quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Conto de escola (1884) Machado de Assis (perguntas e respostas)

 

Conto de escola (1884)

Machado de Assis

 

 

            A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia – uma segunda-feira, do mês de maio – deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diogo e o campo de Sant’Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razão.

            Na semana anterior tinha feito dois suetos, e, descoberto o caso, recebi o pagamento das mãos de meu pai, que me deu uma sova de vara de marmeleiro. As sovas de meu pai doíam por muito tempo. Era um velho empregado do Arsenal de Guerra, ríspido e intolerante. Sonhava para mim uma grande posição comercial, e tinha ânsia de me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes de capitalistas que tinham começado ao balcão. Ora, foi a lembrança do último castigo que me levou naquela manhã para o colégio. Não era um menino de virtudes.

            Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a tempo; ele entrou na sala três ou quatro minutos depois. Entrou com o andar manso do costume, em chinelas de cordovão, com a jaqueta de brim lavada e desbotada, calça branca e tesa e grande colarinho caído. Chamava-se Policarpo e tinha perto de cinquenta anos ou mais. Uma vez sentado, extraiu a jaqueta a bolsinha de rapé e o lenço vermelho, pô-los na gaveta; depois relanceou os olhos pela sala. Os meninos, que se conservavam de pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se. Tudo estava em ordem; começaram os trabalhos.

            - Seu Pilar, eu preciso falar com você, disse-me baixinho o filho do mestre.

            Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tardia. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso um grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.

            - O que é que você quer?

            - Logo, respondeu ele com voz trêmula.

            Começou a lição escrita. Custa-me dizer que eu era dos mais adiantados da escola; mas era. Não digo também que era dos mais inteligentes, por um escrúpulo fácil de entender e de excelente efeito no estilo, mas não tenho outra convicção. Note-se que não era pálido nem morfino: tinha boas cores e músculos de ferro. Na lição de escrita, por exemplo, acabava sempre antes de todos, mas deixava-me estar a recortar narizes no papel ou na tábua, ocupação sem nobreza nem espiritualidade, mas em todo caso ingênua. Naquele dia foi a mesma cousa; tão depressa acabei, como entrei e reproduzir o nariz do mestre,   dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes, das quais recordo a interrogativa, a admirativa, a dubitativa e a cogitativa. Não lhes punham esses nomes, pobre estudante de primeiras letras que era; mas, instintivamente, dava-lhes essas expressões. Os outros foram acabando; não tive remédio senão acabar também, entregar a escrita, e voltar para o meu lugar.

            Com franqueza, estava arrependido de ter vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar lá fora, e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros meninos vadios, o Chico Telha, o Américo, o Carlos das Escadinhas, a fina flor do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de desespero, vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do Morro do Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar, uma cousa soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos.

            - Fui um bobo em vir, disse eu ao Raimundo.

            - Não diga isso, murmurou ele.

            Olhei para ele; estava mais pálido. Então lembrou-me outra vez que queria pedir-me alguma cousa, e perguntei-lhe o que era. Raimundo estremeceu de novo, e, rápido, disse-me que esperasse um pouco; era uma cousa particular.

            - Seu Pilar... murmurou ele daí a alguns minutos.

            - Que é?

            - Você...

            - Você quê?

            Ele deitou os olhos ao pai, e depois a alguns outros meninos. Um destes, o Curvelo, olhava para ele, desconfiado, e o Raimundo, notando-me essa circunstância, pediu alguns minutos mais de espera. Confesso que começava a arder de curiosidade. Olhei para o Curvelo, e vi que parecia atento; podia ser uma simples curiosidade vaga, natural indiscrição; mas podia ser também alguma cousa entre eles. Esse Curvelo era um pouco levado do diabo. Tinha onze anos, era mais velho que nós.

            Que me quereria o Raimundo? Continuei inquieto, remexendo-me muito, falando-lhe baixo, com instância, que me dissesse o que era, que ninguém cuidava dele nem de mim. Ou então, de tarde...

            - De tarde, não, interrompeu-me ele; não pode ser de tarde.

            - Então agora...

            - Papai está olhando.

            Na verdade, o mestre fitava-nos. Como era mais severo para o filho, buscava-o muitas vezes com os olhos, para trazê-lo mais aperreado. Mas nós também éramos finos; metemos o nariz no livro, e continuamos a ler. Afinal cansou e tomou as folhas do dia, três ou quatro, que ele lia devagar, mastigando as ideias e paixões. Não esqueçam que estávamos então no fim da Regência, e que era grande a agitação pública. Policarpo tinha decerto algum partido, mas nunca pude averiguar esse ponto. O pior que ele podia ter, para nós, era a palmatória. E essa lá estava, pendurada do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos do diabo. Era só levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do costume, que não era pouca. E daí, pode ser que alguma vez as paixões políticas dominassem nele a ponto de poupar-nos uma ou outra correção. Naquele dia, ao menos, pareceu-me que lia as folhas com muito interesse; levantava os olhos de quando em quando, ou tomava uma pitada, mas tornava logo aos jornais, e lia a valer.

