas coisas eram silenciadas, a música de Cartola se torna um símbolo da expressão emocional e do sofrimento individual, contrastando com a ausência de liberdade e expressão no cenário político. Ele não fala diretamente da política, mas seu poema se torna, de certa forma, uma forma de resistência, ao expressar um grito silencioso de dor e a inefabilidade do sofrimento.

Conclusão:

Portanto, embora "As Rosas Não Falam" não pertença diretamente a um período literário específico, sua relação com o Modernismo é indireta, através da linguagem simples e subjetiva que lembra características da literatura modernista, como o foco na expressão emocional e o uso de figuras de linguagem poéticas. Em termos históricos, a canção reflete os sentimentos de saudade, perda e melancolia que estavam presentes em um Brasil sob ditadura, fazendo com que a canção se conecte tanto com os sentimentos pessoais do eu lírico quanto com a atmosfera

 

 

NÍVEIS DE ANÁLISE:

A análise do poema "As Rosas Não Falam" de Cartola envolve vários níveis de análise, cada um revelando uma faceta distinta da música e da poesia de Cartola. A seguir, vamos estabelecer as relações entre os diferentes níveis de análise do poema:

1. Nível Semântico (Significado das palavras e frases)

No nível semântico, o poema trabalha com sentimentos profundos de saudade, solidão, e desejo não correspondido. Cartola utiliza metáforas e figuras de linguagem, como a prosopopeia nas "rosas que não falam", para comunicar emoções que vão além do que é dito explicitamente. A ideia de que "as rosas não falam" expressa o silêncio da dor e da perda, e o perfume exalado pelas flores reflete o que é deixado para trás — algo de um amor perdido que ainda é sentido, mas que não pode mais ser concretizado.

  • Metáfora: "As rosas não falam" (as rosas não têm a capacidade de comunicação verbal, mas simbolizam o silêncio do sofrimento).
  • Sinestesia: A relação entre o perfume das rosas e a saudade do eu lírico mistura sentidos (olfato e tato emocional), aprofundando a ideia de que a dor é sentida de maneiras sutis e não verbalizadas.

Relação: O significado profundo das palavras (saudade, sofrimento) é expresso de forma indireta, usando o silêncio das flores como uma metáfora para o silêncio da dor, algo muito comum nas canções da MPB da época. A escolha das palavras também reflete uma linguagem poética intimista, relacionada à expressão emocional, em linha com o contexto histórico de repressão e de censura durante a ditadura militar, onde sentimentos de resistência e dor estavam silenciados.

2. Nível Sintático (Estrutura das frases e pontuação)

No nível sintático, a pontuação e a estrutura das frases em "As Rosas Não Falam" desempenham um papel importante em enfatizar o ritmo da música e a expressão dos sentimentos. A música apresenta uma alternância entre frases mais curtas e mais longas, o que reflete a fluidez emocional do eu lírico. A utilização de vírgulas e pausas em momentos chave ajuda a criar suspense e a dar mais força a cada imagem evocada.

  • Períodos curtos: Nas primeiras linhas, o uso de períodos curtos ("Bate outra vez / Com esperanças o meu coração") sugere um desejo urgente de renovação e de recomeço.
  • Repetição: A repetição da frase "Bate outra vez" também indica um clamor emocional que se repete, refletindo o anseio do eu lírico.

Relação: A construção sintática com frases curtas e pausas cria uma atmosfera de introspecção e angústia. Esse aspecto se conecta com o conteúdo semântico do poema, pois reforça a dúvida e o desejo não correspondido.

3. Nível Fonético e Sonoro (Efeitos sonoros e ritmo)

O nível fonético trabalha com o ritmo e o som das palavras, que são essenciais para criar a musicalidade da canção. O uso da aliteração e assonância torna o poema sonoramente suave e melancólico, o que acentua a atmosfera de saudade e perda. O ritmo cadenciado de "As Rosas Não Falam" também reflete a repetição do sofrimento que o eu lírico vive.

  • Aliteração: A repetição do som da letra "r" (por exemplo, "rosas" e "roubam") e a suavidade do som da letra "s" (como em "falam" e "exalam") trazem uma sonoridade delicada, que reforça o tom melancólico da canção.
  • Assonância: A repetição de sons vocálicos como o "a" em "falam", "exalam" e "saudade" ajuda a criar uma sensação de continuidade emocional e suaviza o impacto das palavras.

Relação: A sonoridade suave e o ritmo melancólico auxiliam na construção do sentido emocional da música. O efeito sonoro e o ritmo têm uma forte relação com a expressão do sofrimento e da saudade. Ao mesmo tempo, a escolha de sons suaves e ritmos cadenciados pode refletir a tentativa de encontrar alguma forma de conforto no meio da dor.

4. Nível Morfológico (Escolha de palavras e categorias gramaticais)

No nível morfológico, há um predomínio de verbos de estado e verbos intransitivos, como "falam" e "exalam". Esses verbos não indicam uma ação concreta, mas uma condição ou estado. Isso pode ser interpretado como um reflexo da situação emocional do eu lírico: ele não age, mas simplesmente sente, em um estado contínuo de saudade e sofrimento.

  • Verbos intransitivos: "Falam" e "exalam" são usados sem complemento, o que reforça a ideia de que as rosas não têm uma função direta ou ativa, mas simplesmente existem, transmitindo o que está guardado de forma sutil.

Relação: O uso de verbos de estado reflete a ideia de que o sofrimento e a saudade são sentimentos contínuos e permanentes, sem ações concretas. O eu lírico está preso a um estado emocional (saudade e desejo), mais do que realizando ações, o que corresponde à atmosfera de imobilidade emocional do poema.

5. Nível de Interpretação Literária (Figuras de Linguagem e Significado)

O poema faz uso de várias figuras de linguagem, como metáforas, prosopopeia (personificação das rosas), e sinestesia (mistura de sentidos), criando uma imagem de uma dor que não pode ser expressa diretamente, mas que é sentida de maneira sutil e profunda.

  • Prosopopeia: "As rosas não falam" é uma personificação, dando às rosas a capacidade de expressar emoções que, na realidade, elas não podem. Isso sugere que, embora o eu lírico deseje se expressar ou ser ouvido, ele encontra apenas o silêncio e a saudade.
  • Metáfora: O "perfume das rosas" simboliza o resíduo emocional do amor perdido e do desejo não correspondido.
  • Sinestesia: A sensação de saudade é misturada ao perfume, criando uma experiência sensorial emocional intensa.

Relação: As figuras de linguagem contribuem para a criação de uma expressão emocional mais complexa, que transcende a palavra dita, reforçando a ideia de que o sofrimento e o desejo não podem ser totalmente verbalizados ou compreendidos, mas apenas sentidos.

Conclusão

A relação entre os diferentes níveis de análise do poema de Cartola revela como a música trabalha simultaneamente com a emoção, a linguagem, o ritmo e o contexto social para construir um sentido profundo de saudade e melancolia. Cada nível de análise — semântico, sintático, fonético, morfológico e literário — contribui para criar uma obra que é, ao mesmo tempo, intimista e universal, permitindo ao ouvinte se conectar profundamente com o sentimento de perda e com o desejo de reconciliação que permeia a canção. Ao integrar esses diferentes aspectos de forma coesa, Cartola cria uma música que ressoa com os sentimentos do seu tempo e também com as emoções atemporais do ser humano.


Semelhanças e Divergências Entre os Temas

O poema "As Rosas Não Falam" de Cartola trata, de forma direta, de saudade e desejo não correspondido. O tema central é a dor da perda e a impossibilidade de comunicação emocional, expresso através da metáfora das rosas que "não falam", mas "exalam" um perfume que remete ao amor perdido.

