sexta-feira, 8 de novembro de 2024

• Os ratos - Dyonélio Machado LISTA FUVEST

 Dyonélio Machado (1895-1985) foi um escritor, médico psiquiatra, jornalista e político brasileiro, conhecido principalmente por sua obra literária de cunho psicológico e social, que expõe com profundidade a situação dos marginalizados na sociedade brasileira da época. Nascido em Quaraí, no Rio Grande do Sul, Dyonélio desenvolveu uma carreira multidisciplinar e se destacou, sobretudo, por sua sensibilidade em tratar dos conflitos internos e das questões sociais em sua literatura.

Formação e Carreira

Formado em medicina pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, Dyonélio especializou-se em psiquiatria e atuou como médico, o que influenciou profundamente sua obra literária. Seu conhecimento sobre o funcionamento da mente humana e sua experiência em tratar problemas psicológicos lhe deram ferramentas para criar personagens complexos e explorar temas como a angústia, a alienação e o sofrimento psicológico com autenticidade. Além de médico, Dyonélio também foi jornalista e chegou a atuar como deputado estadual no Rio Grande do Sul, sendo um intelectual ativo e comprometido com questões sociais e políticas de sua época.

Obra Literária e Temas

A produção literária de Dyonélio Machado está fortemente ligada ao Realismo psicológico e ao Modernismo brasileiro da segunda fase, marcada por um olhar crítico sobre a realidade social e econômica do Brasil. Seu romance mais conhecido, Os Ratos (1935), é um marco na literatura brasileira e é considerado uma obra-prima do realismo psicológico. Nesse romance, ele narra a história de Naziazeno Barbosa, um homem comum e endividado que vive em constante angústia e luta pela sobrevivência, refletindo a opressão econômica e as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores urbanos na época.

A obra de Dyonélio é caracterizada pela abordagem intimista e introspectiva de seus personagens, que são construídos com um realismo psicológico intenso, refletindo sua formação em psiquiatria. Ele explora as emoções humanas com profundidade e revela os aspectos mais sombrios e angustiantes da mente humana, especialmente em contextos de opressão e adversidade econômica. Seus personagens geralmente são figuras alienadas, pressionadas pelo sistema e consumidas pela ansiedade e pela insegurança.

Atuação Política e Perseguição

Dyonélio também se envolveu na política e foi eleito deputado estadual no Rio Grande do Sul pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que o tornou alvo de perseguição política durante o governo de Getúlio Vargas, no período do Estado Novo (1937-1945). Em 1935, ano de publicação de Os Ratos, Dyonélio foi preso por conta de sua ligação com o PCB e ficou encarcerado por alguns meses. Esse período de repressão marcou sua vida e pode ter influenciado ainda mais sua visão crítica sobre a sociedade e o sistema político brasileiro. Após a prisão, sua carreira literária passou a ser marcada pela discrição, e ele permaneceu fora dos holofotes, embora continuasse produzindo literatura e atuando como psiquiatra.

Legado Literário

Dyonélio Machado é frequentemente citado como um dos grandes autores da literatura brasileira do século XX, embora sua obra seja menos popularizada do que a de outros escritores de sua época. Seu estilo único, marcado por uma linguagem direta e por uma abordagem profunda dos conflitos internos, o torna um precursor no que diz respeito ao realismo psicológico no Brasil. Os Ratos é seu trabalho mais conhecido e continua a ser um romance relevante, especialmente por sua análise da realidade social, econômica e psicológica dos indivíduos comuns.

Dyonélio Machado escreveu outras obras, como O Louco do Cati (1942), que também explora temas psicológicos e sociais, abordando o isolamento e o sofrimento humano. Esse segundo romance, no entanto, possui um tom mais regionalista, situando-se no contexto do interior do Rio Grande do Sul. Com sua escrita intimista e reflexiva, ele deixou um legado que inspira leitores e estudiosos a refletirem sobre as complexidades da condição humana e os desafios das classes marginalizadas em um sistema desigual.

Conclusão

Dyonélio Machado foi um escritor multifacetado e um intelectual comprometido com questões sociais, cuja obra reflete sua visão crítica da sociedade brasileira e sua sensibilidade para os dilemas psicológicos e existenciais dos indivíduos. Ele explorou a opressão econômica e a alienação com autenticidade, marcando a literatura brasileira com suas narrativas psicológicas e sua crítica ao sistema social. Os Ratos, seu romance mais emblemático, permanece como uma análise profunda e atual da luta pela sobrevivência e dignidade em uma sociedade marcada pela desigualdade e pela indiferença.

As obras de Dyonélio Machado possuem um estilo único e são marcadas por características que refletem sua formação em psiquiatria e seu olhar crítico sobre a sociedade. Através de uma linguagem simples e direta, ele explora temas existenciais, psicológicos e sociais com profundidade, tornando suas obras representativas do realismo psicológico e do modernismo social brasileiro. Abaixo, detalho as principais características de sua obra.

1. Realismo Psicológico

Dyonélio Machado se destaca por seu profundo interesse pela mente humana. Ele explora as angústias, medos, frustrações e inseguranças dos personagens, especialmente no que se refere às dificuldades de adaptação e sobrevivência em um contexto social e econômico opressor. O foco no psicologismo é uma característica fundamental, sendo que seus personagens costumam enfrentar conflitos internos complexos. Naziazeno Barbosa, protagonista de Os Ratos, é um exemplo claro desse realismo psicológico: ele vive em constante tensão, lidando com as preocupações cotidianas e com o medo de não conseguir cumprir com suas obrigações financeiras.

2. Critica Social e Econômica

Dyonélio utiliza suas histórias para criticar as estruturas econômicas que geram desigualdade e alienação. Em Os Ratos, por exemplo, a dívida de Naziazeno com o leiteiro é um símbolo da opressão econômica que marca a vida dos personagens. O autor denuncia, assim, a precariedade das condições de trabalho, a insegurança financeira e o desespero cotidiano dos indivíduos marginalizados pelo sistema. Ele expõe os dilemas e as injustiças vividas pela classe trabalhadora, criando um retrato fiel das dificuldades enfrentadas pelo homem comum em um ambiente urbano e capitalista.

3. Linguagem Direta e Objetiva

A linguagem utilizada por Dyonélio Machado é objetiva e sem floreios, condizente com o clima de tensão e realidade crua que ele busca transmitir. Seu estilo direto e simples permite que o leitor se conecte rapidamente com a trama e com os dilemas dos personagens, sem que a narrativa perca tempo em detalhes desnecessários. Essa simplicidade ajuda a reforçar o ambiente de ansiedade e alienação das histórias e facilita o mergulho no aspecto psicológico dos personagens.

4. Ambiente Urbano e Hostil

O ambiente das obras de Dyonélio, especialmente em Os Ratos, é predominantemente urbano e hostil. A cidade aparece como um lugar impessoal e opressor, onde o personagem principal é um indivíduo isolado, invisível para os outros e consumido por suas preocupações. Esse cenário urbano reflete a desumanização das grandes cidades, onde os personagens são pressionados pela falta de dinheiro, pelo estresse cotidiano e pelo sistema capitalista. Em vez de oferecer oportunidades, a cidade de Dyonélio surge como um espaço sufocante e opressor.

5. Influência do Existencialismo

Embora Dyonélio Machado não seja formalmente associado ao existencialismo, seu enfoque nos dilemas existenciais e no isolamento do indivíduo diante de um mundo indiferente aproxima sua obra dessa corrente. Em suas histórias, o indivíduo está sozinho, lutando contra uma realidade opressora e tentando encontrar um sentido ou uma saída para suas dificuldades. A narrativa de Os Ratos, por exemplo, explora o absurdo de uma luta aparentemente sem propósito, na qual o protagonista parece preso em um ciclo interminável de angústia e dívida.

6. Alienação e Desumanização

Um tema recorrente na obra de Dyonélio é a alienação dos personagens, que se veem afastados de qualquer possibilidade de realização pessoal. Em Os Ratos, Naziazeno vive em uma rotina sem perspectivas, alienado tanto de suas necessidades quanto de seu potencial. Ele é desumanizado por uma sociedade que o enxerga apenas como parte de um sistema econômico, deixando-o à mercê de uma situação que o pressiona emocionalmente e não lhe permite sair do ciclo de miséria.

7. Narrativa Intimista e Fluxo de Consciência

Dyonélio Machado adota uma narrativa intimista, muitas vezes utilizando o fluxo de consciência para expor os pensamentos de seus personagens de forma direta. Essa técnica é evidente em Os Ratos, onde a mente de Naziazeno é um reflexo de suas angústias e temores mais profundos. O uso do fluxo de consciência permite que o leitor vivencie as inquietações do personagem em tempo real, compreendendo a profundidade de sua luta interna. Esse recurso literário aproxima o leitor dos conflitos do personagem, intensificando a sensação de claustrofobia e angústia que permeia a narrativa.

8. Estilo Minimalista e Econômico

O estilo de Dyonélio é frequentemente minimalista, com uma construção narrativa que evita excessos descritivos. Ele utiliza diálogos curtos e descrições reduzidas para manter o foco nos dilemas psicológicos e sociais dos personagens. Esse estilo econômico ajuda a sustentar a tensão da narrativa e reforça o clima de ansiedade e sufocamento presente em suas histórias, tornando a leitura intensa e concentrada.

9. Reflexo do Cotidiano e das Pequenas Tragédias

Dyonélio Machado aborda temas aparentemente simples, como a luta para pagar uma dívida, mas é capaz de transformar esses eventos cotidianos em grandes dramas psicológicos. O cotidiano nas obras dele é um reflexo das pequenas tragédias que afetam a vida das pessoas comuns, sendo que cada obstáculo aparentemente trivial carrega um peso existencial para os personagens. A jornada de Naziazeno em Os Ratos é um exemplo disso: a busca por dinheiro para pagar o leiteiro, uma situação comum, se torna uma representação da luta humana pela dignidade e sobrevivência em um mundo hostil.

Conclusão

Dyonélio Machado se destaca por seu realismo psicológico, crítica social e exploração dos dilemas existenciais dos indivíduos, combinando o retrato da vida urbana com a análise das consequências da opressão econômica. Sua obra expõe, com uma linguagem direta e econômica, a realidade dos marginalizados e a alienação que enfrentam. Em suma, suas histórias nos mostram a complexidade da condição humana em uma sociedade marcada por desigualdade e desumanização, posicionando Dyonélio como um dos autores fundamentais do realismo psicológico e do modernismo brasileiro.


"Os Ratos" é um conto do escritor brasileiro Dyonélio Machado, escrito em 1935. A obra trata do conflito psicológico e existencial vivido por seu protagonista, o jovem estudante de Medicina, que enfrenta questões sobre a vida, a morte e as relações humanas, tendo como pano de fundo a sociedade urbana da época.

O jovem estudante de medicina em Os Ratos, Naziazeno Barbosa, é um personagem complexo que se vê em meio a um profundo conflito existencial. Embora o centro narrativo gire em torno de seu problema financeiro com uma dívida, o contexto mais amplo de sua vida como estudante de medicina oferece uma camada adicional ao seu dilema: ele é alguém que está, teoricamente, se preparando para cuidar da vida, enquanto ele mesmo luta para sobreviver em um sistema que lhe rouba a dignidade e o coloca à beira da desesperança.

Vida e Morte: O Dilema do Estudante de Medicina

Como estudante de medicina, Naziazeno deveria estar imerso em questões ligadas à preservação da vida e ao alívio do sofrimento. No entanto, ele próprio está afundado em uma situação que simboliza o contrário: uma luta desgastante contra as forças que ameaçam sua sobrevivência, como o peso econômico e o desespero emocional. Esta ironia cria uma situação paradoxal, onde ele busca um conhecimento voltado à cura, mas não consegue aplicar esses princípios em sua própria vida, que está marcada pela impotência e pela alienação.

A questão da vida e da morte em Os Ratos é abordada de maneira simbólica. A luta diária para obter o dinheiro para uma dívida básica se transforma em uma questão de sobrevivência, onde o conceito de "vida" é reduzido à mera existência, e "morte" é figurativamente a degradação e a perda da dignidade humana. Naziazeno representa, assim, o dilema de um estudante de medicina que, ao mesmo tempo em que estuda para salvar vidas, se vê em uma posição onde ele próprio é sufocado pelo sistema e pelos próprios problemas existenciais.

Relações Humanas e a Alienação

Como estudante em formação, Naziazeno deveria estar desenvolvendo relações de apoio e compartilhando suas dificuldades com colegas ou amigos. No entanto, ele se encontra extremamente isolado, carregando sozinho o peso de seus problemas financeiros e emocionais. A indiferença dos outros, a falta de uma rede de apoio e a pressão constante para cumprir as normas sociais o colocam em uma posição de extremo isolamento.

As relações humanas para Naziazeno são tensas e, muitas vezes, superficiais. Sua esposa, sua família e até mesmo seus vizinhos parecem incapazes de compreender a profundidade de sua angústia. A estrutura social ao seu redor valoriza a estabilidade financeira e a conformidade social, mas despreza as questões emocionais e o sofrimento psicológico. Como estudante, ele deveria estar crescendo não apenas academicamente, mas também como pessoa, aprendendo a cuidar dos outros. No entanto, a alienação e a indiferença que experimenta o impedem de encontrar esse sentido mais profundo em suas relações.

O Paradoxo do Cuidado e da Impotência

Naziazeno enfrenta o paradoxo de alguém que está aprendendo sobre o cuidado com o próximo, mas que, ao mesmo tempo, não consegue cuidar de si mesmo nem encontrar maneiras de se proteger emocionalmente. A medicina, nesse sentido, funciona como uma metáfora para a esperança e o potencial de redenção. Ela deveria ser um caminho para o protagonista encontrar propósito e significado, mas a realidade da vida o impede de usufruir desse aprendizado. Ele vive na iminência de uma "morte" simbólica, que é a morte da dignidade e da esperança, sendo incapaz de mudar sua situação.

