domingo, 10 de novembro de 2024

“Olhos d’água” de Conceição Evaristo LISTA DA UNICAMP

              “Olhos d’água” de Conceição Evaristo


I- BIOGRAFIA

Conceição Evaristo é uma escritora, poetisa e ativista brasileira, nascida no Rio de Janeiro, em 29 de novembro de 1946. Ela é uma das principais vozes da literatura contemporânea, especialmente no que se refere à literatura negra no Brasil. Sua obra é marcada pela reflexão sobre a condição da mulher negra, abordando temas como identidade, racismo, violência, resistência e a luta por igualdade.

Formação e Carreira

Conceição Evaristo cresceu em uma comunidade de favelas no Rio de Janeiro e teve uma infância marcada pela pobreza, mas também pela presença de uma forte rede de apoio familiar. Ela ingressou na universidade na década de 1970, estudando Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde começou a se envolver com questões relacionadas à literatura e à cultura negra.

Além de sua carreira literária, Conceição também se envolveu com movimentos sociais e culturais, especialmente os movimentos de valorização da cultura afro-brasileira e de combate ao racismo. Ela também teve experiência profissional como professora e educadora, trabalhando com jovens e com a educação popular.

Produção Literária

Conceição Evaristo começou a escrever ainda na juventude e, a partir da década de 1990, começou a ganhar maior reconhecimento no cenário literário brasileiro. Sua escrita, rica e poética, é muito influenciada por suas vivências como mulher negra e sua experiência com as questões sociais que afetam as populações marginalizadas.

Entre suas principais obras, estão:

  • "Ponciá Vicêncio" (2003): Um romance que se destaca por sua abordagem da vida de uma mulher negra, em sua busca por identidade e seu lugar no mundo, ao mesmo tempo em que enfrenta as dificuldades impostas pela sociedade.

  • "Olhos d'água" (2019): Uma coletânea de contos que explora as diversas facetas da vida das mulheres negras no Brasil, abordando temas como racismo, violência, amor, e a relação com a memória e a ancestralidade. O título do livro faz referência à expressão que simboliza a capacidade da mulher negra de enxergar as diversas realidades da vida.

  • "Insubmissas lágrimas de mulheres" (2018): Um livro que também busca dar voz às mulheres negras e periféricas, celebrando sua força e resistência.

A escrita de Conceição Evaristo é marcada pelo seu compromisso com a valorização da cultura negra, pela denúncia das desigualdades sociais e pela busca por uma literatura que permita aos personagens, muitas vezes invisibilizados pela sociedade, encontrar uma voz e uma identidade.

Reconhecimento

Conceição Evaristo é uma das mais importantes autoras da literatura brasileira contemporânea. Seu trabalho tem sido reconhecido nacionalmente e internacionalmente. Além de seu trabalho literário, ela é uma voz ativa em movimentos sociais que buscam a equidade de gênero e raça. Sua obra é essencial para compreender a literatura negra no Brasil, oferecendo uma perspectiva única e poderosa sobre as questões raciais, sociais e culturais que ainda afligem a sociedade brasileira.

Evaristo também foi eleita para ocupar um espaço de destaque na literatura brasileira contemporânea, sendo convidada a participar de importantes eventos literários e culturais, como a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), o que reafirma sua relevância na atualidade.

Legado

O legado de Conceição Evaristo vai além da literatura. Ela representa a luta de uma mulher negra em um contexto de opressão e desigualdade, oferecendo uma representação poderosa e autêntica da experiência das mulheres negras no Brasil. Sua obra é, portanto, um importante instrumento de resistência e afirmação da identidade e da cultura afro-brasileira.


II- INFORMAÇÕES:  

                             Olhos d'água é uma obra da escritora Conceição Evaristo, que reúne uma série de contos que abordam a realidade da mulher negra no Brasil, trazendo à tona questões de identidade, desigualdade social, racismo e as múltiplas formas de resistência vivenciadas por mulheres que pertencem à classe social mais marginalizada. O livro, publicado em 2019, é composto por uma narrativa poética e densa, onde Evaristo se aprofunda na complexidade das experiências de mulheres negras em um contexto marcado pela opressão histórica e pela luta por reconhecimento e liberdade.

A autora utiliza o termo “olhos d'água” como uma metáfora poderosa para descrever o olhar atento das mulheres que, mesmo diante da dor e da adversidade, são capazes de resistir e de ver além da realidade imediata, ou seja, elas são capazes de enxergar o mundo de uma perspectiva mais profunda e sensível. Os “olhos d’água” simbolizam a capacidade dessas mulheres de olhar para o futuro e de resistir, mesmo quando tudo ao seu redor parece tentar subjugá-las.

Os contos de Olhos d'água apresentam diversas personagens femininas que enfrentam diferentes formas de violência, tanto física quanto simbólica. Essas mulheres, ao longo da obra, lidam com questões como a pobreza, o racismo estrutural, a violência doméstica, a perda de seus entes queridos e o desejo de superação. No entanto, apesar das adversidades, essas mulheres se mantêm firmes e seguem em frente, seja através da luta pessoal ou comunitária. Muitas vezes, elas se veem entre a necessidade de sobreviver e a vontade de afirmar sua dignidade e a de seus filhos.

Em uma de suas características mais marcantes, a obra revela o íntimo de suas protagonistas, revelando emoções como a raiva, o medo, o amor, mas também o prazer, a sensualidade e a busca por autonomia. Evaristo não se limita a retratar a mulher negra apenas como vítima da sociedade, mas também como uma agente ativa de sua própria transformação, capaz de resistir às opressões e de reinventar sua história.

Em um dos contos, por exemplo, a autora fala sobre a relação complexa entre uma mulher e sua filha, mostrando como a maternidade, a história familiar e as relações de afetividade ajudam a construir a identidade dessas mulheres, não apenas em relação à sua condição social, mas também à sua ancestralidade e ao legado das mulheres que vieram antes delas.

A linguagem utilizada por Conceição Evaristo em Olhos d'água é marcada pela oralidade, pela musicalidade e pela força das imagens, sendo o texto um reflexo do modo como a autora, mulher negra e periférica, vê o mundo e a experiência de suas personagens. As narrativas são carregadas de emoção, usando recursos poéticos para aprofundar o significado da vida dessas mulheres.

Em resumo, Olhos d'água é uma obra que, através da literatura, contribui para dar voz às mulheres negras, trazendo à tona suas experiências, sentimentos, dores e desejos, ao mesmo tempo que aponta para a importância da resistência e da solidariedade no processo de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.  

(Olhos d'água de Conceição Evaristo é uma obra composta por contos que exploram a vida e os desafios das mulheres negras no Brasil, suas relações familiares, seus sentimentos, suas lutas contra o racismo e a violência estrutural.)

     III- RESUMO

Segue o resumo de cada conto de Olhos d'Água, de Conceição Evaristo, com os personagens principais e secundários, focando nos temas e no perfil psicológico das figuras centrais.

Esses contos trazem personagens que exploram questões como ancestralidade, espiritualidade, relações de gênero e resistência contra a opressão, sendo carregados de simbolismos e nuances psicológicas complexas. Aresentam um panorama intenso e reflexivo sobre as desigualdades, o sofrimento e a resiliência, celebrando a resistência cultural e a força das mulheres negras. Cada personagem é construído com profundidade, refletindo a experiência de vida da autora e sua preocupação com as questões sociais e raciais.

Em cada um deles, Conceição Evaristo constrói narrativas que abordam, de forma profunda e sensível, a realidade das mulheres negras no Brasil, destacando suas lutas e resistências, e ao mesmo tempo, celebrando sua identidade e força interior. A obra busca dar visibilidade a histórias que muitas vezes são silenciadas, resgatando o valor e a dignidade dessas personagens.

Resumo da coletânea de contos Olhos d'Água de Conceição Evaristo

  1. Olhos d’Água - Uma mãe sem nome narra a dor de ter perdido o filho, explorando as memórias e a saudade intensa. Esse conto retrata a profundidade do luto materno, simbolizado nos "olhos d’água" que expressam lágrimas e a luta de quem enfrenta a perda em um contexto de pobreza e violência urbana.

  2. Ana Davenga - Ana é uma mulher negra que vive sob a violência doméstica, mas aos poucos se liberta da opressão do marido. Com resiliência, Ana representa a força de muitas mulheres que resistem ao abuso e lutam pela liberdade. O conto simboliza o enfrentamento do machismo e a resistência feminina.

  3. Di Lixão - Di é um menino que cresce em um lixão, onde ele e sua mãe sobrevivem catando lixo. O conto aborda a exclusão social e as dificuldades extremas que as pessoas marginalizadas enfrentam diariamente, refletindo a força da infância diante da miséria e da fome.

  4. Yó, mãe de cabeças - Yó é uma figura mítica de mãe, conhecida como "mãe de cabeças", que representa a força e a espiritualidade da ancestralidade africana. O conto explora temas de memória, espiritualidade e conexão com as raízes africanas, além de abordar a dor do luto materno em um contexto de violência e racismo estrutural.

  5. Madalena - Madalena enfrenta a violência doméstica e, após anos de sofrimento, decide reagir. Este conto revela a luta feminina por emancipação e a busca por uma vida digna. Madalena representa as mulheres que enfrentam opressão e superam as dificuldades, buscando liberdade e força interior.

  6. A gente combinamos de não morrer - Um grupo de amigos marginalizados faz um pacto de sobreviver juntos em um ambiente violento e hostil. A expressão "a gente combinamos de não morrer" revela a determinação em resistir à violência física e social impostas pelo racismo e pela pobreza, destacando a importância da amizade e da lealdade.

  7. Duzu-Querença - Duzu relembra sua infância e os laços profundos com sua mãe, que moldaram sua identidade e sua resistência. O conto mostra a importância do amor materno e das tradições, refletindo a necessidade de manter sua dignidade em um mundo hostil.

  8. Beijo na face - Um homem reencontra uma mulher com quem teve um romance, relembrando sentimentos não resolvidos e afetos do passado. O conto também aborda a relação entre avó e neta, simbolizando o amor e a resistência em meio às dificuldades, com o "beijo na face" como símbolo de afeto e resiliência.

  9. Lumbiá - Lumbiá, um menino pobre, observa a desigualdade social ao seu redor. Através da perspectiva infantil, o conto expõe a injustiça social e a fome, e mostra como a resiliência ajuda a enfrentar um ambiente hostil e opressor.

  10. Ayoluwa - Ayoluwa, uma criança, representa a esperança e a importância da ancestralidade. O nascimento de Ayoluwa renova a esperança de uma família vulnerável, ressaltando a continuidade cultural e a valorização das raízes africanas como forma de resistência ao mundo moderno.

  11. Os dois ou o inglês - Um casal brasileiro interage com um estrangeiro inglês, e o conto explora o choque cultural e o preconceito. A narrativa examina a curiosidade mútua e as percepções entre diferentes culturas, abordando temas de diferença, racismo e exclusão.

  12. Maria - Maria é uma mulher devota e resiliente que enfrenta as dificuldades de uma vida marcada pela pobreza e exclusão social. A narrativa enfatiza a importância da fé e como a espiritualidade lhe dá força para encarar os desafios da vida cotidiana.

  13. Luamanda - Luamanda vive um amor que acaba e lida com a dor do término, refletindo sobre o autoconhecimento que o desamor proporciona. O conto explora temas de crescimento pessoal e descoberta interior, além de destacar a conexão entre mundo real e espiritual.

  14. Celebrando o seu corpo - Uma mulher redescobre sua beleza e enfrenta os padrões estéticos impostos pela sociedade. Este conto trata da autoaceitação e do empoderamento feminino, ressaltando a importância de abraçar sua identidade e desafiar os estereótipos.

  15. Era uma vez - Uma menina observa a força de sua avó, que representa sabedoria e resistência. A narrativa traz um olhar sensível sobre a família e a importância das gerações, abordando a herança cultural e a perda da inocência em um mundo opressor.

Análise para vestibulares (Fuvest e Unicamp)

Os contos da coletânea Olhos d’Água abordam temas centrais como a resiliência feminina, o racismo estrutural, a ancestralidade africana e a exclusão social, todos relevantes para a compreensão das questões sociais no Brasil contemporâneo. Conceição Evaristo utiliza uma linguagem poética e crua, explorando as emoções dos personagens e a profundidade das experiências de sofrimento e resistência. A obra apresenta-se como uma crítica social poderosa, que evidencia a luta por dignidade das mulheres negras e dos marginalizados. Para os vestibulandos, é importante refletir sobre o papel da memória e da ancestralidade e o modo como a autora representa a resistência e a luta por justiça através de suas personagens.

IV-PERSONAGENS PRINCIPAIS, SECUNDÁRIOS, CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS 

        1-Olhos d’Água
    • Personagem principal: Mãe sem nome (narradora)
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: Profundamente marcada pelo luto e pela dor. Vive na saudade e nas lembranças do filho, demonstrando resiliência e uma força emocional imensa diante da perda.
    • Personagem secundário: Filho falecido
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: A memória do filho é uma presença forte, o que reflete a profundidade da relação mãe-filho e da saudade que ele deixou.
  1. Ana Davenga

    • Personagem principal: Ana Davenga
      • Características físicas: Mulher negra, com traços sugeridos de cansaço e marcas do sofrimento.
      • Características psicológicas: Resiliente, determinada e introspectiva. Sofre com a violência do marido, mas busca forças para superar a opressão, representando muitas mulheres que enfrentam abusos.
    • Personagem secundário: Marido abusivo
      • Características físicas: Não detalhadas.
      • Características psicológicas: Representa a figura opressora, controlador e violento.
  2. Di Lixão

    • Personagem principal: Di Lixão
      • Características físicas: Menino de aparência desgastada pela vida difícil.
      • Características psicológicas: Corajoso, resiliente, inocente e acostumado com a vida dura no lixão.
    • Personagem secundário: Mãe de Di
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: Protetora, trabalha para sustentar o filho apesar das condições adversas, refletindo a força materna em ambientes desfavorecidos.
  3. Yó, mãe de cabeças

    • Personagem principal: Yó
      • Características físicas: Mulher forte e robusta, figura quase mítica.
      • Características psicológicas: Conectada com a ancestralidade africana, determinada e espiritual, representando a mãe que carrega o luto e busca justiça pelos filhos perdidos pela violência.
    • Personagens secundários: Filhos falecidos
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: A lembrança deles permeia a vida de Yó, simbolizando a luta contra o racismo e a violência.
  4. Madalena

    • Personagem principal: Madalena
      • Características físicas: Não detalhadas.
      • Características psicológicas: Sufocada pelo relacionamento abusivo, mas com uma crescente força interna e desejo de libertação. Ela representa a luta contra a opressão e a busca por uma vida livre de violência.
    • Personagem secundário: Marido abusivo
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: Violento e controlador, simboliza a opressão sofrida por Madalena.
  5. A gente combinamos de não morrer

    • Personagens principais: Um grupo de amigos marginalizados (sem nomes específicos)
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: Determinados e leais uns aos outros. Possuem um pacto de sobrevivência, unidos pela amizade e pelo desejo de resistir às adversidades da vida urbana e da violência cotidiana.
    • Personagens secundários: Violência e pobreza
      • Características psicológicas: Forças externas que ameaçam a sobrevivência do grupo, são quase personagens na narrativa.
  6. Duzu-Querença

    • Personagem principal: Duzu-Querença
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: Forte, resiliente e com amor-próprio. Relembra a infância e as lições de sua mãe, que moldaram sua capacidade de resistir e preservar sua identidade.
    • Personagem secundário: Mãe de Duzu
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: Carinhosa, sábia e protetora, representa o amor maternal que ajuda Duzu a enfrentar o mundo.
  7. Beijo na face

    • Personagens principais: Um homem e uma mulher que se reencontram
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: Sentem saudade e nostalgia, lidando com memórias e sentimentos não resolvidos. O “beijo na face” simboliza um afeto persistente e a complexidade das relações passadas.
  8. Lumbiá

    • Personagem principal: Lumbiá
      • Características físicas: Menino pobre, magro, possivelmente malvestido.
      • Características psicológicas: Observador e inocente, reflete sobre a desigualdade social de sua comunidade, revelando a força infantil em enfrentar a fome e a desigualdade.
    • Personagens secundários: Moradores do bairro
      • Características psicológicas: Figuras coletivas que representam o contraste entre ricos e pobres.
  9. 10. Ayoluwa

    • Personagem principal: Ayoluwa
      • Características físicas: Criança, provavelmente muito jovem, com uma aparência simples e sem descrição detalhada.
      • Características psicológicas: Ayoluwa simboliza a esperança e a continuidade da ancestralidade e da cultura africana, sendo uma figura que carrega o potencial de renovação para sua família, apesar das dificuldades. Sua pureza e inocência são destacadas na narrativa.
    • Personagem secundário: Família de Ayoluwa (pais e outros membros da família)
      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: O ambiente familiar é marcado pela espiritualidade e pela conexão com as raízes africanas. A família de Ayoluwa luta para preservar suas tradições e cultura, garantindo a continuidade dos valores espirituais e culturais em meio a um contexto moderno e opressor.