Ao comparar esse poema com outros que tratam de temas semelhantes, como "O Mundo é um Moinho", também de Cartola, podemos perceber semelhanças e divergências:

Semelhanças:

  1. Temática de Perda e Desilusão: Tanto em "As Rosas Não Falam" quanto em "O Mundo é um Moinho", o tema da saudade e da perda emocional se faz presente. Ambos os poemas expressam a impossibilidade de reconciliação e o lamento pela relação que se perdeu ou que não tem mais chance de se concretizar.
  2. Elementos Poéticos de Melancolia: Ambos os poemas evocam uma sensação de tristeza, um sentimento de que o tempo passou e que a situação amorosa não pode ser recuperada, não importa o quanto se deseje.
  3. Uso de Metáforas e Imagens Poéticas: Os dois poemas fazem uso de metáforas para comunicar a dor. Enquanto "As Rosas Não Falam" usa as flores e o perfume como símbolos da dor que não pode ser verbalizada, "O Mundo é um Moinho" utiliza a metáfora do moinho para simbolizar o desgaste e a inevitabilidade do fim de uma relação.

Divergências:

  1. Expressão do Sofrimento: Em "As Rosas Não Falam", o sofrimento é expresso de forma mais introspectiva, silenciosa e quase etérea, como se fosse uma sensação impossível de ser completamente verbalizada. As rosas não falam, mas exalam algo sutil, refletindo um sofrimento difuso. Já em "O Mundo é um Moinho", a expressão da dor é mais direta e, de certa forma, fatalista, sugerindo que o mundo (ou a vida) não tem piedade e vai seguir seu curso, levando a pessoa à desilusão.
  2. Ação e Movimento: "As Rosas Não Falam" permanece em um estado mais estático e contemplativo, enquanto "O Mundo é um Moinho" sugere mais movimento e uma dinâmica de perda inevitável. No primeiro, as flores não falam, mas exalam algo de uma forma passiva, enquanto no segundo, há uma ação contínua, como a de um moinho que não para de girar.

Relação Entre o Título e o Tema

O título "As Rosas Não Falam" é profundamente metafórico e reflete diretamente a ideia do poema. As rosas, como símbolos da beleza e do amor, não falam, mas, de alguma forma, ainda exalam algo — um perfume que remete ao amor perdido, à saudade e ao desejo não correspondido. O título expressa a impossibilidade de comunicação direta, seja no amor ou na dor, pois as palavras falhadas não podem expressar completamente o que é sentido internamente. Esse contraste entre a impossibilidade de fala e a expressão indireta (o perfume das rosas) traduz a natureza silenciosa do sofrimento.


Paralelo com Outro Poema de Cartola ou da Mesma Temática

Comparando com "O Mundo é um Moinho":

  • "O Mundo é um Moinho" trata da inevitabilidade da desilusão amorosa e da tragédia da vida. A diferença aqui é que o eu lírico reconhece que o sofrimento é uma parte inevitável do processo da vida, e o poema tem um tom mais fatalista do que "As Rosas Não Falam". A ideia de que o "moinho" não vai parar e que as pessoas vão se perder reflete uma visão mais determinista da vida, em contraste com o lamento silencioso de Cartola em "As Rosas Não Falam".

Conclusão com a Comparação:

  • Semelhanças: Ambos os poemas exploram temas como perda, saudade e desilusão amorosa. Ambos os poemas têm um tom melancólico e introspectivo, e ambos usam metáforas (rosas e moinho) para comunicar essas ideias.
  • Divergências: A diferença entre eles reside no tom e no movimento emocional. Enquanto "As Rosas Não Falam" transmite uma sensação mais silenciosa e contemplativa de dor, "O Mundo é um Moinho" tem um tom mais ativo e fatalista, sugerindo uma perda inevitável.

Conclusão Geral: Ao comparar esses dois poemas de Cartola, observa-se que o poeta constantemente lida com temas de perda e saudade, mas com diferentes abordagens poéticas. "As Rosas Não Falam" foca na impossibilidade de comunicação e na dor silenciosa, enquanto "O Mundo é um Moinho" explora o caráter implacável da vida e a inevitabilidade da desilusão. Ambos os poemas, embora possuam elementos comuns, têm narrativas emocionais distintas, com "As Rosas Não Falam" sendo mais introspectivo e "O Mundo é um Moinho" mais dinâmico e fatalista.

Esse estudo comparativo é muito valioso, pois ajuda a entender como Cartola, mesmo dentro da mesma temática, consegue criar nuances diferentes de interpretação emocional, seja no âmbito da dor não dita ou na visão da vida como algo que gira sem cessar, levando à desilusão.

Se compararmos os poemas de Cartola, como "As Rosas Não Falam" e "O Mundo é um Moinho", com a lista de temas e obras cobrados em exames de literatura como o da UNICAMP, podemos observar algumas relações e possíveis abordagens para análise.

A UNICAMP costuma explorar as obras e textos literários com um foco no contexto histórico, dimensão psicológica dos personagens, e uso da linguagem poética. Os temas da melancolia, saudade, perda e desilusão amorosa são recorrentes em sua seleção de obras, especialmente quando envolvem uma abordagem mais subjetiva e emocional. Vamos, então, analisar como esses poemas de Cartola se relacionam com essas abordagens da UNICAMP.

1. "As Rosas Não Falam"

Tema: Saudade, perda e comunicação não verbal

  • Relação com a UNICAMP: A UNICAMP frequentemente cobra análise de temas como amor não correspondido e comunicação silenciosa nos exames. Em "As Rosas Não Falam", Cartola usa a metáfora das rosas que não falam, mas exalam um perfume, o que pode ser interpretado como a impossibilidade de comunicação direta no contexto de um relacionamento amoroso. Essa sutileza na expressão do sofrimento e a ausência de palavras diretas são aspectos que a UNICAMP valoriza, ao pedir uma interpretação simbólica e uma análise da dimensão emocional da obra.
  • Possíveis questões: A UNICAMP poderia explorar a relação entre a imagem das rosas e o sentimento de perda, pedindo uma análise sobre o uso de metáforas e como elas são associadas à ideia de uma dor inefável, que não pode ser expressa em palavras.

2. "O Mundo é um Moinho"

Tema: Desilusão e fatalismo

  • Relação com a UNICAMP: Esse poema traz uma visão fatalista da vida, com o eu lírico expressando a inevitabilidade da dor. A UNICAMP pode abordar esse tema com questões sobre fatalidade e impossibilidade de mudança nos relacionamentos, como a comparação com outros poemas da literatura brasileira que tratam de temas semelhantes. A ideia de um "moinho" que gira sem parar, representando a repetição das desilusões amorosas, pode ser explorada de forma a relacionar a dinâmica da vida com a tragédia emocional.
  • Possíveis questões: A análise do poema poderia envolver o estudo da linguagem simbólica, como o moinho, e a forma como Cartola utiliza a dinâmica do movimento para expressar a constância do sofrimento e a inevitabilidade da dor, que são temas recorrentes na literatura modernista.

Paralelo com Obras da UNICAMP:

A UNICAMP frequentemente utiliza obras que lidam com a complexidade das emoções humanas, como o amor, a perda, a dor, o sofrimento e a saudade. Poemas como "As Rosas Não Falam" e "O Mundo é um Moinho" possuem uma dimensão lírica e emocional semelhante a outros poemas de autores modernistas ou poetas da música popular brasileira, como Vinícius de Moraes, que também lida com os temas da saudade e do amor não correspondido.

Exemplo de questão:

  • Interpretação simbólica: Como a escolha das rosas no poema de Cartola reflete a incapacidade de comunicação? Compare com outro autor brasileiro que também utilize a natureza para expressar sentimentos de perda e saudade.