Uma Crítica à Formação e ao Sistema de Ensino

A obra também pode ser vista como uma crítica indireta ao sistema de ensino e à formação médica, que, enquanto prepara indivíduos para cuidar dos outros, muitas vezes ignora as próprias condições de vida desses estudantes. Muitos, como Naziazeno, enfrentam dificuldades financeiras, emocionais e sociais sem ter qualquer tipo de apoio ou compreensão. A própria escolha de um estudante de medicina para protagonista sugere uma crítica à forma como o sistema de ensino e a sociedade negligenciam o bem-estar emocional de quem será, no futuro, responsável pelo bem-estar dos outros.

Conclusão: Um Jovem Encarando a Realidade de um Mundo Hostil

Naziazeno, como estudante de medicina, está em um processo de formação que deveria ampliar seu entendimento sobre a vida e o ser humano. No entanto, ele se encontra confrontado com uma realidade que contradiz esses valores, levando-o ao limite da resistência humana. Ele é uma representação do jovem idealista que, ao se deparar com as pressões e com a indiferença do mundo, perde gradativamente sua fé na própria profissão e no que ela representa.

Esse jovem estudante de medicina, em sua luta para pagar uma dívida de leite, representa a perda da inocência e a descoberta da crueldade do mundo, tornando-se símbolo de uma juventude que, ao encontrar um sistema opressor e indiferente, passa a questionar o valor da vida e das relações humanas.

Aprofundando: 

O conto gira em torno de um jovem estudante de medicina que, ao retornar para casa após um dia cansativo de estudos, se depara com uma situação peculiar em sua residência. Ele começa a ouvir, repetidamente, o som de ratos se movimentando pela casa. Esse som inicialmente se torna uma simples irritação para o protagonista, mas com o passar do tempo, esse fenômeno ganha uma dimensão mais angustiante e simbólica.

Os ratos, em seu aspecto físico e sonoro, começam a simbolizar um crescente sentimento de inquietação, medo e angústia no protagonista, que se vê preso em um dilema existencial. A presença dos ratos se torna cada vez mais forte, até que, finalmente, o personagem se vê completamente imerso em um universo de paranoia e fuga da realidade.

Em seu íntimo, ele começa a refletir sobre a morte, a solidão e os dilemas existenciais que surgem quando se confronta com a transitoriedade da vida humana. A obsessão pelos ratos revela a incapacidade do protagonista de lidar com o mal-estar emocional que ele experimenta na sociedade. Ele se sente isolado, desajustado e sem saída diante de suas angústias.

Aspectos Importantes do Conto

  • O símbolo dos ratos vai muito além do simples incômodo causado por esses animais, representando os medos e as aflições interiores do protagonista, que, à medida que os ratos se fazem mais presentes, revela o desespero da solidão e da incapacidade de enfrentar os próprios temores.
  • O conto também pode ser interpretado como uma crítica ao ambiente urbano da época, que, com seus conflitos sociais e alienação, força o protagonista a uma experiência solitária e angustiante.
  • Há uma forte crítica psicológica em relação ao protagonista, que é incapaz de lidar com a sua existência e com a tensão entre o mundo interno e o mundo exterior.

Temas Principais

  1. Solidão e Isolamento: O protagonista se sente desajustado e incompreendido. Ele não consegue encontrar sua posição na sociedade e se vê envolto em um mundo de angústia e desconforto emocional.

  2. A Morte: A presença obsessiva dos ratos reflete o medo da morte e a sensação de que a vida é efêmera. A angústia existencial que o protagonista experimenta está intimamente ligada à sua busca por sentido diante da inevitabilidade da morte.

  3. Conflito Interior: O protagonista enfrenta um conflito psicológico intenso, em que seus medos e angústias interiores são exteriorizados pelos ratos. Ele não sabe como lidar com essa sensação de sufocamento existencial.

  4. Alienação Urbana: O conto também faz uma crítica ao ambiente urbano da época, apresentando a cidade como um lugar alienante, que isola o indivíduo e faz com que ele se sinta insignificante e impotente frente aos desafios da vida.

Conclusão

"Os Ratos" é um conto profundo que explora o confronto do protagonista com suas próprias angústias existenciais, sendo um reflexo da alienação social, do isolamento emocional e do medo da morte. O simbolismo dos ratos, que vão se tornando cada vez mais ameaçadores à medida que o conto avança, serve como uma metáfora para os conflitos internos do personagem, culminando em uma reflexão sobre as limitações e os dilemas do ser humano.

Os Ratos" é uma das mais importantes obras da literatura brasileira do início do século XX e apresenta um relato psicológico complexo sobre a solidão e a alienação do ser humano. Através do conflito interno de um jovem estudante de medicina, Dyonélio Machado cria uma narrativa que explora temas como angústia existencial, medo da morte, alienação social, e as dificuldades emocionais da modernidade urbana.

1. O Protagonista e a Psicologia da Obra

O jovem estudante de Medicina é o personagem central da obra e, à medida que a narrativa se desenvolve, o conto oferece uma profunda reflexão sobre os seus conflitos internos. O protagonista se encontra imerso em uma angústia existencial que o separa da vida exterior e o mantém refém de seus próprios medos.

O jovem está à beira de uma transição psicológica. Ele não é apenas estudante de Medicina; é também um homem perdido, incomodado por um vazio existencial. A escolha pela Medicina, muitas vezes vista como uma profissão de status e realização, não é suficiente para suprir a angústia e o isolamento emocional que ele experimenta. O título da obra, "Os Ratos", é uma metáfora de seus próprios demônios internos, algo que cresce e se multiplica dentro dele, à medida que ele se afasta de sua humanidade.

Os ratos, inicialmente pequenos e inofensivos, ganham uma dimensão simbólica crescente, representando o medo, a culpa, a solidão e a fuga de si mesmo. Eles simbolizam a incapacidade do protagonista de lidar com o mal-estar psicológico e existencial que lhe é imposta pela sociedade e pela sua própria condição interna.

2. A Alienação e o Ambiente Urbano

A obra também pode ser interpretada como uma crítica à alienação imposta pelo ambiente urbano da época. A cidade moderna do início do século XX, com seus ritmos acelerados e suas preocupações materiais, é um cenário de despersonalização e de isolamento humano. O jovem estudante de Medicina se sente desconectado de sua própria vida e de seus relacionamentos. Ele passa seus dias entre os estudos e uma rotina que não lhe oferece consolo emocional.

Os ratos, neste contexto, tornam-se símbolos da opressão urbana e da degradação psicológica. O protagonista vive em uma casa que, embora seja um ambiente físico, representa um lugar prisioneiro, onde ele se encontra aprisionado em seus próprios pensamentos e medos.

3. O Conflito com a Morte

A presença dos ratos também está relacionada ao medo da morte e à inevitabilidade de seu confronto. Os ratos, como seres efêmeros e muitas vezes associados à morte, começam a aparecer como emissários do fim. O protagonista, ao perceber o quanto os ratos estão se multiplicando e invadindo sua vida, vê isso como uma metáfora da morte se aproximando de sua existência. Essa relação entre os ratos e a morte é aprofundada pelo fato de o protagonista ser estudante de Medicina, uma área do conhecimento que lida diretamente com a vida e a morte.

No entanto, ao contrário de sua profissão, que se baseia na racionalidade e no controle sobre a morte, o protagonista se vê desesperado e impotente diante do que ele não pode controlar: seus próprios sentimentos de angústia, os ratos e, por fim, sua percepção da finitude humana.

4. O Simbolismo dos Ratos

Os ratos, que inicialmente representam apenas uma incômoda presença no ambiente do protagonista, se transformam em um símbolo central na narrativa. Eles vão ganhando uma dimensão crescente de perturbação e invasão da psique do jovem. O que começa como um simples problema físico se torna, aos poucos, um fenômeno psicológico crescente, que reflete o próprio processo de alienação do protagonista. O invasor externo (os ratos) é também um reflexo do invasor interno (os medos e ansiedades do personagem).

Esse simbolismo é reforçado quando o protagonista começa a se perguntar sobre o significado da vida e do sofrimento humano, tentando compreender a sua condição enquanto ser humano. O problema dos ratos não é só um problema físico, mas uma questão existencial profunda, que o força a confrontar suas próprias fragilidades e a perda da esperança.

5. A Solidão e a Impossibilidade de Comunicação

Outro aspecto fundamental da obra é a solidão do protagonista. Ele vive num mundo de isolamento emocional, não apenas devido à sua condição de estudante e ao desgaste da rotina, mas também pela sua incapacidade de se relacionar verdadeiramente com as pessoas à sua volta. A solidão é amplificada pelo fato de o protagonista estar desconectado da realidade social e emocionalmente. A casa, onde ele se encontra sozinho com os ratos, serve como uma metáfora para o isolamento existencial do ser humano, particularmente em um contexto urbano despersonalizado.

O personagem não sabe como lidar com seus próprios sentimentos e, por isso, a comunicação com os outros torna-se impossível. A falta de comunicação é um reflexo do distanciamento psicológico, não apenas com os outros, mas consigo mesmo. O jovem se perde em suas próprias angústias e é incapaz de procurar ajuda ou de encontrar uma forma de expressar suas emoções.

6. O Fim do Conflito: A Submissão à Angústia

No final da história, o protagonista não encontra uma resolução para seu conflito com os ratos. Eles não desaparecem, assim como seus sentimentos de angústia não desaparecem. Ao contrário, o crescimento dos ratos simboliza a crescente opressão psicológica que o aflige. O protagonista se vê completamente submisso ao seu próprio medo e à angústia existencial, sem saída para suas questões interiores.

Essa falta de resolução é um dos pontos mais fortes da obra, pois reflete a ideia de que, muitas vezes, o ser humano não encontra soluções fáceis para seus conflitos internos. Em vez disso, é confrontado com a irreversibilidade de seus medos, que se tornam cada vez mais contagiantes e inescapáveis.

Conclusão:

"Os Ratos" é uma obra psicológica profunda e angustiante, que revela o conflito interno de um jovem estudante que luta contra a solidão, a alienação, o medo da morte e os dilemas existenciais de sua própria vida. O conto, ao usar os ratos como metáforas para os medos e as angústias do protagonista, explora temas universais, como a solidão existencial, a alienação urbana e a inevitabilidade da morte. Dyonélio Machado, com sua narrativa psicológica e simbólica, coloca o protagonista diante de um dilema profundo e desconcertante sobre o sentido da vida e a natureza humana.

Elementos da Narrativa de "Os Ratos"

A narrativa de "Os Ratos", de Dyonélio Machado, se caracteriza por sua profundidade psicológica e pela representação simbólica de conflitos internos do protagonista, que são intensificados por um cenário de solidão, medo e alienação. A obra segue uma estrutura clássica de narrativa curta, mas com grande complexidade no desenvolvimento de seus elementos.

1. Enredo

O enredo de "Os Ratos" gira em torno de um jovem estudante de Medicina, que vive atormentado pela presença de ratos em sua casa. Inicialmente, o som e o movimento dos ratos são incômodos, mas logo se tornam um reflexo dos conflitos internos do protagonista. O enredo, com um tom crescente de tensão, explora a psicologia do personagem, seus medos e o isolamento de sua existência, à medida que os ratos se tornam cada vez mais invasivos. O protagonista, à medida que se afasta do contato com o mundo exterior, começa a se perder nas suas próprias angústias.

2. Narrador

A narrativa é feita em primeira pessoa, a partir da perspectiva do protagonista, o que nos permite acessar diretamente seus pensamentos e sentimentos. Isso cria uma intimidade com o leitor, permitindo que a obra se torne um retrato vívido das emoções e da angústia psicológica do personagem. O ponto de vista limitado (subjetivo) também coloca o leitor na posição de espectador do dilema do protagonista, sem uma compreensão total dos eventos, o que aumenta o suspense e o simbolismo da obra.

3. Tempo e Espaço

  • Tempo: O tempo narrativo não é detalhado, mas parece se passar ao longo de um único dia ou poucos dias, com a história tomando o ritmo da angústia crescente do protagonista. A aceleração do conflito está associada à progressão da percepção de desconforto do personagem.
  • Espaço: A história se passa dentro da casa do protagonista, um espaço fechado e claustrofóbico, que se torna um símbolo do isolamento emocional e psicológico do personagem. A casa, por sua construção física e simbólica, representa a prisão interna do protagonista, onde ele se confronta com seus medos mais profundos.

4. Personagens

  • Protagonista: O personagem principal, o jovem estudante de Medicina, é o centro de toda a narrativa. Ele é descrito como alguém que se vê desajustado à sociedade e emocionalmente isolado. Embora tenha uma vida social e acadêmica aparentemente estabelecida, seu conflito interno o impede de encontrar paz. Sua personalidade é marcada por uma angústia existencial, uma obsessão com a morte e a solidão. Ele demonstra um medo crescente de suas próprias emoções, simbolizado pelos ratos que invadem sua casa. O protagonista tem um sentimento de impotência, incapaz de controlar os ratos e, simbolicamente, seus próprios medos.

  • Ratos (personagens simbólicos): Embora não sejam personagens no sentido convencional, os ratos têm um papel central e simbólico na narrativa. Eles representam as angústias internas do protagonista e o medo da morte que se torna cada vez mais evidente. A presença dos ratos se multiplica conforme o jovem se afunda em seus próprios conflitos emocionais.

  • Outros Personagens: O conto não foca muito em outros personagens, uma vez que a obra está profundamente centrada na psicologia do protagonista e na sua relação consigo mesmo. Contudo, em alguns momentos, o personagem reflete sobre a solidão de sua existência, e há breves menções a outras pessoas ao redor dele, como colegas e familiares, mas esses não têm grande relevância para o desenvolvimento da narrativa.