    11. Os dois ou o inglês

    • Personagem principal: O homem (protagonista, não nomeado)

      • Características físicas: Não descrito detalhadamente.
      • Características psicológicas: O homem representa a curiosidade cultural e o conflito com a própria identidade. Ele reflete sobre a tensão entre seu mundo e o do estrangeiro, lidando com as diferenças culturais e um certo desconforto no processo de adaptação e compreensão.
    • Personagem secundário: O inglês

      • Características físicas: Estrangeiro, possivelmente de origem europeia, com uma aparência que remete ao distanciamento cultural.
      • Características psicológicas: O inglês é curioso sobre a realidade local, mas também é distante e até um pouco arrogante, não conseguindo compreender totalmente as experiências e dificuldades dos personagens que estão longe de seu mundo.
    • Personagem secundário: A mulher (relacionamento com o protagonista)

      • Características físicas: Não detalhada.
      • Características psicológicas: Sua posição no enredo parece ser de mediadora entre os dois mundos (o do homem e o do estrangeiro), representando a complexidade das relações interpessoais e culturais.

    12. Maria

    • Personagem principal: Maria

      • Características físicas: Mulher simples, com aparência marcada pelo cansaço e pelo esforço da vida de trabalho e sobrevivência.
      • Características psicológicas: Maria é religiosa, profundamente devota, e seu comportamento é regido pela fé. Apesar das dificuldades da vida, ela encontra força na espiritualidade para lidar com as adversidades. Sua vida é marcada pela humildade e pelo desejo de cumprir seu papel na sociedade, mas também por uma falta de reconhecimento.
    • Personagem secundário: O marido de Maria

      • Características físicas: Não especificadas.
      • Características psicológicas: O marido de Maria parece ser uma figura passiva, talvez ausente ou distante emocionalmente, representando as dificuldades de um relacionamento em que o apoio emocional é mínimo.
    • Personagem secundário: Outros membros da comunidade religiosa

      • Características físicas: Não descritos com detalhes.
      • Características psicológicas: São pessoas que, ao lado de Maria, compartilham da fé religiosa e da luta cotidiana, mas não têm um papel tão central quanto o de Maria.

    13. Luamanda

    • Personagem principal: Luamanda

      • Características físicas: Mulher, provavelmente com um aspecto físico que reflete tanto sua juventude quanto sua profunda relação com a espiritualidade e ancestralidade.
      • Características psicológicas: Luamanda é marcada por sua busca por amor e compreensão, mas também pela dor do desamor e da perda. Ela busca sentido na vida por meio da reconexão com suas raízes e com sua própria identidade, fazendo um paralelo entre o mundo real e o espiritual.
    • Personagem secundário: O homem com quem Luamanda se envolve

      • Características físicas: Não detalhadas.
      • Características psicológicas: A relação de Luamanda com esse homem é conflituosa e profunda, representando o amor e a dor que ela experimenta no contexto das relações humanas.
    • Personagem secundário: Mãe de Luamanda

      • Características físicas: Não descritas.
      • Características psicológicas: Sua mãe, possivelmente uma figura forte e sábia, exerce uma influência importante sobre Luamanda, embora as características dessa relação não sejam totalmente detalhadas na narrativa.

    14. Celebrando o seu corpo

    • Personagem principal: Mulher não nomeada (protagonista)

      • Características físicas: Mulher que desafia os padrões de beleza impostos pela sociedade. Ela tem um corpo com características que podem não ser "convencionais" para os padrões estéticos predominantes.
      • Características psicológicas: A mulher é empoderada e encontra sua autoestima ao abraçar sua própria imagem e identidade. Ela desafia os estereótipos de beleza e celebra seu corpo como um ato de resistência e autossuficiência, expressando orgulho em sua forma e aparência.
    • Personagem secundário: A sociedade (figura abstrata)

      • Características físicas: Não descrita.
      • Características psicológicas: A sociedade aqui é representada pela pressão constante sobre a mulher para se ajustar aos padrões de beleza, mostrando a opressão que muitas mulheres sofrem ao serem forçadas a se conformar.

    15. Era uma vez

    • Personagem principal: Menina (narradora)

      • Características físicas: Não detalhadas, mas provavelmente uma criança com olhar inocente e curioso sobre o mundo ao seu redor.
      • Características psicológicas: A menina observa e aprende com a figura de sua avó. Ela está em um estágio de descoberta do mundo, lidando com as contradições da infância e da realidade dura que se impõe. Sua relação com a avó é uma maneira de entender a sabedoria ancestral e os desafios da vida.
    • Personagem secundário: A avó da menina

      • Características físicas: Mulher idosa, talvez com traços de sabedoria e experiência refletidos em sua aparência.
      • Características psicológicas: A avó representa a sabedoria, a resistência e a experiência de vida. Ela é uma figura que transmite ensinamentos e valores fundamentais para a formação da identidade da menina, sendo uma presença forte, mas serena.

V- ENREDO E TEMAS

A coletânea Olhos d'Água de Conceição Evaristo traz uma série de contos que abordam questões sociais, raciais, culturais e de gênero, com um enfoque na vida de mulheres negras em contextos de marginalização e resistência. Os enredos são profundos, cheios de sensibilidade e riqueza de temas que tratam desde a dor da perda até a luta por identidade e dignidade. A seguir, apresento uma visão geral dos enredos e dos principais temas de cada um dos 15 contos:

1. Olhos d’água

Enredo: O conto narra a dor de uma mãe que perdeu um filho e, através de suas lembranças, reflete sobre o luto e a saudade. A perda é marcada pela dificuldade de lidar com a ausência e o sofrimento constante. Temas: Luto, perda, maternidade, resistência emocional.

2. Ana Davenga

Enredo: Ana Davenga, uma mulher marcada pelo sofrimento e violência, lida com a dor e a opressão de forma contida. Ela vive com um marido abusivo e, apesar disso, busca forças para resistir. Temas: Violência doméstica, força feminina, resistência, abuso psicológico.

3. Di Lixão

Enredo: Di, um menino pobre que vive no lixão com sua mãe, cresce em um ambiente de extrema pobreza e exclusão social. O conto retrata a luta pela sobrevivência e a realidade das pessoas marginalizadas. Temas: Pobreza, exclusão social, infância, marginalização, resistência.

4. Yó, mãe de cabeças

Enredo: Yó é uma figura mítica que representa a força da ancestralidade. Ela é chamada de "mãe de cabeças", simbolizando a conexão com o passado africano e as raízes culturais. O conto explora a espiritualidade e o luto de mães que perderam filhos para a violência. Temas: Ancestralidade, espiritualidade, luto, racismo estrutural, resistência feminina.

5. Madalena

Enredo: Madalena vive em um relacionamento abusivo e sofre com a violência doméstica. O conto mostra sua luta interna e seu processo de fortalecimento, até o momento em que decide lutar por sua liberdade. Temas: Violência doméstica, opressão feminina, emancipação, superação.

6. A gente combinamos de não morrer

Enredo: Um grupo de amigos marginalizados faz um pacto de sobrevivência. Em um ambiente de violência urbana e exclusão, eles enfrentam as adversidades, tentando manter sua dignidade e amizade. Temas: Amizade, resistência, lealdade, violência urbana, sobrevivência, marginalização.

7. Duzu-Querença

Enredo: Duzu-Querença, uma mulher forte, reflete sobre sua vida e sua identidade. Ela representa a luta por amor-próprio e dignidade, enfrentando desafios pessoais e sociais. Temas: Autoaceitação, resistência, identidade, força feminina.

8. Beijo na face

Enredo: Um homem encontra uma mulher com quem teve um romance no passado. Eles se reencontram, e o conto explora as emoções e as memórias não resolvidas da relação. Temas: Relações passadas, afeto, saudade, sentimentos não resolvidos, amor.

9. Lumbiá

Enredo: Lumbiá é um menino que mora em um bairro pobre e observa as desigualdades sociais. A história apresenta a perspectiva de uma criança sobre a desigualdade e a fome, evidenciando a dor de viver em uma sociedade injusta. Temas: Desigualdade social, pobreza, infância, desigualdade racial.

10. Ayoluwa

Enredo: Ayoluwa é uma criança que simboliza a renovação e a esperança para a sua família. O conto destaca a importância das tradições africanas e da ancestralidade em meio às dificuldades da vida moderna. Temas: Ancestralidade, cultura africana, esperança, família, renovação.

11. Os dois ou o inglês

Enredo: O conto traz um confronto cultural entre um casal e um estrangeiro inglês. A trama explora a troca e o choque de diferentes realidades, destacando as percepções e os preconceitos mútuos. Temas: Choque cultural, preconceito, identidade, relações internacionais.

12. Maria

Enredo: Maria é uma mulher religiosa que vive em um contexto de pobreza e marginalização. A história mostra sua devoção e sua fé como um meio de lidar com as dificuldades e as opressões da vida. Temas: Fé, espiritualidade, opressão, pobreza, resistência.

13. Luamanda

Enredo: Luamanda se vê dividida entre o mundo real e o espiritual. Ela busca compreender seu lugar no mundo através do amor, da dor e da reconexão com suas origens. Temas: Espiritualidade, amor, ancestralidade, autoconhecimento, superação.

14. Celebrando o seu corpo

Enredo: Uma mulher, ao desafiar os padrões de beleza impostos pela sociedade, começa a celebrar seu próprio corpo e a afirmar sua identidade. Ela encontra empoderamento na autoaceitação. Temas: Autoestima, empoderamento feminino, padrões de beleza, aceitação corporal, resistência.

15. Era uma vez

Enredo: A menina observa sua avó, uma mulher sábia e forte. A história reflete sobre a infância e as memórias, além de explorar a sabedoria transmitida pelas gerações anteriores. Temas: Sabedoria ancestral, infância, memórias familiares, resistência, herança cultural.

Temas Comuns em Todos os Contos:

  • Resistência: A luta contra diversas formas de opressão (racial, social, de gênero) é central em todos os contos.
  • Identidade: Muitos personagens buscam afirmar ou reconstruir suas identidades em meio a contextos difíceis.
  • Ancestralidade e cultura: A conexão com o passado e a luta por preservar as raízes culturais africanas são temas recorrentes.
  • Violência: A violência, seja doméstica, social ou urbana, permeia muitas narrativas, destacando o sofrimento causado por estruturas opressivas.
  • Emancipação feminina: A luta das mulheres pela liberdade e pela autodeterminação é outro tema fundamental, abordando a dor, mas também a força e a superação.

Esses temas mostram como Evaristo explora a complexidade das experiências de mulheres negras em uma sociedade desigual, tocando questões profundas de identidade, resistência, cultura e afeto.


VI- CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS 

As características estilísticas dos contos de Conceição Evaristo em Olhos d’Água estão marcadas pela sua linguagem poética, profundamente sensorial e próxima do cotidiano, refletindo sua visão da realidade e seu compromisso com temas sociais. Eis algumas das principais características estilísticas encontradas na obra:

  1. Linguagem Poética e Lírica
    A prosa de Conceição Evaristo possui uma forte influência da poesia. Ela usa imagens poéticas e figuras de linguagem como metáforas, comparações e sinestesias para construir uma narrativa carregada de emoção. As descrições detalhadas e sensoriais tornam os contos profundos e envolventes. Por exemplo, no conto “Olhos d’Água,” a imagem das lágrimas e o uso de “olhos d’água” simbolizam a dor e a resistência das personagens.

  2. Uso de Imagens e Símbolos
    Evaristo utiliza símbolos que carregam significados culturais e espirituais, como o “corpo” e a “água”. A água é um símbolo recorrente que representa tanto a dor quanto a força, refletindo a ancestralidade e as emoções dos personagens. Esses símbolos aproximam a obra das vivências afro-brasileiras e das tradições orais.

  3. Narrativa Intimista e Confessional
    A narrativa frequentemente assume um tom introspectivo, mergulhando no mundo interior dos personagens. Os contos exploram os sentimentos e pensamentos das personagens, revelando suas fragilidades, dores e esperanças. Esse tom pessoal convida o leitor a uma experiência de empatia e compreensão das realidades descritas.

  4. Realismo Brutal
    Conceição Evaristo não suaviza a realidade dos personagens. Sua linguagem e estilo direto revelam, com crueza, a violência, a pobreza, o racismo e a exclusão social enfrentados pelas personagens. Esse realismo brutal serve como uma denúncia das injustiças e uma homenagem à resiliência dos marginalizados.

  5. Oralidade e Regionalismos
    O uso de expressões populares, diálogos espontâneos e regionalismos aproxima a obra da linguagem do povo brasileiro, conferindo autenticidade e vida à narrativa. Esse recurso também evoca as tradições orais, especialmente da cultura afro-brasileira, que são passadas de geração em geração.