Conclusão com a Comparação:

  • Ao fazer um paralelo entre os poemas de Cartola e outros textos literários da tradição brasileira cobrados pela UNICAMP, podemos perceber que o exame valoriza muito a interpretação simbólica e a reflexão sobre a psicologia dos personagens. A metáfora das rosas e a imagem do moinho são imagens poéticas que exigem uma leitura profunda da linguagem figurada e a interpretação de sentimentos não ditos.

Em suma, a análise dos poemas de Cartola, como "As Rosas Não Falam" e "O Mundo é um Moinho", se alinha bem com os temas e os tipos de questões cobrados pela UNICAMP, que frequentemente busca explorar a dimensão simbólica e emocional da obra, bem como a reflexão sobre os sentimentos humanos e as complexas relações de amor e perda.

 

Descrição:

No poema "As Rosas Não Falam" de Cartola, o recurso predominante é a descrição, especialmente no que diz respeito à forma como o eu lírico apresenta a situação emocional de sofrimento e saudade. Em vez de contar uma história ou relatar ações, o poema foca em descrever estados de espírito e sentimentos, utilizando imagens poéticas para evocar emoções.

Recurso predominante: Descrição

A descrição no poema não se limita apenas à aparência física das rosas, mas sim a um campo simbólico e emocional, onde elas servem como metáforas para o sofrimento do eu lírico. O poema descreve como as rosas não "falam", mas "exalam", ou seja, elas não podem expressar verbalmente o que o eu lírico sente, mas têm uma presença sutil que transmite um sentimento de perda e saudade. Essa descrição simbólica é um elemento fundamental para a construção do efeito de melancolia e introspecção.

Efeitos de sentido da descrição:

  1. Sensação de Imobilidade e Silêncio: A descrição do poema provoca uma atmosfera de silêncio e imobilidade, pois as rosas não falam, apenas exalam. Esse silêncio poético pode ser associado à sensação de incompletude e ausência. A escolha de descrever um objeto como as rosas, que exalam perfume mas não falam, cria a impressão de que a dor e a saudade não podem ser expressas de forma explícita ou verbalizada, sendo sentidas de maneira mais subjetiva e silenciosa.
  2. Reflexão Interior e Introspecção: Ao optar pela descrição, Cartola mergulha no universo emocional do eu lírico, tornando o poema uma expressão íntima de sofrimento. A descrição das flores, da saudade e da espera cria uma sensação de inquietude interna. O eu lírico se volta para dentro de si mesmo, o que evoca uma sensação de solidão, em contraste com o movimento ou ação de um enredo narrativo.
  3. Transcendência do Real: A descrição não se limita ao mundo concreto, mas faz com que o objeto descrito, as rosas, assuma um significado simbólico profundo. Elas se tornam o veículo para a expressão de sentimentos e pensamentos que são difíceis de verbalizar, fazendo com que o poema ganhe uma dimensão transcendental que vai além do que é imediatamente visível ou palpável.

Comparação com a narração:

Se o poema fosse mais narrativo, haveria uma sequência de eventos que contaria uma história com início, meio e fim, como no caso de uma situação amorosa ou uma história de perda. Porém, ao optar pela descrição, Cartola escolhe não contar a história, mas sim expressar o estado emocional do eu lírico diante da dor da separação. Isso faz com que o poema se aprofunde mais na emoção crua do que na ação concreta.

Conclusão:

Portanto, a descrição no poema "As Rosas Não Falam" é a escolha estilística que cria uma atmosfera de introspecção, silêncio e melancolia. Ela permite que o poeta foque nas emoções não ditas, nos sentimentos internos, e na impossibilidade de expressão do eu lírico, gerando um impacto emocional no leitor ao refletir sobre o amor não correspondido e a saudade.

No poema "As Rosas Não Falam" de Cartola, o recurso predominante é a descrição, especialmente no que diz respeito à forma como o eu lírico apresenta a situação emocional de sofrimento e saudade. Em vez de contar uma história ou relatar ações, o poema foca em descrever estados de espírito e sentimentos, utilizando imagens poéticas para evocar emoções.

Recurso predominante: Descrição

A descrição no poema não se limita apenas à aparência física das rosas, mas sim a um campo simbólico e emocional, onde elas servem como metáforas para o sofrimento do eu lírico. O poema descreve como as rosas não "falam", mas "exalam", ou seja, elas não podem expressar verbalmente o que o eu lírico sente, mas têm uma presença sutil que transmite um sentimento de perda e saudade. Essa descrição simbólica é um elemento fundamental para a construção do efeito de melancolia e introspecção.

Efeitos de sentido da descrição:

  1. Sensação de Imobilidade e Silêncio: A descrição do poema provoca uma atmosfera de silêncio e imobilidade, pois as rosas não falam, apenas exalam. Esse silêncio poético pode ser associado à sensação de incompletude e ausência. A escolha de descrever um objeto como as rosas, que exalam perfume mas não falam, cria a impressão de que a dor e a saudade não podem ser expressas de forma explícita ou verbalizada, sendo sentidas de maneira mais subjetiva e silenciosa.
  2. Reflexão Interior e Introspecção: Ao optar pela descrição, Cartola mergulha no universo emocional do eu lírico, tornando o poema uma expressão íntima de sofrimento. A descrição das flores, da saudade e da espera cria uma sensação de inquietude interna. O eu lírico se volta para dentro de si mesmo, o que evoca uma sensação de solidão, em contraste com o movimento ou ação de um enredo narrativo.
  3. Transcendência do Real: A descrição não se limita ao mundo concreto, mas faz com que o objeto descrito, as rosas, assuma um significado simbólico profundo. Elas se tornam o veículo para a expressão de sentimentos e pensamentos que são difíceis de verbalizar, fazendo com que o poema ganhe uma dimensão transcendental que vai além do que é imediatamente visível ou palpável.

Comparação com a narração:

Se o poema fosse mais narrativo, haveria uma sequência de eventos que contaria uma história com início, meio e fim, como no caso de uma situação amorosa ou uma história de perda. Porém, ao optar pela descrição, Cartola escolhe não contar a história, mas sim expressar o estado emocional do eu lírico diante da dor da separação. Isso faz com que o poema se aprofunde mais na emoção crua do que na ação concreta.

Conclusão:

Portanto, a descrição no poema "As Rosas Não Falam" é a escolha estilística que cria uma atmosfera de introspecção, silêncio e melancolia. Ela permite que o poeta foque nas emoções não ditas, nos sentimentos internos, e na impossibilidade de expressão do eu lírico, gerando um impacto emocional no leitor ao refletir sobre o amor não correspondido e a saudade.

a a intertextualidade no poema "As Rosas Não Falam" de Cartola, e a forma dessa intertextualidade se dá principalmente por paráfrase e alusão. O recurso de intertextualidade em sua obra é sutil, mas está presente no uso de certas imagens e temas que evocam outras tradições literárias, além de estabelecer uma relação com a cultura popular e até com a tradição da música brasileira.

1. Intertextualidade por Paráfrase:

A intertextualidade por paráfrase ocorre quando o poeta se apropria de ideias ou imagens de outras obras e as reformula de maneira própria, com uma nova carga emocional ou simbólica.

  • Exemplo de Paráfrase no poema: O verso "Queixo-me às rosas / Que bobagem as rosas não falam" é uma referência direta a um mito clássico que vê as flores como símbolos de comunicação e expressão emocional. Em várias tradições literárias, as rosas foram associadas a sentimentos profundos, como o amor, a dor e a saudade, sendo, por vezes, personificadas ou vistas como portadoras de mensagens do coração humano. Cartola faz uma paráfrase dessas imagens literárias e culturais ao afirmar que as rosas não falam, mas, ao mesmo tempo, exalam o perfume que roubam de ti, o que subverte a ideia de que as flores sempre possuem poder de comunicação.