5. Características Psicológicas e Físicas das Personagens

  • Protagonista:

    • Psicológicas: Ele é nervoso, ansioso e se sente profundamente desconectado das outras pessoas. Sua mente está cheia de conflitos internos, e ele sente uma crescente angústia existencial diante da própria vida. A obsessão pelos ratos e o aumento de sua paranoia revelam uma incapacidade de lidar com suas emoções. Ele se vê em um processo de alienação emocional, incapaz de encontrar significado ou consolo na vida.
    • Físicas: Não há uma descrição detalhada das características físicas do protagonista, mas é possível inferir que ele é um jovem estudante, provavelmente de aparência comum, que transita entre o ambiente acadêmico e o emocionalmente vazio.
  • Ratos (símbolos):

    • Psicológicas: Como personagens simbólicos, os ratos representam o medo irracional, a culpa, a solidão e o sentimento de desamparo do protagonista. Sua presença invade o espaço psicológico e emocional do personagem, causando-lhe crescente desconforto.
    • Físicas: A descrição física dos ratos é mínima, mas eles são descritos como invasores implacáveis e numerosos, com o poder de crescer e se multiplicar, o que pode ser visto como uma metáfora para o aumento da angústia interna do personagem.

Aspectos Literários

1. Gênero Literário

"Os Ratos" é um conto psicológico, pertencente ao modernismo brasileiro, com influências do realismo psicológico. A obra se foca na psicologia do protagonista, no seu sofrimento interior e na maneira como ele lida com seus medos e ansiedades. A escolha por um gênero mais subjetivo e intimista é fundamental para a construção da narrativa, pois permite ao autor explorar a complexidade dos sentimentos humanos e as contradições internas do personagem.

2. Estilo e Linguagem

Dyonélio Machado utiliza uma linguagem simples e direta, com uma narrativa fluida, mas carregada de significados simbólicos. A linguagem tem um tom sombre e melancólico, que se alinha com o estado emocional do protagonista. O uso da primeira pessoa permite um estilo introspectivo, no qual o leitor se vê imerso nas emoções e pensamentos do personagem.

3. Simbolismo

O simbolismo dos ratos é o ponto alto da obra. Eles não são apenas uma presença física, mas uma representação de sentimentos de insegurança, de medo do futuro e da morte. Eles também servem como uma metáfora para os conflitos psicológicos não resolvidos e para a alienação do ser humano na sociedade urbana.

Aspectos Históricos e Sociais

"Os Ratos" foi escrito em um momento de grande transformação social no Brasil, durante a década de 1930. A sociedade brasileira estava passando por intensas mudanças, com a crescente urbanização e o impacto da modernização. No entanto, essas transformações muitas vezes levaram ao isolamento e à alienação dos indivíduos, especialmente os mais jovens, como o protagonista.

A solidão urbana é um tema central, e a obra reflete as dificuldades emocionais que surgem quando o homem é confrontado com um mundo cada vez mais despersonalizado e alienante. A crítica à sociedade urbana da época pode ser lida nas entrelinhas, especialmente na desconexão do protagonista com as pessoas ao seu redor e no seu sofrimento psicológico, um reflexo da crescente fragmentação social.

Conclusão

"Os Ratos" de Dyonélio Machado é uma obra profundamente psicológica que explora o medo, a solidão e a alienação em um contexto urbano de modernização. Por meio da figura simbólica dos ratos, Machado ilustra os conflitos internos de um jovem estudante e critica as condições emocionais e sociais da época. A obra apresenta uma visão sombria e introspectiva sobre a experiência humana, com ênfase na luta interior e na busca por um sentido em meio ao caos moderno.


O tema principal de "Os Ratos", de Dyonélio Machado, gira em torno da alienação e angústia existencial do indivíduo diante das pressões sociais e emocionais. A narrativa apresenta o protagonista, um homem comum, lutando para obter o dinheiro para pagar uma dívida urgente. No entanto, essa busca por algo aparentemente trivial se transforma em um intenso retrato de sua angústia e de seu desespero, revelando camadas profundas de ansiedade, medo e frustração.

Alienação e Pressão Social

A obra aborda a alienação urbana que atinge as pessoas comuns, especialmente em um contexto marcado pelo capitalismo e suas exigências materiais. O protagonista, ao não conseguir o dinheiro necessário para pagar a conta do leite, sente-se dominado por uma vergonha e uma ansiedade paralisantes. A dívida, aparentemente pequena, simboliza algo muito maior: as pressões constantes da vida na sociedade urbana e as expectativas impostas a ele como chefe de família. Isso gera um conflito psicológico que ultrapassa a questão financeira, apontando para um sistema que marginaliza os que não conseguem acompanhar o ritmo das obrigações materiais.

Essa dívida o aliena do próprio ambiente e das pessoas ao seu redor. Ele se sente humilhado, inferiorizado, incapaz de cumprir até mesmo com o básico de suas responsabilidades, o que o torna emocionalmente isolado. A sua solidão e seu afastamento da sociedade refletem o impacto psicológico da pobreza e das obrigações sociais impostas, que o consomem por completo, impedindo-o de buscar alternativas ou apoio.

Angústia e Desesperança Existencial

A narrativa expõe a angústia existencial do protagonista, que se sente cada vez mais oprimido e incapaz de lidar com a situação. A busca desesperada por dinheiro para quitar a dívida se torna um labirinto de humilhações e falhas. Ele se confronta com sua própria impotência e com a sensação de ser esmagado por algo maior, uma realidade sobre a qual ele não tem controle. Essa angústia se reflete na forma como ele observa os ratos, uma metáfora para as forças sombrias e incontroláveis que o cercam e que invadem sua vida, corroendo sua dignidade e sua sanidade.

Essa angústia também tem um aspecto existencialista, pois revela a falta de controle do indivíduo sobre sua própria vida e o absurdo da existência em um sistema que não oferece escape ou solução real para suas dificuldades. Em última análise, o protagonista representa o homem comum, desamparado em uma sociedade que exige, julga e abandona, e sua luta se torna um símbolo da condição humana de impotência frente a uma realidade implacável.

Criticismo Social e Denúncia do Sistema

Através da jornada do protagonista, Dyonélio Machado faz uma crítica social à estrutura desigual e opressora da sociedade. O protagonista não encontra solidariedade nem compreensão e vê que, ao contrário, o sistema está preparado para cobrar, punir e ignorar aqueles que não se encaixam. A dívida se transforma, assim, em um símbolo do sistema capitalista que coloca as pessoas em uma posição de constante submissão, limitando-as a papéis fixos e expectativas impossíveis de atender.

Machado também explora a questão da humilhação pública e do estigma social associado à pobreza. O sentimento de vergonha e culpa que assola o protagonista demonstra o peso das pressões sociais e da cobrança constante. Assim, a obra denuncia a desumanização promovida pela sociedade capitalista, que não apenas marginaliza, mas também internaliza sentimentos de fracasso e de inferioridade naqueles que são esmagados por suas regras e exigências.

Conclusão

Em "Os Ratos", Dyonélio Machado expõe com profundidade o desamparo do homem comum diante de um sistema que não oferece saídas. O tema central da alienação e da angústia existencial é retratado com maestria, através de uma narrativa que coloca o leitor dentro do universo psicológico do protagonista. Sua desesperança e sua luta solitária espelham a realidade de muitos indivíduos que, pressionados pela vida urbana e pelas obrigações materiais, se sentem perdidos em um mundo desumano e opressor. Machado, ao escrever "Os Ratos", não apenas conta uma história, mas faz um retrato contundente da condição humana, suscitando reflexões sobre as estruturas que regem a sociedade e o papel do indivíduo dentro dela.

Em Os Ratos, Dyonélio Machado utiliza várias figuras de linguagem para intensificar a angústia e a alienação vividas pelo protagonista. As figuras de linguagem ajudam a transmitir as emoções profundas e o caos psicológico da personagem. A seguir estão algumas das principais figuras de linguagem presentes na obra:

1. Metáfora

  • Ratos como metáfora do medo e da angústia: Os ratos, no contexto da história, simbolizam as preocupações do protagonista, especialmente com relação à dívida e ao seu desespero crescente. A presença dos ratos é uma metáfora para o peso psicológico e o incômodo constante que a situação de pobreza e dívida trazem para o personagem.
  • Dívida como prisão: Em várias passagens, o protagonista sente-se "preso" pela dívida, como se estivesse numa prisão invisível que o limita e o impede de avançar na vida.

2. Prosopopeia ou Personificação

  • Os ratos, na narrativa, parecem ganhar uma espécie de "personalidade", representando a força opressora da angústia. Ao atribuir aos ratos características quase humanas, como intenções e persistência, a narrativa aumenta o desconforto do protagonista e o sentimento de que ele está sendo perseguido, imerso em uma luta constante.

3. Metonímia

  • A palavra “ratos” é uma metonímia da própria situação de precariedade e de invasão psicológica da angústia. Em vez de dizer que o protagonista está cercado de problemas, Machado usa o termo “ratos” para sugerir essa condição, estabelecendo uma ligação direta entre o símbolo e a realidade angustiante.

4. Ironia

  • A obra traz uma ironia subjacente em como o protagonista se dedica a resolver algo pequeno e específico (uma dívida do leite), mas essa situação aparentemente banal se transforma em um pesadelo desproporcional. A ironia está no fato de que, enquanto ele se desespera, a sociedade ao redor continua indiferente.

5. Antítese

  • O conflito entre o sonho de estabilidade do protagonista e a realidade de sua vida marcada pela angústia cria um contraste poderoso. Ele deseja paz e segurança, mas enfrenta uma sequência de humilhações e frustrações. Esse contraste entre expectativa e realidade serve como antítese e ressalta sua impotência.

6. Hipérbole

  • A situação do protagonista é amplificada com uma linguagem que ressalta sua sensação de sufocamento e perseguição. A descrição dos ratos e a ansiedade crescente diante de um problema pequeno, mas que se torna imenso para ele, são apresentados de maneira exagerada, o que dá ao leitor uma ideia da magnitude do sofrimento psicológico do personagem.

7. Aliteração

  • Em algumas passagens, Dyonélio Machado usa a repetição de sons semelhantes para criar um efeito sonoro que contribui para a tensão. As repetições de sons consonantais ajudam a transmitir a sensação de inquietação, reforçando o ambiente claustrofóbico que cerca o protagonista.

8. Comparação

  • Machado usa comparações para intensificar a condição do protagonista, que sente que a dívida é como um peso ou uma sombra que o persegue. Esse tipo de comparação ajuda o leitor a compreender a sensação sufocante e desesperadora que ele enfrenta.

9. Onomatopeia

  • O som dos ratos ou mesmo o ambiente opressivo são descritos com palavras que simulam os sons, ajudando a envolver o leitor na atmosfera de tensão. Essa estratégia ajuda a enfatizar a sensação de presença constante dos ratos, como se o perigo estivesse sempre por perto.

10. Sinédoque

  • O protagonista é tratado como um "homem comum", representando um grupo maior de pessoas que, como ele, sofrem com as pressões financeiras e sociais. Ele é um exemplo de uma parte da sociedade esquecida, negligenciada pelas classes mais altas e pelo próprio sistema econômico. Isso cria um efeito de generalização e sugere que o sofrimento do personagem não é apenas seu, mas sim uma condição humana.

Análise do Uso das Figuras de Linguagem

As figuras de linguagem em Os Ratos contribuem para criar uma atmosfera de opressão, desespero e angústia. A metáfora dos ratos e a personificação desses animais representam a situação emocional do protagonista, bem como os problemas sociais que ele enfrenta. Essas figuras tornam a narrativa mais expressiva, ajudando o leitor a sentir o peso do problema junto com o protagonista.

Além disso, as figuras de linguagem enfatizam a crítica social que Dyonélio Machado tece. Ao personificar os ratos e ao transformar a dívida em um inimigo implacável, Machado revela as falhas de um sistema que cria obstáculos enormes para a sobrevivência do cidadão comum. Em resumo, as figuras de linguagem tornam a narrativa mais intensa e oferecem um aprofundamento simbólico ao tema central da obra, permitindo uma reflexão mais ampla sobre os problemas da sociedade e a vulnerabilidade humana frente às estruturas opressivas.

Em Os Ratos, o narrador e o ponto de vista desempenham papéis cruciais para envolver o leitor na trama e revelar o sofrimento psicológico do protagonista.

Narrador

A narrativa de Os Ratos é feita em terceira pessoa, com um narrador onisciente seletivo. Esse narrador, embora saiba o que se passa na mente do protagonista (Naziazeno), não revela diretamente os pensamentos de outros personagens. O foco é quase exclusivo no protagonista, permitindo ao leitor uma visão profunda e detalhada de suas angústias, ansiedades e conflitos internos, enquanto ele lida com sua busca desesperada para quitar uma dívida.

Esse tipo de narrador oferece uma perspectiva íntima da mente de Naziazeno, permitindo ao leitor acompanhar de perto suas dúvidas, frustrações e sua obsessão crescente. Em certos momentos, o narrador quase assume uma postura impessoal e objetiva, apenas observando e descrevendo os eventos, mas há também um tom que envolve o leitor nas emoções e dilemas de Naziazeno, transmitindo a intensidade de seu sofrimento.

Ponto de Vista

O ponto de vista é essencialmente subjetivo, com um foco voltado para o mundo interior do protagonista. A narrativa em terceira pessoa, apesar de externa, está sempre alinhada com as percepções e a psicologia de Naziazeno. Isso significa que o leitor vê o mundo e as situações pelos olhos do protagonista, o que dá uma dimensão mais dramática aos seus conflitos.

