quinta-feira, 28 de novembro de 2024

CORDAS DE AÇO- CARTOLA 3ª

CORDAS DE AÇO- CARTOLA 

Ah, essas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam

Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria

E no entanto meu pinho

Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando
Solte o teu som da madeira
Eu você e a companheira
Na madrugada iremos pra casa
Cantando

 

Ah, essas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam

Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria

 

 

 

Resumo das ideias de cada estrofe - "Cordas de Aço" (Cartola):

Primeira Estrofe:
O eu lírico descreve o violão com intimidade, destacando as "cordas de aço" e o "minúsculo braço", enfatizando o contato físico e a relação de carinho com o instrumento, que ele acaricia com os dedos.

Segunda Estrofe:
Há uma admiração pelo "bojo perfeito" do violão, que o eu lírico mantém próximo ao peito. O instrumento é visto como um confidente que entende sua tristeza e a perda da alegria.

Terceira Estrofe:
O eu lírico expressa que, apesar da melancolia, sente que a mulher que ama ainda o espera. Ele convoca o violão a soltar seu som para que, junto à música e à companheira (possivelmente o violão), eles possam cantar e buscar consolo na madrugada.

Quarta Estrofe (repetição da primeira):
A música retorna à descrição íntima do violão, reafirmando a conexão emocional entre o eu lírico e o instrumento como fonte de conforto e expressão da sua dor.

ANÁLISE GERAL DO RESUMO:

A análise geral do resumo evidencia que "Cordas de Aço" é uma obra profundamente emocional e intimista. Cada estrofe reforça a relação simbólica entre o eu lírico e o violão, que é tratado como um confidente e um refúgio para sua dor e melancolia.

A descrição do violão como algo físico ("cordas de aço", "minúsculo braço", "bojo perfeito") sugere um apego sensorial e emocional. O instrumento transcende seu papel técnico e se torna uma extensão do eu lírico, capaz de compreender e expressar sua tristeza.

A ideia de cantar na madrugada reflete uma tentativa de superação da dor por meio da música, destacando o poder consolador da arte e a esperança de reconexão com o amor ou com a vida. A repetição de imagens reforça a centralidade do violão como símbolo de consolo e resistência emocional.



Análise Rítmica e Sonora de "Cordas de Aço" – Cartola

  1. Ritmo e Cadência:
    A música apresenta uma cadência marcada pela alternância de sílabas tônicas e átonas, criando um ritmo suave e fluido. Essa característica reflete o tom melancólico e contemplativo da letra.
  2. Variação do Metro:
    O metro varia de verso para verso. Isso ocorre porque a letra é estruturada como uma composição musical, priorizando a melodia e a emoção transmitida em vez de uma métrica rígida. Essa liberdade permite uma maior expressividade.
  3. Palavras Repetidas e Efeitos de Sentido:
  • "Ah": Aparece no início de várias estrofes, reforçando o tom de lamento e exaltação emocional.
  • "Cordas de aço" e "violão": A repetição destaca o vínculo emocional do eu lírico com o instrumento, que simboliza consolo e entendimento.
    Essas repetições criam um efeito de introspecção e reforçam o tema da conexão íntima com o violão.
  1. Repetição de Sons:
    aliteração e assonância, como nos sons de "s" (suavidade) e "o" (profundidade):
  • "Cordas de aço", "bojo perfeito", "acompanheira".
    Essas repetições criam um tom melódico, harmonizando o texto com a música.
  1. Tensão Rítmica (Dubiedade de Acento Tônico):
    Há tensão rítmica. A flexibilidade melódica desloca os acentos naturais de algumas palavras, adaptando o ritmo à música. Isso enriquece a interpretação e favorece a expressão emocional do eu lírico.
  2. Tensão Rítmica e Tensão Semântica:
    A tensão rítmica provoca uma tensão semântica. A irregularidade métrica e a dubiedade nos acentos intensificam a carga emocional do texto, transmitindo o conflito interno do eu lírico entre a melancolia e a busca por consolo.

  3. Rima Interna:
    Há rimas internas sutis, como na repetição sonora de "aço" e "braço" ou "violão" e "meu coração". Essas rimas reforçam a musicalidade e criam coesão dentro dos versos.

  4. Relação entre Ritmo e Tema:
    O ritmo fragmentado e fluido acompanha o tom melancólico e introspectivo do tema. Ele reflete as emoções do eu lírico, como a saudade e o apego ao violão, enquanto sugere a busca por alívio e superação pela música.

  5. Refrão:
    Não há um refrão fixo no poema, mas a repetição de trechos como "Ah, essas cordas de aço" funciona como uma espécie de refrão implícito, reforçando o vínculo emocional do eu lírico com o violão. O efeito é o aprofundamento da melancolia e a centralização do violão como símbolo de consolo.

  6. Unidade Temática ou Rítmica:
    Há unidade temática e rítmica em todas as estrofes, pois elas giram em torno da relação entre o eu lírico e o violão, sempre com um tom de melancolia e introspecção. Isso sugere a dependência do eu lírico do instrumento como um meio de expressar e aliviar suas dores emocionais.

  7. Classificação das Rimas:
    As rimas são predominantemente consoantes e toantes, e ocorrem de forma livre e não rígida. Essa escolha reflete a fluidez emocional da letra, priorizando a expressão sentimental e melódica sobre a rigidez formal, em harmonia com o tema da música.

  8. Figuras de Efeito Sonoro:
    Há figuras como aliteração (repetição de consoantes) e assonância (repetição de vogais). Exemplos:

    ·                     Aliteração em "cordas de aço", "solte o som da madeira".

    ·                     Assonância no uso de sons abertos como "a" e "o".

                                 Efeitos criados: Essas figuras dão musicalidade e fluidez à letra, destacando o tom melancólico e introspectivo. Elas não criam tensão direta com o sentido geral, mas reforçam a ambiguidade emocional do eu lírico entre dor e consolo.

    15. Tipo de Estrofe: As estrofes são irregulares, com versos livres.

                                 Relação com o significado geral: Essa escolha de forma reflete a liberdade emocional e a espontaneidade da relação do eu lírico com o violão, que é menos estruturada e mais visceral, reforçando o caráter íntimo e improvisado da música.

16.              Há o uso de sons semelhantes, como nas repetições de vogais abertas ("a" em aço, braço, madeira) e consoantes suaves ("s" em cordas de aço, solte o som), reforça a musicalidade e o ritmo do poema. Sentido criado: Isso traduz a fluidez emocional, sugerindo um balanço entre tristeza e consolo, como se o eu lírico estivesse imerso em sua melancolia.