2. Intertextualidade por Alusão:

A alusão é outra forma de intertextualidade presente no poema, embora de forma mais implícita. Cartola faz alusão à ideia de amor não correspondido e saudade, temas recorrentes na poesia romântica e nas canções populares brasileiras, especialmente na tradição de Choro e Samba.

  • Exemplo de Alusão: O poema remete ao sentimento de perda e melancolia comuns na tradição da música popular brasileira, em que o sofrimento amoroso é frequentemente expresso pela linguagem da natureza. A escolha das rosas como símbolo do amor perdido faz uma alusão à poesia lírica romântica, que com frequência usava flores (como rosas, margaridas, etc.) para expressar sentimentos de afeição, perda ou solidão. Esse tipo de alusão evoca as tradições poéticas anteriores, mas com uma reinterpretação moderna da dor e da saudade.

3. A Paródia:

Embora não se trate de uma paródia no sentido mais explícito de "ridicularizar" ou "ironia", podemos perceber que o poema de Cartola faz uma reinterpretação leve e sutil de certos clichês da tradição romântica. Ao afirmar que as rosas não falam, o poeta subverte as representações comuns de flores que são personificadas e associadas a sentimentos de amor e comunicação emocional.

Essa subversão pode ser vista como uma paródia leve do tipo de simbolismo romântico, onde as flores frequentemente servem para exprimir estados de espírito. Cartola, ao dizer que as rosas não falam, ironiza esse clichê romântico, sugerindo que, na realidade, as flores apenas exalam o que não pode ser dito em palavras, adicionando uma nova camada de sentido ao símbolo das rosas.

Conclusão:

A intertextualidade em "As Rosas Não Falam" é mais visível na paráfrase e na alusão a convenções literárias, como a personificação das flores e o uso delas como símbolos de emoções profundas. Cartola também subverte elementos da tradição romântica e da música popular brasileira, trazendo um novo olhar para temas universais como amor e saudade. Embora não haja uma paródia explícita no poema, a forma como ele brinca com os símbolos tradicionais de dor e comunicação faz com que a obra reverencie e, ao mesmo tempo, critique certos clichês da literatura romântica.

Emoções:

No poema "As Rosas Não Falam" de Cartola, o percurso passional é profundamente marcado pela melancolia, saudade e dor da perda amorosa. O eu lírico expressa um sofrimento silencioso, uma saudade imensa de um amor que não será correspondido, o que gera um ambiente de solidão e introspecção. A cada verso, a poesia de Cartola explora o lamento de quem sente a ausência do outro e, ao mesmo tempo, a impossibilidade de expressar de forma clara e direta esse sentimento de perda.

Tipo de emoção exposto no poema:

O poema exibe uma emoção melancólica e nostálgica, caracterizada pela saudade de um amor perdido, pela dor do não-retorno e pela impotência diante da impossibilidade de reviver esse amor. A imagem das rosas, que não falam mas exalam o perfume do amor perdido, serve como uma metáfora do sofrimento silencioso, que não se expressa de forma verbal, mas através de gestos e símbolos sutis — como o perfume das flores, que é invisível mas presente. O eu lírico lamenta a falta de comunicação direta, tanto do outro quanto da própria natureza, que parece exalar somente a ausência do que foi.

Além disso, há uma sensação de reconhecimento da impossibilidade de recuperar o que foi perdido, algo que se faz evidente nas frases como "pois bem sei que não queres voltar para mim". O desejo do retorno é silenciado pela falta de resposta do outro, e a referência à dor se faz em um monólogo com as rosas, elementos da natureza que, ao invés de falar, apenas exalam. Esse silêncio parece refletir também a impossibilidade do amor de ser recuperado.

Harmonia ou tensão entre a paixão e a forma do poema:

A relação entre a paixão e a forma do poema pode ser vista como uma mistura de tensão e harmonia. Vamos analisar isso sob dois aspectos principais:

  1. Tensão entre a paixão e a forma:
    • A paixão do eu lírico é expressa através de um sofrimento profundo, que é de difícil tradução em palavras. As palavras, ao falarem da dor e da saudade, não conseguem dar conta do tamanho da dor, o que cria uma tensão entre o desejo de comunicação emocional e a incapacidade de transmitir esse sentimento com clareza.
    • A própria escolha das rosas como símbolos do amor perdido, que não falam, pode ser vista como uma representação dessa tensão: o desejo de que a natureza ou os objetos ao redor respondam, mas que, na realidade, eles apenas exalam um perfume — um símbolo de que a dor e o amor são sentidos, mas não podem ser verbalizados ou resolvidos facilmente.
  2. Harmonia entre a paixão e a forma:
    • A forma do poema, por outro lado, oferece uma expressão suave e contida, alinhando-se perfeitamente com a intensidade emocional do eu lírico. O ritmo cadenciado e a repetição de certas frases, como "Bate outra vez" e "Devias vir", criam um clima de esperança persistente, de desejo não correspondido e de solidão, mas também de uma espera silenciosa e resiliente.
    • A estruturalidade do poema, com versos curtos e repetição de elementos, como o motivo das rosas e a referência ao jardim, permite uma construção gradual do sentimento de dor, sem pressa, refletindo a natureza de um sofrimento prolongado e contido, sem expressões efusivas. Esse ritmo lento e contido reflete a forma como o eu lírico internaliza a dor e a manifesta de maneira sutil, sem extravasamento ou escândalo. A repetição dos versos e a estrutura quase circular do poema indicam que o sofrimento é algo que se repete, sem resolução, mas também sem explosões emocionais — o que pode ser interpretado como uma harmonia entre a forma e o estado emocional do eu lírico.

Conclusão:

A emoção exposta no poema é a dor silenciosa da saudade e da perda amorosa, com uma forte tensão entre o desejo de comunicação e a impossibilidade de expressão direta desse sentimento. Contudo, essa tensão é equilibrada pela harmonia da forma, que expressa a dor de maneira sutil, contínua e melancólica, sem se entregar ao drama. O poema é marcado por um equilíbrio entre paixão e controle emocional, representado pela sutileza da forma e pela repetição de elementos, criando uma atmosfera introspectiva e reflexiva, condizente com o sofrimento não expresso diretamente, mas intensamente vivido.

PONTOS DE VISTA FILOSÓFICOS

O poema "As Rosas Não Falam" de Cartola pode ser analisado sob diferentes pontos de vista filosóficos, e a interpretação vai depender da perspectiva escolhida. A seguir, vamos abordar algumas das principais possíveis leituras filosóficas, relacionadas ao tema do poema:

1. Concepção Romântica:

O poema tem uma forte característica romântica, especialmente por expressar sentimentos profundos e melancólicos em relação ao amor e à perda. No romantismo, há uma idealização do amor, uma visão de sofrimento intenso e uma percepção da realidade como algo carregado de emoções, sonhos e anseios não correspondidos. A solidão do eu lírico e a idealização do amor perdido são aspectos típicos da filosofia romântica. O desejo de que "as rosas falem" simboliza essa busca por respostas emocionais que o ser humano, muitas vezes, não encontra no mundo real.

O romantismo também está presente na forma como o eu lírico se refere à sua dor e ao mundo que o cerca: tudo parece carregado de um sentimento intenso, um sofrimento que não pode ser expressado diretamente e que está profundamente ligado à impossibilidade de se reconectar com o objeto de amor.