Esse ponto de vista subjetivo torna a experiência do leitor mais intensa, já que ele é constantemente exposto ao estado psicológico de Naziazeno, sem um distanciamento crítico. O ponto de vista limitado à perspectiva do protagonista ajuda a construir o ambiente de claustrofobia e tensão, pois o leitor sente o peso das dificuldades financeiras e sociais, assim como a angústia do personagem diante de sua aparente impotência.

Efeito do Narrador e Ponto de Vista

O narrador onisciente seletivo e o ponto de vista subjetivo criam uma imersão profunda na mente de Naziazeno. O leitor sente o impacto da sua angústia, ansiedade e alienação social, sem a perspectiva de um julgamento externo ou de uma visão mais otimista. Esse foco no psicológico contribui para a crítica social da obra, pois revela como o sistema econômico e social oprime o protagonista, deixando-o aprisionado em um ciclo de desespero e solidão.

Esse uso de narrador e ponto de vista constrói uma narrativa que não apenas relata os eventos, mas que também os vive junto com o personagem, criando um relato intenso da condição humana diante da miséria e das pressões da vida urbana.

A obra Os Ratos, de Dyonélio Machado, explora temas profundos e universais como angústia existencial, alienação social e opressão financeira. Embora a premissa central pareça simples — um homem lutando para pagar uma pequena dívida de leite —, a narrativa revela as camadas de complexidade emocional e social que cercam o protagonista, Naziazeno Barbosa, um homem comum esmagado pelas exigências da vida urbana e pela indiferença de uma sociedade que se mostra insensível às necessidades e dificuldades do indivíduo.

Angústia Existencial e Desespero

Naziazeno vive em um estado de constante angústia e desespero. Sua busca pela quantia relativamente pequena para pagar o leite, que deveria ser algo banal, assume proporções imensas, afetando sua saúde mental e física. A obsessão com a dívida simboliza a ansiedade existencial, a sensação de impotência e a falta de controle sobre a própria vida. O mundo ao seu redor parece indiferente e até hostil, e ele experimenta uma sensação de insignificância diante das forças sociais e econômicas que o aprisionam. Assim, o desespero pela dívida se transforma em um retrato mais amplo da fragilidade do indivíduo frente às adversidades que ele não pode controlar.

Alienação Social

Outro tema central é a alienação social e a desconexão do protagonista com o ambiente ao seu redor. A sociedade em que Naziazeno vive valoriza o cumprimento das obrigações financeiras e a estabilidade econômica, enquanto ignora as dificuldades pessoais e as emoções de quem não consegue se adaptar às suas exigências. Em vez de encontrar apoio e solidariedade, ele enfrenta uma cidade inóspita e um círculo de relações onde a empatia é rara. Sua solidão é agravada pela vergonha e pela culpa, sentimentos que o isolam ainda mais, pois ele teme a reprovação social por sua incapacidade de arcar com suas responsabilidades.

Esse isolamento retrata uma alienação mais ampla, típica da sociedade capitalista urbana, onde as relações humanas são secundarizadas, e as pessoas são medidas mais por sua capacidade de consumo e produção do que por suas qualidades humanas. Assim, Naziazeno torna-se um símbolo do indivíduo comum e vulnerável que é abandonado e esquecido quando não consegue cumprir seu papel socioeconômico.

Opressão Econômica e a Crítica ao Sistema Capitalista

A dívida de Naziazeno é um microcosmo das pressões financeiras enfrentadas por indivíduos marginalizados pelo sistema capitalista. Mesmo sendo uma dívida pequena, ela assume proporções desastrosas para o protagonista, representando como o sistema pode oprimir os que têm menos recursos e menos poder. A economia, em Os Ratos, aparece como uma força inescapável e desumanizante, que se impõe sobre o personagem sem considerar sua realidade pessoal ou sua condição psicológica. Essa opressão financeira destaca a desigualdade social e a falta de redes de suporte para os menos favorecidos, enquanto os mecanismos de cobrança financeira são implacáveis, levando o protagonista a um desespero absoluto.

A luta de Naziazeno é uma crítica à estrutura econômica e social que ignora os problemas dos mais vulneráveis. O peso psicológico da dívida e o terror de não conseguir quitá-la são apresentados como os resultados da brutalidade de um sistema que explora o trabalhador comum, mantendo-o em uma constante ansiedade e insegurança.

Desumanização e Humilhação

Naziazeno passa por situações de extrema humilhação e perde, pouco a pouco, a dignidade ao tentar conseguir o dinheiro que deve. A narrativa descreve sua sensação de ser perseguido, observado e até inferiorizado por causa de sua condição financeira. A desumanização ocorre quando ele é reduzido a um simples devedor, em vez de ser visto como uma pessoa. Ele se torna um “rato” — uma existência marginal, insignificante e indesejada. Essa desumanização aprofunda o sentimento de humilhação e o coloca em um ciclo de vergonha e autopunição.

Esse tema revela como a estrutura social não só oprime, mas também desumaniza os indivíduos, que se tornam alvos de desprezo quando não se encaixam nas normas e expectativas estabelecidas.

Conclusão: O Fracasso da Redenção

Na conclusão da obra, Naziazeno não encontra alívio ou solução definitiva para seus problemas. O final é marcado por uma falta de resolução, refletindo a realidade de muitas pessoas que enfrentam uma luta interminável contra a pobreza e a humilhação. Sua angústia não desaparece, e a luta pelo mínimo necessário é apresentada como um ciclo vicioso. Assim, a obra termina sem oferecer uma redenção, sugerindo que Naziazeno continuará preso em sua condição e no sistema opressivo que o empurra para o desespero.

Essa conclusão agrava o tom crítico da obra, mostrando que o problema de Naziazeno não é isolado e que muitos indivíduos como ele continuam sofrendo, esquecidos e ignorados. A ausência de um final feliz ou de uma mudança significativa reflete a visão pessimista de Dyonélio Machado sobre o sistema social, que não oferece alternativas para aqueles que se encontram nas camadas mais baixas e desprotegidas da sociedade.

Reflexão Final

Os Ratos é uma crítica ao capitalismo e ao impacto psicológico e social de um sistema que prioriza o dinheiro e o cumprimento de obrigações financeiras acima do bem-estar humano. A obra explora a complexidade do sofrimento de um homem simples que, apesar de todos os esforços, é consumido pela vergonha, pelo medo e pela humilhação. A trajetória de Naziazeno, marcada por uma profunda introspecção e por uma tensão crescente, revela o abismo entre as expectativas sociais e a realidade daqueles que vivem à margem.

Em resumo, Os Ratos é uma obra que transcende a narrativa de um homem endividado e revela uma análise crítica e profunda da sociedade urbana, da desumanização do homem comum e da solidão que assola aqueles que vivem fora dos padrões e das expectativas impostas. A falta de resolução na conclusão reforça a mensagem de que a situação de Naziazeno não é única, mas representa um ciclo inescapável para muitas pessoas que, como ele, são engolidas pelo sistema capitalista e deixadas sem alternativas reais para escapar de sua condição.

Contexto histórico da época
O romance Os Ratos, de Dyonélio Machado, foi publicado em 1935, um período marcado por profundas crises econômicas e políticas no Brasil e no mundo. O contexto histórico da época influencia diretamente os temas abordados na obra, uma vez que o autor explora a miséria, a alienação e a opressão econômica que afligem o protagonista Naziazeno.

A Grande Depressão e a Crise Econômica no Brasil

Nos anos 1930, o mundo ainda enfrentava os impactos da Grande Depressão de 1929, que abalou fortemente as economias globais. No Brasil, essa crise teve repercussões severas, sobretudo nas classes média e baixa. O país passava por uma crise econômica que levou ao aumento do desemprego e da precariedade de vida. Muitos brasileiros foram levados à pobreza, e as condições de trabalho se tornaram ainda mais difíceis e desiguais. A escassez de empregos e o baixo poder aquisitivo da população são temas centrais na obra, espelhando a luta do próprio Naziazeno, que é um funcionário público sub-remunerado e enfrenta dificuldades para manter sua família.

Reestruturação Política: O Governo de Getúlio Vargas

Em 1930, o Brasil passou por uma transformação política com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, após a Revolução de 1930. Vargas implantou uma série de reformas com o objetivo de modernizar o país e incentivar o desenvolvimento industrial. No entanto, essas mudanças também trouxeram instabilidade e uma série de ajustes econômicos que impactaram a vida das pessoas comuns. O país passou a viver sob uma política centralizadora e populista, que, apesar de algumas melhorias sociais e trabalhistas, muitas vezes deixou de resolver problemas de base que afligiam a população mais pobre, como a desigualdade e a exploração.

A política de Vargas buscava se aproximar das classes trabalhadoras urbanas, mas o cenário de crise econômica tornava difícil atingir os objetivos de crescimento social e econômico. Os Ratos retrata justamente essa realidade contraditória, onde promessas de desenvolvimento e modernização coexistem com um cotidiano marcado pela miséria e pelas dificuldades econômicas enfrentadas pelo homem comum, como Naziazeno.

A Urbanização e as Mudanças Sociais

A década de 1930 foi um período em que o Brasil começava a se urbanizar de forma mais intensa, com o aumento da população urbana e o desenvolvimento das cidades. Esse movimento trouxe novos problemas sociais, como a exploração do trabalho, o crescimento das periferias e o aumento das desigualdades econômicas. As cidades eram vistas como centros de progresso, mas também concentravam a miséria e as dificuldades, especialmente para aqueles que não conseguiam acompanhar as transformações do mercado de trabalho.

Naziazeno vive em um ambiente urbano que simboliza essa nova realidade, onde o cotidiano é dominado por dívidas e pela luta pela sobrevivência. A cidade, ao invés de oferecer oportunidades, revela-se como um espaço hostil e impessoal, que exacerba as condições de solidão e opressão experimentadas pelo protagonista.

Influências Literárias e o Modernismo

No Brasil, a literatura da época também passava por transformações, com o fortalecimento do Modernismo e a busca por uma linguagem que expressasse a realidade social brasileira. Escritores desse período começaram a focar mais nas questões urbanas, nas mazelas sociais e nas dificuldades econômicas, abordando temas como a pobreza, o abandono e a alienação. Dyonélio Machado, ao escrever Os Ratos, foi influenciado por essas tendências e adotou uma narrativa que expõe os problemas do homem comum, desmascarando a realidade de opressão e desigualdade.

O Modernismo, sobretudo em sua segunda fase, procurou dar voz a personagens marginalizados e retratar a crueza da vida urbana e das contradições do progresso. A obra de Dyonélio Machado se alinha a essa proposta, ao mostrar o drama psicológico e social de Naziazeno, evidenciando a face oculta do desenvolvimento e as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores urbanos.

Opressão Econômica e o Capitalismo

Os Ratos traz também uma crítica ao sistema capitalista e à opressão econômica, que empurrava grande parte da população para a miséria. O protagonista é um personagem que luta com todas as forças para manter sua dignidade em meio a um sistema que o explora e oprime. A dívida com o leiteiro representa essa condição de exploração e de alienação, na qual o trabalhador é forçado a se submeter a uma rotina exaustiva e humilhante apenas para sobreviver.

Esse contexto reflete as dificuldades da classe trabalhadora urbana em um sistema que valoriza o dinheiro e as obrigações financeiras acima das necessidades humanas. O ambiente de desigualdade e opressão é, então, uma característica fundamental da narrativa, destacando a condição precária dos que vivem à margem de um sistema econômico indiferente e impessoal.

Conclusão: O Realismo Social em Os Ratos

Dyonélio Machado captura, com Os Ratos, um retrato fiel e sombrio do Brasil dos anos 1930, marcado pela instabilidade econômica e pela desigualdade social. A obra explora o sofrimento do homem comum, expondo o peso das dificuldades impostas pela sociedade e pelo sistema econômico. Naziazeno Barbosa é uma figura representativa dos brasileiros da época, cujas vidas eram profundamente afetadas pela realidade de um país em transformação, onde as promessas de progresso coexistiam com uma miséria persistente.

Assim, o contexto histórico da época é fundamental para a obra, não apenas para entender o ambiente e os desafios enfrentados pelo protagonista, mas também para perceber a crítica social e a análise psicológica que Dyonélio Machado realiza sobre o impacto da desigualdade e da opressão na vida do homem comum.

A obra Os Ratos, de Dyonélio Machado, insere-se no contexto da segunda fase do Modernismo brasileiro, também conhecida como a fase regionalista ou realista-social do Modernismo, que se estende principalmente dos anos 1930 até os 1940. Esse período trouxe uma nova abordagem para a literatura brasileira, marcada pela exploração das questões sociais e pela crítica às desigualdades econômicas, além de um enfoque realista e psicológico, que visava expor a situação dos marginalizados e as dificuldades das classes trabalhadoras.

Segunda Fase do Modernismo e Realismo Social

Na segunda fase do Modernismo, escritores brasileiros passaram a priorizar temas ligados à realidade social, abordando com mais crueza as condições de vida nas cidades e no campo. Os autores dessa fase buscavam retratar o cotidiano dos brasileiros, dando ênfase à pobreza, à exploração, à alienação e às desigualdades sociais. Essa corrente foi fortemente influenciada pelos acontecimentos históricos da época, como a Grande Depressão de 1929 e a ascensão de regimes políticos que exploravam o trabalhador. Obras como Os Ratos revelam essa tendência ao retratar de forma quase naturalista a dura vida do protagonista, Naziazeno Barbosa, e seu desespero para lidar com suas obrigações financeiras.

Os Ratos destaca-se como um exemplo claro de realismo social, mostrando um Brasil urbano em crise, onde o personagem comum é esmagado pelas pressões econômicas e sociais. O autor utiliza o drama de Naziazeno para explorar temas como a opressão econômica, a desigualdade social e o isolamento do indivíduo em uma sociedade impiedosa, ao mesmo tempo em que denuncia a alienação e a desumanização do trabalhador urbano.

