Produção de
texto: CRÔNICA
A crônica é um gênero textual
que mistura características da literatura e do jornalismo, já que apresenta a
visão do cronista sobre um fato colhido no noticiário do jornal ou no
cotidiano. De acordo com o crítico Antonio Candido, por ser tão despretensiosa,
insinuante e reveladora, a crônica consegue transformar a literatura em algo
íntimo com relação à vida de cada um. Leia o seguinte exemplo:
A UNIVERSIDADE
REVISITADA MOACYR
SCLIAR (Folha de S.
Paulo, 11/12/06) Para atrair estudantes, universidades oferecem
serviços: sala de videogame, salão de beleza, minishopping, piscinas,
academia. Instituições particulares de SP têm seguido o modelo
norte-americano e investido mais em infraestrutura de serviços. Cotidiano,
3 de dezembro de 2006. "Querido diário: como de costume, aqui
estou, para contar como foi o meu dia hoje na universidade. Um dia
movimentado – você sabe que a vida de estudante nem sempre é fácil –, mas um
dia produtivo, para usar uma palavra da qual meu pai gosta muito. Ele é
empresário, empresário dinâmico, e sempre me pergunta se meu dia foi
produtivo. |
Características da
CRÔNICA
- geralmente é publicada em jornais e revistas; (Adaptado de: CEREJA,
William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. |
Produção da
CRÔNICA
Você vai produzir uma crônica à Moacyr Scliar
de 20 a 30 linhas baseada numa situação corriqueira noticiada pelos jornais ou
revistas.
Sua pesquisa deve limitar-se ao período da PANDEMIA: selecione a
notícia Como no texto de Moacyr Scliar, inicie
sua crônica com uma menção ao texto jornalístico escolhido.
Repare que, no caso da crônica escolhida como exemplo, a notícia de jornal é o
meio pelo qual o escritor “inventa” uma personagem que vivencia algo noticiado
(no caso, a “faculdade-serviços”) e a situação é levada até o extremo; por meio
do exagero, portanto, revela-se o absurdo da situação de origem (o investimento
em infraestrutura de serviços estar entre as prioridades de uma instituição
educacional).
Não se trata, portanto, de ficcionalizar livremente, limitando-se ao elemento
circunstancial do fato noticiado, inventando personagens, meandros do enredo
etc. Lembre-se de revelar sua visão pessoal do acontecimento. Aborde o fato
procurando ir além do circunstancial, narrando com sensibilidade ou, se quiser
(e conseguir), com humor. Não se esqueça de empregar em seu texto uma linguagem
que incorpore as características da crônica.
Gênero
textual- Crônica reflexiva- Características: ·
Parte
de uma reflexão do cotidiano, mas, ao refletir sobre ele, o recria.(reflexão
mais crítica de fatos da realidade) ·
Apresenta
um tom mais informal; ·
Pertence
normalmente à topologia narrativa, embora essa possa propiciar reflexão; ·
Meios
de publicação: revista destinada a adultos interessados em cultura, economia,
política e fatos da sociedade. ·
O
cronista adapta os temas e a linguagem de seus textos ao público que lerá. ·
Usa uma
linguagem mais clara e objetiva. ·
Por
tratar de um tema cotidiano, a crônica está ligada ao tempo presente, aos fatos em destaque na sociedade em
determinado momento e que provocam reflexão. ·
O assunto é fator determinante da crônica
reflexiva: discute assuntos sociais sérios e importantes como: lixo, meio
ambiente, consumo, economia, educação, miséria etc. |
3. Tempo e Espaço
- Tempo: O tempo na crônica é relativamente curto e bem delimitado, pois a narrativa se concentra nas atividades de um único dia da personagem. O fato de ela realizar uma série de atividades na universidade, que vão desde compras até cuidados pessoais, reforça a ideia de que sua rotina universitária está voltada para o prazer imediato e não para o aprendizado.
- Espaço: O espaço da crônica é limitado à universidade, que, na visão da personagem, se transforma em um ambiente mais voltado para o lazer e o consumo do que para o ensino. O minishopping, a academia, a piscina térmica e o salão de beleza são apresentados como "atrativos" principais da universidade, sendo esses espaços mais associados à vida social e ao consumo do que ao aprendizado e à construção do conhecimento.
- Foco Narrativo: A crônica é narrada em primeira pessoa, o que nos dá uma visão íntima e pessoal da personagem. Ela se apresenta como uma estudante que compartilha seu dia a dia com o "querido diário", criando uma atmosfera de confidência e proximidade com o leitor. Esse tipo de foco narrativo permite que o cronista insira elementos de crítica de forma mais direta e subjetiva, sem perder a leveza e o tom informal característicos da crônica.