2. Concepção Espiritualista:

A leitura espiritualista também pode ser aplicada ao poema, pois o sofrimento do eu lírico parece transcender o físico e se colocar em uma dimensão mais etérea e metafísica. O fato de ele conversar com as rosas e de perceber nelas uma expressão simbólica do seu sofrimento sugere uma visão espiritualista da dor. As rosas exalam um perfume que remete a algo imaterial, uma presença que não é palpável, mas que pode ser sentida, como o sentimento que ainda perdura no coração do eu lírico, mesmo com a ausência do amado. Esse elemento sugere que, para o eu lírico, a dor é imortalizada e tem uma dimensão espiritual, como se o amor perdido transcendesse o físico e se perpetuasse em uma forma de memória ou essência.

3. Concepção Realista ou Materialista:

Por outro lado, o poema poderia ser visto com um olhar realista ou materialista, se considerarmos que a dor e a saudade do eu lírico podem ser vistas como um efeito da realidade concreta e das circunstâncias materiais da vida. O eu lírico lamenta a impossibilidade de recuperar o amor perdido e, em certo sentido, o poema reflete a realidade de que a vida é feita de perdas e que, muitas vezes, as coisas não se resolvem conforme nossos desejos. As rosas, neste caso, poderiam ser vistas como simples elementos da natureza, que exalam um perfume como parte do processo biológico, sem qualquer relação mística ou espiritual.

O fato de o eu lírico "queixar-se" das rosas pode sugerir uma leitura mais materialista, onde a dor é expressa de forma concreta e sem a intervenção de uma dimensão metafísica. A impossibilidade de um retorno (do amor, da pessoa amada) é o que caracteriza o sofrimento real e material do sujeito.

4. Concepção Pessoal ou Filosofia da Vida e dos Homens:

No sentido mais pessoal e existencial, o poema expressa uma reflexão sobre a condição humana e a fragilidade do amor e da vida. O eu lírico questiona o sentido da existência e da perda, o que remete a uma visão mais existencialista. A dor do ser humano diante da perda de algo ou alguém importante é tratada de maneira solitária e introspectiva, como se o eu lírico estivesse refletindo sobre sua própria vida e as experiências humanas universais. A busca de uma resposta — no caso, através das rosas — e a percepção de que não há retorno é um reflexo da angústia existencial, tão característica de muitas correntes filosóficas modernas, que consideram o ser humano como um ser marcado pela finitude e pela perda.

Conclusão:

A filosofia romântica parece ser a mais próxima para caracterizar o poema, devido à idealização do amor e à melancolia do eu lírico. Contudo, o poema também pode ser lido sob uma ótica espiritualista, realista ou existencial, dependendo do foco interpretativo. O que é comum entre essas diferentes leituras é a sensação de solidão e impossibilidade de retornar a um estado de felicidade amorosa, uma constante na experiência humana, que é tratada no poema com sutileza e profundidade.

 

PONTO DE VISTA MORAL E RELIGIOSO:

No poema "As Rosas Não Falam" de Cartola, a análise do ponto de vista moral e religioso revela um olhar profundamente humano e melancólico sobre a dor da perda e o sofrimento do amor não correspondido, sem evidências claras de intolerância ou preconceito. O eu lírico expressa sentimentos de desolação, mas não há juízos morais explícitos sobre comportamentos ou ações de outros indivíduos. O enfoque está no sofrimento pessoal do eu lírico, não em questões morais ou sociais em torno dos outros.

Ponto de Vista Moral e Religioso:

  • Moral: O poema não aborda diretamente questões morais sobre certo ou errado, ou ainda sobre comportamentos condenáveis. Em vez disso, o foco é a expressão do sofrimento íntimo do eu lírico, que, ao conversar com as rosas, tenta entender e aliviar a dor da perda. Não há um confronto com a moralidade de um ato, mas uma resignação ao inevitável sofrimento que acompanha o fim de um amor. A melancolia é o centro moral do poema, e a solidão emocional é vista como algo natural e compreensível na experiência humana.
  • Religioso: O poema não faz uma referência explícita ao sagrado ou à religião. Contudo, o elemento espiritualista é perceptível na forma como o eu lírico se comunica com as rosas, atribuindo-lhes uma função quase mística de transmitir algo da pessoa amada. O fato de o eu lírico buscar consolo nas rosas, criaturas da natureza, pode ser interpretado como um desejo de transcendência ou de encontrar algo divino no cotidiano, mas sem uma estrutura religiosa formal. A dor é quase contemplativa, e não parece ser vista sob uma perspectiva religiosa de punição ou redenção, mas sim como uma experiência humana inevitável.

Sinais de Intolerância ou Preconceito:

Não há sinais de intolerância ou preconceito explícitos no poema. O eu lírico não faz referência a nenhuma forma de discriminação ou julgamento sobre os outros. Sua dor é pessoal e ligada a uma experiência afetiva específica. Ele não acusa nem critica, mas se queixa de sua solidão e de sua dor emocional, buscando um sentido nas rosas que, na visão do poeta, poderiam responder às suas perguntas e aliviar seu sofrimento. Portanto, o poema é marcado por um tom introspectivo, que está muito mais centrado na experiência pessoal do amor e da perda do que em questões de julgamento social ou moral.

O Eu Poético e o Amor:

  • O amor, no poema de Cartola, é apresentado sob uma perspectiva de saudade e dor pela perda. O eu lírico não apenas se conforma com a partida do ser amado, mas também reflete sobre o caráter irreversível e inalterável desse fim. O amor não é retratado de maneira idealizada, mas sim como um sentimento intenso, difícil de lidar e impossível de recuperar. O eu lírico percebe o amor de uma maneira trágica, como algo que, apesar de profundamente desejado, não pode ser restaurado.
  • Há uma melancolia palpável na forma como o eu lírico se conecta ao amor perdido. O fato de ele se queixar das rosas — como se elas pudessem resolver sua dor — revela uma tentativa de buscar consolo, mas também uma aceitação da impossibilidade de voltar atrás. As rosas "não falam" e "simplesmente exalam" seu perfume, ou seja, elas não têm poder para mudar a situação, o que reflete a impotência do eu lírico diante da realidade de sua dor emocional.
  • O amor, então, é visto com uma sensação de impotência e desamparo. O eu lírico deseja que o amor possa retornar, mas reconhece que não há esperança de que isso aconteça. O desejo de que o ser amado "devia vir" é um apelo ao impossível, uma idealização do que já se foi. Esse ciclo de esperança e desilusão é o que caracteriza a maneira como o eu lírico encara o amor: um sentimento que é simultaneamente intenso e inalcançável.

Conclusão:

Em termos morais e religiosos, o poema é mais uma expressão de sofrimento pessoal do eu lírico do que uma crítica ou reflexão sobre valores ou princípios. Não há preconceito ou intolerância, mas sim um profundo mergulho no universo íntimo do ser humano, focado na experiência da perda e da saudade. O amor no poema é tratado com uma angústia existencial, onde o eu lírico reflete sobre a impossibilidade de retorno e a dificuldade de lidar com a ausência. Portanto, a relação do eu lírico com o amor é marcada pela dor da perda e pela desejada, mas inalcançável reconciliação com o passado.

 

PONTO DE VISTA POLÍTICO E IDEOLÓGICO:

O poema "As Rosas Não Falam" de Cartola não faz uma crítica social direta no sentido tradicional de questionar ou atacar instituições sociais, políticas ou ideológicas. No entanto, ao analisá-lo sob o ponto de vista político e ideológico, podemos inferir algumas camadas de leitura que, indiretamente, podem refletir aspectos sociais e culturais da época em que foi escrito (década de 1970) e do contexto de Cartola, um dos grandes nomes da música popular brasileira.