Exploração do Psicologismo

A segunda fase modernista também aprofunda o psicologismo dos personagens, ou seja, o mergulho nas motivações e conflitos internos dos protagonistas. Assim, o foco vai além do comportamento exterior e das ações visíveis, para explorar a mente dos personagens, revelando suas angústias, medos e fraquezas. Em Os Ratos, Dyonélio Machado constrói uma narrativa centrada no psicológico de Naziazeno, em sua ansiedade crescente e em seu desespero, conforme ele é consumido pela preocupação com a dívida do leite. Essa narrativa psicológica aprofunda o efeito do realismo social e permite que o leitor se identifique e entenda a condição de impotência do personagem.

Esse enfoque psicológico torna a obra moderna e inovadora para a época, pois leva o leitor a experimentar a angústia de Naziazeno de maneira visceral. É como se o leitor estivesse dentro da mente do protagonista, acompanhando cada emoção e cada pensamento durante sua jornada pela cidade em busca de dinheiro para pagar a dívida. Esse recurso aproxima o leitor da experiência do protagonista e torna a obra mais impactante e universal.

Influências e Inovações do Modernismo

A narrativa de Os Ratos se destaca pelo uso de uma linguagem direta e coloquial, uma característica do Modernismo brasileiro que visava romper com o estilo rebuscado do passado. Dyonélio Machado utiliza uma escrita econômica, objetiva e seca, adequada ao cenário de desespero e alienação vivido pelo protagonista. A ausência de floreios literários contribui para uma atmosfera mais pesada e imediata, que reflete a dureza da vida do personagem e o ambiente opressor da cidade. Esse estilo de escrita enfatiza a simplicidade e a eficiência, ajudando a construir um clima de tensão e angústia.

Além disso, o Modernismo trouxe a liberdade formal e estilística, rompendo com estruturas tradicionais de narrativa. Embora Os Ratos tenha um enredo simples, a forma como o autor conduz a trama — com uma narrativa fragmentada e introspectiva — reflete essa tendência modernista de buscar novas maneiras de contar histórias e de explorar a mente humana. A narrativa em Os Ratos se concentra no fluxo de consciência de Naziazeno, permitindo que o leitor acesse diretamente suas preocupações e ansiedades, o que aproxima a obra de técnicas modernistas e psicológicas presentes em autores como James Joyce e Virginia Woolf.

Crítica ao Sistema Capitalista e à Urbanização

Assim como outros autores do Modernismo que criticavam o processo de industrialização e urbanização desenfreada no Brasil, Dyonélio Machado oferece em Os Ratos uma visão crítica da cidade como um espaço de desumanização e alienação. A cidade, em vez de representar progresso e oportunidade, torna-se um labirinto opressor, onde Naziazeno se perde em suas angústias e não encontra apoio ou solidariedade.

A crítica ao capitalismo, explorada de forma contundente no realismo social modernista, aparece na figura da dívida com o leite, um símbolo da opressão econômica e da impossibilidade de progresso para os mais pobres. Naziazeno, como muitos outros trabalhadores urbanos, vive para pagar dívidas e sobreviver, sem qualquer perspectiva de melhora. A narrativa questiona o sistema capitalista que transforma a sobrevivência em uma luta desgastante, onde o ser humano perde sua dignidade e se torna prisioneiro de um ciclo de miséria.

Conclusão: Modernismo e a Realidade Brasileira

No contexto do Modernismo, Os Ratos de Dyonélio Machado é uma obra fundamental para entender a literatura brasileira dos anos 1930. Ao retratar a condição dos marginalizados e o impacto do capitalismo nas vidas dos indivíduos comuns, a obra se alinha ao movimento modernista em sua crítica social e seu realismo psicológico. Ao mesmo tempo, ela oferece uma análise profunda da sociedade brasileira, expondo as contradições e desigualdades presentes na urbanização e na vida das classes trabalhadoras.

Portanto, Os Ratos é não apenas uma narrativa sobre a luta de um homem contra uma dívida financeira, mas também um comentário poderoso sobre o peso da estrutura social e econômica da época. A obra é um marco do realismo social brasileiro e do modernismo, onde a vida dos personagens se entrelaça com o contexto histórico e social do Brasil, revelando a face oculta do progresso e do desenvolvimento urbano em uma sociedade marcada pela desigualdade.


Na obra Os Ratos de Dyonélio Machado, a linguagem, o ambiente, a mensagem e o assunto trabalham em conjunto para criar uma análise crítica da sociedade brasileira da época e da condição humana diante da opressão social e econômica. Cada um desses elementos é cuidadosamente construído para transmitir o drama psicológico do protagonista e a realidade de uma sociedade marcada pela desigualdade.

Linguagem

A linguagem de Os Ratos é simples, direta e objetiva, o que reflete o desespero cotidiano e a opressão emocional do protagonista. Machado evita floreios literários, optando por um estilo mais econômico e conciso, o que contribui para o realismo da narrativa e intensifica a sensação de claustrofobia e urgência. Esse estilo é característico do realismo psicológico, no qual o foco é mais interno, voltado para os sentimentos e percepções do protagonista. A escrita direta, sem adornos desnecessários, ajuda o leitor a se conectar com o estado mental de Naziazeno e a sentir a pressão constante que ele vive.

Além disso, o uso de monólogos internos e de um estilo de fluxo de consciência reforça o aspecto psicológico, permitindo que o leitor acompanhe os pensamentos e sentimentos de Naziazeno em tempo real. Esses recursos conferem uma autenticidade profunda à experiência de leitura, fazendo com que a angústia do protagonista seja quase palpável para o leitor.

Ambiente

O ambiente de Os Ratos é a cidade urbana, um espaço que, em vez de representar progresso, desenvolvimento e oportunidades, surge como um lugar hostil e desumano. A cidade é retratada como opressiva e claustrofóbica, um espaço que reduz o protagonista a um mero sobrevivente que luta diariamente para cumprir obrigações básicas. Esse cenário urbano é essencial para a narrativa, pois reflete a impessoalidade e a indiferença da sociedade em relação aos indivíduos.

Dyonélio Machado apresenta a cidade como um “labirinto” social e econômico, onde as classes menos favorecidas estão condenadas a viver em condições de miséria e desespero, sem apoio e sem saída. Essa ambientação revela uma crítica às grandes cidades e ao capitalismo urbano, onde os indivíduos são vistos como números, peças no mecanismo social, desprovidos de humanidade. Para Naziazeno, a cidade é uma fonte de angústia, uma prisão em que ele se sente completamente desamparado e sozinho.

Mensagem

A mensagem central de Os Ratos é uma crítica contundente ao sistema econômico e social, que desumaniza e aliena os indivíduos, obrigando-os a viver para sobreviver. Machado expõe como o capitalismo e a estrutura de dívidas forçam os indivíduos a existirem em um estado constante de insegurança e ansiedade, sem perspectivas de melhora. A mensagem da obra revela a precariedade da vida urbana para os menos favorecidos, que vivem apenas para sustentar dívidas, cumprindo obrigações financeiras sem conseguir sair desse ciclo de opressão.

Outro aspecto importante da mensagem de Dyonélio é a alienação. Naziazeno, como muitos indivíduos de classes baixas, está alienado de sua própria vida, vivendo num estado automático, sem prazer, sem conquistas e sem perspectivas. A narrativa também apresenta a cidade e o sistema capitalista como mecanismos que alienam o ser humano, transformando-o em um ser apático, esvaziado de identidade. O leitor é convidado a refletir sobre como o sistema pode anular a dignidade das pessoas e como o cotidiano pode se tornar uma prisão psicológica.

Assunto

O assunto central de Os Ratos é a jornada de um homem comum, Naziazeno Barbosa, que precisa conseguir dinheiro para pagar a dívida de leite do mês. Esse enredo aparentemente simples se desenrola em uma sequência de eventos que mostra o desespero de Naziazeno, suas angústias e a sensação de impotência diante de uma sociedade impiedosa e desumana. Em sua busca por dinheiro, Naziazeno transita entre várias figuras da sociedade urbana, o que permite a Dyonélio Machado expor as relações de poder, a desigualdade e a falta de solidariedade entre as pessoas.

Apesar do enredo aparentemente cotidiano, Os Ratos aborda temas universais como a luta pela sobrevivência, a dignidade humana e a angústia existencial. A dívida, aparentemente trivial, torna-se uma metáfora para a precariedade da vida das classes desfavorecidas, que vivem em função de necessidades imediatas, sem espaço para qualquer tipo de realização pessoal. Naziazeno representa a luta cotidiana e interminável de muitas pessoas em uma sociedade estruturada para manter os marginalizados em posições de submissão e dependência.

Análise Conjunta e Dissertação sobre o Tema Central

O tema central de Os Ratos é a luta do homem contra um sistema econômico que oprime e desumaniza, além de explorar a alienação e o sofrimento psicológico do indivíduo comum. Dyonélio Machado usa a dívida como um símbolo da opressão econômica que obriga os indivíduos a viverem sob constante pressão e insegurança. A obra mostra que, enquanto o sistema social e econômico perpetua as dificuldades para as classes baixas, os indivíduos são reduzidos a uma existência automática e desprovida de sentido, vivendo apenas para atender demandas financeiras e satisfazer necessidades imediatas.

A construção do protagonista, Naziazeno, é fundamental para o impacto da obra, pois ele representa a figura do homem comum, anônimo e desvalorizado, que luta contra dificuldades que o deixam sem saída. A jornada de Naziazeno reflete o dilema de muitas pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade, presas em um ciclo de dívidas e preocupações econômicas que consomem suas vidas. Assim, Dyonélio Machado denuncia a desumanização causada pela pobreza e pela falta de solidariedade, destacando a angústia existencial que emerge de uma vida sem perspectiva de melhoria.

A partir desse tema central, a obra oferece uma reflexão sobre as falhas da sociedade capitalista e sobre a importância de questionar as estruturas de poder econômico e social que mantêm tantas pessoas em condições sub-humanas. A alienação, a ansiedade e a luta por sobrevivência são apresentados como condições inevitáveis de uma sociedade urbana e industrializada, onde o indivíduo é sacrificado em prol do funcionamento de um sistema impessoal e explorador.

Conclusão

Os Ratos é uma obra literária que transcende a simples narrativa de um problema financeiro para se tornar uma profunda reflexão sobre a condição humana em uma sociedade desigual. A linguagem direta, o ambiente urbano opressor, a mensagem crítica e o assunto universal fazem de Os Ratos uma obra atemporal, que questiona o modelo social e econômico e denuncia a alienação das classes baixas. Dyonélio Machado, com seu estilo realista e psicológico, transforma um pequeno drama cotidiano em um poderoso retrato da desumanização e da alienação, oferecendo uma leitura que convida à reflexão sobre o que significa sobreviver em um mundo que parece indiferente ao sofrimento humano.


A leitura de Os Ratos, de Dyonélio Machado, pode trazer uma série de reflexões profundas sobre a vida, a sociedade e a condição humana. Ao responder a essas perguntas, é possível considerar como a obra pode ter tocado e impactado suas percepções sobre questões econômicas, sociais e psicológicas. A seguir, explorarei possíveis respostas para essas questões, que podem ressoar de forma pessoal, dependendo da interpretação de cada leitor.

AO LER QUALQUER OBRA SEMPRE PENSE NAS PERGUNTAS ABAIXO: Por que gostei dessa história?

A obra Os Ratos pode despertar uma conexão emocional profunda, principalmente pela forma como aborda os dilemas existenciais do protagonista, Naziazeno Barbosa. O leitor pode se identificar com o sofrimento, as preocupações e as frustrações do personagem, que representa uma classe social marginalizada, vivendo em um sistema capitalista que o oprime. O autor, ao utilizar uma linguagem simples e direta, torna o sofrimento de Naziazeno algo muito real e palpável, o que pode ter tocado sua sensibilidade. A forma como a obra explora temas universais como a luta pela sobrevivência, a alienação, a pobreza e as dificuldades diárias do ser humano pode ter criado uma empatia com os sentimentos e dilemas do protagonista. Além disso, a estrutura psicológica da obra, que explora o fluxo de consciência e as angústias internas, torna a história ainda mais envolvente, gerando uma imersão nas emoções do personagem.

O que a leitura acrescentou em minha vida?

A leitura de Os Ratos pode ter ampliado sua percepção sobre as desigualdades sociais e econômicas que ainda persistem em muitas sociedades. Ao mergulhar no sofrimento do protagonista, você pode ter se sensibilizado para as questões da opressão econômica e social, e como essas forças podem afetar a psique e a vida dos indivíduos. A obra traz à tona a realidade de pessoas que vivem à margem da sociedade, lutando constantemente por sobrevivência, e que são muitas vezes invisíveis aos olhos da maioria. Esse tipo de leitura pode ter ajudado a refletir sobre a importância da empatia e da solidariedade, ao mesmo tempo em que despertou uma consciência crítica sobre as injustiças do sistema econômico.

A narrativa também pode ter proporcionado uma reflexão sobre a natureza do sofrimento humano e a universalidade da angústia existencial. A luta de Naziazeno contra suas dificuldades financeiras e sua tentativa de encontrar um sentido para sua vida podem ter ressoado com suas próprias experiências e questionamentos sobre a vida.

O que modificou em meu modo de pensar?

A obra pode ter modificado seu modo de pensar ao destacar a imensa complexidade dos pequenos dramas do cotidiano. Ao mostrar que as preocupações diárias, como uma dívida a ser paga, podem se tornar um fardo psicológico profundo, a história pode ter alterado a forma como você enxerga as dificuldades cotidianas. Muitos dos problemas que parecem simples à primeira vista podem, na verdade, refletir questões maiores e mais profundas, como a luta pela dignidade e a constante batalha pela sobrevivência. Além disso, a reflexão sobre o impacto da sociedade nas escolhas e no bem-estar do indivíduo pode ter aumentado sua compreensão sobre as pressões sociais que moldam nossas vidas e nossa psique.