  6. Intertextualidade e Ancestralidade
    A ancestralidade é uma marca da obra de Evaristo, que valoriza a conexão com os antepassados e com a cultura africana. Isso é perceptível no uso de palavras e referências culturais africanas, bem como em temas como a espiritualidade e o respeito pelas tradições. Essas influências reforçam a identidade dos personagens e os laços com suas raízes.

  7. Narrativa de Resistência
    O estilo de Evaristo também é uma forma de resistência, uma literatura que busca não só narrar as dores, mas exaltar a luta e a superação. Ao mostrar personagens que resistem, a autora enaltece a força coletiva e individual, uma característica que é tanto temática quanto estilística em sua obra.

Essas características estilísticas fazem de Olhos d’Água uma obra marcante que reflete a sociedade, a cultura e a identidade afro-brasileira, enquanto aborda questões universais sobre humanidade, dignidade e esperança.


VII- FIGURAS DE LINGUAGEM UTILIZADAS NOS 15 CONTOS DE EVARISTO:

Nos 15 contos da coletânea Olhos d'Água, Conceição Evaristo faz uso de diversas figuras de linguagem para intensificar as emoções, criar imagens poéticas e transmitir a complexidade das situações vividas pelas personagens. Essas figuras enriquecem a escrita, ajudando a expressar os conflitos internos, as desigualdades sociais e os aspectos culturais que permeiam os relatos. Aqui estão algumas das principais figuras de linguagem encontradas nas narrativas:

1. Metáfora

A metáfora é uma figura de linguagem que estabelece uma relação implícita de comparação, sem o uso de palavras como “como” ou “tal qual”. É muito presente na obra, usada para intensificar emoções e criar imagens vívidas.
Exemplo:

  • “Olhos d'água” é uma metáfora que simboliza as lágrimas da narradora, mas também remete à memória, à dor e à luta constante.

2. Anáfora

A anáfora é a repetição de palavras ou expressões no início de frases ou versos consecutivos. Ela é utilizada para dar ritmo ao texto e reforçar a ideia central da narrativa.
Exemplo:

  • "A gente combinamos de não morrer", repetido várias vezes no conto, reforçando o pacto de resistência dos personagens diante das adversidades.

3. Personificação (ou Prosopopeia)

A personificação atribui características humanas a elementos não humanos, como objetos, ideias ou animais. Em Evaristo, isso é utilizado para enfatizar o sofrimento, a luta e as relações espirituais.
Exemplo:

  • No conto Yó, mãe de cabeças, o conceito de "mãe de cabeças" assume uma dimensão quase humana, refletindo o poder ancestral e espiritual da personagem.

4. Comparação

A comparação é uma figura que estabelece uma relação explícita entre dois elementos, usando palavras como "como", "tal qual" ou "assim como". Evaristo utiliza essa figura para destacar a relação entre personagens e o mundo em que vivem.
Exemplo:

  • “Sua dor é como um peso no peito, imenso, sufocante.” A comparação aqui expressa a sensação de opressão emocional da personagem.

5. Metonímia

A metonímia ocorre quando uma palavra é substituída por outra com a qual mantém uma relação de contiguidade, como causa e efeito, parte e todo, ou símbolo e objeto.
Exemplo:

  • Em Di Lixão, o lixo é frequentemente usado para representar a pobreza e a exclusão social, em uma metonímia que fala diretamente sobre a vida marginalizada.

6. Hipérbole

A hipérbole é uma exageração usada para dar mais intensidade a uma ideia ou sentimento. É uma figura bastante comum em Evaristo para enfatizar a dor, a luta ou a resistência das personagens.
Exemplo:

  • "A dor que ela sentia era maior que o mundo", como uma forma de exagerar o sofrimento e a angústia das personagens femininas, como em Madalena ou Ana Davenga.

7. Ironia

A ironia ocorre quando há uma contradição entre o que é dito e o que é realmente entendido, geralmente para criticar ou refletir sobre algo. Em Evaristo, a ironia pode ser uma ferramenta para destacar a desigualdade social e o racismo.
Exemplo:

  • Em Os dois ou o inglês, o choque cultural entre os personagens cria uma ironia no sentido em que as diferenças são questionadas, apesar de existirem barreiras sociais e de classe entre eles.

8. Aliteração

A aliteração é a repetição de sons consonantais em uma frase ou verso, o que cria um ritmo sonoro que pode intensificar as emoções e o impacto da leitura.
Exemplo:

  • “Lágrimas longas, lentas e constantes” em Olhos d'Água, onde a repetição do som "l" reforça a sensação de continuidade da dor e do sofrimento.

9. Assíndeto

O assíndeto é a omissão de conjunções entre palavras ou frases, o que torna o texto mais ágil e direto. Evaristo usa essa figura para dar ritmo ao fluxo de pensamento das personagens, especialmente em momentos de tensão emocional.
Exemplo:

  • Em Madalena, a sequência de ações ou sentimentos de Madalena pode ser descrita sem conectivos, como “Ela sofre. Ela luta. Ela se liberta.”

10. Onomatopeia

A onomatopeia é o uso de palavras que imitam sons reais, frequentemente usada para trazer mais sensibilidade ao contexto.
Exemplo:

  • Os sons de "crash" ou "bumm" em cenas de violência ou conflito, como em A gente combinamos de não morrer, ajudam a dar vida e intensidade às cenas de violência urbana.

11. Paradoxo

O paradoxo é a junção de ideias contraditórias, que geram um efeito de reflexão e surpresa. Evaristo utiliza o paradoxo para refletir sobre a complexidade das experiências humanas, especialmente em situações de opressão e luta.
Exemplo:

  • Em A gente combinamos de não morrer, a ideia de "combinar de não morrer" é paradoxal, pois revela a fragilidade da vida no contexto de violência e pobreza, onde a morte se torna uma constante ameaça.

12. Eufemismo

O eufemismo é o uso de expressões mais brandas ou suaves para suavizar algo desagradável. Evaristo aplica essa figura para tratar de temas delicados, como violência, morte e sofrimento, de uma maneira que torne o tema mais acessível, mas sem deixar de destacar a gravidade da situação.
Exemplo:

  • “Ela partiu” para falar da morte de um ente querido, suavizando a dureza da palavra "morte", como em Yó, mãe de cabeças.

ACRESCENTADAS DEPOIS:

1. Metáfora

  • Conto: "Olhos d'água"
    • Exemplo: “Os olhos d’água já não podem ser apagados” (A metáfora dos “olhos d’água” faz referência às lágrimas que não podem ser secas, simbolizando a dor irreparável da perda do filho.)

2. Antítese

  • Conto: "Madalena"
    • Exemplo: "Ela não sabia se era mais dor ou mais revolta." (A antítese entre "dor" e "revolta" evidencia os sentimentos contraditórios que Madalena enfrenta em sua luta contra a violência doméstica.)

3. Anacoluto

  • Conto: "Yó, mãe de cabeças"
    • Exemplo: “Eu sou mãe de cabeças, mas antes de ser mãe eu sou mulher, mulher preta, mulher que chora.” (A construção do discurso desvia para a reflexão pessoal da personagem, como se ela começasse a frase de uma maneira e, no meio, mudasse de foco.)

4. Paradoxo

  • Conto: "Duzu-Querença"
    • Exemplo: “O amor dói, mas é a única coisa que me faz resistir.” (O paradoxo entre "dói" e "resistir" mostra como o amor pode ser fonte de sofrimento, mas também de força.)

5. Polissíndeto

  • Conto: "A gente combinamos de não morrer"
    • Exemplo: “A gente combinou de não morrer e de viver e de lutar e de sobreviver.” (O uso repetido da conjunção “e” cria um ritmo enfático e um sentido de resistência contínua.)

6. Metonímia

  • Conto: "Beijo na face"
    • Exemplo: “A face de Madalena estava marcada pela vida.” (A "face" de Madalena é usada para representar sua experiência de vida e os traumas por ela vividos.)

7. Eufemismo

  • Conto: "Lumbiá"
    • Exemplo: “Ele foi embora para um lugar melhor.” (O eufemismo suaviza a realidade da morte e tenta dar uma conotação positiva a algo trágico.)

8. Símile

  • Conto: "Maria"
    • Exemplo: “Maria era firme como uma rocha e suave como as águas do rio.” (A comparação entre Maria e a rocha e a água usa a símile para contrastar a força e a suavidade dessa personagem.)

9. Ironia

  • Conto: "Os dois ou o inglês"
    • Exemplo: “Era como se o mundo fosse novo para ele, como se nada ali fosse real, mas ele estava ali.” (A ironia surge na comparação entre a percepção distorcida de um estrangeiro e a realidade dos personagens locais, dando um tom crítico sobre a visão distorcida do mundo que o estrangeiro possui.)

10. Alusão

  • Conto: "Ayoluwa"
    • Exemplo: “Eu sou filha de orixá e a vida me escolheu para um caminho de luta.” (A alusão aos orixás faz referência à cultura afro-brasileira e à ligação espiritual da personagem com suas raízes e ancestralidade.)

11. Asindeto

  • Conto: "A gente combinamos de não morrer"
    • Exemplo: “Eu vou resistir, vou viver, vou lutar.” (A omissão das conjunções entre os verbos, criando um ritmo mais direto e forte, enfatiza o ato de resistência e ação contínua.)

12. Hipérbole

  • Conto: "Luamanda"
    • Exemplo: “O amor era tão grande que parecia que o coração dela ia explodir.” (A hipérbole exagera a intensidade do amor vivido pela personagem, evidenciando seu impacto emocional.)

13. Apóstrofe

  • Conto: "Beijo na face"
    • Exemplo: “Ah, se eu soubesse o que ia acontecer!” (A personagem se dirige diretamente a si mesma ou a um público imaginário, demonstrando um desabafo intenso.)

14. Prosopopeia (ou Personificação)

  • Conto: "Di Lixão"
    • Exemplo: “A rua geme a cada passo que damos.” (A rua é personificada como se fosse capaz de "gemer", o que enfatiza o ambiente de sofrimento e violência em que os personagens vivem.)

Essas figuras de linguagem ajudam a fortalecer as mensagens dos contos de Conceição Evaristo, ampliando a carga emocional e crítica das narrativas. Elas são ferramentas poderosas para expressar temas como resistência, luta, sofrimento, e a busca por identidade e dignidade em contextos de opressão.

Essas figuras de linguagem são ferramentas poderosas que Conceição Evaristo usa para enriquecer seus contos, ajudando a transmitir as emoções das personagens, as complexidades sociais e culturais que permeiam suas histórias e a densidade de temas como luto, resistência, opressão e identidade. A maneira como essas figuras aparecem nos contos cria uma atmosfera de profunda reflexão e empatia para o leitor.

VIII - TEMAS 

Em Olhos d’Água, Conceição Evaristo explora temas universais e, ao mesmo tempo, profundamente ligados à realidade afro-brasileira, especialmente das mulheres negras. Os contos abordam questões de dor, resistência, ancestralidade e amor, refletindo as vivências das personagens marginalizadas. A seguir, apresento uma análise temática de cada um dos principais contos da obra:

  1. Olhos d’Água
    O conto que dá nome ao livro aborda a dor e a memória das injustiças sofridas pelas gerações de mulheres negras. A água simboliza as lágrimas e a força ancestral das personagens, representando uma corrente de dor e superação.

  2. Ana Davenga
    Esse conto trata do tema da vingança como uma resposta à opressão e ao abuso. Ana Davenga, uma mulher subjugada pela violência, encontra uma forma de reivindicar sua dignidade, simbolizando a resistência feminina diante da opressão patriarcal.

  3. Di Lixão
    O conto explora a realidade da pobreza extrema e a sobrevivência. Di Lixão é uma personagem que vive em situação de vulnerabilidade, mas encontra dignidade na sua luta cotidiana. A narrativa critica as condições de desigualdade social e a falta de perspectiva para muitos brasileiros.

  4. Yó, Mãe de Cabeças
    Esse conto reflete a ancestralidade e o respeito pela espiritualidade africana. Yó é uma figura maternal e espiritual que representa a sabedoria e a força das tradições afro-brasileiras. O conto aborda o papel da mulher como líder comunitária e espiritual.

  5. Madalena
    Aqui, o tema é o amor e a perda. A personagem Madalena representa as mulheres que vivem intensamente, amam e sofrem. O conto aborda a complexidade do amor romântico e as marcas deixadas pela perda e pela violência.

  6. A Gente Combinamos de Não Morrer
    Nesse conto, o tema da resistência e da promessa de sobrevivência é central. As personagens estabelecem um pacto de vida em meio às adversidades, representando a força da solidariedade e o desejo de continuar apesar das dificuldades.

  7. Duzu-Querença
    O tema principal é o amor materno e o vínculo entre mãe e filha. Duzu é uma mãe que faz tudo para proteger sua filha, destacando a importância da maternidade e dos sacrifícios feitos pelas mães.

  8. Beijo na Face
    Esse conto explora o abandono e a rejeição. A personagem principal sofre a dor de ser rejeitada pelo pai, o que reflete a violência emocional e a busca por aceitação familiar.

  9. Lumbiá
    Lumbiá aborda a questão da exclusão e do preconceito. A personagem vive isolada devido à sua condição, e o conto explora as consequências da discriminação e da rejeição social.

  10. Ayoluwa
    O tema do acolhimento e da adoção está no centro deste conto. Ayoluwa, uma criança adotada, representa o amor incondicional e a capacidade de formar laços familiares que transcendem o vínculo biológico.

  11. Os Dois ou o Inglês
    Esse conto explora a desilusão e o preconceito nas relações amorosas. Uma personagem se envolve com um estrangeiro e enfrenta o desprezo de sua própria comunidade, questionando os limites do amor e da aceitação.

  12. Maria
    Maria representa a resistência e o enfrentamento à violência doméstica. O conto trata do impacto do abuso familiar e da luta de uma mulher para se libertar de um ciclo de violência.

  13. Luamanda
    A ancestralidade e o orgulho das raízes afro-brasileiras são os temas centrais. Luamanda celebra a herança cultural e espiritual das personagens, destacando a importância da identidade e da autoconfiança.

  14. Celebrando o Seu Corpo
    Esse conto aborda o corpo feminino e a autoestima. A personagem encontra força ao celebrar seu corpo, mesmo em uma sociedade que muitas vezes o discrimina, exaltando a importância da aceitação e do amor próprio.

  15. Era Uma Vez
    Esse conto finaliza a coletânea refletindo sobre o poder das histórias e da memória. A narrativa funciona como uma homenagem às gerações que passaram suas histórias adiante, destacando a importância da narrativa oral e da preservação da cultura.

Conclusão

Conceição Evaristo, em Olhos d’Água, utiliza esses temas para construir uma visão complexa da experiência humana, especialmente das mulheres negras. Cada conto aborda um aspecto do amor, da dor, da luta e da esperança, mostrando como as personagens resistem e vivem em um mundo cheio de injustiças, mas repleto de força e sabedoria. Essas narrativas se unem para oferecer uma reflexão profunda sobre a realidade social e a luta pela dignidade e pelo reconhecimento.