Ponto de Vista Político e Ideológico:

  1. Ausência de Crítica Social Direta: O poema não apresenta críticas explícitas ao governo, à desigualdade social ou a qualquer forma de opressão. O tema do poema gira em torno de questões pessoais e emocionais, como a dor da perda e a impossibilidade de reconciliação no amor. Cartola não utiliza o poema para fazer um comentário direto sobre o cenário político do Brasil naquele período, especialmente o contexto de repressão e censura durante a ditadura militar (1964-1985), em que o poeta vivia. Isso é um ponto importante, pois muitos artistas da época usavam suas músicas como forma de resistência e protesto político.
  2. Possível Reflexão Sobre a Solidão e a Alienação: Mesmo não fazendo uma crítica política explícita, o poema pode ser interpretado como uma reflexão mais ampla sobre a solidão e a alienação emocional, sentimentos que, de certa forma, podem ser extrapolados para o contexto social. Durante a ditadura militar, muitos indivíduos sentiam-se alienados, não apenas no sentido pessoal, mas também social e político, devido à repressão e ao controle das liberdades. Embora Cartola não aborde diretamente o contexto político, sua música pode ser vista como uma expressão da dificuldade de expressão pessoal e da busca por consolo e liberdade emocional em tempos de crise, algo que muitos brasileiros vivenciavam na época.
  3. A Dor e a Busca por Consolo: O poema também pode ser interpretado como uma forma de fuga emocional para um mundo de sentimentos, onde o eu lírico se entrega à natureza e aos elementos simbólicos como as rosas. Isso poderia ser uma metáfora para a busca de refúgio diante da realidade difícil. A falta de resposta das rosas, que "não falam", pode ser vista como uma metáfora para a falta de respostas em um país que estava silenciado pela repressão política, onde as pessoas não podiam se expressar livremente.
  4. Contraste com a Realidade Social: Em um nível mais profundo, podemos fazer uma leitura de contraste: enquanto o eu lírico está imerso em sua dor emocional, o país vivia uma realidade de censura, repressão e supressão da liberdade de expressão. A busca pela "cura" emocional através das rosas pode, nesse caso, simbolizar um desejo de escapar da dura realidade política para uma zona de conforto onde a dor pode ser expressada de maneira mais pessoal e íntima.

Conclusão:

Em resumo, "As Rosas Não Falam" não faz uma crítica social ou política explícita, mas pode ser lida, de forma mais ampla, como uma metáfora para a dor da perda, a solidão emocional e a impossibilidade de comunicação, temas que, em certo ponto, ressoam com o clima de repressão e silêncio vivido no Brasil durante a ditadura militar. Cartola, com sua musicalidade, cria um espaço onde a dor pessoal e a busca por consolo podem ser entendidas como uma reação à falta de liberdade e à alienação vivida por muitos durante o período político tenso.


Para o vestibular da Unicamp, as questões sobre a música "Bate Outra Vez", de Cartola, podem envolver tanto a análise da letra quanto o entendimento das figuras de linguagem e o contexto cultural. A Unicamp costuma cobrar questões de interpretação, análise literária, e contextualização histórica e social. A seguir, estão alguns exemplos de tipos de perguntas que poderiam ser cobradas, com base na canção de Cartola, e suas respectivas respostas:

1. Interpretação da letra

Pergunta: A música "Bate Outra Vez", de Cartola, fala de um sentimento de saudade e espera. No trecho "Queixo-me às rosas / Que bobagem as rosas não falam", o que a figura das rosas simboliza?
Resposta: As rosas simbolizam o amor perdido e a saudade. A frase "que bobagem as rosas não falam" revela uma tentativa de comunicação com o passado, uma expressão de desejo de que as rosas pudessem falar para trazer de volta o amado. As rosas "exalam" o perfume, que representa a lembrança e a essência do amor ausente.

2. Análise de figuras de linguagem

Pergunta: Identifique e explique a figura de linguagem presente na frase "Simplesmente as rosas exalam / O perfume que roubam de ti".
Resposta: A figura de linguagem presente é a metáfora, pois o perfume não é literalmente "roubado", mas serve como uma representação simbólica do que foi perdido. O "perfume" é a memória do amor que se foi, e ao "roubá-lo", as rosas mantêm viva essa lembrança.

3. Contextualização histórica e cultural

Pergunta: Considerando o contexto do samba e a obra de Cartola, qual é a relação entre a letra da música "Bate Outra Vez" e a tradição da música popular brasileira?
Resposta: A letra de "Bate Outra Vez" segue a tradição do samba, marcada pela melancolia, a saudade e a busca por amor perdido, temas recorrentes nas canções de Cartola. O samba, especialmente o de raiz, frequentemente aborda questões emocionais e sociais, com forte influência da vida urbana e das experiências do povo carioca. Cartola, um dos grandes nomes dessa tradição, utiliza as imagens do cotidiano e da natureza, como as rosas, para transmitir um sentimento profundo de perda e esperança.

4. Reflexão sobre a construção poética

Pergunta: Qual é a função do refrão repetido na música "Bate Outra Vez"?
Resposta: O refrão repetido ("Bate outra vez / Com esperanças o meu coração") reforça a ideia de esperança e persistência, mesmo diante da dor da perda. A repetição transmite a angústia do eu lírico, que, apesar da tristeza, ainda alimenta a expectativa de que o amor perdido possa retornar, o que também reflete a característica do samba de encontrar beleza nas situações de sofrimento.

5. Análise crítica

Pergunta: A música de Cartola apresenta uma visão idealizada do amor? Justifique sua resposta.
Resposta: Sim, a música apresenta uma visão idealizada do amor, evidenciada pela expressão de um desejo intenso de que o amor perdido retorne. O eu lírico se queixa das rosas por "não falarem" e pela falta de resposta ao seu pedido de retorno do amado. Essa idealização do amor é comum na tradição do samba, onde o amor é frequentemente retratado como algo que, mesmo sendo fugaz e doloroso, é visto como algo digno de ser esperado e idealizado.

6. Questão de interpretação sobre o tema

Pergunta: O que o eu lírico espera ao afirmar "Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos"?
Resposta: O eu lírico espera que o amado retorne para perceber a dor e a tristeza que ele está sentindo pela ausência do outro. A frase expressa um desejo de reconhecimento do sofrimento emocional, talvez como uma forma de reconectar-se com o amor perdido e encontrar consolo ou compreensão na volta do amado.

Essas questões abordam tanto a análise poética da letra quanto a reflexão sobre o contexto cultural da obra e as figuras de linguagem presentes. No vestibular da Unicamp, essas habilidades são exigidas, sendo importante interpretar a obra de maneira crítica e situá-la dentro de um panorama maior da música brasileira e do samba.

1. Questão Objetiva (Múltipla Escolha)

Pergunta: Qual das seguintes alternativas melhor descreve o sentimento central da música "Bate Outra Vez"?
a) Alegria pela chegada de uma nova estação.
b) Esperança no retorno de um amor perdido.
c) O fim de um ciclo e a celebração da liberdade.
d) Lamentação por uma amizade desfeita.
Resposta: b) Esperança no retorno de um amor perdido.

2. Questão de Verdadeiro ou Falso

Pergunta: A canção "Bate Outra Vez" de Cartola fala sobre a dor de um amor perdido e a expectativa do seu retorno.
Resposta: Verdadeiro.
A música expressa o sofrimento do eu lírico pela perda de um amor e a esperança de que ele possa voltar.

3. Questão Dissertativa

Pergunta: Explique o uso da metáfora "as rosas exalam o perfume que roubam de ti" na música "Bate Outra Vez". Qual é o efeito dessa metáfora na construção do tema da saudade?
Resposta: A metáfora "as rosas exalam o perfume que roubam de ti" expressa a ideia de que o perfume, simbolizando o amor perdido, permanece nas lembranças do eu lírico. As rosas, que não podem realmente "roubar" algo, são utilizadas como uma imagem poética para ilustrar o modo como a saudade do amado continua a se manifestar, mesmo na ausência. O efeito dessa metáfora é intensificar a sensação de perda e o desejo do retorno, pois o perfume roubado das rosas é a lembrança do amor, algo que permanece e persiste na memória.