- Narrador: A personagem, além de ser a narradora, é também a protagonista da história. Seu ponto de vista é limitado e bastante egocêntrico, o que a torna uma narradora-personagem. Esse tipo de narrador é eficaz para a proposta da crônica, pois cria uma conexão com o leitor, que acompanha o fluxo de pensamentos e ações da estudante.
- Humor: Moacyr Scliar utiliza o humor como uma ferramenta para criticar a superficialidade das universidades modernas. A crônica apresenta situações exageradas e irônicas, como a estudante esquecendo de ir às aulas e, ao mesmo tempo, gastando tempo em atividades fúteis. Esse tom humorístico é uma maneira de criticar a tendência das instituições de ensino em investir mais em serviços e atrações externas do que no verdadeiro papel educativo.
- Crítica Social: O autor critica, de forma sutil, a mercantilização da educação, onde as universidades acabam se tornando um espaço mais voltado ao consumo e ao prazer dos alunos do que ao desenvolvimento intelectual. A protagonista representa a juventude que se distanciou da verdadeira função do ensino superior, priorizando os aspectos materiais e de imagem em detrimento do conhecimento acadêmico. A reflexão aqui é clara: a educação deve ser mais do que um produto a ser consumido.
- Linguagem: A linguagem utilizada por Scliar é simples, direta e de fácil compreensão. Ele mistura o tom coloquial com a ironia, o que faz com que o texto seja acessível ao grande público, mas também carregado de crítica social. O estilo é característico da crônica: informal, observacional e com toques de humor.
- Estilo do Autor: Moacyr Scliar, com seu estilo único, utiliza a crônica como uma maneira de refletir sobre as contradições e absurdos do cotidiano, sempre com uma visão crítica. A autora não apenas relata um fato cotidiano, mas o transforma em uma reflexão mais profunda sobre a sociedade e seus valores.
4. Foco Narrativo e Narrador
5. Humor e Crítica Social
6. Linguagem e Estilo
7. Reflexão Crítica A crônica "A Universidade Revisitada" faz uma crítica ao modelo atual de ensino superior que muitas vezes se preocupa mais em oferecer serviços e comodidades aos estudantes do que em promover um aprendizado profundo e significativo. A busca por atraentes espaços de lazer e consumo acaba refletindo uma tendência em priorizar o status social e a aparência em detrimento da educação real. Por meio do exagero e do humor, Moacyr Scliar nos faz refletir sobre o papel da educação e a importância de resgatar a verdadeira função da universidade: a formação de indivíduos críticos e capacitados para o mercado de trabalho e a vida em sociedade.
Tema: O Impacto da Superficialização da Educação nas Universidades Contemporâneas
Nas últimas décadas, a educação superior passou por transformações significativas, refletindo uma mudança de foco que prioriza a infraestrutura e o consumo em detrimento da formação intelectual. Muitas universidades, especialmente as privadas, têm seguido um modelo mercadológico que visa atrair estudantes por meio de uma série de facilidades e serviços voltados ao lazer, como academias, minishoppings, e piscinas. Esse movimento, inspirado no modelo norte-americano, tem como objetivo tornar a universidade mais atrativa, mas acaba ofuscando a verdadeira função educacional da instituição. Esse fenômeno levanta a questão de como a educação tem sido tratada em uma sociedade cada vez mais voltada ao consumo e à superficialidade.
O investimento em espaços como salas de videogame e restaurantes gourmet pode ser visto como uma tentativa de modernizar a experiência universitária, mas, ao mesmo tempo, pode ser interpretado como uma forma de desviar o foco daquilo que deveria ser o centro da vida acadêmica: o ensino. Em vez de priorizar a formação crítica e intelectual dos alunos, as universidades acabam incentivando a busca por prazeres imediatos e superficiais. A criação de um "campus de luxo", como acontece em algumas instituições, reflete uma visão utilitarista da educação, em que o aprendizado acaba perdendo espaço para o consumo e o entretenimento.
Além disso, o impacto dessa superficialização é profundo, principalmente na formação dos jovens que ingressam nesse modelo universitário. Os estudantes, muitas vezes, se veem mais preocupados em aproveitar as comodidades oferecidas pelas universidades do que em se engajar com a proposta acadêmica de fato. Esse tipo de abordagem contribui para uma geração de alunos que pode acabar tendo uma visão fragmentada do que é realmente importante no processo educacional, em que a autoimagem, o status social e a superficialidade prevalecem sobre o esforço intelectual e a construção do conhecimento. Em um mundo cada vez mais competitivo, onde a formação acadêmica é vista como uma chave para o sucesso profissional, essa desconexão com o propósito educacional pode gerar consequências negativas a longo prazo.