Em Olhos d’Água, Conceição Evaristo constrói personagens complexos que revelam camadas emocionais e psicológicas intensas, cada um com histórias e lutas profundamente humanas e marcantes. A seguir, apresento uma análise dos protagonistas e personagens secundários dos contos mais importantes, incluindo suas características físicas e psicológicas quando reveladas.


IX- PROTAGONISTAS E SUAS CARACTERÍSTICAS **************

  1. Olhos d’Água (protagonista sem nome)

    • Características Psicológicas: Marcada por profunda dor e saudade, simboliza a memória coletiva de sofrimento e resistência das mulheres negras. A protagonista carrega uma tristeza ancestral que permeia a narrativa, revelando a força da identidade e da resiliência.
    • Características Físicas: A descrição física não é detalhada, mas o foco está no simbolismo dos "olhos d’água", que representam o choro e a resistência de uma linhagem de mulheres.
  2. Ana Davenga

    • Características Psicológicas: É uma mulher intensa, cheia de ressentimento e determinação, que busca justiça pessoal em um contexto de violência. Ana reflete a dor e a força de quem já sofreu abuso e humilhação e encontrou em si mesma o impulso para a vingança.
    • Características Físicas: Descrita como uma mulher de porte forte, sua aparência traduz a força e a intensidade de sua personalidade.
  3. Di Lixão

    • Características Psicológicas: É um personagem resiliente, que enfrenta a extrema pobreza com dignidade. Ele representa a luta pela sobrevivência e a tenacidade de quem vive nas margens da sociedade.
    • Características Físicas: A aparência de Di Lixão é marcada pela dureza de sua vida, com traços que espelham a precariedade e o desgaste físico.
  4. Yó, Mãe de Cabeças

    • Características Psicológicas: Yó é uma figura sábia e espiritual, uma matriarca que representa a ancestralidade afro-brasileira. Ela é o pilar de sua comunidade, com um poder espiritual que inspira respeito e reverência.
    • Características Físicas: Embora não detalhada fisicamente, Yó é vista como uma presença forte e maternal, característica das líderes comunitárias que representam a continuidade das tradições.
  5. Madalena

    • Características Psicológicas: Madalena é uma mulher marcada pela intensidade do amor e pela dor da perda. Sua personalidade é complexa, oscilando entre o afeto e a melancolia, refletindo a vulnerabilidade e a paixão.
    • Características Físicas: Embora não descrita fisicamente de forma detalhada, sua figura é evocativa de uma mulher que carrega as marcas do sofrimento e da saudade.
  6. Duzu-Querença

    • Características Psicológicas: Uma mãe dedicada, Duzu é a personificação do amor materno incondicional. Sua vida gira em torno da proteção de sua filha, e sua personalidade forte reflete sua luta e sacrifício.
    • Características Físicas: Ela é retratada como uma mulher comum, de uma beleza simples, mas com uma presença que exala força e determinação.
  7. Maria

    • Características Psicológicas: Maria é uma mulher determinada e corajosa que enfrenta o abuso doméstico com resiliência e, finalmente, libertação. Sua força mental e sua busca por liberdade são o foco principal de sua construção.
    • Características Físicas: Embora não detalhada fisicamente, sua imagem é representativa de mulheres que enfrentam desafios diários e lutam por sua própria dignidade.

Personagens Secundários

  1. Filhos e Familiares das Protagonistas

    • Frequentemente aparecem como figuras que reforçam a luta e a vulnerabilidade das protagonistas, mas também como fontes de amor e continuidade. Eles são retratados com simplicidade, muitas vezes descritos como frágeis e dependentes da proteção materna.
  2. Parceiros e Agressores

    • Em contos como “Maria”, os parceiros aparecem como figuras opressoras, representando o patriarcado e o ciclo de violência. São personagens unidimensionais, cuja função é enfatizar o sofrimento e a resistência das mulheres protagonistas.
  3. A Comunidade

    • A comunidade desempenha um papel importante, funcionando como apoio ou, por vezes, como crítica social. Ela representa a realidade do cotidiano, com pessoas que compartilham das dificuldades e das celebrações, criando um retrato das relações interpessoais em meio a adversidades.

Conclusão

As personagens de Olhos d'Água trazem consigo uma profundidade psicológica e emocional que transcende descrições físicas detalhadas, tornando-as universais e atemporais. Conceição Evaristo constrói uma galeria de mulheres fortes e resilientes, cujas dores e alegrias são compartilhadas por inúmeras mulheres em contextos semelhantes. Esses personagens secundários e as características individuais dos protagonistas oferecem uma visão abrangente das experiências coletivas de sofrimento, resistência e amor, refletindo o que significa ser mulher, negra e pobre no Brasil.


X- CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIAL 

A obra Olhos d’Água, de Conceição Evaristo, foi publicada em 2014, e sua narrativa traz um contexto histórico e social profundo que reflete a experiência de pessoas marginalizadas, especialmente mulheres negras, dentro da sociedade brasileira. O contexto da obra conecta-se com questões contemporâneas e históricas ligadas a desigualdade social, racismo, e a luta por sobrevivência e dignidade em meio a condições adversas.

Contexto Histórico

O Brasil tem uma história marcada por séculos de escravidão, com suas consequências sentidas até hoje, especialmente entre as comunidades negras e periféricas. Mesmo após a abolição da escravatura em 1888, a ausência de políticas de inclusão gerou profundas desigualdades. Nos contos de Olhos d'Água, as narrativas ecoam a realidade de segregação e exclusão que ainda afetam a população negra no país, especialmente em relação ao acesso à educação, saúde, emprego e moradia digna. A autora nos traz a presença viva dessa herança histórica, destacando a resiliência e resistência das personagens em meio ao descaso do poder público e à falta de oportunidades.

Contexto Social

A obra também explora as questões de gênero e raça, abordando os desafios enfrentados pelas mulheres negras em um contexto de opressão patriarcal e racismo estrutural. As personagens de Evaristo vivem em uma sociedade que as marginaliza e as coloca em situações de vulnerabilidade, seja pela violência doméstica, pela pobreza ou pela discriminação racial. No Brasil atual, os temas levantados por Olhos d’Água permanecem relevantes, dado que a violência contra a mulher e a exclusão social de pessoas negras ainda são problemas graves e complexos.

Evaristo dá voz a um grupo social geralmente silenciado na literatura, trazendo uma narrativa que reflete a vida cotidiana da periferia e a força das relações comunitárias. Suas personagens mostram como a solidariedade e o senso de comunidade são fundamentais para resistir às adversidades. Dessa forma, o contexto social da obra fala da luta diária por respeito e por direitos, em uma sociedade que frequentemente nega tais garantias a esses grupos.

Relação com FUVEST e UNICAMP

No vestibular, tanto a FUVEST quanto a UNICAMP buscam estimular uma análise que vá além da narrativa, questionando como as experiências das personagens se relacionam com a sociedade brasileira e com problemas estruturais. Questões de desigualdade racial e social, resistência cultural, identidade e empoderamento feminino são temas que podem aparecer em provas dessas instituições, que frequentemente valorizam uma visão crítica e contextualizada dos textos literários.

XI - ENREDO DA OBRA DE EVARISTO, EM RELAÇÃO A FUVEST E UNICAMP

O enredo de Olhos d'Água, de Conceição Evaristo, é composto por uma série de contos que exploram a realidade de mulheres negras e marginalizadas em contextos urbanos brasileiros. A obra centra-se em histórias de dor, superação e resistência de personagens que enfrentam dificuldades como violência, pobreza, discriminação racial e exclusão social. Com uma narrativa sensível e poética, Evaristo utiliza a linguagem para dar voz a essas mulheres e revelar suas lutas e afetos, valorizando as histórias e a dignidade desses personagens.

Em relação à FUVEST e à UNICAMP, que valorizam a capacidade de análise crítica e contextualização social, Olhos d’Água é uma obra que permite discutir temas sociais relevantes, como o racismo, a desigualdade e a resiliência em contextos de opressão. As universidades podem explorar a capacidade do candidato de relacionar o enredo da obra com questões estruturais e históricas, como a herança da escravidão no Brasil, o impacto do racismo e as consequências sociais da marginalização de grupos vulneráveis.

O enredo dos contos, ao expor histórias de sofrimento e resistência, se torna uma ferramenta para analisar como Evaristo constrói essas realidades e o que elas revelam sobre a sociedade brasileira. Para o vestibular, é essencial compreender como os personagens de Evaristo representam segmentos sociais marginalizados e como suas vivências podem ser interpretadas como críticas aos sistemas que perpetuam a desigualdade.

XII-RELAÇÃO DA OBRA COM OUTRAS OBRAS PEDIDAS PELA FUVEST E UNICAMP

A obra Olhos d’Água de Conceição Evaristo pode ser relacionada a outras obras presentes nos vestibulares da FUVEST e UNICAMP por explorar temas universais, como a desigualdade social, a luta por identidade e a crítica aos sistemas de opressão, especialmente em relação à experiência afro-brasileira e feminina. Vamos ver algumas dessas conexões:
  1. Com Capitães da Areia, de Jorge Amado: Assim como Olhos d'Água, Capitães da Areia retrata a exclusão social e a luta pela sobrevivência de personagens marginalizados. Ambas as obras apresentam personagens que vivem à margem da sociedade e que buscam formas de resistência e identidade dentro de um sistema que os oprime. A relação entre essas obras permite discutir o impacto da exclusão social e a necessidade de empoderamento.

  2. Com Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus: Quarto de Despejo é um diário autobiográfico que, assim como os contos de Olhos d'Água, aborda a vivência de uma mulher negra e pobre em um contexto urbano marginalizado. Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus utilizam a escrita como uma forma de resistência e expressão da experiência de vida da mulher negra, denunciando o racismo, a exclusão social e a luta pela sobrevivência. As duas obras também compartilham um caráter documental que dá voz aos marginalizados.

  3. Com Vidas Secas, de Graciliano Ramos: Apesar de Vidas Secas estar ambientado em um contexto rural e sertanejo, a obra tem em comum com Olhos d'Água o foco em personagens marginalizados e o impacto das condições adversas em suas vidas. Ambas exploram a luta pela sobrevivência e a persistência de personagens resilientes em meio a uma vida árida – no caso de Vidas Secas, pela seca e pobreza extrema, e em Olhos d'Água, pela desigualdade urbana e social.

  4. Com O Cortiço, de Aluísio Azevedo: O Cortiço e Olhos d’Água compartilham a análise da vida urbana e a denúncia da precariedade das condições de vida das classes desfavorecidas. Em ambas, há uma observação crítica das condições de habitação e da vida em comunidades pobres. No entanto, enquanto Azevedo apresenta uma visão determinista, Evaristo foca mais na resistência emocional e psicológica dos personagens.

  5. Com O Olho Mais Azul, de Toni Morrison (obra complementar em algumas listas): Embora não seja uma obra da literatura brasileira, O Olho Mais Azul, de Toni Morrison, explora a questão racial e o impacto do racismo estrutural na construção da identidade dos indivíduos afrodescendentes, como em Olhos d’Água. Ambas as autoras abordam a dor e as consequências da opressão racial, revelando como essa violência impacta especialmente as mulheres e a necessidade de resistência.

Essas relações são fundamentais para os vestibulares da FUVEST e UNICAMP, pois permitem discutir temas universais sob diferentes perspectivas culturais, sociais e históricas, além de evidenciar como a literatura serve de instrumento de crítica social e de valorização da voz dos excluídos.

Para aprofundar a compreensão de Olhos d’Água de Conceição Evaristo nos contextos da FUVEST e UNICAMP, é relevante entender a obra não apenas como uma coleção de contos, mas como uma poderosa crítica social que ilumina questões históricas e contemporâneas relacionadas à exclusão, ao racismo estrutural e às dificuldades enfrentadas pela população afro-brasileira, em especial as mulheres negras.

1. A Profundidade dos Temas Sociais

Olhos d’Água traz temas como racismo, desigualdade social, violência e marginalização. Para a FUVEST e UNICAMP, que frequentemente pedem análises sociais e críticas em suas redações e questões, compreender esses temas com profundidade é essencial. O vestibulando pode explorar como Evaristo denuncia a violência e a invisibilidade a que estão submetidos os personagens, especialmente em cenários urbanos marginalizados. Esse olhar social aproxima os leitores da dura realidade de muitos brasileiros, incentivando a reflexão sobre a exclusão e a busca por justiça social.

2. Escrita de Resistência e Empoderamento

Conceição Evaristo utiliza a "escrevivência", conceito que propõe uma escrita baseada na própria vivência, em especial das mulheres negras. A FUVEST e UNICAMP valorizam obras que promovem um olhar crítico sobre questões raciais e de gênero, e Olhos d'Água exemplifica isso ao dar voz a personagens que, historicamente, foram silenciados. Os vestibulandos devem observar como a autora utiliza a literatura como forma de resistência e valorização da identidade negra.

3. Interseção com Movimentos e Questões Históricas

Compreender a obra em relação ao contexto histórico do movimento negro e dos direitos das mulheres no Brasil amplia a leitura dos contos. Os personagens de Evaristo vivem em um Brasil pós-abolição ainda marcado pela exclusão e desigualdade, algo que permanece até hoje. Esse entendimento permite que candidatos relacionem a obra com temas atuais como o combate ao racismo e a luta por equidade, temas centrais nas provas discursivas da FUVEST e UNICAMP.

4. Estilo Literário e Realismo Brutal

A linguagem de Evaristo é direta, com imagens impactantes que revelam a dureza da vida dos personagens. A partir dessa técnica, a autora mergulha o leitor em uma realidade crua e por vezes dolorosa, evitando idealizações. Nos vestibulares, é importante que o aluno reconheça essa escolha estilística como uma forma de amplificar o impacto da narrativa e ressaltar as vivências dos personagens.

5. Diálogo com Outras Obras e Universos Literários

Olhos d'Água pode ser lido em diálogo com outras obras que abordam a desigualdade social e a exclusão. Fazer conexões com autores como Graciliano Ramos, Carolina Maria de Jesus e Jorge Amado – que também trabalham com personagens marginalizados e temáticas de exclusão – pode enriquecer redações e respostas interpretativas, um diferencial para a FUVEST e UNICAMP.

Ao aplicar essa compreensão ampliada e contextualizada, os candidatos demonstram uma leitura crítica e multidimensional, o que é altamente valorizado nas avaliações dessas universidades.

XIII- OPINIÃO PESSOAL 

1. O que a leitura acrescentou/aprendeu em sua vida?

Olhos d'Água de Conceição Evaristo é uma obra que coloca em evidência as experiências e dificuldades das mulheres negras no Brasil, especialmente em contextos de vulnerabilidade social. A leitura pode ter proporcionado uma compreensão mais profunda da realidade dessas mulheres, de sua luta pela sobrevivência e pela preservação de sua identidade em um país marcado pela desigualdade racial e social. Ao refletir sobre os contos, você pode ter aprendido sobre a importância da resistência, da sororidade e do empoderamento feminino dentro de contextos de adversidade.