Figuras sonoras presentes:

·         Aliteração: Repetição de consoantes, como "s" em solte o som da madeira.

·         Assonância: Repetição de vogais, como "a" e "o" em cordas de aço e bojo perfeito.

·         Anáfora: Repetição de palavras no início de versos, como Ah, essas cordas de aço e Ah, este bojo perfeito.

·         Onomatopeia: Embora mais implícita, há sugestões sonoras como solte o som, que evoca a ideia de música.

Efeitos: Criam musicalidade, evocam o som do violão e traduzem a relação emocional do eu lírico com o instrumento.

17. Forma/Gênero do poema:
A forma é verso livre, com métrica irregular, característica de um poema lírico intimista.

Efeitos de sentido: Essa escolha reflete a espontaneidade da expressão emocional do eu lírico, priorizando o fluxo dos sentimentos sobre a estrutura rígida, em sintonia com a temática de conexão visceral e melancólica com o violão.

18- Categorias gramaticais predominantes:

  • Substantivos: cordas, aço, braço, violão, dedos, bojo, peito, alegria, madrugada.
    Efeito: Concretizam os elementos físicos (violão) e emocionais (alegria, tristeza), reforçando a ligação sensorial e simbólica entre o eu lírico e o violão.

  • Adjetivos: minúsculo, perfeito.
    Efeito: Transmitem delicadeza e idealização, mostrando a admiração e o apego do eu lírico ao violão.

  • Verbos: acariciam, compreende, trago, perdi, iremos, cantando.
    Tempo verbal: Presente e futuro.
    Efeito: O presente traduz a conexão atual e contínua com o violão; o futuro (iremos, cantando) traz esperança e projeção de superação.

  1. Efeito geral dos elementos gramaticais:
    A combinação de substantivos concretos, adjetivos idealizantes e verbos no presente e futuro cria uma tensão entre a dor do presente e a busca por alívio emocional no futuro, com o violão funcionando como mediador entre esses estados.
NÍVEL SINTÁTICO: 
  1. Pontuação e extensão dos períodos:
    Os períodos são curtos e pontuados de forma direta, com frases breves e exclamativas (Ah, essas cordas de aço!, Só você, violão!).
    Efeitos: Intensificam a emotividade e refletem a urgência e o tom confessional do eu lírico.

  2. Figuras retóricas associadas à sintaxe:

  • Assíndeto: Ausência de conjunções, como em Ah, essas cordas de aço, este minúsculo braço.
    Efeito: Dá agilidade e musicalidade ao texto, simulando o fluxo emocional.
  • Paralelismo: Repetição de estruturas, como Ah, essas cordas de aço / Ah, este bojo perfeito.
    Efeito: Reforça a conexão íntima e reflexiva do eu lírico com o violão.
  • Hipérbato: Inversão sintática em Só você, violão, compreende porque perdi toda alegria.
    Efeito: Dá ênfase à relação especial entre o eu lírico e o violão.
  1. O poema é predominantemente reflexivo, com o eu lírico falando consigo mesmo e com o violão.

       Efeito: Cria um tom introspectivo e íntimo, como um monólogo confessional, destacando a solidão e a dependência emocional do violão como confidente.

O nível de linguagem do poema "Cordas de Aço" é culto, mas com algumas expressões que conferem uma proximidade emocional e sensorial ao leitor. A escolha de palavras, especialmente a utilização de vocabulário poético e sonoro, revela uma construção cuidadosa e expressiva, embora não formal de maneira excessiva.

Exemplos de linguagem culta:

  • "minúsculo braço" e "bojo perfeito": Aqui, o uso de adjetivos refinados, como "minúsculo" e "perfeito", revela uma certa idealização e delicadeza, características de um nível de linguagem mais elaborado.
  • "Compreende porque perdi toda alegria": O verbo "compreende" e a estrutura que segue são formais e refletem um tom de confissão poética.

Exemplos de linguagem coloquial:

  • "Só você, violão": Embora o vocativo seja formal, a expressão "só você" é simples, aproximando o eu lírico de uma conversa íntima e direta. O vocativo em "Só você, violão" é "violão". O vocativo é um termo utilizado para chamar ou invocar alguém ou algo diretamente. No caso, a palavra "violão" é um termo utilizado para se dirigir a esse objeto, muitas vezes com um tom de emoção ou saudade.
  • "Ah, essas cordas de aço": A interjeição "Ah" é coloquial e traz uma exaltação espontânea do eu lírico, quebrando qualquer rigidez no estilo.

Efeito de sentido criado:

O nível de linguagem culto estabelece uma profundidade emocional e confessional, transmitindo a dor e a melancolia do eu lírico de forma sensível e pensada. No entanto, ao incorporar elementos coloquiais, o poema ganha uma dimensão de proximidade e acessibilidade, permitindo que o leitor se sinta parte da experiência emocional do eu lírico. Essa combinação cria uma tensão entre a elaboração artística e a simplicidade da emoção humana, gerando um efeito de universalidade e intimidade.


Categoria Gramatical Predominante no Poema:

A categoria gramatical predominante no poema "Cordas de Aço" é o verbo, especificamente os verbos de ação. Os verbos, ao expressarem movimentos, sentimentos e reflexões, são usados para dar dinamismo à composição e transmitir o estado emocional do eu lírico.

Verbos de Ação Predominantes:

  1. Verbo "acariciar" (em "acariciam"):

    • Tipo: Verbo de ação (transitivo direto).
    • Função: O verbo acariciar indica um gesto físico de carinho e afeto, o que mostra que o eu lírico tem uma relação íntima e afetiva com o violão. Esse ato de acariciar as cordas do violão sugere um movimento suave e uma busca por conforto emocional através da música.
    • Efeito: Ao ser usado no contexto do poema, esse verbo cria a ideia de proximidade e afeto, reforçando a sensação de que o violão é uma espécie de conselheiro ou amigo para o eu lírico.
  2. Verbo "compreender" (em "compreende"):

    • Tipo: Verbo de ação (transitivo direto).
    • Função: O verbo compreender indica que o violão "entende" o sofrimento do eu lírico, funcionando quase como um confidente. Esse verbo também transmite a ideia de percepção profunda e íntima.
    • Efeito: Cria a sensação de que a relação do eu lírico com o violão não é apenas física, mas também emocional e intelectual. O violão se torna um veículo de expressão do eu lírico, que sente que só ele o compreende.
  3. Verbo "perder" (em "perdi"):

    • Tipo: Verbo de ação (transitivo direto).
    • Função: O verbo perder está relacionado à experiência de sofrimento e luto. O eu lírico perdeu "toda alegria", indicando um estado emocional de vazio e desespero.
    • Efeito: Esse verbo reforça a ideia de uma perda irreparável, que é central na dor do eu lírico. O ato de perder é uma ação, não apenas um estado passivo, o que indica que a dor é algo ativo e contínuo.
  4. Verbo "trazer" (em "trago"):

    • Tipo: Verbo de ação (transitivo direto).
    • Função: O verbo trago sugere que o violão é uma parte integral do eu lírico, algo que ele carrega consigo como um símbolo de suas emoções.
    • Efeito: O verbo trago indica a continuidade do sofrimento e da busca por consolo, fazendo com que o violão se torne uma extensão do próprio eu lírico.