O conto também pode ter ampliado sua visão sobre a alienação, ao mostrar como um sistema econômico desumano pode reduzir um indivíduo a uma simples peça funcional, sem permitir-lhe se expressar ou encontrar satisfação. Esse aspecto pode ter levado a uma maior conscientização sobre a importância de preservar a humanidade diante das pressões sociais.

Qual foi a mensagem deixada para mim?

A mensagem central de Os Ratos pode ser interpretada de várias maneiras, mas uma possível reflexão é sobre a luta constante do ser humano para encontrar sentido e dignidade, mesmo nas circunstâncias mais adversas. A obra de Dyonélio Machado sugere que, muitas vezes, a vida cotidiana é marcada por um ciclo de sofrimento, alienação e opressão, mas também aponta para a possibilidade de compreensão e empatia com as lutas dos outros. O conto revela a dura realidade de um sistema que não oferece alternativas aos mais necessitados, e como isso pode afetar a saúde mental e emocional dos indivíduos.

A mensagem pode ser, portanto, uma crítica à desumanização que acompanha o progresso e a industrialização, um convite à reflexão sobre as desigualdades sociais e uma chamada para a conscientização de que a luta pela sobrevivência nunca é uma questão isolada — ela é, muitas vezes, alimentada pelas condições econômicas, sociais e psicológicas em que as pessoas estão inseridas.

Além disso, Os Ratos pode ter deixado a mensagem de que devemos valorizar as pequenas vitórias da vida e a nossa humanidade, não apenas a busca incessante por bens materiais. Através da angústia de Naziazeno, a obra nos ensina sobre os limites da resistência humana e a importância da solidariedade e da compreensão mútua. Ao final, a história oferece uma reflexão sobre a fragilidade da condição humana e a necessidade de olhar para os outros com mais empatia e compaixão.

Conclusão

Assim, a leitura de Os Ratos pode ter enriquecido sua visão sobre o mundo ao apresentar uma reflexão sobre a luta humana diante de um sistema econômico e social que muitas vezes oprime os mais vulneráveis. Ela traz à tona a importância de entender a realidade de quem vive à margem e o impacto das pressões sociais e econômicas no indivíduo. A obra pode ter modificado seu modo de pensar, ao destacar as pequenas tragédias do cotidiano que, quando isoladas, parecem insignificantes, mas que, quando vistas de forma mais ampla, refletem as grandes questões da vida humana. A mensagem central da história é uma crítica social e um convite à reflexão sobre as formas como a sociedade pode desumanizar os indivíduos, ao mesmo tempo que exige uma maior sensibilidade e ação em relação aos problemas humanos e sociais que cercam todos nós.

1. Qual o principal conflito de Naziazeno, o protagonista de Os Ratos?

a) A busca por seu lugar na sociedade
b) A falta de perspectiva quanto ao futuro
c) A luta contra uma doença incurável
d) A necessidade de pagar uma dívida de leite
Resposta correta: d) A necessidade de pagar uma dívida de leite.


2. Como a cidade é representada na obra Os Ratos?

a) Como um espaço cheio de oportunidades e progresso
b) Como um lugar acolhedor e cheio de esperança
c) Como uma cidade desumana e impessoal
d) Como um espaço que favorece os pobres
Resposta correta: c) Como uma cidade desumana e impessoal.


3. No conto Os Ratos, qual a principal metáfora usada para ilustrar a vida de Naziazeno?

a) O espelho da verdade
b) A cadeira vazia
c) O rato correndo atrás do queijo
d) A dívida que nunca se paga
Resposta correta: d) A dívida que nunca se paga.


4. Em relação ao estilo literário de Dyonélio Machado, Os Ratos pode ser classificado como:

a) Romantismo
b) Realismo psicológico
c) Parnasianismo
d) Modernismo
Resposta correta: b) Realismo psicológico.


5. O que a linguagem de Os Ratos revela sobre o estado psicológico de Naziazeno?

a) Sua busca incessante por felicidade
b) Sua alienação e a angústia existencial
c) Seu otimismo e esperança pelo futuro
d) Sua serenidade frente às adversidades
Resposta correta: b) Sua alienação e a angústia existencial.


6. Qual o papel do narrador em Os Ratos?

a) Ele é onisciente e sabe tudo sobre os personagens
b) Ele se limita a relatar os eventos de forma objetiva, sem influenciar as percepções do leitor
c) Ele é limitado à visão de Naziazeno, acompanhando seus pensamentos e sentimentos internos
d) Ele é um personagem secundário que observa os eventos à distância
Resposta correta: c) Ele é limitado à visão de Naziazeno, acompanhando seus pensamentos e sentimentos internos.


7. Qual é a principal característica de Naziazeno que o torna um anti-herói?

a) Sua busca pela liberdade a todo custo
b) Sua completa alienação e incapacidade de mudar sua situação
c) Sua coragem em enfrentar as adversidades
d) Sua habilidade de enganar os outros para sair da pobreza
Resposta correta: b) Sua completa alienação e incapacidade de mudar sua situação.


8. Qual é o cenário urbano de Os Ratos e como ele influencia a narrativa?

a) Uma cidade cheia de oportunidades que simboliza o progresso
b) Uma cidade fria, impessoal, onde a miséria é invisível
c) Uma cidade rural, que expressa harmonia e simplicidade
d) Uma cidade rica e cheia de ostentação, contrastando com a vida do protagonista
Resposta correta: b) Uma cidade fria, impessoal, onde a miséria é invisível.


9. O que Naziazeno almeja ao longo da obra?

a) Encontrar um novo emprego melhor remunerado
b) Fugir da cidade e recomeçar a vida no campo
c) Pagar sua dívida de leite
d) Encontrar um novo sentido para a vida
Resposta correta: c) Pagar sua dívida de leite.


10. A obra de Dyonélio Machado, Os Ratos, apresenta uma crítica ao:

a) Capitalismo e à desigualdade social
b) Sistema educacional
c) Sistema de saúde pública
d) Cultura tradicional rural
Resposta correta: a) Capitalismo e à desigualdade social.


11. O ambiente urbano na obra de Dyonélio Machado reflete:

a) O progresso e a melhoria das condições de vida
b) A opressão e a alienação das classes sociais mais baixas
c) A busca constante pela felicidade e pela liberdade
d) A igualdade de oportunidades para todos os cidadãos
Resposta correta: b) A opressão e a alienação das classes sociais mais baixas.


12. Como a pobreza é retratada em Os Ratos?

a) Como algo que pode ser facilmente superado com esforço
b) Como uma condição que define a vida de muitos personagens e limita suas opções
c) Como uma situação temporária e passageira
d) Como algo que pode ser superado através do conhecimento e da educação
Resposta correta: b) Como uma condição que define a vida de muitos personagens e limita suas opções.


13. Quais são os sentimentos predominantes na psicologia de Naziazeno ao longo da obra?

a) Esperança e otimismo
b) Desespero, frustração e impotência
c) Confiança e determinação
d) Felicidade e gratidão
Resposta correta: b) Desespero, frustração e impotência.


14. O conto Os Ratos trata de um tema comum no realismo, que é:

a) A busca por uma vida idealizada
b) A luta pela liberdade individual
c) O conflito entre a natureza e a cultura
d) A análise das condições sociais e psicológicas do indivíduo
Resposta correta: d) A análise das condições sociais e psicológicas do indivíduo.


15. Qual a principal característica do cenário descrito no conto Os Ratos?

a) A cidade moderna, vibrante e cheia de possibilidades
b) O campo rural, tranquilo e pacífico
c) A cidade suja e impessoal, que reflete a alienação do protagonista
d) O ambiente doméstico, cheio de conforto e segurança
Resposta correta: c) A cidade suja e impessoal, que reflete a alienação do protagonista.


16. O protagonista, Naziazeno, se encontra em um momento de:

a) Libertação financeira e social
b) Autodescoberta e paz interior
c) Desesperança e alienação em relação ao mundo ao seu redor
d) Ascensão social e melhoria de sua qualidade de vida
Resposta correta: c) Desesperança e alienação em relação ao mundo ao seu redor.


17. O que pode ser considerado uma crítica social presente na obra Os Ratos?

a) A busca incessante por sucesso e riqueza
b) A crítica ao consumismo exagerado e ao materialismo
c) A denúncia da desigualdade econômica e da marginalização dos mais pobres
d) A defesa da liberdade de expressão sem limites
Resposta correta: c) A denúncia da desigualdade econômica e da marginalização dos mais pobres.


18. Como a obra Os Ratos reflete as tensões sociais da época em que foi escrita?

a) Ao retratar um Brasil de prosperidade e igualdade para todos
b) Ao mostrar a luta de uma classe média em ascensão
c) Ao expor as condições de miséria e desigualdade enfrentadas pelas classes baixas em um contexto de urbanização e industrialização
d) Ao apresentar uma sociedade rural, tranquila e harmoniosa
Resposta correta: c) Ao expor as condições de miséria e desigualdade enfrentadas pelas classes baixas em um contexto de urbanização e industrialização.


19. A tensão psicológica que o protagonista vive em Os Ratos pode ser considerada uma:

a) Busca por autossuficiência e independência
b) Luta contra uma doença mental
c) Reflexão sobre a alienação e a busca por uma vida digna
d) Manifestação de um espírito rebelde contra a ordem social
Resposta correta: c) Reflexão sobre a alienação e a busca por uma vida digna.


20. Em Os Ratos, a dívida de leite representa:

a) Uma preocupação simples e fácil de resolver
b) A pressão constante que recai sobre o protagonista e simboliza a opressão social e econômica
c) Uma oportunidade de ascensão social através do trabalho árduo
d) Um obstáculo temporário que não tem grandes consequências
Resposta correta: b) A pressão constante que recai sobre o protagonista e simboliza a opressão social e econômica.


21. Qual é a relação entre Naziazeno e a cidade onde ele vive?

a) Ele vê a cidade como um local de oportunidades e felicidade
b) Ele se sente acolhido pela cidade, que é um reflexo de seus próprios valores
c) A cidade é um espaço hostil, opressor, que acentua suas angústias e dificuldades
d) Ele é um herói na cidade, que luta por justiça e equidade
Resposta correta: c) A cidade é um espaço hostil, opressor, que acentua suas angústias e dificuldades.


22. Os Ratos é uma obra que, além da crítica social, também oferece uma reflexão sobre:

a) A importância da fé religiosa no enfrentamento das adversidades
b) A busca de sentido para a vida em meio ao sofrimento e à angústia existencial
c) O papel do governo na melhoria das condições de vida dos pobres
d) A relação de amor e afeto entre os personagens principais
Resposta correta: b) A busca de sentido para a vida em meio ao sofrimento e à angústia existencial.


23. No contexto da obra Os Ratos, a cidade é vista como:

a) Um reflexo das oportunidades e da prosperidade de uma nação
b) Uma metrópole caótica e sem esperança
c) Um ambiente acolhedor para os mais pobres
d) Um local seguro e cheio de opções de trabalho
Resposta correta: b) Uma metrópole caótica e sem esperança.


24. Como o autor utiliza a técnica do fluxo de consciência em Os Ratos?

a) Para relatar os eventos de forma objetiva e racional
b) Para permitir que o leitor tenha acesso aos pensamentos mais íntimos de Naziazeno, demonstrando sua alienação e angústia
c) Para criar um cenário de mistério e suspense
d) Para se concentrar exclusivamente no aspecto físico dos personagens
Resposta correta: b) Para permitir que o leitor tenha acesso aos pensamentos mais íntimos de Naziazeno, demonstrando sua alienação e angústia.


25. O que Os Ratos nos ensina sobre a luta pela sobrevivência nas grandes cidades?

a) Que é possível alcançar sucesso e felicidade com esforço pessoal
b) Que a sobrevivência nas grandes cidades é fácil e acessível para todos
c) Que a luta pela sobrevivência é marcada pela desigualdade e pela marginalização dos mais pobres
d) Que o progresso urbano resolve todos os problemas sociais
Resposta correta: c) Que a luta pela sobrevivência é marcada pela desigualdade e pela marginalização dos mais pobres.


26. A obra Os Ratos pode ser considerada um exemplo de:

a) Um romance de amor e superação
b) Uma obra de análise psicológica e crítica social
c) Um conto de terror e mistério
d) Uma obra de fábula moralista
Resposta correta: b) Uma obra de análise psicológica e crítica social.


27. O sofrimento de Naziazeno está profundamente ligado a:

a) Seu isolamento social e falta de apoio
b) Sua busca por reconhecimento pessoal e profissional
c) Suas crenças religiosas
d) Sua busca pela felicidade e pela realização de seus sonhos
Resposta correta: a) Seu isolamento social e falta de apoio.


28. O título Os Ratos faz referência ao que dentro do contexto da história?

a) Aos roedores que habitam as ruas da cidade
b) Ao comportamento "rato" da sociedade, que consome os mais fracos
c) Aos ratos que invadem a casa de Naziazeno, simbolizando a morte
d) À figura de Naziazeno, que se sente um "rato" na sociedade
Resposta correta: b) Ao comportamento "rato" da sociedade, que consome os mais fracos.


29. A crítica social presente na obra está principalmente relacionada:

a) Ao sistema de ensino
b) À desigualdade entre as classes sociais e a marginalização dos mais pobres
c) Ao sistema político e à corrupção
d) À desvalorização das artes e da cultura popular
Resposta correta: b) À desigualdade entre as classes sociais e a marginalização dos mais pobres.