Por fim, é necessário repensar o modelo educacional atual, que tende a supervalorizar o consumo e as facilidades em detrimento do verdadeiro aprendizado. Embora a infraestrutura seja importante, ela não pode se sobrepor à qualidade do ensino. As universidades devem retomar sua missão primordial: formar cidadãos críticos e preparados para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea. O investimento em uma educação que valorize o conhecimento, a reflexão e a formação ética dos estudantes é fundamental para que possamos ter uma sociedade mais justa e verdadeiramente desenvolvida, onde o valor da educação seja medido pelo impacto que ela tem na construção de um futuro melhor, e não pela quantidade de serviços disponíveis em um campus universitário.
Partindo do sua experiência e vivência, pense: Fale sobre o analfabetismo. Quais os motivos? O que quer dizer alfabetizado? Qual o grande problema decorrente do analfabetismo? O que é necessário para mudar a situação atual?
CRÔNICAS DE MINHA AUTORIA
Crônica: O Silêncio das Letras
Outro dia, enquanto esperava no ponto de ônibus, observei uma senhora que, com o olhar cansado, segurava um bilhete amassado nas mãos. Ela olhava para ele, passava os dedos por suas palavras, mas não conseguia entender o que estava escrito. A fila se movia lentamente, mas ela permanecia ali, sozinha no seu desconforto silencioso. Perguntei-me o que aquele pedaço de papel representava para ela – talvez uma carta de um filho, uma mensagem de alguém querido, ou um simples lembrete de algo a ser feito. Mas o mais triste de tudo era o fato de que, mesmo segurando aquele bilhete com tanto cuidado, ela não podia se dar ao luxo de ler o que estava ali. Naquele momento, percebi o peso de uma realidade que, por mais que tentemos ignorar, ainda assola tantas vidas ao nosso redor: o analfabetismo.
Alfabetizar não é apenas ensinar a ler e escrever, como muitos pensam. Ser alfabetizado é ser capaz de entender o mundo ao seu redor, de fazer escolhas informadas e de participar ativamente da sociedade. Significa não ser prisioneiro da falta de informação e da exclusão. O ato de ler não é apenas decifrar letras; é compreender o que elas significam, conectá-las com a realidade e, assim, construir um entendimento mais amplo sobre o que acontece no mundo. O analfabetismo, portanto, não é uma questão apenas de letras e palavras, mas de oportunidades que se perdem, de portas fechadas e de um futuro que não se concretiza.
Mas quais são os motivos que ainda mantêm tanta gente fora da escola, sem acesso ao conhecimento básico que deveria ser garantido a todos? Existem vários fatores, mas, em sua grande maioria, estão relacionados à desigualdade social. As pessoas que vivem nas periferias, nas zonas mais afastadas ou nas comunidades de baixo poder aquisitivo, enfrentam uma luta constante para garantir o mínimo para a sobrevivência. A educação muitas vezes fica em segundo plano, não porque elas não queiram aprender, mas porque os recursos são escassos, e a urgência da vida cotidiana atropela qualquer tentativa de investir no futuro. As escolas públicas, que deveriam ser o alicerce para a mudança, muitas vezes carecem de estrutura e de um ensino de qualidade, o que agrava ainda mais a situação.
O grande problema do analfabetismo é que ele perpetua o ciclo da pobreza. A pessoa que não consegue ler e escrever não tem as mesmas oportunidades de quem tem acesso à educação. Isso cria uma sociedade desigual, onde poucos têm o poder de escolha, de lutar por seus direitos e de participar das decisões que afetam suas vidas. O analfabetismo também afasta o indivíduo da cidadania plena. É difícil exigir direitos, acessar informações importantes sobre saúde, emprego ou políticas públicas, quando se vive à margem do conhecimento. Ele nos torna invisíveis, como se estivéssemos falando uma língua que ninguém mais entende.
Então, o que é necessário para mudar essa realidade? Em primeiro lugar, a educação deve ser encarada como uma prioridade urgente e não uma promessa distante. É preciso investir na educação básica, oferecendo escolas bem equipadas e professores bem formados, além de programas de alfabetização para adultos. Mas, mais do que isso, é necessário que haja uma mudança na mentalidade da sociedade. Não podemos continuar a tratar o analfabetismo como algo isolado, sem perceber que ele é reflexo de uma estrutura social injusta. Precisamos encarar a educação como um direito universal, algo que deve ser acessível a todos, independentemente de sua origem ou condição social.
Talvez a senhora do ponto de ônibus nunca consiga ler aquele bilhete. Talvez ela nunca saiba o que está escrito ali. Mas, se a sociedade se unir para mudar esse quadro, talvez, em algum lugar, no futuro, outras pessoas possam se ver livres da cegueira que o analfabetismo impõe.