Predominância de Verbos de Ação:

  • Como vemos, verbos de ação predominam no poema, e eles são empregados de forma a destacar o movimento emocional do eu lírico. O poema não é estático; ele transmite uma ação contínua de afeto, compreensão e perda. Esses verbos conferem ao poema um tom dinâmico e expressivo, reforçando a ideia de que o eu lírico está ativamente lidando com seus sentimentos, seja através da música ou da reflexão sobre a dor.

Sentidos Estabelecidos:

A escolha de verbos de ação contribui para o estabelecimento de sentimentos intensos e de transformação emocional. Através de ações como acariciar, perder e trazer, o poema sugere que o eu lírico está buscando consolo no violão, mas também enfrentando as consequências da perda. A predominância desses verbos mostra que o processo de sofrimento e busca por alívio é algo contínuo e dinâmico, em constante movimento. Não há uma estagnação emocional, mas uma constante ação interna de enfrentamento da dor.

Conclusão:
A predominância de verbos de ação no poema cria uma sensação de movimento emocional, onde o eu lírico está ativamente lidando com seus sentimentos de perda, consolo e reflexão. Isso confere ao poema uma dinâmica interna, refletindo a busca por alívio e compreensão através da música e da relação com o violão.


Nível Semântico e Figuras de Linguagem no Poema "Cordas de Aço"

No nível semântico, o poema "Cordas de Aço" de Cartola utiliza diversas figuras de linguagem para criar efeitos de sentido profundos, emocionalmente carregados e que refletem o estado de espírito do eu lírico. Vamos identificar algumas delas:

1. Comparação:

  • Exemplo: "Ah, essas cordas (como)de aço"
  • Análise: A expressão cordas de aço faz uma comparação implícita entre as cordas do violão e o aço, um material resistente, sugerindo a ideia de força e resistência. Porém, no contexto do poema, o violão e suas cordas são símbolos de fragilidade emocional, e essa comparação paradoxal ajuda a transmitir a ambiguidade entre resistência e dor.

2. Metáfora:

  • Exemplo: "Ah, este bojo perfeito / Que trago junto ao meu peito"
  • Análise: O bojo perfeito do violão é uma metáfora para o coração do eu lírico ou sua carga emocional. O violão, ao ser descrito dessa maneira, simboliza não apenas um instrumento musical, mas também o receptáculo do sofrimento e da expressão da dor do eu lírico.

3. Sinestesia:

  • Exemplo: "Só você violão / Compreende porque perdi toda alegria"
  • Análise: A sinestesia é presente na ideia de que o violão compreende a perda de alegria, como se o som do violão fosse capaz de sentir ou perceber a dor do eu lírico. Essa mistura de sentidos (audição e emoção) torna a relação com o violão mais profunda, quase sensorial.

4. Prosopopeia (ou personificação):

  • Exemplo: "Só você violão / Compreende porque perdi toda alegria"
  • Análise: O violão é personificado, atribuindo-lhe a capacidade de compreender a dor do eu lírico. Este recurso confere ao violão um caráter quase humano, tornando-o um confidente e um conselheiro, mais do que um simples objeto.

5. Antítese:

  • Exemplo: "E no entanto meu pinho / Pode crer, eu adivinho"
  • Análise: A oposição implícita entre o "pinho" (um tipo de madeira, leve e simples) e a "adivinhação" revela uma antítese que sugere a diferença entre o material físico do violão e a sua capacidade de tocar a alma do eu lírico. O contraste entre o trivial e o transcendental enfatiza a complexidade da relação do eu lírico com o violão.

6. Hipérbole:

  • Exemplo: "Até hoje está nos esperando"
  • Análise: A ideia de que a mulher "ainda está esperando" é uma hipérbole que exagera o tempo da espera, implicando uma dor profunda e uma saudade que parece infinita. O tempo da espera é estendido de forma dramática para expressar a intensidade do sentimento.

7. Metonímia:

  • Exemplo: "Cordas de aço" (para referir o violão).
  • Análise: A metáfora cordas de aço é uma forma de metonímia, pois as "cordas" do violão são usadas para representar o instrumento musical como um todo. O violão não é apenas o objeto físico, mas tudo o que ele representa na vida do eu lírico, a sensação de consolo e expressão.

Efeitos de Sentido Criados:

Essas figuras de linguagem criam uma intensificação emocional, vinculando o violão, suas partes e os sons que ele produz diretamente ao estado psicológico do eu lírico. O violão não é apenas um instrumento musical, mas um símbolo de consolo e expressão da dor. As metáforas, prosopopeias e sinestesias aproximam o violão de um ser humano, atribuindo-lhe qualidades e sentimentos, enquanto as hipérboles e antíteses ampliam o sofrimento e a complexidade das emoções do eu lírico.


Relação com o Contexto Histórico e o Período Literário (1976):

O poema "Cordas de Aço" foi escrito em um momento de grande efervescência cultural e também de dificuldades políticas e sociais no Brasil (anos de ditadura militar, embora a ditadura estivesse em um momento de relativa abertura). Essa época foi marcada por uma busca pela identidade e pela expressão individual em um contexto de censura e repressão. Embora o poema não aborde explicitamente a política, ele reflete uma angústia existencial e emocional que ressoa com a sensação de perda, sofrimento e busca por alívio que predominavam nas músicas daquela época.