4. Questão de Análise Crítica

Pergunta: Na música "Bate Outra Vez", Cartola utiliza figuras de linguagem para expressar a complexidade dos sentimentos do eu lírico. Como a anáfora (repetição de palavras ou frases) é usada para reforçar a ideia central da canção?
Resposta: A repetição da frase "Bate outra vez" ao longo da música é uma anáfora que reforça a persistência da esperança do eu lírico. Ele pede que seu coração bata novamente, simbolizando o desejo de recomeçar, de reviver a possibilidade de amor. A repetição reforça a ideia de que, apesar da dor da perda, o eu lírico mantém a esperança, criando um ritmo emocional que aumenta a intensidade do seu pedido. Essa figura de linguagem ajuda a transmitir a ideia de que a espera por algo ou alguém pode ser longa, mas não perde sua força emocional.

5. Questão de Correspondência

Pergunta: Relacione a coluna A com a coluna B, associando as frases da música "Bate Outra Vez" com as figuras de linguagem que elas exemplificam.

Coluna AColuna B
1. "Queixo-me às rosas"( ) Metáfora
2. "As rosas não falam"( ) Personificação
3. "Bate outra vez / Com esperanças o meu coração"( ) Anáfora
4. "Exalam o perfume que roubam de ti"( ) Metáfora

Resposta:
1 - ( ) Personificação
2 - ( ) Metáfora
3 - ( ) Anáfora
4 - ( ) Metáfora

Justificativa:

  • "Queixo-me às rosas" é uma personificação porque o eu lírico atribui características humanas às rosas.
  • "As rosas não falam" é uma metáfora que associa as rosas a uma capacidade humana, simbolizando a impossibilidade de expressar o que sente.
  • "Bate outra vez / Com esperanças o meu coração" é uma anáfora devido à repetição da frase "Bate outra vez", reforçando o desejo do eu lírico.
  • "Exalam o perfume que roubam de ti" é uma metáfora que liga o perfume das rosas à memória do amor perdido.

6. Questão de Interpretação de Texto (Múltipla Escolha)

Pergunta: No verso "Volto ao jardim / Com a certeza que devo chorar", qual é a principal emoção expressa pelo eu lírico?
a) Alívio.
b) Tristeza e resignação.
c) Euforia e entusiasmo.
d) Indiferença.
Resposta: b) Tristeza e resignação.
O eu lírico retorna ao jardim ciente da inevitabilidade da dor, o que indica uma aceitação da sua tristeza.

7. Questão de Interpretação (Objetiva)

Pergunta: O que a frase "Que bobagem as rosas não falam" sugere sobre a visão do eu lírico em relação à sua dor?
a) O eu lírico acredita que as rosas poderiam expressar seus sentimentos.
b) O eu lírico tenta racionalizar sua dor, reconhecendo que a natureza não tem poder sobre ela.
c) O eu lírico se sente desiludido, achando que as rosas poderiam resolver seus problemas.
d) O eu lírico sugere que o amor se expressa através das rosas.
Resposta: b) O eu lírico tenta racionalizar sua dor, reconhecendo que a natureza não tem poder sobre ela.

8. Questão de Análise (Verdadeiro ou Falso)

Pergunta: A música "Bate Outra Vez" de Cartola se caracteriza pela celebração da superação e da alegria.
Resposta: Falso.
A música fala sobre a dor da perda e a esperança em um possível retorno do amor, não celebrando a superação, mas a saudade e a espera.

9. Questão de Reflexão

Pergunta: De acordo com a letra da música "Bate Outra Vez", o que a frase "Pois já vai terminando o verão" simboliza?
Resposta: A frase "Pois já vai terminando o verão" pode simbolizar o fim de um ciclo, o término de um período de felicidade ou de calor, e a chegada de um tempo de dor e solidão, reforçando a temática de despedida e a melancolia presente na música.


1. Questão de Interpretação (Múltipla Escolha)

Pergunta: Qual é o efeito da repetição da frase "Bate outra vez" no contexto da música?
a) Aumenta o ritmo da música e a sensação de urgência.
b) Reflete a resignação do eu lírico em relação à perda.
c) Reforça a esperança contínua do eu lírico pelo retorno do amor perdido.
d) Indica a tristeza do eu lírico e sua recusa em aceitar a perda.
Resposta: c) Reforça a esperança contínua do eu lírico pelo retorno do amor perdido.
A repetição transmite a persistência da espera, enfatizando a esperança de que o amor perdido possa voltar.

2. Questão de Verdadeiro ou Falso

Pergunta: A frase "Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos" sugere que o eu lírico deseja que o amado perceba sua dor.
Resposta: Verdadeiro.
O eu lírico quer que o amado retorne para ver a tristeza que ele está sentindo, o que revela a profundidade da sua dor e desejo de reconhecimento.

3. Questão de Análise Crítica

Pergunta: A música de Cartola reflete um sentimento de esperança, apesar da dor do eu lírico. Como você interpreta a frase "Com esperanças o meu coração"?
Resposta: A frase "Com esperanças o meu coração" sugere que, apesar da dor da perda, o eu lírico continua a nutrir a esperança de que o amor perdido possa retornar. Essa esperança é uma forma de resistência emocional, pois o coração ainda encontra motivos para esperar, mesmo com a certeza do sofrimento. O contraste entre a dor e a esperança cria uma tensão poética que marca a música.

4. Questão de Correspondência

Pergunta: Relacione a frase da música com a figura de linguagem correspondente.

FraseFigura de Linguagem
1. "Bate outra vez / Com esperanças o meu coração"( ) Anáfora
2. "As rosas exalam o perfume que roubam de ti"( ) Metáfora
3. "Queixo-me às rosas"( ) Personificação
4. "Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos"( ) Apóstrofe

Resposta:
1 - ( ) Anáfora
2 - ( ) Metáfora
3 - ( ) Personificação
4 - ( ) Apóstrofe

Justificativa:

  • "Bate outra vez / Com esperanças o meu coração" é uma anáfora pela repetição da frase.
  • "As rosas exalam o perfume que roubam de ti" é uma metáfora que simboliza a lembrança do amor.
  • "Queixo-me às rosas" é uma personificação, pois atribui às rosas a capacidade de ouvir e compreender.
  • "Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos" é uma apóstrofe, já que o eu lírico se dirige a uma pessoa ausente.

5. Questão Dissertativa

Pergunta: Qual é o papel das "rosas" na música "Bate Outra Vez" de Cartola? Explique a função simbólica e o que elas representam no contexto da canção.
Resposta: As rosas na música de Cartola desempenham um papel simbólico importante. Elas não falam, mas exalam um perfume que "roubam" do amado perdido. Nesse sentido, as rosas são metaforicamente ligadas à ideia de que as lembranças do amor ainda permanecem, mesmo na ausência do objeto amado. Elas simbolizam a saudade e a tentativa de comunicação com o passado, funcionando como um veículo para a expressão da dor do eu lírico. Ao "queixar-se" às rosas, o eu lírico está, na verdade, expressando sua frustração por não poder recuperar o amor perdido, enquanto as rosas, apesar de sua beleza, não têm o poder de devolver o que foi perdido.