O Brasileiro e o Analfabetismo: Reflexões a partir da Vivência
Cresci em uma comunidade onde muitos convivem com a dura realidade do analfabetismo. Lembro-me de quando era criança e via meus avós, que eram analfabetos, se esforçando para ler o jornal ou até mesmo uma receita simples. Eles usavam os dedos para seguir as palavras, como se tivessem medo de se perder no texto, e perguntavam a qualquer um ao redor sobre o que estava escrito. Era uma situação comum, mas, com o passar do tempo, comecei a entender que o analfabetismo vai muito além da simples incapacidade de ler ou escrever. Ele é, na verdade, uma barreira que limita a vida e as oportunidades, afetando a capacidade de participar ativamente da sociedade.
Ser alfabetizado é muito mais do que saber formar palavras. Alfabetização é entender o mundo ao seu redor, é conseguir fazer escolhas informadas, é ter acesso à educação e a todas as suas possibilidades. Alfabetizar significa dar ao indivíduo a chave para abrir portas, para entender um contrato, uma conta de luz, um manual de instruções ou, mais profundamente, a própria história do país em que vive. Quando alguém não consegue ler ou escrever adequadamente, ele não consegue compreender a complexidade do mundo e, por isso, torna-se vulnerável às injustiças e desigualdades que o cercam. Em um país como o Brasil, em que a desigualdade social é uma das mais evidentes, a falta de alfabetização se torna um obstáculo gigantesco para o desenvolvimento pessoal e coletivo.
Os motivos do analfabetismo no Brasil são multifacetados. A desigualdade social, com sua divisão entre classes mais altas e as mais vulneráveis, é um dos principais fatores. Muitas pessoas nas regiões mais carentes do país não têm acesso adequado à educação, seja pela falta de escolas, pela carência de materiais didáticos ou pela falta de professores qualificados. Além disso, muitos vivem em condições de extrema pobreza, onde a luta pela sobrevivência diária toma a frente. Essas famílias, muitas vezes, não conseguem investir na educação de seus filhos, seja pela falta de condições financeiras, seja pela falta de conscientização sobre a importância de um bom ensino. Dessa forma, o analfabetismo vai se perpetuando de geração em geração, criando um ciclo vicioso difícil de romper.
O grande problema decorrente do analfabetismo é que ele exclui as pessoas da cidadania plena. A falta de letramento impede que o indivíduo acesse os direitos que lhe são devidos, que entenda as leis que o regem, que possa se posicionar em sua comunidade, que participe de discussões políticas e sociais. Isso perpetua uma sociedade de desigualdade, onde uma parte significativa da população não tem o poder de se expressar ou de lutar por mudanças. O analfabetismo também é um fator limitante no mercado de trabalho, já que muitos empregos exigem pelo menos o conhecimento básico da leitura e escrita. Isso coloca as pessoas em desvantagem no acesso a melhores oportunidades, contribuindo para a perpetuação da pobreza.
Para mudar essa situação, é preciso muito mais do que reformas no sistema educacional. Precisamos de uma abordagem que envolva investimentos consistentes em educação desde a infância até a idade adulta. A alfabetização deve ser vista como uma prioridade nacional, com políticas públicas que garantam o acesso à educação de qualidade para todos, independentemente da classe social ou da região em que vivem. É necessário também um compromisso com a formação de professores, o fortalecimento das escolas públicas e a redução das desigualdades que tornam o acesso à educação mais difícil para aqueles que mais precisam. Além disso, é essencial que a sociedade como um todo valorize a educação como um direito fundamental e como a principal ferramenta para a transformação social. Só assim poderemos romper com o ciclo do analfabetismo e garantir um futuro mais igualitário e justo para todos.
USANDO O ESQUEMA ABAIXO:
Introdução mais envolvente: Embora a introdução esteja boa, talvez você possa começar com uma situação mais próxima do cotidiano, que faça o leitor se sentir mais envolvido com a realidade do analfabetismo.
Exemplificação mais concreta: Inserir alguns exemplos mais específicos da vida real pode ajudar a tornar a reflexão ainda mais palpável. Pode ser uma menção a uma história de alguém que, devido ao analfabetismo, enfrentou grandes dificuldades durante a pandemia, ou ao contrário, algum caso em que a superação da falta de alfabetização tenha feito a diferença.
Conclusão mais impactante: Sua conclusão é forte e bem resolvida. Para dar um impacto final, talvez você possa usar uma frase mais provocativa, que faça o leitor refletir mais profundamente sobre o papel de todos na resolução desse problema.
Em resumo, a crônica cumpre bem seu objetivo de ser reflexiva e crítica sobre um tema tão importante, com uma boa organização de ideias e um tom adequado à proposta.
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