  • Período Literário: O poema pode ser vinculado ao modernismo tardio, um período onde os poetas, músicos e artistas começaram a explorar um estilo mais introspectivo e subjetivo. Esse contexto levou a uma literatura e música mais pessoal e emocional, abordando temas como o sofrimento, a busca por identidade e a solidão. Além disso, o romantismo ainda exerce influência, com seu foco nas emoções e na relação com a natureza (no caso, o violão sendo uma extensão da natureza emocional do sujeito).

Conclusão:

  • O poema utiliza figuras de linguagem para criar uma profundidade emocional, atribuindo ao violão uma qualidade quase humana, capaz de compreender e consolar. A relação com o contexto histórico sugere que o poema reflete as tensões emocionais de uma época difícil, onde o sofrimento individual se torna uma forma de expressão profunda.

Relações entre os Vários Níveis de Análise do Poema

O poema "Cordas de Aço" de Cartola apresenta uma inter-relação entre diversos níveis de análise, desde o rítmico e sonoro até o semântico, passando pelo sintático e o contextual. Vamos explorar como esses níveis se entrelaçam:

  1. Nível Rítmico e Sonoro:
    O ritmo do poema, com versos curtos e uma cadência marcada, se reflete na repetição das palavras e no uso das figuras sonoras, como a aliteracão e a assonância. Isso cria um efeito de melancolia e desejo contínuo, enfatizando a sensação de que o eu lírico está preso à sua dor e à sua busca por consolo no violão. A repetição da palavra "cordas" e os sons suaves ajudam a transmitir essa continuidade emocional, ligando diretamente o ritmo e a sonoridade à temática da saudade e da perda.

  2. Nível Semântico:
    O violão, que é a principal metáfora do poema, não representa apenas o instrumento, mas simboliza também o sofrimento e a expressão emocional do eu lírico. A personificação do violão, como alguém que “compreende” a dor do sujeito, é uma figura de linguagem que reforça a ideia de que a música e o violão oferecem consolo e alívio emocional. A metáfora do violão como conselheiro emocional estabelece uma relação direta entre a música e a superação da dor, e a metonímia (cordas de aço = violão) amplia esse conceito.

  3. Nível Sintático:
    A escolha de períodos curtos, com frases que se repetem, cria um movimento cíclico de reflexão e de volta ao ponto inicial. O uso de pontuação e assíndetos (ausência de conjunções) em certos momentos dá um ritmo marcado, o que sugere uma ideia de frustração e a impossibilidade de superação imediata. Essa sintaxe mais fragmentada reforça a sensação de tensão emocional.

  4. Nível Contextual:
    O poema se insere num contexto de grande angústia emocional, próprio da música popular brasileira de Cartola, que aborda a dor da solidão, do desamparo e da saudade. Embora o poema não trate diretamente de questões sociais ou políticas, a época (década de 1970) foi marcada pela repressão e censura, criando um pano de fundo de isolamento emocional. O próprio contexto histórico de um Brasil durante a ditadura militar pode ser interpretado como um reflexo de uma sociedade marcada pela repressão e pela busca por formas de expressão.

Semelhanças e Divergências entre os Temas do Poema

  • Semelhanças:
    O tema central do poema gira em torno da dor e da perda, com um forte desejo de consolo e de expressão emocional. O violão, enquanto objeto simbólico, é constantemente relacionado ao alívio emocional, o que também pode ser visto em outras músicas de Cartola, como "O Mundo é um Moinho". Ambas as músicas exploram o uso da música como válvula de escape emocional e a busca pela superação de um sofrimento profundo.

  • Divergências:
    A principal diferença entre "Cordas de Aço" e outras músicas de Cartola é a maneira como a dor e o sofrimento são expressos. Em "Cordas de Aço", a relação com o violão é mais íntima, quase mística, como se o instrumento fosse um confidente. Já em outras músicas, como "O Mundo é um Moinho", o sofrimento é abordado de maneira mais direta e pessimista, com o eu lírico já ciente de que não há mais possibilidades de reconciliação ou consolo. A tensão de "Cordas de Aço" é mais ligada à saudade e à busca do consolo na música, enquanto em outras canções de Cartola, a dor é mais fatalista e irreversível.

Relação entre o Título do Poema e o Tema

O título "Cordas de Aço" faz referência direta às cordas do violão, mas também carrega um peso simbólico. As "cordas" são fortes (como o aço), mas também são fáceis de quebrar (como o coração do eu lírico). Esse contraste entre a resistência das cordas e a fragilidade emocional do sujeito reforça o tema central do poema, que é o conflito entre a perda e a busca por alívio emocional. O título encapsula a dualidade do poema: a força do violão (símbolo de consolo) e a fragilidade do eu lírico, que depende desse instrumento para expressar sua dor.

Comparação com Outro Poema do Mesmo Autor: "O Mundo é um Moinho"

  • Semelhanças:

    • Ambos os poemas tratam da dor e da perda. Em "O Mundo é um Moinho", a dor é expressa de forma mais pessimista, com o eu lírico antecipando a irreversibilidade da separação. Já em "Cordas de Aço", a dor é mais misteriosa e introspectiva, com o eu lírico buscando consolo no violão.
    • A presença de dúvidas e de um desamparo emocional é central nas duas canções. O tema da saudade e da solidão está presente em ambas.
  • Diferenças:

    • Em "O Mundo é um Moinho", o eu lírico parece ter aceitado a dor da separação e a inevitabilidade da perda. A mensagem transmite uma sensação de resignação, sem expectativas de reconciliação.
    • Já em "Cordas de Aço", o eu lírico ainda está lutando com a dor e busca ativamente um consolo através do violão, o que traz um caráter mais esperançoso, embora ainda melancólico.

Conclusão da Comparação:

Ambos os poemas compartilham um universo emocional comum de sofrimento e perda, mas cada um os aborda de maneiras diferentes. Em "Cordas de Aço", a música é um refúgio e um consolo, enquanto em "O Mundo é um Moinho", a dor é mais fatalista e irrevogável. A comparação entre esses dois poemas de Cartola revela como ele utiliza a música para expressar diferentes faces da dor humana: a busca por consolo e a aceitação da perda. O violão, em "Cordas de Aço", representa a esperança e a necessidade de alívio emocional, ao passo que em "O Mundo é um Moinho", a imagem do moinho sugere a inevitabilidade da destruição e o fim de um ciclo.

 Relações entre os Vários Níveis de Análise do Poema "Cordas de Aço"

Podemos analisar "Cordas de Aço" de Cartola em diferentes níveis, como rítmico, semântico, sintático, sonoro, e contextual, que se interconectam e reforçam o tema central da dor, da perda e da busca por consolo através da música.