2. O que modificou em seu modo de pensar?

A obra pode ter ajudado a enxergar mais claramente como as questões raciais e de gênero se entrelaçam e afetam a vida de personagens que, historicamente, têm sido marginalizados. Ao ler os relatos de vida dos personagens de Evaristo, é possível que tenha se sensibilizado mais para as realidades de discriminação racial, violência e a luta por um espaço no mundo. Isso pode ter alterado sua percepção sobre as injustiças sociais que ainda existem no Brasil e sua importância na construção de um mundo mais igualitário.

3. Qual foi a mensagem deixada para você?

A mensagem central da obra é a valorização da identidade negra e a resistência contra as adversidades impostas pela sociedade. Evaristo nos mostra como a dignidade e a força das personagens podem resistir a um sistema que tenta apagá-las. A autora nos convida a refletir sobre o papel da mulher negra na sociedade brasileira e como ela é resiliente, criativa e capaz de transformar sua realidade.

4. O que acontece na história e você se surpreende?

O enredo dos contos de Evaristo, embora não siga uma única linha narrativa, está repleto de momentos de superação, dor, mas também de beleza e resistência. Os personagens não são apenas vítimas, mas também protagonistas de suas próprias histórias, lutando contra sistemas opressores. Talvez, ao se deparar com a crueza e ao mesmo tempo com a força de suas personagens, você se surpreenda com a capacidade de transformação que está presente no cotidiano das personagens, assim como na narrativa da autora.

Em suma, ao refletir sobre essas questões, você pode perceber como a obra de Conceição Evaristo não apenas impacta pela sua escrita, mas também pelas lições de resistência, identidade e dignidade que nos deixa.


XIII- Reflexão sobre os Contos de Conceição Evaristo

Pergunta 1: Como os contos de Evaristo abordam a temática da marginalização e da resistência nas comunidades periféricas?

  • Introdução: Os contos de Conceição Evaristo trazem à tona a realidade de pessoas que vivem à margem da sociedade, especialmente mulheres negras e pobres. Essas personagens estão inseridas em contextos de violência, opressão e exclusão social, mas também possuem uma força interior que as leva a resistir e a lutar por dignidade. A narrativa de Evaristo, ao mesmo tempo que denuncia as injustiças, celebra a resiliência dessas mulheres.

  • Desenvolvimento: Ao refletir sobre os contos, percebo que a forma como Evaristo retrata a marginalização não se limita à simples vitimização. Seus personagens são multidimensionais, com histórias de sofrimento, mas também de força e superação. Por exemplo, no conto "A Gente Combinamos de Não Morrer", o pacto de resistência entre os amigos marginais reflete uma luta coletiva contra a violência e a desigualdade, uma forma de reafirmar a vida diante de um sistema que tenta apagá-los. Essa resistência, embora dolorosa, é marcada por laços afetivos e pela luta pela sobrevivência.

  • Conclusão: Os contos de Evaristo mostram como, mesmo em condições extremas de exclusão, é possível encontrar formas de resistência e transformação. A resistência não se dá apenas em ações, mas também nas relações humanas e no modo como as personagens se afirmam como sujeitos de suas histórias. Evaristo, portanto, nos ensina que a marginalização é um contexto, mas não um destino definitivo.


Pergunta 2: De que maneira as relações familiares e afetivas são abordadas nas narrativas de Evaristo, e qual o impacto delas nas personagens?

  • Introdução: As relações familiares e afetivas são elementos centrais nos contos de Evaristo. Muitas vezes, essas relações são a única fonte de apoio e afeto para os personagens, sendo fundamentais para a sobrevivência emocional e psicológica em contextos de violência e pobreza. Elas revelam tanto a vulnerabilidade quanto a força de quem as vivencia.

  • Desenvolvimento: Nos contos, Evaristo explora as dinâmicas familiares com profundidade, mostrando como as relações podem ser fonte de resistência, mas também de dor. Por exemplo, no conto "Yó, Mãe de Cabeças", a figura materna de Yó é uma metáfora da ancestralidade e da memória coletiva, que atravessa gerações, carregando tanto a dor da perda quanto a força da sobrevivência. Em "Olhos d'Água", a mãe que perdeu um filho é consumida pela saudade, mas também pela vontade de seguir adiante, em honra à memória do filho. Essas relações são retratadas como complexas e, muitas vezes, contraditórias, mas sempre fundamentais para o desenvolvimento pessoal das personagens.

  • Conclusão: As relações familiares nos contos de Evaristo são fundamentais, pois revelam o papel do afeto na formação da identidade e no enfrentamento da adversidade. Elas nos ensinam que, apesar de todas as dificuldades, o amor e a solidariedade são forças transformadoras. Esses vínculos, embora muitas vezes marcados pelo sofrimento, são também fontes de resiliência e força.


Pergunta 3: De que maneira a obra de Evaristo contribui para a visibilidade das mulheres negras nas narrativas literárias brasileiras?

  • Introdução: Conceição Evaristo, como autora, é uma voz importante na literatura brasileira, especialmente por dar visibilidade à experiência das mulheres negras. Seus contos exploram as complexidades de ser mulher, negra e periférica, mostrando personagens que são frequentemente invisibilizadas nas narrativas tradicionais. A obra de Evaristo desafia os padrões literários dominantes ao protagonizar essas mulheres, suas dores, alegrias e histórias de superação.

  • Desenvolvimento: Ao ler seus contos, percebo que Evaristo não apenas conta histórias de mulheres negras, mas também reivindica espaço para essas vozes dentro da literatura brasileira. Em "Ana Davenga", a personagem enfrenta a violência do marido, mas a narrativa não a reduz a uma vítima; ela é uma mulher que busca e encontra sua força interior para resistir. Da mesma forma, em "Duzu-Querença", a personagem feminina é marcada por uma luta contra as adversidades, e sua luta pela sobrevivência transcende o sofrimento, tornando-se um símbolo de resistência. Evaristo, ao trazer essas histórias à tona, não só amplia o repertório literário, mas também questiona as representações históricas e sociais das mulheres negras.

  • Conclusão: A obra de Evaristo é essencial para dar visibilidade às mulheres negras e para refletir sobre as questões de raça, gênero e classe social. Ela faz um resgate de experiências históricas e culturais que foram muitas vezes silenciadas ou marginalizadas pela literatura tradicional. Ao protagonizar essas personagens, Evaristo não só amplia o horizonte das narrativas literárias brasileiras, mas também contribui para a construção de uma literatura mais inclusiva e representativa.


Essas reflexões sobre os contos de Conceição Evaristo ajudam a entender a profundidade de suas narrativas e o impacto social que sua obra exerce. Evaristo não apenas conta histórias de sofrimento, mas também de resistência e superação, destacando as complexas realidades das mulheres negras em um Brasil marcado pela desigualdade. Suas narrativas são um convite à reflexão sobre temas como marginalização, afeto e identidade, que continuam a ser relevantes em nossa sociedade atual.



XIV- TEMAS UNIVERSAIS- DISSERTAÇÕES RELACIONANDO COM AS OBRAS DOS OUTROS AUTORES PEDIDOS PELA FUVEST E UNICAMP

RELAÇÃO DOS TEMAS UNIVERSAIS  da obra Olhos d'Água de Conceição Evaristo com as obras de outros autores pedidos pela FUVEST e UNICAMP, como Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll e A Vida Não é Útil de Ailton Krenak. Os temas universais abordados serão a identidade, a resistência contra a opressão, e a transformação pessoal.


Dissertação 1: A Busca pela Identidade em Olhos d'Água e Alice no País das Maravilhas

A busca pela identidade é um tema universal explorado de maneira distinta, porém profunda, tanto em Olhos d'Água de Conceição Evaristo quanto em Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll. Em Evaristo, a busca por identidade é representada pela luta das mulheres negras de se reconhecerem em uma sociedade que constantemente as marginaliza e estigmatiza. Através de personagens que enfrentam desafios sociais e pessoais, a autora questiona o que significa ser mulher negra no Brasil e como elas se reinventam, mesmo diante das adversidades. A identidade aqui é um processo contínuo, em que cada personagem deve redescobrir a si mesma e encontrar seu valor no meio da opressão.

Em contraste, na obra de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, a busca por identidade é simbolizada pela jornada de autodescoberta da protagonista, que, ao cair no mundo das maravilhas, se depara com várias questões sobre quem ela é e qual é seu lugar no mundo. Embora o contexto seja fantasioso, a dúvida existencial de Alice ressoa com qualquer pessoa que, em algum momento, se sinta deslocada ou confusa quanto a seu papel no universo. Alice passa por transformações físicas e psicológicas que a forçam a questionar sua identidade, especialmente quando ela é confrontada com figuras e situações absurdas que desafiam a lógica e a ordem do mundo.

Ambas as obras tratam da identidade de formas diferentes, mas com uma semelhança fundamental: ambas apresentam personagens que, ao se depararem com situações que desestabilizam suas concepções do mundo, precisam se redefinir e lutar por uma identidade que seja sua. O que se destaca, então, é que tanto em Olhos d'Água quanto em Alice no País das Maravilhas, a identidade não é algo fixo ou dado, mas sim uma construção constante, sempre em busca de afirmação e resiliência.


Dissertação 2: A Resistência contra a Opressão em Olhos d'Água e A Vida Não é Útil

A resistência contra a opressão é outro tema que permeia as obras de Olhos d'Água de Conceição Evaristo e A Vida Não é Útil de Ailton Krenak, ambas trazendo uma crítica contundente à desigualdade social e ao autoritarismo de suas respectivas sociedades. Em Olhos d'Água, Evaristo narra as histórias de mulheres negras que resistem cotidianamente à violência racial, ao patriarcado e à exclusão social. As personagens da autora são figuras de força e resistência, que, mesmo em contextos de grande adversidade, encontram maneiras de afirmar sua humanidade e sua dignidade. A resistência, para essas mulheres, não se dá apenas em termos de enfrentamento direto, mas também por meio da preservação de suas culturas, tradições e da solidariedade entre elas.

Por outro lado, em A Vida Não é Útil, Ailton Krenak explora a resistência dos povos indígenas diante da violência do Estado e do modelo de desenvolvimento predatório imposto pelas grandes corporações. Através de uma linguagem poética e filosófica, Krenak desafia o modelo de sociedade que trata a terra e a vida como recursos a serem explorados, criticando um sistema que nega os direitos e a existência dos povos originários. A resistência de Krenak não é apenas uma luta pelo direito à terra, mas também pela preservação de um modo de vida que respeita a natureza e as relações humanas baseadas em coletividade e harmonia.

Ambas as obras nos revelam que a resistência contra a opressão não é apenas um ato de confronto, mas também de preservação da identidade e dos valores essenciais que são constantemente ameaçados por um sistema que busca apagá-los. Evaristo e Krenak, cada um a seu modo, nos mostram que resistir é uma ação de amor próprio, de reconhecimento e de luta pelo direito de existir de maneira plena, seja no Brasil contemporâneo ou no contexto mais amplo de uma sociedade global que, muitas vezes, não respeita as diversidades culturais e humanas.


Conclusão: Ambas as dissertações evidenciam como temas universais como a identidade e a resistência à opressão atravessam diferentes contextos sociais e históricos, sejam nas questões raciais e de gênero em Olhos d'Água, ou nas questões indígenas e ambientais em A Vida Não é Útil. Através de suas narrativas, tanto Evaristo quanto Krenak nos convidam a refletir sobre a condição humana e as lutas diárias pela sobrevivência e afirmação, mostrando que a resistência não é apenas um ato de luta, mas também de transformação e autoconhecimento.


XV- ELEMENTOS DA NARRATIVA: 

Nos 15 contos de Conceição Evaristo, podemos identificar diversos elementos da narrativa que contribuem para a construção das histórias e da profundidade das personagens. Esses elementos variam entre os contos, mas há uma série de aspectos comuns que ajudam a dar coesão ao conjunto da obra. Abaixo, estão os principais elementos encontrados nos contos de Evaristo:

1. Personagens

  • Principais: São as figuras centrais das histórias, que carregam a narrativa em suas ações e sentimentos. Nos contos de Evaristo, muitas vezes são mulheres negras que enfrentam dificuldades como a pobreza, a violência doméstica e o racismo, mas que também representam resistência e força.
  • Secundários: Personagens que desempenham papéis importantes, mas com menos destaque. Eles servem para complementar e contextualizar a jornada dos personagens principais. Muitas vezes, são familiares ou pessoas do entorno das personagens, como amigos, maridos ou filhos.

2. Narrador

  • A maioria dos contos é narrada em primeira pessoa, proporcionando uma visão íntima das emoções e pensamentos das personagens. Isso intensifica o tom pessoal e emocional das histórias, criando uma conexão mais profunda com o leitor.
  • Alguns contos também utilizam a terceira pessoa, o que permite uma visão mais ampla dos acontecimentos e dos personagens, ao mesmo tempo em que mantém o foco no drama humano e social.

3. Espaço e Ambiente

  • O espaço é frequentemente urbano, com destaque para periferias e favelas, ambientes marginalizados e excluídos da sociedade. Esses espaços refletem o contexto social e econômico dos personagens.
  • A representação de lugares como lixões, ruas, casas humildes e áreas de vulnerabilidade social enfatiza as condições de vida difíceis e os conflitos enfrentados pelos personagens.
  • A natureza, em alguns contos, também é simbólica e pode refletir estados emocionais ou culturais.

4. Tempo

  • O tempo nas narrativas de Evaristo muitas vezes é não linear, podendo alternar entre o passado e o presente de forma fluida. Esse movimento temporal serve para mostrar a memória das personagens e o impacto de eventos passados na construção de suas identidades.
  • A duração do tempo na história não é sempre rígida; a autora privilegia mais o desenvolvimento emocional do que a cronologia dos acontecimentos. Isso reforça a ideia de que o tempo nas vidas das personagens é marcado por experiências marcantes e transformadoras.

5. Conflito

  • Conflitos internos: Muitos dos contos exploram os conflitos internos das personagens, como dúvidas existenciais, busca por identidade, sofrimento psicológico e resistência. Exemplo disso é a luta contra o luto em "Olhos d'água", onde a mãe sofre com a perda de seu filho e precisa lidar com a dor.
  • Conflitos sociais: O racismo, a violência urbana, a desigualdade social e a opressão das mulheres são temas recorrentes nos contos. As personagens frequentemente enfrentam obstáculos impostos pela sociedade e pelo sistema social, como no conto "A Gente Combinamos de Não Morrer", onde o pacto de sobrevivência reflete a luta contra a marginalização.
  • Conflitos familiares: Muitos contos tratam de conflitos dentro da família, como o abuso doméstico e a luta pela liberdade. Em "Madalena", por exemplo, a protagonista luta contra um relacionamento abusivo, e em "Ana Davenga", a protagonista enfrenta o abuso do marido, mas busca forças para se libertar.