            No fim de algum tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim.

            - Sabe o que tenho aqui?

            - Não.

            - Uma pratinha que mamãe me deu.

            - Hoje?

            - Não, no outro dia, quando fiz ano...

            - Pratinha de verdade?

            - De verdade.

            Tirou-a vagarosamente, e mostrou-me de longe. Era uma moeda do tempo do rei, cuido que doze vinténs ou dois tostões, não me lembra; mas era uma moeda, e tal moeda que me fez pular o sangue no coração. Raimundo resolveu em mim o olhar pálido; depois perguntou-me se a queria para mim. Respondi-lhe que estava caçoando, mas ele jurou que não.

            - Mas então você fica sem ela?

            - Mamãe depois me arranja outra. Ela tem muitas que vovô lhe deixou, numa caixinha; algumas são de ouro. Você quer esta?

            Minha resposta foi estender-lhe a mão disfarçadamente, depois de olhar para a mesa do mestre. Raimundo recuou a mão dele e deu à boca um gesto amarelo, que queria sorrir. Em seguida propôs-me um negócio, uma troca de serviços; ele me daria a moeda, eu lhe explicaria um ponto da lição de sintaxe. Não conseguira reter nada do livro, e estava com medo do pai. E concluía a proposta esfregando a pratinha nos joelhos...

            Tive uma sensação esquisita. Não é que eu possuísse da virtude uma ideia antes própria de homem; não é também que não fosse fácil em empregar uma ou outra mentira de criança. Sabíamos ambos enganar ao mestre. A novidade estava nos termos da proposta, na troca da lição e dinheiro, compra franca, positiva, toma lá, dá cá; tal foi a causa da sensação. Fiquei a olhar para ele, à toa, sem poder dizer nada.

            Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai. Se me tem pedido a cousa por favor, alcançá-la-ia do mesmo modo, como de outras vezes; mas parece que a lembrança das outras vezes, o medo de achar a minha vontade frouxa ou cansada, e não aprender como queria, - e poder ser mesmo que em alguma ocasião lhe tivesse ensinado mal, - parece que tal foi a causa da proposta. O pobre-diabo contava com o favor, - mas queria assegurar-lhe a eficácia, e daí recorreu à moeda que a mãe lhe dera e que ele guardava como relíquia ou brinquedo; pegou dela e veio esfregá-la nos joelhos, à minha vista, como uma tentação... Realmente, era bonita, fina, branca, muito branca; e para mim, que só trazia cobre no bolso, quando trazia alguma cousa, um cobre feio, grosso, azinhavrado...

            Não queria recebê-la, e custava-me recusá-la. Olhei para o mestre, que continuava a ler, com tal interesse, que lhe pingava o rapé do nariz. – Ande, tome, dizia-me baixinho o filho. E a pratinha fuzilava-lhe entre os dedos, como se fora diamante... Em verdade, se o mestre não visse nada, que mal havia? E ele não podia ver nada, estava agarrado aos jornais, lendo com fogo, com indignação...

            - Tome, tome...

            Relanceei os olhos pela sala, e dei com os do Curvelo em nós; disse ao Raimundo que esperasse. Pareceu-me que o outro nos observava, então dissimulei; mas daí a pouco, deitei-lhe outra vez o olho, e – tanto se ilude a vontade! – não lhe vi mais nada. Então cobrei ânimo.

            - Dê cá...

            Raimundo deu-me a pratinha, sorrateiramente; eu meti-a na algibeira das calças, com um alvoroço que não posso definir. Cá estava ela comigo, pegadinha à perna. Restava prestar o serviço, ensinar a lição, e não me demorei em fazê-lo, nem o fiz mal, ao menos conscientemente; passava-lhe a explicação em um retalho de papel que ele recebeu com cautela e cheio de atenção. Sentia-se que despendia um esforço cinco ou seis vezes maior para aprender um nada; mas contanto que ele escapasse ao castigo, tudo iria bem.

            De repente, olhei para o Curvelo e estremeci; tinha os olhos em nós, com um riso que me pareceu mau. Disfarcei; mas daí a pouco, voltando-me outra vez para ele, achei-o do mesmo modo, com o mesmo ar, acrescendo que entreva a remexer-se no banco, impaciente. Sorri para ele e ele não sorriu; ai contrário, franziu a testa, o que lhe deu um aspecto ameaçador. O coração bateu-me muito.