  1. Nível Rítmico e Sonoro:
    O ritmo do poema é marcado por uma cadência que acompanha a melancolia do eu lírico. O uso de palavras repetidas, como "cordas de aço", junto a sons suaves e ritmados, cria uma sensação de continuidade, reforçando o movimento de busca por alívio emocional. As repetições geram uma atmosfera de desesperança e desejo de consolo. Além disso, há o uso de aliteracão e assonância, que intensificam o tom emocional e a ideia de que o violão e a música são os únicos aliados do sujeito.
  2. Nível Semântico:
    O violão, com suas "cordas de aço", não é apenas um instrumento musical, mas um símbolo de consolo, um confidente que entende o sofrimento do eu lírico. A metáfora do violão, a personificação que o atribui a capacidade de “compreender” a dor, reflete o desejo de alívio e de expressão de sentimentos que o sujeito não consegue verbalizar. O tema da solidão, da saudade e da perda também está presente, criando uma ligação emocional profunda com o instrumento, que se torna quase uma extensão do eu lírico.
  3. Nível Sintático:
    A estrutura do poema é composta por períodos curtos, com frases que se repetem e um uso marcante de assíndetos (ausência de conjunções). Isso reforça a ideia de que o sujeito está preso em seus próprios sentimentos, sem conseguir organizar suas emoções de forma linear. A   SIMPLICIDADE sintática também contribui para o tom direto e sincero do poema, refletindo a luta interna do eu lírico.
  4. Nível Contextual:
    O poema foi escrito em um contexto histórico e cultural em que a música brasileira era uma forma de expressão emocional, especialmente em tempos de dificuldades políticas e sociais. A busca por consolo através da música e da solidão do sujeito pode ser vista como uma resposta ao contexto de repressão e isolamento que o Brasil enfrentava na época. A década de 1970, durante o regime militar, era um período de introspecção e resistência simbólica.

Semelhanças e Divergências entre os Temas

  • Semelhanças:
    O tema principal de "Cordas de Aço" é o da dor e da perda. O eu lírico busca consolo na música, especialmente no violão, e essa busca por alívio é comum em muitas obras de Cartola, onde a música se torna um refúgio emocional.
  • Divergências:
    Comparado com outras músicas de Cartola, como "O Mundo é um Moinho", a diferença está na atitude do eu lírico. Em "Cordas de Aço", o sujeito ainda busca ativamente alívio, usando o violão como meio de expressão, enquanto em "O Mundo é um Moinho" a dor é mais fatalista e o eu lírico se vê como incapaz de reverter a situação. Portanto, em "Cordas de Aço", ainda há uma esperança de consolo, o que não ocorre de forma tão clara em "O Mundo é um Moinho".

Relação entre o Título do Poema e o Tema

O título "Cordas de Aço" faz referência direta ao violão e às cordas do instrumento, mas, de maneira mais ampla, traz à tona o contraste entre a resistência (do aço) e a fragilidade emocional do eu lírico. A relação entre o título e o tema está na busca por alívio emocional através da música, com a corda de aço representando tanto a força do violão quanto a fragilidade emocional do sujeito, que se vê consolado apenas através do som produzido pelo instrumento.

Paralelo com Outro Poema do Mesmo Autor ou da Mesma Temática

"O Mundo é um Moinho" é um bom paralelo para "Cordas de Aço", já que ambos tratam da dor e da perda, mas com abordagens diferentes:

  • Em "Cordas de Aço", o eu lírico busca consolo no violão, e há uma tentativa de superação da dor através da música.
  • Em "O Mundo é um Moinho", a dor é inevitável e irreversível. A música transmite uma sensação de resignação e desesperança.

A comparação entre os dois poemas sugere que, enquanto em "Cordas de Aço" há uma luta por superação e consolo, em "O Mundo é um Moinho" a dor é encarada como irreversível. Ambos os poemas, no entanto, compartilham a busca por expressão emocional através da música e do sofrimento, embora o resultado emocional seja diferente.

Conclusão da Comparação

A comparação entre "Cordas de Aço" e "O Mundo é um Moinho" revela a dualidade na obra de Cartola: enquanto em um poema a música é um refúgio e um consolo, no outro ela é a expressão do fim de um ciclo emocional. Ambos os poemas, no entanto, compartilham uma profunda sensibilidade e uma ligação emocional com a música como meio de superação da dor.

Recurso Predominante: 

O poema de Cartola é predominantemente de descrição, especialmente na maneira como o violão e as suas cordas são personificados e retratados como elementos de consolo e alívio emocional. A ênfase está na representação simbólica e emocional do violão, não se tratando de uma narrativa clara ou de uma dissertação. Isso cria um efeito de imersão emocional, no qual o sujeito se conecta com o instrumento como se ele fosse uma extensão de sua própria dor.

Intertextualidade na Letra

A intertextualidade em "Cordas de Aço" pode ser vista em sua relação com outras canções de Cartola, especialmente aquelas que abordam o tema da dor, como "O Mundo é um Moinho". O violão como símbolo de consolo e expressão emocional pode ser interpretado como uma referência ao próprio legado de Cartola no samba e na música popular brasileira, em que a dor e a saudade frequentemente se entrelaçam com o instrumento musical.

Percurso Passional do Poema

O percurso passional do poema segue uma progressão emocional de dor e busca por consolo. O eu lírico começa com a expressão de uma dor profunda, simbolizada pela perda e pela solidão, e tenta encontrar alívio através do violão, que se torna seu companheiro emocional. A emoção exposta é uma melancolia misturada com um desejo de alívio e consolo, criando uma tensão entre a dor e a busca por superação.

Harmonia ou Tensão entre a Paixão e a Forma do Poema

Há uma harmonia entre a paixão e a forma do poema. A forma sintática e a repetição de palavras e sons reforçam o tom emocional do poema, sem sobrecarregar a forma com complexidade. A música e a repetição das palavras contribuem para a expressão fluida da dor, tornando o poema uma experiência emocional envolvente e imersiva.

 (Quando falo em "forma sintática", estou me referindo à estrutura das frases no poema, que é relativamente simples e direta, ou seja, não há construções complexas ou difíceis de entender. A frase é clara, sem ornamentações excessivas de palavras ou construções sintáticas complicadas.

No caso de "Cordas de Aço", os versos são geralmente curtos e a estrutura gramatical é simples, o que ajuda a transmitir as emoções de forma direta e objetiva, sem sobrecarregar o leitor com elementos sintáticos difíceis.