6. Questão de Interpretação (Objetiva)

Pergunta: O que o eu lírico quer dizer com "Que bobagem, as rosas não falam"?
a) Que as rosas são inúteis como símbolo do amor perdido.
b) Que as rosas poderiam expressar seus sentimentos e aliviar sua dor.
c) Que as rosas são um lembrete constante de seu sofrimento.
d) Que a ideia de as rosas falarem é uma tolice, pois elas apenas exalam perfume.
Resposta: d) Que a ideia de as rosas falarem é uma tolice, pois elas apenas exalam perfume.
O eu lírico ironiza a ideia de que as rosas possam realmente falar, mas reconhece que elas carregam um símbolo do amor perdido por meio do perfume.

7. Questão de Análise Poética

Pergunta: O que a imagem do "jardim" representa na música "Bate Outra Vez"?
Resposta: O "jardim" pode ser interpretado como um espaço simbólico de lembrança e saudade. Ele é o local para onde o eu lírico retorna, provavelmente evocando memórias de momentos felizes com o amado. O jardim também pode simbolizar a natureza cíclica do amor, onde a dor da perda se mistura à beleza da recordação, já que é no jardim que ele "volta" e reconhece a necessidade de chorar, apontando para a ambivalência entre esperança e sofrimento.

8. Questão de Reflexão

Pergunta: Como o uso da palavra "ver" na frase "Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos" contribui para a construção da emoção na música?
Resposta: A palavra "ver" contribui para a construção emocional ao sugerir que o eu lírico deseja que o amado perceba o seu sofrimento. O verbo "ver" aqui não é literal, mas indica uma tentativa de conectar-se emocionalmente, expressando o desejo de que o outro reconheça a dor e a saudade que ele sente. Essa expectativa de reconhecimento intensifica o lamento e a sensação de solidão do eu lírico.

9. Questão de Interpretação (Verdadeiro ou Falso)

Pergunta: A expressão "pois já vai terminando o verão" é uma metáfora que faz alusão à mudança de estação, mas também simboliza o fim de um ciclo emocional na música.
Resposta: Verdadeiro.
O final do verão simboliza o fim de um período de felicidade ou esperança, criando uma transição emocional para a tristeza e o lamento. A mudança de estação funciona como um reflexo do sentimento de perda.

1. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: O que o eu lírico deseja expressar ao afirmar "Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos"?
a) O eu lírico deseja que o amado perceba sua tristeza e se emocione.
b) O eu lírico quer que o amado o observe sem nada dizer.
c) O eu lírico deseja que o amado o reconheça e volte a amá-lo.
d) O eu lírico sente que o amado deve voltar apenas para aliviar sua dor.
Resposta: a) O eu lírico deseja que o amado perceba sua tristeza e se emocione.
A frase expressa um desejo de que o amado veja a dor do eu lírico, reconhecendo a tristeza que ele está sentindo.

2. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: A repetição do verso "Bate outra vez" na música de Cartola está relacionada a qual emoção do eu lírico?
a) Desespero e resignação.
b) Esperança renovada e persistência.
c) Ira e frustração.
d) Alegria e celebração.
Resposta: b) Esperança renovada e persistência.
A repetição da frase "Bate outra vez" sugere que o eu lírico mantém a esperança e a persistência de que o amor perdido possa retornar, apesar da dor.

3. Questão de Correspondência

Pergunta: Relacione as expressões da música de Cartola com as figuras de linguagem que representam.

ExpressãoFigura de Linguagem
1. "Queixo-me às rosas"( ) Metáfora
2. "Simplesmente as rosas exalam o perfume"( ) Personificação
3. "Bate outra vez / Com esperanças o meu coração"( ) Anáfora
4. "O perfume que roubam de ti"( ) Metáfora

Resposta:
1 - ( ) Personificação
2 - ( ) Metáfora
3 - ( ) Anáfora
4 - ( ) Metáfora

Justificativa:

  • "Queixo-me às rosas" é uma personificação porque as rosas são tratadas como se pudessem ouvir e responder ao lamento do eu lírico.
  • "Simplesmente as rosas exalam o perfume" é uma metáfora, pois o perfume é simbólico da lembrança do amor perdido.
  • "Bate outra vez / Com esperanças o meu coração" é uma anáfora, devido à repetição da mesma frase que enfatiza a esperança.
  • "O perfume que roubam de ti" é uma metáfora, onde o perfume representa as memórias do amor perdido.

4. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: Qual é a relação entre as "rosas" e o "perfume" na música de Cartola?
a) As rosas e o perfume simbolizam a beleza do amor presente.
b) As rosas são um símbolo da natureza, enquanto o perfume é uma recordação do amor perdido.
c) O perfume representa a felicidade do eu lírico, enquanto as rosas são apenas um adorno.
d) As rosas representam a tristeza, e o perfume simboliza a esperança do retorno do amor.
Resposta: b) As rosas são um símbolo da natureza, enquanto o perfume é uma recordação do amor perdido.
As rosas, como símbolo natural, exalam um perfume que é uma metáfora para as lembranças do amor que foi perdido, mantendo viva a memória do que não pode ser recuperado.

5. Questão de Correspondência

Pergunta: Relacione a figura de linguagem com a expressão correspondente na música "Bate Outra Vez" de Cartola.

Figura de LinguagemExpressão
1. Anáfora( ) "Bate outra vez / Com esperanças o meu coração"
2. Metáfora( ) "O perfume que roubam de ti"
3. Personificação( ) "Queixo-me às rosas"
4. Apóstrofe( ) "Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos"

Resposta:
1 - ( ) "Bate outra vez / Com esperanças o meu coração"
2 - ( ) "O perfume que roubam de ti"
3 - ( ) "Queixo-me às rosas"
4 - ( ) "Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos"

Justificativa:

  • A anáfora é a repetição do verso "Bate outra vez".
  • A metáfora ocorre quando o perfume simboliza as lembranças do amor perdido.
  • A personificação está presente na frase "Queixo-me às rosas", tratando as rosas como se pudessem ouvir e entender o sofrimento do eu lírico.
  • A apóstrofe ocorre quando o eu lírico se dirige diretamente ao amado, que não está presente, como em "Devias vir".

6. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: O que simboliza o "jardim" no contexto da música "Bate Outra Vez"?
a) Um lugar de pura felicidade, onde o amor floresce.
b) A passagem do tempo, simbolizando a renovação do ciclo emocional.
c) O lugar de onde o eu lírico espera que o amor retorne.
d) A infância perdida, associada à inocência.
Resposta: b) A passagem do tempo, simbolizando a renovação do ciclo emocional.
O jardim é o local para onde o eu lírico retorna, representando tanto o lugar da memória quanto a transição de um ciclo emocional marcado pela perda.

7. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: Qual é a função do verso "Que bobagem as rosas não falam" na construção da música?
a) Expressa o desdém do eu lírico pelas rosas.
b) Aponta para a inutilidade das rosas como símbolo do amor.
c) Sugere que as rosas poderiam ser uma forma de comunicar o amor perdido.
d) Indica que o eu lírico já superou a dor e não se importa com as lembranças.
Resposta: c) Sugere que as rosas poderiam ser uma forma de comunicar o amor perdido.
Ao dizer "Que bobagem as rosas não falam", o eu lírico ironiza o desejo de que as rosas pudessem falar, pois elas exalam o perfume do amor perdido.

8. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: O que a frase "Pois já vai terminando o verão" pode simbolizar na música?
a) O fim de um período de alegria e o início de um novo ciclo de felicidade.
b) O fim da juventude e o começo da maturidade.
c) O fim de um ciclo emocional, representando a chegada de um tempo de dor e melancolia.
d) O fim de uma estação, sem implicações emocionais.
Resposta: c) O fim de um ciclo emocional, representando a chegada de um tempo de dor e melancolia.
O fim do verão simboliza a transição de um período de felicidade para um tempo de saudade e sofrimento.

 

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