6. Temática

  • A identidade é uma questão central nos contos de Evaristo, principalmente a identidade das mulheres negras. A autora explora como as personagens buscam afirmar-se como sujeitos autônomos, apesar das adversidades.
  • A resistência é outro tema dominante, com as personagens enfrentando dificuldades e violência, mas sempre se reerguendo através de sua força interior, memória e apoio mútuo.
  • O luto e a saudade também aparecem com frequência, como em "Olhos d'água", onde a perda de um filho marca uma mãe profundamente.
  • O racismo estrutural é um tema recorrente, e a autora dá voz à luta contra a discriminação e à afirmação da identidade negra, refletindo sobre o papel da mulher negra na sociedade.

7. Estrutura

  • A estrutura narrativa de Evaristo é geralmente curta e direta, mas ao mesmo tempo rica em simbolismo e detalhes que aprofundam o entendimento emocional das personagens. A autora usa a fragmentação e os saltos temporais para destacar os momentos mais significativos na vida das personagens.
  • Algumas histórias podem parecer desconstruídas, pulando entre cenas e lembranças, criando uma narrativa mais fluida e subjetiva.

8. Estilo e Linguagem

  • A linguagem de Evaristo é rica, emotiva e repleta de imagens poéticas. A autora frequentemente utiliza metáforas, comparações e simbolismos que intensificam a carga emocional e poética da narrativa.
  • O uso de dialetos regionais ou de formas de expressão populares também contribui para a autenticidade das personagens, aproximando o leitor do universo marginalizado e periférico que Evaristo retrata.
  • Há uma forte oralidade na escrita de Evaristo, o que confere às histórias um caráter íntimo e próximo, como se as personagens estivessem compartilhando suas histórias diretamente com o leitor.

9. Mensagem e Moral

  • A moral das histórias de Evaristo muitas vezes se relaciona com a superação de obstáculos e a necessidade de resistir à opressão, seja ela racial, social ou de gênero. As personagens, embora submetidas a sofrimentos e injustiças, são apresentadas como resilientes e capazes de se reinventar.
  • A autora também aborda o valor da solidariedade e dos vínculos afetivos. A amizade e a conexão familiar muitas vezes aparecem como elementos-chave na jornada de resistência das personagens.

10. Simbolismo

  • Elementos como a mãe, a ancestralidade, a memória e o luto funcionam como símbolos poderosos, ligados ao tema da resistência e da luta por dignidade.
  • O uso do corpo feminino também é um tema simbólico recorrente, representando tanto a opressão quanto o empoderamento das personagens.

Conclusão:

Os elementos da narrativa encontrados nos 15 contos de Conceição Evaristo são fundamentais para a construção das histórias e a exploração dos temas centrais, como a marginalização, a resistência, a identidade e as relações familiares. A autora utiliza uma combinação de linguagem poética, personagens complexos e contextos sociais desafiadores para criar narrativas poderosas que não apenas denunciam a injustiça, mas também celebram a luta pela sobrevivência e a força das mulheres negras nas periferias brasileiras.


XVI- ANALISE DOSS ELEMENTOS DA NARRATIVA

Para realizar uma análise detalhada dos elementos da narrativa de cada um dos 15 contos de Conceição Evaristo, precisamos entender as principais características de cada conto, considerando personagens, narrador, tempo, espaço, conflito, temática, estrutura, linguagem e moral. A seguir, farei uma análise breve de cada um dos contos mencionados, focando nos elementos narrativos presentes.

1. Olhos d'água

  • Personagens:
    • Principal: A mãe (sem nome), que vive o luto da perda de seu filho.
    • Secundários: Filho falecido (aparece nas memórias da protagonista).
  • Narrador: Primeira pessoa (a mãe narrando suas lembranças).
  • Espaço: O ambiente é a periferia urbana, sugerindo a marginalização social.
  • Tempo: A narrativa transita entre o passado (quando o filho estava vivo) e o presente (a saudade da mãe).
  • Conflito: Luto e perda, o enfrentamento da dor pela morte do filho.
  • Temática: Dor da perda, luto materno, memória e resiliência.
  • Linguagem: Poética, com fortes elementos de metáforas e simbolismos.
  • Moral: A dor da perda é um processo difícil, mas a memória e o amor permanecem.

2. Ana Davenga

  • Personagens:
    • Principal: Ana, mulher que enfrenta abusos de seu marido.
    • Secundários: O marido (figura opressora).
  • Narrador: Terceira pessoa, permite uma visão externa dos acontecimentos.
  • Espaço: A casa de Ana, ambiente de intimidade e abuso.
  • Tempo: O presente do abuso, com flashbacks do passado.
  • Conflito: Abuso doméstico e a luta de Ana para encontrar forças para sair dessa situação.
  • Temática: Violência doméstica, resistência feminina, autossuperação.
  • Linguagem: Direta, realista, com forte carga emocional.
  • Moral: A resistência e a força feminina são fundamentais para a busca por liberdade.

3. Di Lixão

  • Personagens:
    • Principal: Di Lixão, um menino que vive em condições de extrema pobreza.
    • Secundários: Sua mãe e outras pessoas do lixão.
  • Narrador: Primeira pessoa, o próprio Di Lixão narrando sua experiência.
  • Espaço: Lixão, lugar de miséria e exclusão social.
  • Tempo: O presente de Di, com reflexões sobre seu passado.
  • Conflito: A luta pela sobrevivência e a constante exclusão social.
  • Temática: Pobreza, exclusão social, dignidade.
  • Linguagem: Simples, com forte expressão de sofrimento e resistência.
  • Moral: A vida nas margens da sociedade é dura, mas a luta pela sobrevivência é constante.

4. Yó, mãe de cabeças

  • Personagens:
    • Principal: Yó, mulher forte, mãe que perde filhos devido à violência.
    • Secundários: Os filhos de Yó, cujos destinos são marcados pela violência.
  • Narrador: Terceira pessoa, que focaliza as vivências de Yó.
  • Espaço: Uma periferia marcada pela violência.
  • Tempo: O passado das perdas e o presente da luta de Yó.
  • Conflito: A perda dos filhos e a luta por justiça.
  • Temática: Racismo estrutural, dor materna, resistência.
  • Linguagem: Poética e dramática, com ênfase no sofrimento.
  • Moral: A dor da perda é insuportável, mas a luta por justiça é vital.

5. Madalena

  • Personagens:
    • Principal: Madalena, mulher que sofre abuso doméstico.
    • Secundários: O marido, que é abusivo.
  • Narrador: Terceira pessoa, com foco no drama vivido por Madalena.
  • Espaço: A casa, um lugar de sofrimento e opressão.
  • Tempo: O presente da luta de Madalena para se libertar.
  • Conflito: Violência doméstica e busca por emancipação.
  • Temática: Libertação, opressão, força interior.
  • Linguagem: Direta, com toques de lirismo e resiliência.
  • Moral: O poder de se libertar e recomeçar é essencial.

6. A gente combinamos de não morrer

  • Personagens:
    • Principais: O grupo de amigos marginalizados.
    • Secundários: Outros personagens do contexto urbano violento.
  • Narrador: Primeira pessoa, pela perspectiva de um dos amigos.
  • Espaço: A periferia e suas ruas violentas.
  • Tempo: O presente do pacto de resistência.
  • Conflito: A luta pela sobrevivência em um contexto de violência.
  • Temática: Amizade, lealdade, resistência à violência.
  • Linguagem: Coloquial, com expressões do cotidiano e fortes emoções.
  • Moral: A sobrevivência depende da força do vínculo humano e da resistência.

7. Duzu-Querença

  • Personagens:
    • Principal: Duzu-Querença, mulher forte que enfrenta os desafios da vida.
    • Secundários: Sua mãe e outras figuras que fazem parte de sua vida.
  • Narrador: Primeira pessoa, Duzu-Querença fala sobre sua trajetória.
  • Espaço: O ambiente familiar e suas dificuldades cotidianas.
  • Tempo: O passado de Duzu-Querença e seu presente de luta.
  • Conflito: O enfrentamento dos desafios pessoais e familiares.
  • Temática: Resistência, identidade, amor-próprio.
  • Linguagem: Simples e direta, com profundidade emocional.
  • Moral: A luta pela sobrevivência é constante e a identidade é o maior tesouro.

8. Beijo na face

  • Personagens:
    • Principais: Um homem e uma mulher, com um passado romântico.
    • Secundários: Outros membros de seu círculo social.
  • Narrador: Primeira pessoa, por meio das memórias dos personagens.
  • Espaço: Ambiente de reencontro entre os protagonistas.
  • Tempo: Flashbacks do passado e o presente do reencontro.
  • Conflito: O resgate de sentimentos não resolvidos do passado.
  • Temática: Relacionamentos, saudade, perdão.
  • Linguagem: Poética e melancólica.
  • Moral: O peso das relações passadas pode moldar o presente.

9. Lumbiá

  • Personagens:
    • Principal: Lumbiá, menino pobre e observador.
    • Secundários: Familiares e outros moradores da comunidade.
  • Narrador: Primeira pessoa, a visão de Lumbiá.
  • Espaço: Bairro pobre, onde a desigualdade social é evidente.
  • Tempo: O presente da infância de Lumbiá e suas observações.
  • Conflito: A pobreza e a desigualdade social observada por Lumbiá.
  • Temática: Infância, desigualdade social, inocência.
  • Linguagem: Simples, com uma visão crítica e sensível.
  • Moral: A infância é marcada por aprendizados sobre o mundo e suas injustiças.

10. Ayoluwa

  • Personagens:
    • Principal: Ayoluwa, uma criança que simboliza a esperança.
    • Secundários: Familiares e figuras da comunidade.
  • Narrador: Primeira pessoa, a visão da família de Ayoluwa.
  • Espaço: A casa e a comunidade de Ayoluwa.
  • Tempo: O presente do nascimento e da esperança gerada.
  • Conflito: A luta contra as adversidades da vida e a celebração da vida.
  • Temática: Ancestralidade, esperança, continuidade da vida.
  • Linguagem: Poética, com uma visão simbólica da vida e da morte.
  • Moral: A vida e a esperança são renovadas a cada geração.

11. Os dois ou o inglês

  • Personagens:
    • Principais: O casal protagonista (homem e mulher).
    • Secundários: O estrangeiro inglês, outras figuras do cotidiano.
  • Narrador: Primeira pessoa, com foco na percepção do casal em relação ao estrangeiro e à situação.
  • Espaço: O encontro ocorre em um contexto urbano, possivelmente uma grande cidade, onde há um choque cultural entre os diferentes mundos dos personagens.
  • Tempo: O presente do encontro e da interação.
  • Conflito: Choque cultural e a percepção mútua entre os personagens que vêm de mundos distintos, representando diferentes realidades sociais.
  • Temática: Preconceito, identidade cultural, os impactos do colonialismo e da diferença entre classes sociais.
  • Linguagem: A linguagem é marcada por contrastes, mostrando as diferenças culturais, com um tom de ironia e reflexão crítica sobre o outro e o estrangeiro.
  • Moral: A convivência entre diferentes culturas exige compreensão e respeito, mas também revela os preconceitos arraigados na sociedade.

12. Maria

  • Personagens:
    • Principal: Maria, uma mulher religiosa e devota.
    • Secundários: Sua família, possivelmente membros de sua comunidade religiosa.
  • Narrador: Terceira pessoa, com um foco psicológico que permite conhecer a vida de Maria, seus pensamentos e sentimentos internos.
  • Espaço: O ambiente familiar e religioso de Maria, marcado por uma vida simples e centrada na fé.
  • Tempo: O presente de Maria, refletindo sua rotina diária, com referências ao seu passado de fé.
  • Conflito: A luta interna de Maria, que precisa equilibrar sua fé com as dificuldades cotidianas de uma vida de pobreza e sacrifícios.
  • Temática: Fé, religiosidade, vida simples e a resistência diante das dificuldades.
  • Linguagem: A linguagem é simples, direta, com elementos de devoção religiosa e reflexão íntima.
  • Moral: A fé pode ser uma fonte de força diante das adversidades da vida, mantendo uma pessoa firme, apesar das limitações externas.

13. Luamanda

  • Personagens:
    • Principal: Luamanda, uma mulher que vive entre o mundo físico e o espiritual.
    • Secundários: Seus amores, a sociedade ao redor, talvez elementos espirituais ou ancestrais.
  • Narrador: Primeira pessoa, Luamanda fala sobre suas experiências, sentimentos e percepções do mundo.
  • Espaço: Um espaço limítrofe entre o real e o espiritual, possivelmente em uma cidade ou local de crenças ancestrais.
  • Tempo: O presente da experiência de Luamanda, com resgates de memórias ou visões de outro tempo.
  • Conflito: O conflito interno de Luamanda, que busca uma conexão entre o espiritual e o material, um conflito de identidade entre suas origens e o mundo contemporâneo.
  • Temática: Espiritualidade, identidade, ancestralidade, amor e desamor.
  • Linguagem: Poética, simbólica, misturando o concreto com o místico.
  • Moral: A reconciliação entre os mundos material e espiritual é um processo fundamental para a compreensão de si e do universo.

14. Celebrando o seu corpo

  • Personagens:
    • Principal: A mulher protagonista, que redescobre sua beleza e identidade.
    • Secundários: Pessoas da sociedade que, de alguma forma, impactam sua percepção de si.
  • Narrador: Primeira pessoa, a mulher narra sua própria experiência de autoaceitação.
  • Espaço: O espaço social, em particular o corpo da mulher e a sociedade que tenta normatizar a beleza feminina.
  • Tempo: O presente de autoafirmação e resgate da autoestima.
  • Conflito: O conflito interno da mulher, que lida com os padrões de beleza impostos pela sociedade e com a necessidade de se aceitar como é.
  • Temática: Autoaceitação, beleza, empoderamento feminino.
  • Linguagem: Reflexiva e empoderadora, com elementos de afirmação e resistência.
  • Moral: A beleza verdadeira está na aceitação de si mesmo e na valorização da identidade pessoal.

15. Era uma vez

  • Personagens:
    • Principal: A menina que observa sua avó.
    • Secundários: A avó da menina, que representa a sabedoria e o poder feminino.
  • Narrador: Primeira pessoa, a menina narra a experiência de observação e aprendizado com a avó.
  • Espaço: A casa da avó, um local simbólico de memórias e ensinamentos familiares.
  • Tempo: O passado da infância da menina e as memórias que ela preserva.
  • Conflito: O processo de amadurecimento da menina ao aprender sobre a vida através das histórias de sua avó.
  • Temática: Memórias familiares, sabedoria feminina, aprendizado com a ancestralidade.
  • Linguagem: Simples, com um tom afetuoso e cheio de simbolismo.
  • Moral: O saber e a força das gerações passadas são fundamentais para o crescimento e compreensão do presente.