Por exemplo, frases como "Ah, esse bojo perfeito / Que trago junto ao meu peito" são simples e diretas. Elas não exigem uma análise complexa para entender o significado; a construção é fácil de seguir. Essa simplicidade ajuda a intensificar a emoção e profundidade do poema, pois o leitor pode se concentrar mais no sentimento do que em desvendar uma estrutura sintática complicada.

Portanto, a forma sintática não diminui a importância do poema, mas contribui para sua expressividade emocional, tornando-o mais acessível e impactante.

"simplicidade sintática"- indica que a estrutura das frases é clara, direta e descomplicada. Outros termos que podem ser usados, dependendo do contexto, são:

  • Clareza sintática
  • Estrutura sintática simples
  • Facilidade sintática
  • Simplicidade na construção das frases

Esses termos ressaltam a ideia de que as frases são fáceis de entender e não apresentam complexidade excessiva em sua construção.)

Tema, Personagem, Tempo e Espaço em "Cordas de Aço"

  • Tema: O tema central do poema é a dor da perda e a busca por consolo e alívio emocional. O eu lírico, que está sofrendo com a solidão e a perda de um amor, busca conforto e compreensão no violão, transformando-o em um companheiro emocional. O violão se torna uma metáfora para a solidão e a expressão da dor.
  • Personagem: O eu lírico é o personagem principal. Ele é um sujeito solitário e melancólico que encontra na música (representada pelo violão) uma maneira de lidar com seus sentimentos de perda e tristeza. O violão, embora não seja um personagem humano, tem uma personificação, adquirindo a capacidade de compreender a dor do eu lírico.
  • Tempo: O tempo no poema é um tempo psicológico, focado na experiência emocional do sujeito. Não há uma indicação clara de um tempo histórico ou cronológico, mas há uma ideia de presente contínuo de dor, com a repetição de certos elementos como o violão e o desejo de consolo. O fato de o eu lírico sentir a perda de forma constante sugere que o tempo é algo que não traz alívio imediato.
  • Espaço: O espaço no poema é abstrato e simbólico, com destaque para o violão, que é um lugar de refúgio emocional. Pode-se também considerar que o espaço físico não é o foco, mas o ambiente interno e emocional do eu lírico. O espaço do "jardim" mencionado em outros versos, por exemplo, pode representar um lugar de memórias e saudades, onde o sujeito busca alívio.

Ponto de Vista Filosófico

  • Concepção Realista ou Romântica: O poema de Cartola tem uma concepção romântica. A abordagem da dor e da perda, assim como a busca por consolo através da música, se encaixa em um contexto romântico, que valoriza emoções intensas, sentimentos pessoais e a relação subjetiva com o mundo. O eu lírico não procura uma solução racional para seu sofrimento; ele se entrega à música e à solidão, representando a idealização do amor perdido.
  • Concepção Espiritualista ou Materialista: O poema carrega uma abordagem mais espiritualista no sentido de que o eu lírico não busca um consolo físico, mas emocional e espiritual no violão. Não há uma preocupação com questões materiais ou com uma solução concreta, mas com a expressão dos sentimentos internos e a busca por algo mais profundo, que está além da realidade física.
  • Pessoal ou da Vida e dos Homens: O poema também tem um ponto de vista pessoal, centrado na experiência emocional do eu lírico. Não se trata de uma visão universal sobre a humanidade, mas sim de uma experiência subjetiva, muito ligada aos sentimentos do próprio sujeito que canta a sua dor.

Ponto de Vista Moral e Religioso

  • Sinais de Intolerância ou Preconceito: O poema não apresenta sinais de intolerância ou preconceito. O foco está na dor e no consolo, sem qualquer juízo moral ou social sobre as atitudes do eu lírico. A linguagem é mais emocional do que normativa.
  • Encarando a Problemática do Amor: Cartola encara o amor de maneira melancólica e nostálgica. O amor, na visão do eu lírico, é algo que foi perdido e que agora deixa saudade e dor. Não há idealização do amor romântico, mas uma busca por alívio emocional. A relação com o amor é de frustração e saudade.
  • Ponto de Vista Religioso: Não há uma abordagem clara da religião no poema, mas pode-se perceber um certo caráter de entrega emocional, com a busca por um tipo de consolo que parece mais ligado a um refúgio interior do que à procura de uma solução religiosa.

Ponto de Vista Político e Ideológico

  • Crítica Social: O poema não faz uma crítica social explícita, embora sua carga emocional e simbólica possa ser interpretada como uma resposta ao contexto de repressão e solidão. Cartola, sendo um artista da música popular brasileira, viveu em um período de intensa repressão política no Brasil (durante a Ditadura Militar), e sua música pode ser vista como um reflexo do sofrimento social do povo brasileiro, embora o poema "Cordas de Aço" seja mais focado na dor pessoal do sujeito do que em uma crítica social aberta.

Em termos de ideologia, Cartola é um artista que, em diversas de suas músicas, aborda temas de solidão, dificuldades emocionais e a superação através da música, o que pode ser interpretado como uma crítica à falta de expressão e liberdade em tempos difíceis.

Conclusão

O poema "Cordas de Aço" possui um forte caráter romântico, abordando a dor da perda e a busca por consolo no violão, com uma visão pessoal e emocional. Não há críticas sociais explícitas, mas o contexto de sofrimento e saudade pode ser lido como um reflexo das dificuldades emocionais e sociais de uma época de repressão. O tema do amor é tratado de forma melancólica, sem idealização, e o eu lírico busca a expressão emocional por meio da música.

Questões sobre "Cordas de Aço" – Cartola

1. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: Qual é o papel do violão na música "Cordas de Aço"?
a) Apenas um instrumento musical para acompanhar o eu lírico.
b) Um símbolo de conforto emocional e confidente do eu lírico.
c) Um elemento para demonstrar a habilidade musical do eu lírico.
d) Um objeto que representa o passado esquecido pelo eu lírico.
Resposta: b) Um símbolo de conforto emocional e confidente do eu lírico.
O violão é tratado como uma presença íntima que compreende a dor do eu lírico.


2. Questão de Correspondência

Pergunta: Relacione as expressões da música com as figuras de linguagem utilizadas.