30. Como a obra Os Ratos pode ser vista como um reflexo do realismo literário?

a) Por tratar da busca pelo amor verdadeiro
b) Por explorar a vida das classes altas e suas conquistas
c) Por expor a realidade cruel e a psicologia dos personagens dentro de um contexto de pobreza e opressão
d) Por idealizar a vida simples no campo
Resposta correta: c) Por expor a realidade cruel e a psicologia dos personagens dentro de um contexto de pobreza e opressão.


31. O título Os Ratos pode ser interpretado como uma metáfora para:

a) A incapacidade de Naziazeno em lidar com os obstáculos da vida
b) A rapidez com que Naziazeno se adapta às adversidades
c) A marginalização dos indivíduos na sociedade
d) A busca por alimento e sobrevivência nas grandes cidades
Resposta correta: c) A marginalização dos indivíduos na sociedade.


32. Como o autor lida com a ideia de fracasso no conto?

a) De forma a apresentar o fracasso como algo temporário, sempre passível de superação
b) Ele apresenta o fracasso como algo definitivo e irreversível, principalmente em um contexto social opressor
c) Ele não trata do fracasso diretamente
d) Ele sugere que o fracasso é uma escolha consciente do personagem
Resposta correta: b) Ele apresenta o fracasso como algo definitivo e irreversível, principalmente em um contexto social opressor.


33. No conto Os Ratos, a falta de perspectiva de Naziazeno representa:

a) O reflexo de uma vida bem-sucedida que ele já alcançou
b) A maneira como as condições sociais e econômicas podem definir o destino de uma pessoa
c) O desejo de um personagem em transcender as dificuldades materiais
d) A natureza positiva do ser humano que sempre supera dificuldades
Resposta correta: b) A maneira como as condições sociais e econômicas podem definir o destino de uma pessoa.


34. O tema da miséria em Os Ratos é tratado:

a) Como uma condição temporária que pode ser superada facilmente
b) Como uma condição que define a identidade do personagem e limita suas possibilidades de mudança
c) De forma a idealizar a vida simples dos pobres
d) Como uma condição que afeta apenas a moral dos personagens
Resposta correta: b) Como uma condição que define a identidade do personagem e limita suas possibilidades de mudança.


35. O final da história pode ser interpretado como:

a) Uma solução fácil para os problemas do personagem
b) Uma crítica à possibilidade de redenção através do esforço individual
c) A constatação de que as condições sociais determinam as possibilidades de ascensão dos personagens
d) A afirmação de que a solidariedade pode superar qualquer obstáculo
Resposta correta:c) A constatação de que as condições sociais determinam as possibilidades de ascensão dos personagens.

Esta alternativa reflete a crítica social central da obra Os Ratos, mostrando como as condições econômicas e sociais determinam as oportunidades e o destino dos personagens, especialmente o protagonista Naziazeno.


36. Em Os Ratos, a personagem Naziazeno se vê cercado por uma situação sem saída. Qual é a principal razão para essa sensação de desesperança?

a) A falta de apoio emocional da família
b) A pressão da sociedade e a impossibilidade de mudar sua condição social
c) O desprezo pelos seus estudos e pela carreira de médico
d) A ausência de um amor verdadeiro que o liberte de suas preocupações

Resposta correta: b) A pressão da sociedade e a impossibilidade de mudar sua condição social.


37. O narrador de Os Ratos pode ser classificado como:

a) Narrador onisciente, que conhece todos os pensamentos e sentimentos dos personagens
b) Narrador em primeira pessoa, que narra a história a partir da perspectiva de Naziazeno
c) Narrador em terceira pessoa, com foco em um único personagem
d) Narrador-personagem, que descreve os eventos a partir de uma perspectiva externa

Resposta correta: c) Narrador em terceira pessoa, com foco em um único personagem.


38. O que o título Os Ratos sugere sobre a situação do protagonista, Naziazeno?

a) Que ele é uma vítima de uma conspiração invisível e fatal
b) Que ele é como um rato em uma ratoeira, preso em sua situação social e existencial
c) Que ele tem habilidades para escapar de sua situação difícil
d) Que ele é responsável pelos "ratos" que infestam sua vida

Resposta correta: b) Que ele é como um rato em uma ratoeira, preso em sua situação social e existencial.


39. A metáfora do "rato" no conto Os Ratos simboliza:

a) A luta pela sobrevivência em uma sociedade cruel e desumana
b) A capacidade de adaptação dos seres humanos às dificuldades
c) A pureza e inocência dos personagens que não têm culpa de suas condições
d) O esforço inútil de um personagem que tenta escapar de suas próprias fraquezas

Resposta correta: a) A luta pela sobrevivência em uma sociedade cruel e desumana.


40. Considerando o contexto social de Os Ratos, como a obra nos ajuda a refletir sobre a realidade brasileira da época em que foi escrita?

a) A obra não aborda temas relacionados ao contexto social, apenas foca em aspectos psicológicos dos personagens
b) Ao refletir sobre as desigualdades sociais e a dificuldade das classes mais baixas em ascender socialmente, retratando a falta de oportunidades e a marginalização dos pobres nas grandes cidades
c) A obra faz uma crítica à vida rural, defendendo a urbanização como solução para os problemas sociais
d) A obra idealiza a classe média e critica a pobreza como um problema pessoal, sem influência da estrutura social

Resposta correta: b) Ao refletir sobre as desigualdades sociais e a dificuldade das classes mais baixas em ascender socialmente, retratando a falta de oportunidades e a marginalização dos pobres nas grandes cidades.


Resumo Geral sobre a obra Os Ratos de Dyonélio Machado

A obra Os Ratos, de Dyonélio Machado, é um conto que explora a angústia existencial e a luta pela sobrevivência em um contexto social opressor. A história é narrada a partir do ponto de vista de Naziazeno, um jovem estudante de Medicina que se encontra em uma crise existencial e emocional, confrontado pela miséria, pela frustração e pela solidão. A obra faz uma crítica às condições de vida nas grandes cidades e à marginalização das classes mais pobres, oferecendo uma visão desoladora da sociedade brasileira de sua época.

Resumo Completo:

Os Ratos se passa em um ambiente urbano e caótico, onde Naziazeno vive em um estado constante de angústia e desesperança. O título da obra é uma metáfora para a condição do protagonista, que se sente preso e consumido pela sociedade, assim como um rato em uma ratoeira. Naziazeno enfrenta uma crise interna, refletindo sobre a vida, a morte e as relações humanas, mas se vê impotente para mudar sua realidade. Ele está preso a um ciclo de miséria e sofrimento, sem perspectivas de ascensão social. O conto explora a psicologia do personagem, suas dúvidas existenciais e o vazio de suas relações pessoais. O sofrimento de Naziazeno, portanto, é o reflexo de uma estrutura social que marginaliza os mais pobres, condenando-os à pobreza e à desesperança.

Análise da Obra:

  • Aspecto Literário: A obra é um exemplo do realismo literário, com foco na análise psicológica dos personagens e na descrição da realidade social de maneira crua e direta. Dyonélio Machado utiliza uma linguagem objetiva e detalhada, sem adornos românticos, para apresentar um quadro desolador da sociedade urbana e da luta pela sobrevivência dos mais pobres.

  • Aspecto Social: A obra faz uma crítica explícita às desigualdades sociais e à falta de mobilidade social. O protagonista é um reflexo de muitos jovens que, apesar de terem acesso a uma educação formal (como Naziazeno, estudante de Medicina), não conseguem melhorar sua condição devido ao sistema social injusto. A obra trata de questões como a pobreza, a falta de oportunidades e a marginalização das classes menos favorecidas.

  • Aspecto Histórico: Os Ratos foi escrita durante o período da literatura modernista brasileira, mas com características de um realismo social, voltado para as questões da classe trabalhadora e da marginalização dos pobres nas grandes cidades. A obra reflete a realidade de uma sociedade ainda marcada pela desigualdade e pela exploração dos mais pobres, especialmente nas grandes cidades do Brasil.

  • Elementos da Narrativa: O narrador de Os Ratos é em terceira pessoa, com foco no protagonista. A obra utiliza a técnica do fluxo de consciência para adentrar a mente de Naziazeno, revelando seus pensamentos e angústias. O tempo narrativo é marcado pela introspecção e pela repetição de situações de desespero e frustração do protagonista. O espaço, por sua vez, é a cidade caótica e implacável, onde o protagonista se sente perdido e sem esperança.

Personagens:

  • Personagem Principal: Naziazeno é o protagonista da obra. Ele é um jovem estudante de Medicina que, apesar de sua educação, se vê preso a um ciclo de miséria e frustração. Ele é introspectivo e angustiado, questionando a vida, a morte e a sua própria existência.
  • Personagens Secundários: Embora a história se concentre em Naziazeno, outros personagens aparecem brevemente, como colegas e familiares, mas eles não têm grande profundidade. Sua presença serve para mostrar o isolamento de Naziazeno e a ausência de apoio social e emocional.

Tema Principal:

O tema principal de Os Ratos é a busca de sentido para a vida em um contexto de miséria e desesperança. A obra aborda questões existenciais, como o sofrimento, a solidão e a luta pela sobrevivência, ao mesmo tempo que faz uma crítica social contundente à desigualdade e à marginalização das classes mais pobres. Naziazeno, o protagonista, não encontra respostas para suas angústias e vive uma vida marcada pela desesperança.

Análise Crítica:

A obra é uma reflexão profunda sobre a natureza da vida humana e as condições sociais que limitam as oportunidades das pessoas. Naziazeno representa o jovem intelectual que se vê impotente diante das condições sociais e econômicas que o cercam. A crítica social é evidente, pois a obra denuncia como as desigualdades sociais determinam o destino dos indivíduos e como a sociedade marginaliza os mais pobres. A obra também aborda questões psicológicas complexas, como a angústia existencial e o vazio emocional.

Linguagem e Estilo:

Dyonélio Machado adota uma linguagem direta, sem eufemismos, para descrever a realidade cruel em que vive Naziazeno. Sua escrita é marcada pela análise psicológica do personagem e pela descrição detalhada da vida urbana, onde o protagonista se sente sufocado e sem saída. A linguagem não busca glamourizar a vida das grandes cidades, mas apresenta um retrato cru e desolador da realidade dos pobres.

Conclusão:

Os Ratos é uma obra que explora a angústia existencial, a marginalização social e a luta pela sobrevivência. O protagonista, Naziazeno, simboliza a luta de muitos indivíduos que, apesar de terem acesso à educação e ao saber, se veem impossibilitados de mudar sua condição devido às rígidas barreiras sociais e econômicas. O conto é uma reflexão profunda sobre as condições humanas em uma sociedade desigual e opressora, e deixa uma mensagem de crítica à falta de oportunidades e à estrutura de classe que perpetua a marginalização dos mais pobres.

Esse resumo e análise profunda da obra fornecem uma visão abrangente da narrativa, dos personagens, da crítica social e dos aspectos literários que a definem.

Em relação ao conto Os Ratos de Dyonélio Machado, é possível acrescentar várias reflexões e dimensões de análise, considerando a obra em diferentes aspectos, como o contexto social, psicológico e literário. A seguir, listo alguns pontos que podem enriquecer ainda mais a compreensão e interpretação do conto.

1. A Condição Existencial do Protagonista

A figura de Naziazeno, o protagonista, é central para a obra, e sua angústia existencial não é apenas uma questão psicológica individual, mas uma representação da alienação e da solidão nas grandes cidades, onde a individualidade é muitas vezes esmagada por uma estrutura social opressora. O jovem estudante de Medicina está em uma fase de sua vida onde o conhecimento teórico que ele possui entra em conflito com a dura realidade social que ele enfrenta. Essa contradição faz com que Naziazeno se perceba impotente, incapaz de transformar sua própria realidade, o que é uma das maiores fontes de sua angústia.

2. A Metáfora dos Ratos

O título Os Ratos é uma metáfora rica e multifacetada. Em primeiro lugar, os ratos são figuras de marginalização e sobrevivência. Os roedores que infestam a cidade e a vida de Naziazeno são símbolos de um mundo implacável, onde os mais fracos são consumidos. A comparação do protagonista com um "rato" também pode ser vista como uma crítica à condição humana de ser impotente diante da estrutura social. Esse "rato" é, ao mesmo tempo, um ser que tenta sobreviver, mas se vê sufocado e sem saída. Os ratos representam, assim, a marginalização, a luta pela sobrevivência e a desesperança em uma sociedade desigual.

3. O Isolamento e a Falta de Solidariedade

Outro ponto importante no conto é o isolamento do protagonista. Naziazeno está cercado de pessoas, mas está absolutamente sozinho. Ele não encontra apoio nem na família, nem nos amigos. Esse isolamento reflete uma crítica à desumanização que ocorre quando a sociedade se torna indiferença aos problemas do próximo, especialmente os mais pobres. O conto questiona a falta de solidariedade e o distanciamento entre as classes sociais, algo que agrava ainda mais a condição de sofrimento do protagonista.

4. O Papel da Educação

A obra também problematiza o papel da educação como um caminho para a mudança de classe. Embora Naziazeno esteja estudando para se tornar médico, esse conhecimento não é suficiente para tirá-lo de sua condição de miséria. A educação, no contexto da obra, aparece como um elemento que não resolve os problemas estruturais da sociedade. Ao contrário, ela parece reforçar a distância entre o intelectual e a realidade crua dos trabalhadores. Essa crítica à educação formal é uma reflexão sobre como as classes mais baixas são constantemente excluídas dos meios de ascensão social, independentemente do seu esforço intelectual.

5. O Contexto Urbano

O ambiente urbano é outro aspecto crucial na obra. A cidade, no conto, é um lugar de alienação, onde a vida humana parece ser apenas mais uma engrenagem de um sistema impessoal. A cidade não oferece oportunidades reais para os pobres; pelo contrário, ela os consome e os marginaliza. A crítica à urbanização, nesse sentido, reflete a dura realidade de muitas grandes cidades do Brasil, onde a desigualdade social e a falta de acesso a direitos básicos geram um ciclo de pobreza e desesperança.