Esses contos de Conceição Evaristo revelam a rica complexidade das experiências humanas, frequentemente abordando temas de resistência, identidade e luta por dignidade. A narrativa se faz por meio de uma linguagem poética, reflexiva e profunda, com uma estrutura que valoriza a subjetividade das personagens e sua conexão com o mundo. Ao explorar os elementos da narrativa, como personagens, conflito e temática, Evaristo constrói histórias que desafiam a leitura superficial e exigem uma reflexão crítica sobre a sociedade e as relações humanas.


XVII-CONSEQUÊNCIAS DOS ATOS DAS PERSONAGENS

Nos 15 contos de Conceição Evaristo, há consequências diretas nas ações das personagens. Essas consequências refletem os temas centrais das histórias, como preconceito, violência, resistência, luta por identidade e dignidade. Em cada conto, as escolhas e os comportamentos das personagens geram impactos emocionais, sociais e culturais, levando-as a confrontos internos ou a transformações pessoais.

Aqui estão alguns exemplos das consequências nos atos das personagens, extraídos dos contos de Evaristo:

1. Olhos d’água

  • Consequência: A dor da protagonista pela perda de seu filho resulta em um luto profundo e duradouro, que a faz confrontar a realidade da vida e a violência estrutural. Sua saudade é retratada como uma luta constante, sem fim, que a molda emocionalmente.
  • Reflexão: O luto materno pode ser uma força que tanto enfraquece quanto fortalece, levando a uma resistência emocional às adversidades.

2. Ana Davenga

  • Consequência: As experiências de abuso e violência que Ana sofre geram em ela uma resistência silenciosa. Mesmo submissa ao sofrimento, ela busca forças para superar a opressão, o que a leva a uma possível libertação interior.
  • Reflexão: O ato de resistir ao abuso e à violência, mesmo em silêncio, implica em uma forma de empoderamento psicológico e a busca pela liberdade, que, por sua vez, gera consequências de autoconsciência e resistência.

3. Di Lixão

  • Consequência: A ação de sobreviver em um lixão e as dificuldades da infância em um ambiente de extrema pobreza moldam Di, uma criança que desenvolve resiliência. A consequência de viver nesse ambiente é a perda de uma infância "normal", mas ele ganha força para enfrentar o futuro.
  • Reflexão: As circunstâncias adversas e a sobrevivência em condições extremas geram impacto emocional e psicológico, preparando o personagem para lidar com a desigualdade social de forma dura, mas também com coragem.

4. Yó, mãe de cabeças

  • Consequência: A perda dos filhos pela violência e o sofrimento que Yó carrega geram um tipo de resistência e força. Sua dor a transforma em uma figura mítica, símbolo de resistência, mas também a coloca em um ciclo de luto interminável.
  • Reflexão: A luta por justiça e a resistência diante da morte e da violência têm consequências psicológicas profundas, transformando a dor em força e luta pela memória e dignidade dos filhos.

5. Madalena

  • Consequência: A violência doméstica e o sofrimento de Madalena a levam a um ponto de ruptura. A consequência de viver em um relacionamento abusivo é a busca por autonomia e liberdade, resultando em sua decisão de reagir e romper com o ciclo de opressão.
  • Reflexão: O processo de ruptura de uma relação abusiva é transformador. A consequência de resistir à violência e buscar a liberdade é uma busca por identidade e dignidade.

6. A gente combinamos de não morrer

  • Consequência: O pacto de sobrevivência entre os amigos é desafiado pelas adversidades da vida em uma sociedade marginalizada e violenta. A consequência de viver em um contexto de violência e discriminação é o desgaste emocional, mas também o fortalecimento da amizade e da solidariedade.
  • Reflexão: A lealdade e a luta pela vida em meio à violência geram um vínculo forte, mas também colocam os personagens à prova. O pacto de não morrer é, na verdade, uma resistência à morte social e à invisibilidade.

7. Duzu-Querença

  • Consequência: Duzu, ao recordar sua infância e o amor de sua mãe, experimenta uma reconstrução emocional. A consequência da relação com a mãe é uma resiliência que o permite sobreviver à adversidade.
  • Reflexão: As memórias de afeto e amor maternal geram forças interiores para enfrentar um mundo hostil, promovendo a preservação da dignidade pessoal.

8. Beijo na face

  • Consequência: O reencontro entre os dois personagens traz à tona sentimentos não resolvidos, refletindo sobre o amor passado e suas consequências emocionais. As memórias de um romance antigo provocam uma reavaliação do que foi perdido ou conquistado.
  • Reflexão: O ato de reviver o passado, ao se reencontrar com alguém, gera consequências emocionais, pois reabre feridas e reflexões sobre as escolhas feitas.

9. Lumbiá

  • Consequência: Lumbiá, uma criança que enfrenta as dificuldades da pobreza e da fome, começa a compreender as desigualdades sociais ao seu redor. A consequência de sua experiência é o crescimento da consciência social e a percepção da exclusão social.
  • Reflexão: O olhar inocente da criança sobre as desigualdades provoca uma reflexão sobre a construção de identidades e sobre a solidariedade e resistência nas crianças que vivem à margem da sociedade.

10. Ayoluwa

  • Consequência: A chegada de Ayoluwa, com sua conexão com as tradições africanas, provoca uma reflexão nas gerações mais velhas e cria uma nova esperança para a família. O nascimento de Ayoluwa traz a continuidade de uma cultura e uma visão renovada sobre as tradições.
  • Reflexão: O ato de preservar a ancestralidade e resgatar a cultura tem profundas consequências, tanto na identidade familiar quanto na conexão espiritual com as gerações passadas.

11. Os dois ou o inglês

  • Consequência: A interação entre o casal e o estrangeiro gera uma reflexão sobre a percepção de identidade e a relação entre diferentes culturas. As consequências das ações dos personagens se revelam nas tensões sociais e nos preconceitos que surgem durante o contato.
  • Reflexão: O ato de interagir com o outro, muitas vezes sem compreensão ou empatia, gera consequências no fortalecimento ou na destruição de estereótipos e preconceitos.

12. Maria

  • Consequência: A vida de Maria, marcada pela devoção religiosa, traz-lhe uma sensação de paz interior, mas também a mantém presa em uma vida sem grandes mudanças. Sua consequência é viver uma vida de sacrifício sem, talvez, grandes conquistas externas.
  • Reflexão: A escolha de viver uma vida de fé e sacrifício pode gerar consequências psicológicas de paz, mas também pode levar ao esquecimento de si mesma.

13. Luamanda

  • Consequência: O processo de amar e sofrer leva Luamanda a uma jornada de autodescoberta e reconciliação com suas raízes espirituais e ancestrais. A consequência de sua busca pelo amor é uma maior compreensão de si mesma e de sua história.
  • Reflexão: O ato de buscar o amor e se redescobrir através dele tem uma forte consequência de autoconhecimento e de conexão com a ancestralidade.

14. Celebrando o seu corpo

  • Consequência: A mulher protagonista se reconcilia com seu corpo e se liberta das expectativas externas. A consequência disso é uma profunda transformação interna e uma afirmação de sua identidade.
  • Reflexão: O ato de aceitar e celebrar o próprio corpo pode ter um grande impacto nas emoções e na maneira como a pessoa se relaciona consigo mesma e com o mundo.

15. Era uma vez

  • Consequência: A observação da menina sobre sua avó a leva a uma maior valorização das histórias familiares e das tradições, resultando em uma preservação da memória e do saber da avó.
  • Reflexão: O ato de aprender com os mais velhos tem a consequência de manter viva a cultura e o legado de uma família, sendo essencial para o fortalecimento da identidade.

Conclusão geral: Nos contos de Conceição Evaristo, as consequências das ações das personagens estão profundamente ligadas à realidade social e emocional que elas enfrentam. Seja por resiliência, autoconsciência, luta por dignidade ou autoaceitação, as escolhas dos personagens têm um impacto significativo em suas vidas e refletem a complexidade da experiência humana, especialmente em um contexto de violência, exclusão e resistência.

XVIII-FUVEST E UNICAMP

Para uma análise focada nos vestibulares da FUVEST e UNICAMP, é importante destacar elementos e temáticas dos 15 contos de Conceição Evaristo que se relacionam com os principais tópicos exigidos por essas provas, como a interpretação de texto, reflexões sociais e culturais, e perspectivas críticas sobre o Brasil contemporâneo. A seguir, algumas sugestões para enriquecer a análise desses contos, considerando os pontos que são frequentemente abordados nesses exames:

1. Reflexão sobre as temáticas sociais

A obra de Conceição Evaristo explora temáticas sociais relevantes, como racismo, violência, desigualdade social, identidade, luto e resistência. Estes temas são frequentemente cobrados nas provas de humanas dos vestibulares. A relação entre as personagens e as questões de classe social, gênero e etnia é um ponto de análise fundamental.

  • Racismo e exclusão social: Nos contos, a violência contra a mulher e a marginalização da população negra são temas centrais. Para FUVEST e UNICAMP, as questões sociais são sempre cobradas de forma crítica, exigindo do aluno uma leitura atenta dos efeitos dessas realidades nas personagens.
  • Resistência e superação: Muitos dos contos abordam personagens que resistem à violência estrutural. Em "A Gente Combinamos de Não Morrer", por exemplo, a ideia de sobrevivência contra a opressão é central.

Como acrescentar nas análises para os vestibulares:

  • Exemplificar como as personagens enfrentam os desafios sociais (como o racismo ou a pobreza) e como essas dificuldades impactam suas vidas.
  • Explorar a fortaleza interna e a resiliência como respostas ao racismo estrutural e à violência.
  • Apontar as consequências emocionais dessas lutas, como os traumas e o luto em contos como "Olhos d'Água".

2. Conceição Evaristo e a literatura de resistência

Conceição Evaristo é uma autora fundamental na literatura contemporânea brasileira, especialmente por seu enfoque nas experiências das mulheres negras. Os vestibulares da FUVEST e UNICAMP valorizam a literatura de resistência, em que a autora busca dar voz às minorias, especialmente mulheres negras que lutam por sua dignidade e autonomia.

  • Identidade e subjetividade feminina: Em contos como "Ana Davenga" e "Madalena", as mulheres enfrentam opressões em suas relações familiares e sociais. A luta contra a opressão de gênero e a violência doméstica são exploradas com profundidade, tornando esses contos ricos para análise.
  • Resistência da mulher negra: O conto "Yó, mãe de cabeças" é uma boa análise da maternidade negra, da força feminina e da luta contra a morte e a violência, sendo também uma boa chave para estudar a literatura afro-brasileira.

Como acrescentar nas análises para os vestibulares:

  • A partir da subjetividade feminina, refletir sobre como Evaristo expõe o cotidiano da mulher negra, destacando a resistência contra a violência, os desafios impostos pela sociedade patriarcal e racista.
  • Discutir a importância da literatura de resistência para dar visibilidade às experiências das mulheres negras, como mostrado nos contos "Duzu-Querença" e "Beijo na face".

3. Estudo da linguagem e figuras de linguagem

A linguagem de Conceição Evaristo é um ponto importante para análise nos vestibulares. Ela utiliza figuras de linguagem, elementos poéticos e metáforas, o que torna suas narrativas densas e poéticas. Esse aspecto é frequentemente cobrado na FUVEST e UNICAMP, que valorizam a análise do estilo e da construção linguística.

  • Metáforas e simbolismos: O uso de metáforas e símbolos nas histórias (como o uso do "olho d'água" no conto "Olhos d'Água", que simboliza a dor e as lágrimas) enriquece a análise literária.
  • Tons narrativos e ritmo: A autora emprega um ritmo lento e contemplativo que ajuda a ressaltar a dor e a memória. Esse aspecto da narrativa introspectiva é importante para destacar nas provas de interpretação.

Como acrescentar nas análises para os vestibulares:

  • Identificar as figuras de linguagem em cada conto e como elas contribuem para a construção do significado da obra.
  • Relacionar metáforas com temas centrais como luto, solidão, violência e resistência, utilizando exemplos de contos como "Madalena" e "Lumbiá".

4. Estrutura e características do conto

O formato do conto, com suas características concisas e de intensidade emocional, é um ponto crucial para as questões de estrutura narrativa nos vestibulares. Cada conto tem uma construção interna, muitas vezes com finais abertos ou com crises que exigem uma reflexão.

  • Cenário e contexto social: Nos contos, o cenário urbano ou periférico é comum, e a forma como as personagens se relacionam com ele pode ser explorada nas análises. Por exemplo, o lixão no conto "Di Lixão" é um ambiente desolado que reflete a marginalização.
  • Final aberto: Alguns contos, como "Era uma vez", possuem finais abertos que estimulam a interpretação do leitor, algo que é frequentemente cobrado em provas de interpretação textual.

Como acrescentar nas análises para os vestibulares:

  • Estudar a estrutura de cada conto, destacando o modo como as narrativas são construídas e como elas abordam a temática social de forma objetiva e impactante.
  • Relacionar as transformações das personagens com a estrutura narrativa, como em "Lumbiá", onde a perspectiva da criança sobre a desigualdade é uma forma de crítica social sutil, mas potente.

5. Importância de Conceição Evaristo na literatura contemporânea

Em muitos vestibulares, é solicitado que o candidato se posicione sobre a importância de determinado autor no cenário literário atual. Conceição Evaristo é fundamental para o canôn literário brasileiro, especialmente no que diz respeito à representação da mulher negra e dos grupos marginalizados.

Como acrescentar nas análises para os vestibulares:

  • Destacar a contribuição de Conceição Evaristo para a literatura brasileira, especialmente no que diz respeito a questões raciais, de gênero e de classe, refletindo o papel dela na literatura pós-moderna e na resistência cultural.

Conclusão: Para os vestibulares da FUVEST e UNICAMP, a leitura e análise dos 15 contos de Conceição Evaristo devem ser feitas a partir de uma compreensão crítica e profunda dos temas sociais e das estruturas narrativas. Além disso, é importante que o candidato explore a linguagem e as figuras de linguagem utilizadas pela autora, destacando a relevância de suas obras no cenário literário contemporâneo, especialmente em um contexto de resistência e afirmação de identidade. A obra de Evaristo é essencial para o debate sobre identidade negra, empoderamento feminino e justiça social, temas frequentemente abordados em questões de interpretação de texto e análise literária.


Questões Dissertativas

  1. Explique como a perda do filho impacta a protagonista de "Olhos d'Água". Quais são os principais sentimentos expressos ao longo do conto?

    • Resposta: A protagonista de "Olhos d'Água" vive um luto profundo pela perda do filho. Os sentimentos que mais prevalecem são a dor, a saudade e a solidão. A memória do filho perdido é uma presença constante, e ela enfrenta um conflito interno entre o amor incondicional por ele e a impossibilidade de superá-lo.
  2. De que maneira a narrativa de "Olhos d'Água" reflete a resistência da mulher negra diante da dor?