Expressão

Figura de Linguagem

1. "Ah, estas cordas de aço"

( ) Metonímia

2. "Este bojo perfeito que trago junto ao meu peito"

( ) Personificação

3. "Só você violão compreende porque perdi toda alegria"

( ) Prosopopeia

4. "Solte o teu som da madeira"

( ) Apóstrofe

Resposta:
1 - ( ) Metonímia
2 - ( ) Metáfora
3 - ( ) Prosopopeia
4 - ( ) Apóstrofe

Justificativa:

  • "Ah, estas cordas de aço" usa metonímia, referindo-se ao violão pelas partes.
  • "Este bojo perfeito" é uma metáfora, comparando o violão a algo acolhedor.
  • "Só você violão compreende" é uma prosopopeia, atribuindo sentimentos ao violão.
  • "Solte o teu som da madeira" é uma apóstrofe, uma convocação direta ao violão.

3. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: A quem o eu lírico se refere como "a companheira" na música?
a) A mulher que ele ama.
b) O violão.
c) A música em si.
d) A madrugada.
Resposta: b) O violão.
O violão é descrito como um confidente íntimo e companheiro constante do eu lírico.


4. Questão de Verdadeiro ou Falso

Pergunta: Na música, o eu lírico personifica o violão, tratando-o como um ser capaz de compreender sua dor.
Resposta: Verdadeiro.
O eu lírico atribui ao violão emoções e compreensão, como se fosse um confidente.


5. Questão de Correspondência

Pergunta: Relacione as funções das expressões com o impacto emocional no texto.

Expressão

Função no Texto

1. "Este minúsculo braço do violão"

( ) Intimidade emocional

2. "Compreende porque perdi toda alegria"

( ) Reflexão sobre a dor

3. "Solte o teu som da madeira"

( ) Convocação à música

4. "Na madrugada iremos pra casa cantando"

( ) Esperança e consolo

Resposta:
1 - ( ) Intimidade emocional
2 - ( ) Reflexão sobre a dor
3 - ( ) Convocação à música
4 - ( ) Esperança e consolo

Justificativa:
Cada expressão revela aspectos emocionais e a ligação do eu lírico com o violão como extensão de seus sentimentos.


6. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: Como o eu lírico descreve sua relação com o violão?
a) Um instrumento para expressar a técnica musical.
b) Uma ligação estética e técnica.
c) Um companheiro íntimo que alivia sua solidão e tristeza.
d) Uma extensão indiferente da sua rotina.
Resposta: c) Um companheiro íntimo que alivia sua solidão e tristeza.
O violão é apresentado como parte essencial de sua vida emocional e artística.


7. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: Qual sentimento principal permeia a música "Cordas de Aço"?
a) Alegria e celebração.
b) Melancolia e saudade.
c) Raiva e insatisfação.
d) Nostalgia sem tristeza.
Resposta: b) Melancolia e saudade.
A letra reflete a dor do eu lírico, que encontra no violão um consolo.


8. Questão de Múltipla Escolha

Pergunta: Qual é o significado do verso "Na madrugada iremos pra casa cantando"?
a) Superação da dor por meio da música.
b) Um momento de festa e celebração.
c) O abandono da solidão pelo silêncio.
d) O fim de um ciclo de tristeza.
Resposta: a) Superação da dor por meio da música.
O verso sugere que, apesar da melancolia, a música proporciona alívio e conexão.


 

Questões Dissertativas

  1. Dissertativa
    Questão: Como o uso do violão como elemento simbólico contribui para a construção emocional do poema "Cordas de Aço"?
    Resposta esperada: O violão é apresentado como um companheiro emocional do eu lírico, representando uma saída simbólica para sua dor e solidão. Sua relação com o eu lírico vai além da música, sendo uma forma de expressão da perda e da busca por consolo. O violão também pode ser interpretado como um símbolo de refúgio, de memórias e do próprio sofrimento emocional, ajudando a dar forma ao tema da perda de amor e ao sofrimento contínuo.

  2. Dissertativa
    Questão: O que o uso de repetição no poema "Cordas de Aço" sugere sobre o estado emocional do eu lírico?
    Resposta esperada: A repetição dos versos, como "Ah, essas cordas de aço" e "Só você violão", sugere que o eu lírico está preso em um ciclo de saudade e sofrimento emocional. A repetição funciona como um reforço da dor e do desejo de alívio, revelando a impossibilidade de superação do amor perdido, e a tentativa constante de encontrar consolo.


Questões de Múltipla Escolha

  1. Múltipla escolha
    Questão: Qual é o principal tema abordado na música "Cordas de Aço" de Cartola?
    a) A busca por liberdade política
    b) A solidão e a saudade do amor perdido
    c) A celebração do amor romântico
    d) O alívio proporcionado pela amizade

    Resposta correta: b) A solidão e a saudade do amor perdido

  2. Múltipla escolha
    Questão: O que o violão simboliza no poema "Cordas de Aço"?
    a) Um instrumento de distração
    b) A expressão da alegria e do amor
    c) Um consolo para a dor emocional do eu lírico
    d) Uma maneira de se afastar do mundo

    Resposta correta: c) Um consolo para a dor emocional do eu lírico


Questões de Verdadeiro ou Falso (V/F)

  1. Verdadeiro ou Falso
    Questão: No poema "Cordas de Aço", o eu lírico expressa seu desejo de se afastar da dor e buscar a felicidade.
    Resposta correta: Falso. O poema expressa a dor contínua da perda e a busca por consolo, mas não a superação ou afastamento da tristeza.

  2. Verdadeiro ou Falso
    Questão: A repetição de versos no poema reflete uma tentativa de curar a dor do eu lírico.
    Resposta correta: Verdadeiro. A repetição dos versos reforça a persistência da dor e a busca contínua por alívio.


Questões de Correspondência

Questão: Relacione as expressões do poema "Cordas de Aço" com os seus respectivos significados.

A. "Cordas de aço"
B. "Bojo perfeito"
C. "Perdi toda alegria"
D. "Sofrimento contínuo"

  1. A busca por consolo no violão
  2. A dor emocional causada pela perda
  3. A expressão do violão como instrumento de afeto e consolo
  4. O impacto da perda no estado de espírito do eu lírico

Resposta correta:
A-3, B-1, C-4, D-2


Questões de Interpretação

  1. Interpretação
    Questão: Como a repetição das palavras e frases contribui para o ritmo e para o clima emocional da música?
    Resposta esperada: A repetição no poema cria um ritmo cadenciado e hipnótico, reforçando a persistência da dor e a dificuldade de superar a perda. Ela também enfatiza o estado emocional do eu lírico, que se vê preso em um ciclo de saudade e busca constante de consolo.