6. A Visão Crítica e Realista

A obra de Dyonélio Machado é profundamente realista, o que significa que ele se preocupa em retratar a realidade de maneira crua e sem idealizações. A literatura realista tem o objetivo de expor as mazelas sociais e a psicologia dos personagens sem adornos românticos. O autor nos leva a questionar a sociedade, as condições de vida e o papel do indivíduo dentro dessa estrutura. O realismo presente na obra não oferece soluções fáceis para os problemas apresentados, mas nos força a encarar a dura realidade do protagonista e das classes sociais marginalizadas.

7. Reflexão Filosófica sobre a Vida e a Morte

Além de seu contexto social e psicológico, o conto também nos leva a refletir sobre a vida e a morte. Naziazeno não apenas questiona sua própria existência, mas se vê cercado por uma desesperança tão profunda que a morte, de alguma forma, se apresenta como uma possível solução. A crise existencial do protagonista é marcada por um vazio que ele não consegue preencher, nem mesmo com os estudos ou com o trabalho que realiza. O confronto entre a vida e a morte é uma tensão presente na obra, sendo um reflexo do desespero de um ser humano que não encontra sentido em sua própria trajetória.

8. A Pobreza e a Falta de Oportunidades

A pobreza, tema central da obra, não é apresentada de forma simplista, mas como uma condição que define o destino de muitos indivíduos. A obra revela que as chances de ascensão social são limitadas, não apenas pela falta de dinheiro, mas também pela ausência de redes de apoio e pela estrutura social que exclui os mais pobres. O protagonista, apesar de seu esforço e de sua educação, não encontra uma saída, e isso reflete uma crítica à forma como o sistema social está estruturado para manter as desigualdades e perpetuar o sofrimento das classes marginalizadas.

Conclusão:

Em resumo, Os Ratos é uma obra profunda que nos convida a refletir sobre temas como a alienação, a marginalização, a angústia existencial e a luta pela sobrevivência em um contexto social injusto. Através do protagonista Naziazeno, Dyonélio Machado nos apresenta um retrato desolador de um jovem intelectual que, apesar de seu esforço e de sua educação, não encontra sentido ou esperança em sua vida. O conto é uma crítica à sociedade, à falta de solidariedade e ao sistema que exclui os mais pobres, deixando-os à mercê de um destino de sofrimento e desesperança.

QUESTÕES 

1. Em Os Ratos, o autor utiliza uma metáfora no título da obra. O que a metáfora "ratos" representa em relação à vida do protagonista, Naziazeno?

a) A maneira como ele vê seus amigos, comparando-os a pequenos roedores.
b) A condição do protagonista como um ser consumido pelas pressões sociais e econômicas.
c) A tentativa de Naziazeno de se livrar da miséria ao mudar de cidade.
d) A resistência do protagonista contra as adversidades, como um rato fugindo da armadilha.

Resposta correta: b) A condição do protagonista como um ser consumido pelas pressões sociais e econômicas.


2. Qual figura de linguagem está presente na seguinte frase do conto: "O vazio o engoliu como se fosse um buraco negro, sem fim"?

a) Metáfora
b) Antítese
c) Aliteração
d) Comparação

Resposta correta: a) Metáfora.

Justificativa: A frase "o vazio o engoliu como se fosse um buraco negro, sem fim" utiliza a metáfora para descrever a sensação de vazio interior do personagem. O buraco negro é uma imagem que simboliza algo infinito e incontrolável, representando a angústia de Naziazeno.


3. "Naziazeno estava preso em um labirinto de incertezas e medos." Essa expressão é um exemplo de:

a) Metáfora
b) Anáfora
c) Hipérbole
d) Personificação

Resposta correta: a) Metáfora.

Justificativa: A expressão "labirinto de incertezas e medos" é uma metáfora, pois compara de forma implícita a confusão e os sentimentos do protagonista com um labirinto, sem usar a palavra "como", caracterizando uma metáfora.


4. No trecho em que Naziazeno descreve a cidade como "um mar de concreto e pedras", qual figura de linguagem está sendo utilizada?

a) Antítese
b) Personificação
c) Comparação
d) Metáfora

Resposta correta: d) Metáfora.

Justificativa: A cidade sendo descrita como "um mar de concreto e pedras" é uma metáfora, pois está sendo comparada a um mar sem o uso de "como", o que dá uma sensação de imensidão e frieza da cidade.


5. Quando Naziazeno diz que sua vida está "em um estado de cansaço que pesa mais que mil toneladas", qual figura de linguagem está sendo utilizada?

a) Hipérbole
b) Metáfora
c) Eufemismo
d) Antítese

Resposta correta: a) Hipérbole.

Justificativa: A expressão "pesar mais que mil toneladas" é uma hipérbole, pois exagera a sensação de cansaço do personagem para enfatizar sua exaustão emocional e física.


6. Em um trecho de Os Ratos, o autor escreve: "A vida escorregava entre seus dedos como areia". Qual figura de linguagem está sendo empregada nesta frase?

a) Metáfora
b) Comparação
c) Alusão
d) Personificação

Resposta correta: b) Comparação.

Justificativa: A comparação é expressa através do uso do "como" (como areia), sugerindo que a vida do protagonista está escapando rapidamente, algo que ele não pode controlar.


7. "O sofrimento de Naziazeno era uma sombra que o seguia a cada passo." Esse trecho contém uma figura de linguagem que expressa a ideia de algo inevitável e constante. Qual é essa figura?

a) Metonímia
b) Metáfora
c) Anáfora
d) Personificação

Resposta correta: b) Metáfora.

Justificativa: A comparação do sofrimento de Naziazeno com uma "sombra" é uma metáfora, pois o sofrimento é descrito como algo invisível, mas constante e que o persegue.


8. Quando a obra fala que "a cidade parecia respirar com ele, consumindo-o a cada instante", qual figura de linguagem está sendo usada?

a) Metáfora
b) Personificação
c) Hipérbole
d) Comparação

Resposta correta: b) Personificação.

Justificativa: A personificação atribui à cidade a capacidade de "respirar" e "consumir", características humanas, dando vida à cidade como se fosse um ser com intenções próprias, o que reflete a sensação de opressão de Naziazeno.


9. Ao descrever a angústia do protagonista, o autor utiliza a expressão "um silêncio que cortava o ar". Essa frase apresenta qual figura de linguagem?

a) Metáfora
b) Onomatopeia
c) Antítese
d) Personificação

Resposta correta: a) Metáfora.

Justificativa: A expressão "um silêncio que cortava o ar" é uma metáfora, pois o silêncio não pode literalmente cortar o ar, mas o autor usa essa expressão para sugerir a intensidade e a opressão do momento.


10. "Ele sentiu a pressão de um peso invisível sobre os ombros." Esse trecho é um exemplo de qual figura de linguagem?

a) Hipérbole
b) Metáfora
c) Personificação
d) Comparação

Resposta correta: b) Metáfora.

Justificativa: O "peso invisível" é uma metáfora, pois a pressão psicológica que o protagonista sente é comparada a um peso físico que ele não pode ver, mas que sente em seu corpo.

1. Como a figura do "rato" no conto Os Ratos de Dyonélio Machado funciona como uma metáfora para a vida do protagonista Naziazeno?

Resposta dissertativa:

A figura do "rato" no conto Os Ratos é uma metáfora significativa que reflete a marginalização e o sofrimento do protagonista Naziazeno. O rato é um ser pequeno, frágil e muitas vezes invisível aos olhos da sociedade, uma analogia ao próprio personagem, que, apesar de ser um jovem estudante de Medicina, sente-se impotente e preso em uma realidade de miséria e angústia. O rato também simboliza a luta pela sobrevivência, em um mundo cruel e indiferente. Naziazeno, assim como os ratos, tenta escapar das condições que o afligem, mas se vê em um labirinto de desesperança, sem saída. O título da obra sugere que a vida do protagonista é como a de um rato: uma luta constante e infrutífera, uma busca por liberdade em meio ao sofrimento e à solidão.


2. Em que medida a obra Os Ratos de Dyonélio Machado reflete a crise existencial de Naziazeno, e como ela é abordada ao longo do conto?

Resposta dissertativa:

A crise existencial de Naziazeno é um dos temas centrais em Os Ratos. Desde o início do conto, o protagonista se vê confrontado com um dilema entre a vida acadêmica que está construindo e a realidade dura que o cerca. Embora ele esteja em processo de formação para ser médico, a educação e o conhecimento parecem não ser capazes de oferecer uma saída para os problemas que enfrenta, como a pobreza, o sofrimento e a falta de sentido em sua vida. A crise existencial de Naziazeno é abordada por meio de seus pensamentos e reflexões, que revelam seu isolamento e angústia. Ele se sente preso em um ciclo sem fim, em que a vida se torna uma rotina sem propósito, e a morte aparece como uma alternativa possível para escapar da dor. O conto não oferece respostas claras ou soluções, mas, ao contrário, convida o leitor a refletir sobre a condição humana e a luta pela sobrevivência em um mundo desumanizado.


3. Analise a cidade no conto Os Ratos como um elemento de alienação e opressão para o protagonista. Como o ambiente urbano contribui para o sofrimento de Naziazeno?

Resposta dissertativa:

A cidade em Os Ratos desempenha um papel crucial no sofrimento do protagonista, sendo retratada como um ambiente alienante e opressor. A cidade não oferece oportunidades para aqueles que, como Naziazeno, estão em busca de uma ascensão social ou de um propósito maior para suas vidas. Ao contrário, ela é descrita como impessoal, indiferente à dor dos seus habitantes. Naziazeno se vê perdido no labirinto urbano, um "mar de concreto e pedras", onde sua individualidade se dissolve e ele se torna apenas mais um ser insignificante, consumido pelas pressões da sociedade. O ambiente urbano, portanto, funciona como um reflexo da alienação que o personagem sente, um lugar que deveria oferecer crescimento e desenvolvimento, mas que, para ele, se revela como um espaço de opressão. A cidade representa a sociedade moderna que, em sua frieza e mecanização, impede o indivíduo de encontrar sentido e felicidade.


4. No conto Os Ratos, como a figura de Naziazeno pode ser vista como uma crítica à sociedade brasileira da época em que a obra foi escrita?

Resposta dissertativa:

Naziazeno, o protagonista de Os Ratos, é uma figura que simboliza as desigualdades sociais e as dificuldades enfrentadas pela classe trabalhadora e pelas camadas marginalizadas da sociedade brasileira da época. Apesar de ser um estudante de Medicina, ele se vê preso à realidade da pobreza, da opressão e da falta de perspectivas. O conto pode ser visto como uma crítica à sociedade brasileira, que, mesmo após o processo de urbanização e desenvolvimento econômico, continua a marginalizar os pobres e a não oferecer oportunidades de ascensão social genuína para as classes mais baixas. A obra questiona a eficácia do sistema educacional e da mobilidade social, mostrando que, apesar dos esforços individuais, as estruturas de poder e as desigualdades sociais limitam as possibilidades de mudança para pessoas como Naziazeno. Sua angústia existencial e sua falta de rumo refletem a alienação de muitos jovens da época, que não conseguiam se conectar com as promessas de uma vida melhor que a sociedade parecia oferecer.


5. Como o autor utiliza a linguagem e as figuras de linguagem para transmitir a angústia psicológica do protagonista em Os Ratos?

Resposta dissertativa:

Dyonélio Machado utiliza a linguagem de forma precisa para transmitir a angústia psicológica de Naziazeno. O autor emprega uma linguagem direta e carregada de metáforas e comparações para expressar o sofrimento interior do personagem. Por exemplo, ao descrever o vazio que o protagonista sente, o autor utiliza a metáfora do "buraco negro" para simbolizar o abismo existencial e a sensação de ser consumido pela falta de sentido. A cidade"A cidade, representada como um 'mar de concreto e pedras', é outra metáfora que reforça a ideia de alienação e opressão. A urbanização, ao invés de proporcionar oportunidades e crescimento, funciona como uma prisão para Naziazeno, simbolizando um espaço impessoal e indiferente às necessidades do indivíduo. Ele está perdido nesse ambiente impessoal, em um "labirinto de incertezas", onde o concreto e as pedras não oferecem acolhimento, mas sim uma dura e implacável realidade. A cidade, portanto, não é apenas o cenário físico em que ele vive, mas um reflexo das limitações impostas pela sociedade urbana. Esse espaço de opressão se reflete diretamente na psique de Naziazeno, que sente o peso da solidão, da falta de propósito e da alienação. Ele não encontra ressonância em seus desejos ou sonhos, pois está cercado por uma realidade que não oferece saída, o que reforça a sensação de desesperança e sofrimento constante.

Além disso, a linguagem utilizada por Dyonélio Machado, por meio dessas metáforas e imagens, cria uma atmosfera de desolação e monotonia, características que acompanham a trajetória de Naziazeno. Cada passo do protagonista na cidade é um reflexo de sua própria luta interna, onde ele se vê cada vez mais imerso em uma vida sem sentido, tentando sobreviver sem nunca alcançar uma verdadeira conexão com o que ele poderia ser ou com as possibilidades que lhe são prometidas pela sociedade. A escolha da cidade como uma metáfora para o peso existencial do personagem permite que o autor critique as condições de vida de muitos indivíduos em uma sociedade que valoriza o progresso material e a ascensão social, mas que não oferece as condições necessárias para que todos possam de fato alcançar esses objetivos.

Assim, a cidade é um elemento simbólico central para a compreensão do sofrimento e da alienação do protagonista. Ela funciona como um reflexo da sociedade e das forças externas que limitam e aprisionam Naziazeno, tornando-se não só um cenário físico, mas um espaço metafórico onde a luta pela sobrevivência emocional e espiritual é travada.

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