    • Resposta: A protagonista, ao rememorar a morte do filho, encontra forças para resistir e continuar sua vida. Apesar da dor e do luto, ela expressa resiliência, enfrentando a perda com uma postura interna de resistência. A narrativa ilustra como as mulheres negras, em especial, são forçadas a lidar com dores profundas, mas, mesmo assim, seguem em frente.
  3. Analise o papel da memória no conto "Olhos d'Água". Como a memória do filho perdido molda a protagonista?

    • Resposta: A memória no conto é um elemento central, pois ela se torna uma forma de preservação da presença do filho, mas também um peso emocional para a protagonista. Essa memória está ligada tanto à dor quanto ao amor, moldando a protagonista ao ponto de se tornar uma companheira constante, com a qual ela precisa aprender a conviver.
  4. Quais são as implicações sociais e psicológicas do luto, como apresentado no conto "Olhos d'Água"?

    • Resposta: O luto, no conto, não é apenas uma experiência pessoal e emocional, mas também reflete as tensões sociais que a protagonista enfrenta, como a marginalização e a falta de apoio da sociedade. Psicologicamente, a protagonista luta para conciliar sua dor interna com as exigências do cotidiano e a pressão de uma sociedade que não reconhece suas perdas de forma plena.
  5. Como o contexto de pobreza e violência, presente em "Olhos d'Água", influencia o processo de luto da protagonista?

    • Resposta: O contexto de pobreza e violência agrava a dor da protagonista, pois ela não tem os recursos materiais e emocionais necessários para processar o luto de maneira adequada. A violência, que é uma constante em sua vida, torna-se um fator adicional que a impede de viver sua dor de forma plena e solitária.
  6. Em "Olhos d'Água", a ausência do filho causa uma transformação na identidade da protagonista. Como essa transformação é expressa?

    • Resposta: A ausência do filho provoca uma transformação profunda na identidade da protagonista, que passa a se ver não apenas como mãe, mas também como uma mulher que carrega a dor do luto e a ausência. Essa transformação é expressa por meio de sua reflexão constante sobre o filho, o que a impede de seguir sua vida normalmente, mas também a impulsiona a enfrentar as dificuldades do dia a dia.
  7. Como o uso de elementos simbólicos, como os "olhos d'água", reforça o tema central da obra "Olhos d'Água"?

    • Resposta: O símbolo dos "olhos d'água" representa as lágrimas e a dor profunda da protagonista. Ele é também uma metáfora para a resistência emocional e a força de sobrevivência, pois, apesar de a protagonista ser marcada pela perda, seus "olhos d'água" simbolizam uma constante luta pela vida, mesmo diante da dor.
  8. Em que medida a obra "Olhos d'Água" questiona as normas sociais e de gênero em relação à mulher negra?

    • Resposta: A obra questiona as normas sociais ao mostrar a protagonista como uma mulher negra que, apesar da dor e das adversidades da vida, continua a lutar e a resistir. A personagem está inserida em uma sociedade que impõe papéis rigidamente definidos para as mulheres negras, mas ela encontra maneiras de desafiar essas expectativas ao mostrar sua força emocional e resistência.
  9. Como a relação entre a protagonista e o filho perdido revela a complexidade dos vínculos familiares em "Olhos d'Água"?

    • Resposta: A relação entre a protagonista e o filho perdido é intensa e complexa, marcada por um amor incondicional, mas também pela dor insuperável da perda. A obra revela a profundidade dos vínculos familiares, destacando a experiência da maternidade como uma vivência que transcende a morte, e o luto como parte integrante do processo de lidar com essa perda.
  10. Em "Olhos d'Água", qual é a função da narração em primeira pessoa para a construção do luto da protagonista?

    • Resposta: A narração em primeira pessoa permite que o leitor entre na mente da protagonista e sinta de perto sua dor e sua solidão. A protagonista compartilha seus sentimentos mais íntimos, o que dá ao conto uma dimensão emocional mais profunda e permite ao leitor compreender melhor a complexidade de seu luto.

Questões de Alternativa (V ou F)

  1. A protagonista de "Olhos d'Água" enfrenta a perda do filho e vive um luto solitário, sem nenhuma ajuda externa.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. A obra "Olhos d'Água" questiona as desigualdades sociais enfrentadas pela mulher negra, mas foca apenas em temas de gênero.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. A memória do filho perdido é uma presença constante na vida da protagonista, simbolizando a dor do luto.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. Em "Olhos d'Água", a protagonista é descrita como uma mulher que tem completa aceitação da sua dor e segue em frente sem maiores dificuldades.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. A obra de Evaristo utiliza a figura da mulher negra para falar sobre a resistência e as adversidades enfrentadas pela classe média.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. "Olhos d'Água" é uma obra que explora a maternidade como tema central, abordando o luto e a saudade.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. A dor da protagonista é retratada de forma superficial em "Olhos d'Água", sem explorar seu contexto social.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. O conto de Evaristo utiliza elementos simbólicos para aprofundar a temática da dor e da resistência emocional.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. "Olhos d'Água" critica a sociedade brasileira ao abordar as dificuldades da mulher negra diante do racismo e da violência.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso
  1. A perda do filho é o único tema abordado em "Olhos d'Água", sem que a obra toque em outros aspectos da vida da protagonista.
  • (V) Verdadeiro
  • (F) Falso

Questões de Alternativa (Múltipla Escolha)

  1. Qual é o principal tema de "Olhos d'Água"?
  • a) A revolução social da mulher negra
  • b) O luto e a saudade
  • c) A crítica à violência urbana
  • d) A luta pela justiça social

Resposta: b) O luto e a saudade

  1. Qual o papel da memória na narrativa de "Olhos d'Água"?
  • a) Refletir a perda da identidade da protagonista
  • b) Servir como um mecanismo de superação da dor
  • c) Agregar uma reflexão sobre a marginalização
  • d) Marcar a distância entre a protagonista e os outros personagens

Resposta: b) Servir como um mecanismo de superação da dor

  1. O que simbolizam os "olhos d'água" no conto?
  • a) A visão de um mundo melhor
  • b) A dor e as lágrimas da protagonista
  • c) A luta contra a opressão social
  • d) A alegria da protagonista ao superar sua dor

Resposta: b) A dor e as lágrimas da protagonista

  1. Como a sociedade carioca do século XXI é representada em "Olhos d'Água"?
  • a) Como uma sociedade equitativa e justa
  • b) Como uma sociedade que marginaliza a mulher negra
  • c) Como uma sociedade que apoia a protagonista
  • d) Como uma sociedade livre de preconceitos raciais

Resposta: b) Como uma sociedade que marginaliza a mulher negra

  1. Questões de Alternativa (Múltipla Escolha)

    1. A narrativa de "Olhos d'Água" utiliza qual tipo de narrador?
    • a) Narrador omnisciente
    • b) Narrador em primeira pessoa
    • c) Narrador em terceira pessoa limitada
    • d) Narrador múltiplo

    Resposta: b) Narrador em primeira pessoa

    1. Quais são os principais conflitos internos vividos pela protagonista em "Olhos d'Água"?
    • a) Conflito com a sociedade patriarcal
    • b) Conflito de identidade racial
    • c) Conflito entre o desejo de seguir em frente e o luto pela perda do filho
    • d) Conflito com o próprio marido sobre a educação do filho

    Resposta: c) Conflito entre o desejo de seguir em frente e o luto pela perda do filho

    1. Qual dos seguintes elementos é um símbolo importante em "Olhos d'Água"?
    • a) A casa que a protagonista mora
    • b) O rio e a água, que simbolizam a continuidade e a dor
    • c) A lua, que representa os sonhos e os desejos da protagonista
    • d) O sol, que representa a superação e a clareza

    Resposta: b) O rio e a água, que simbolizam a continuidade e a dor

    1. Em "Olhos d'Água", a protagonista é uma mulher que...
    • a) Vive confortavelmente em uma sociedade rica e privilegiada.
    • b) Enfrenta uma luta constante contra a pobreza e a marginalização.
    • c) Trabalha para mudar o sistema de justiça para as mulheres negras.
    • d) Tem apoio constante da família para lidar com sua dor.

    Resposta: b) Enfrenta uma luta constante contra a pobreza e a marginalização.

    1. Em que medida a protagonista de "Olhos d'Água" desafia os estereótipos sobre a mulher negra?
    • a) Ela aceita passivamente seu destino e não questiona as injustiças que sofre.
    • b) Ela demonstra uma profunda resistência e resiliência diante da adversidade, recusando a vitimização e buscando uma força interna para lidar com a dor.
    • c) Ela se submete às normas e expectativas da sociedade para mulheres negras.
    • d) Ela se revolta e usa a violência para impor seu ponto de vista.

    Resposta: b) Ela demonstra uma profunda resistência e resiliência diante da adversidade, recusando a vitimização e buscando uma força interna para lidar com a dor.

    1. A obra "Olhos d'Água" trata principalmente da experiência de...
    • a) Maternidade e perda.
    • b) A ascensão social e econômica de mulheres negras.
    • c) O conflito entre gerações na família.
    • d) O processo de autoaceitação de uma mulher jovem negra.

    Resposta: a) Maternidade e perda.

    1. Qual é o papel do luto na estrutura narrativa de "Olhos d'Água"?
    • a) O luto é mostrado de maneira irrelevante, sem muito impacto na vida da protagonista.
    • b) O luto é um tema central que marca profundamente a protagonista, sendo um fator que influencia suas ações e sua visão do mundo.
    • c) O luto é superado rapidamente, sem maiores reflexões.
    • d) O luto é mostrado como algo positivo, que traz crescimento para a protagonista.

    Resposta: b) O luto é um tema central que marca profundamente a protagonista, sendo um fator que influencia suas ações e sua visão do mundo.

    1. Em "Olhos d'Água", qual é o significado da água como elemento simbólico?
    • a) A água simboliza a pureza e a renovação.
    • b) A água simboliza a fluidez da vida, mas também a dor contínua da protagonista.
    • c) A água simboliza a separação entre os personagens.
    • d) A água simboliza apenas a morte e o fim de tudo.

    Resposta: b) A água simboliza a fluidez da vida, mas também a dor contínua da protagonista.

    1. Como a protagonista de "Olhos d'Água" lida com a ausência do filho?
    • a) Ela se revolta contra tudo e todos, procurando culpados pela morte do filho.
    • b) Ela tenta manter sua rotina, mas a dor da perda a acompanha constantemente.
    • c) Ela segue em frente sem refletir sobre a perda e encontra consolo em outros filhos.
    • d) Ela nega a perda, acreditando que seu filho ainda está vivo.

    Resposta: b) Ela tenta manter sua rotina, mas a dor da perda a acompanha constantemente.

    1. Em relação à questão do racismo estrutural, como "Olhos d'Água" se posiciona?
    • a) A obra ignora qualquer questão sobre racismo, focando apenas em problemas pessoais.
    • b) A obra traz uma crítica sutil à forma como o racismo afeta as mulheres negras, especialmente no que diz respeito à falta de suporte emocional e social.
    • c) A obra propõe soluções diretas e claras para combater o racismo.
    • d) A obra se concentra apenas em questões de classe social, sem abordar o racismo.

    Resposta: b) A obra traz uma crítica sutil à forma como o racismo afeta as mulheres negras, especialmente no que diz respeito à falta de suporte emocional e social.

    1. Qual é o papel do espaço urbano e das condições de vida na obra "Olhos d'Água"?
    • a) O espaço urbano é descrito de maneira utópica, como um lugar onde todos são iguais.
    • b) O espaço urbano é usado para ilustrar as dificuldades da vida cotidiana da protagonista, marcada pela pobreza e pelo preconceito racial.
    • c) O espaço urbano é irrelevante para a trama, que se concentra apenas nos aspectos emocionais da personagem.
    • d) O espaço urbano é descrito como um lugar ideal para o desenvolvimento pessoal e familiar da protagonista.

    Resposta: b) O espaço urbano é usado para ilustrar as dificuldades da vida cotidiana da protagonista, marcada pela pobreza e pelo preconceito racial.

    1. Em "Olhos d'Água", qual é a relação entre a protagonista e a sociedade ao seu redor?
    • a) A protagonista é totalmente aceita e valorizada pela sociedade.
    • b) A protagonista é marginalizada e sua dor não é reconhecida pela sociedade, o que a coloca em um lugar de constante sofrimento e resistência.
    • c) A sociedade não tem qualquer impacto sobre a protagonista, que vive isolada e distante de todos.
    • d) A protagonista vive em um ambiente de apoio e solidariedade da comunidade.

    Resposta: b) A protagonista é marginalizada e sua dor não é reconhecida pela sociedade, o que a coloca em um lugar de constante sofrimento e resistência.

    1. Como a relação de afeto entre a protagonista e seu filho falecido influencia a narrativa de "Olhos d'Água"?
    • a) A relação de afeto é um elemento secundário, que não afeta as decisões da protagonista.
    • b) A relação de afeto é o motor da narrativa, motivando a protagonista a lutar com sua dor e a refletir sobre a perda.
    • c) A relação de afeto é distorcida, sendo mostrada como um laço que impede a protagonista de seguir em frente.
    • d) A relação de afeto é praticamente irrelevante para a trama da obra.

    Resposta: b) A relação de afeto é o motor da narrativa, motivando a protagonista a lutar com sua dor e a refletir sobre a perda.

    1. Quais são as características principais da escrita de Conceição Evaristo em "Olhos d'Água"?
    • a) A escrita é predominantemente técnica e objetiva, sem espaço para emoções pessoais.
    • b) A escrita é poética e emotiva, com forte foco na subjetividade e nos dilemas internos da protagonista.
    • c) A escrita é simples e direta, sem muitos detalhes emocionais.
    • d) A escrita se concentra apenas em questões políticas, deixando de lado as emoções da personagem.

    Resposta: b) A escrita é poética e emotiva, com forte foco na subjetividade e nos dilemas internos da protagonista.

    1. Qual é a principal mensagem que "Olhos d'Água" transmite sobre a mulher negra e sua luta?
    • a) A obra sugere que a mulher negra deve aceitar seu destino sem questionamentos.
    • b) A obra ressalta a força e a resiliência da mulher negra, que, apesar das adversidades, continua a lutar pela vida e pela memória de seus entes queridos.
    • c) A obra sugere que a mulher negra deve se conformar ao seu papel na sociedade e esperar que as condições melhorem por conta própria.
    • d) A obra é pessimista, dizendo que a mulher negra nunca poderá superar as dificuldades da vida.

    Resposta: b) A obra ressalta a força e a resiliência da mulher negra, que, apesar das adversidades, continua a lutar pela vida e pela memória de seus entes queridos.

    1. Em "Olhos d'Água", a personagem principal...
    • a) Se entrega completamente ao luto, sem tentar superar sua dor.
    • b) Encontra força na memória de seu filho, utilizando-a como um motor para seguir adiante.
    • c) Torna-se cada vez mais distante de sua comunidade e da sociedade em geral.
    • d) Deixa de lado sua identidade para se adaptar à sociedade dominante.

    Resposta: b) Encontra força na memória de seu filho, utilizando-a como um motor para seguir adiante.



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