  2. Interpretação
    Questão: Qual é o efeito de usar o verbo "trago" no verso "Ah, este bojo perfeito / Que trago junto ao meu peito"?
    Resposta esperada: O uso do verbo "trago" sugere uma ação contínua e inerente ao sujeito. O violão é descrito como algo que o eu lírico carrega consigo constantemente, simbolizando a solidão e a necessidade emocional de estar sempre em contato com esse consolo.


Análise Crítica

  1. Análise Crítica
    Questão: A escolha do violão como símbolo da dor no poema "Cordas de Aço" é eficaz? Justifique sua resposta.
    Resposta esperada: A escolha do violão como símbolo da dor é eficaz, pois ele é um instrumento associado à música, que pode ser tanto uma forma de expressão emocional quanto um consolo. No caso do eu lírico, o violão se torna uma metáfora poderosa para sua luta emocional interna, permitindo que ele se expresse de forma artística enquanto lida com sua solidão. Além disso, o violão também carrega a ideia de continuidade, refletindo a dor persistente.

Questões Dissertativas

  1. Dissertativa
    Questão: Qual é o papel do violão na música "Cordas de Aço"? Como ele se relaciona com o sofrimento do eu lírico?
    Resposta esperada: O violão é um símbolo de consolo e de dor no poema. O eu lírico usa o violão para expressar sua solidão e sua tristeza, associando-o ao sofrimento pela perda do amor. A imagem do violão que "acarinham os dedos" e "trago junto ao peito" enfatiza que ele é um companheiro constante na dor e na busca por alívio, funcionando como uma válvula de escape emocional.

  2. Dissertativa
    Questão: O que a repetição de versos como "Ah, essas cordas de aço" e "Só você violão" revela sobre o estado emocional do eu lírico?
    Resposta esperada: A repetição desses versos indica que o eu lírico está preso a um ciclo emocional de dor e perda. A insistência em repetir as mesmas palavras revela uma sensação de imobilidade emocional, sugerindo que o sujeito não consegue superar o sofrimento e permanece revivendo a mesma dor. Esse recurso também transmite a fragilidade emocional do eu lírico e sua busca incessante por consolo no violão.


Questões de Múltipla Escolha

  1. Múltipla escolha
    Questão: Em "Cordas de Aço", o que o "bojo perfeito" do violão pode simbolizar para o eu lírico?
    a) A ideia de perfeição e beleza
    b) O consolo emocional que o instrumento oferece
    c) A rejeição ao amor perdido
    d) O desejo de se afastar da realidade

    Resposta correta: b) O consolo emocional que o instrumento oferece

  2. Múltipla escolha
    Questão: Qual é o principal sentimento expresso pelo eu lírico em "Cordas de Aço"?
    a) Esperança
    b) Saudade e melancolia
    c) Raiva e ressentimento
    d) Felicidade e gratidão

    Resposta correta: b) Saudade e melancolia


Questões de Verdadeiro ou Falso (V/F)

  1. Verdadeiro ou Falso
    Questão: O eu lírico, ao longo de "Cordas de Aço", expressa um sentimento de esperança por um possível reencontro com seu amor.
    Resposta correta: Falso. O poema não expressa esperança, mas sim melancolia e solidão, com o eu lírico lamentando a perda.

  2. Verdadeiro ou Falso
    Questão: A repetição dos versos no poema simboliza o ciclo interminável de dor do eu lírico.
    Resposta correta: Verdadeiro. A repetição enfatiza a persistência do sofrimento e a impossibilidade de superação da perda.


Questões de Correspondência

Questão: Relacione as expressões do poema com seus significados.

A. "Cordas de aço"
B. "Bojo perfeito"
C. "Perdi toda alegria"
D. "Trago junto ao meu peito"

  1. Representa o sofrimento emocional contínuo.
  2. O violão como consolo e símbolo da dor.
  3. O objeto físico do violão.
  4. A imobilidade emocional do eu lírico, sem conseguir superar a perda.

Resposta correta:
A-3, B-2, C-4, D-1


Questões de Interpretação

  1. Interpretação
    Questão: Como a figura de linguagem da metáfora é utilizada em "Cordas de Aço"? Dê exemplos do poema.
    Resposta esperada: O poema faz uso de metáforas, como em "cordas de aço", onde o violão é comparado às cordas de aço, simbolizando tanto a dureza emocional quanto a sensibilidade que o instrumento traz ao tocar. Outra metáfora está em "trago junto ao meu peito", sugerindo que o violão é parte do eu lírico e de sua experiência emocional.

  2. Interpretação
    Questão: O que o "minúsculo braço" do violão representa no poema?
    Resposta esperada: O "minúsculo braço" do violão pode representar a fragilidade do eu lírico em lidar com a dor e a dependência emocional do instrumento para expressar sua tristeza. O termo "minúsculo" reforça a pequenez do sujeito diante da grandeza da dor.


Análise Crítica

  1. Análise Crítica
    Questão: A repetição dos versos em "Cordas de Aço" contribui para a construção de um sentimento de solidão e incompletude. Justifique sua resposta.
    Resposta esperada: A repetição enfatiza que o eu lírico não consegue superar sua perda e está preso a um ciclo emocional sem fim. A constante repetição dos mesmos versos reforça a sensação de incompletude, de que ele não encontra solução para sua dor. Esse recurso cria uma imobilidade emocional, onde o sujeito permanece fixado no sofrimento.

  2. Análise Crítica
    Questão: De que maneira o poema "Cordas de Aço" pode ser interpretado como uma expressão de solidão urbana ou de uma geração em busca de consolo na música?
    Resposta esperada: O poema pode ser visto como um reflexo da solidão urbana, onde o indivíduo busca consolo e alívio na música, algo cada vez mais comum na sociedade moderna. O violão, como símbolo de um companheiro solitário, representa a solidão existencial do eu lírico, enquanto a busca pelo alívio através do som sugere uma tentativa de fugir da dor emocional.


Questões de Análise Estilística

  1. Questão
    Questão: Em "Cordas de Aço", há algum elemento que demonstra uma influência do samba-canção? Justifique.
    Resposta esperada: Sim, o poema tem influências do samba-canção, estilo musical em que Cartola se insere. Elementos como o uso da melancolia e a linguagem emotiva associada a temas como o amor perdido e a solidão são características típicas do gênero. A simplicidade da expressão, com uma cadência suave e repetição, também são marcas desse estilo musical.

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