            - Precisamos muito cuidado, disse eu ao Raimundo.

            - Diga-me isto só, murmurou ele.

            Fiz sinal que se calasse; mas ele instava, e a moeda, cá no bolso, lembrava-me o contato feito. Ensinei-lhe o que era, disfarçando muito; depois, tornei a olhar para o Curvelo, que me pareceu ainda mais inquieto, e o riso, dantes mau, estava agora pior. Não é preciso dizer que também eu ficara em brasas, ansioso que a aula acabasse; mas nem o relógio andava como das outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; este lia os jornais, artigo por artigo, pontuando-os com exclamações, com gestos de ombros, com uma ou duas pancadinhas na mesa. E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das calças, que eu não daria a ninguém, nem que me serrassem; guardá-la-ia em casa, dizendo à mamãe que a tinha achado na rua. Para que me não fugisse, ia-a apalpando, roçando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tato a inscrição, com uma grande vontade de espiá-la.

            - Oh! seu Pilar! bradou o mestre.

            Fui e parei diante dele. Ele enterrou-me pela consciência dentro um par de olhos pontudos; depois chamou o filho. Toda a escola tinha parado; ninguém mais lia, ninguém fazia um só movimento. Eu, conquanto não tirasse os olhos do mestre, sentia no ar a curiosidade e o pavor de todos.

            - Então o senhor recebe dinheiro para ensinar as lições aos outros? disse-me o Policarpo.

            - Eu...

            - Dê cá a moeda que este seu colega lhe deu! clamou.

            Não obedeci logo, mas não pude negar nada. Continuei a tremer muito. Policarpo bradou de novo que lhe desse a moeda, e eu não resisti mais, meti a mão no bolso, vagarosamente, saquei-a e entreguei-lha. Ele examinou-a de um e outro lado, bufando de raiva; depois estendeu o braço e atirou-a à rua. E então disse-nos uma porção de cousas duras, que tanto o filho como eu acabávamos de praticar uma ação feia, indigna, baixa, uma vilania, e para emenda e exemplo íamos ser castigados. Aqui pegou a palmatória.

            - Perdão, seu mestre... solucei eu.

            - Não há perdão! Dê cá a mão! dê cá! vamos! sem-vergonha! dê cá a mão!

            - Mas, seu mestre...

            - Olha que é pior!

            Estendi-lhe a mão direita, depois a esquerda, e fui recebendo os bolos uns por cima dos outros, até contemplar doze, que me deixaram as palmas vermelhas e inchadas. Chegou a vez do filho, e foi a mesma cousa; não lhe poupou nada, dois, quatro, oito, doze bolos. Acabou, pregou-nos outro sermão. Chamou-nos sem-vergonhas, desaforados, e jurou que se repetíssemos o negócio, apanharíamos tal castigo que nos havia de lembrar para todo o sempre. E exclamava: Porcalhões! tratantes! faltos de brio!

            Eu por mim, tinha a cara no chão. Não ousava fitar ninguém, sentia todos os olhos em nós. Recolhi-me ao banco, soluçando, fustigado pelos impropérios do mestre. Na sala arquejava o terror; posso dizer que naquele dia ninguém faria igual negócio. Creio que o próprio Curvelo enfiara de medo. Não olhei logo para ele, cá dentro de mim jurava quebrar-lhe a cara, na rua, logo que saíssemos, tão certo como três e dois serem cinco.

            Daí a algum tempo olhei para ele; ele também olhava para mim, mas desviou a cara, e penso que empalideceu. Compôs-se e entrou a ler em voz alta; estava com medo. Começou a variar de atitude, agitando-se à toa, coçando os joelhos, o nariz. Pode ser até que se arrependesse de nos ter denunciado; e na verdade, por que denunciar-nos? Em que é que lhe tirávamos alguma coisa?

            “Tu me pagas! tão duro como osso!” dizia eu comigo.

            Veio a hora de sair, e saímos; ele foi adiante, apressado, e eu não queria brigar ali mesmo, na Rua do Costa, perto do colégio; havia de ser na rua larga de S. Joaquim. Quando, porém, cheguei à esquina, já o não vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou loja; entrei numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ninguém me deu notícia. De tarde faltou à escola.

            Em casa não contei nada, é claro; mas para explicar as mãos inchadas, menti a minha mãe, disse-lhe que não tinha sabido a lição. Dormi nessa noite, mandando ao diabo os dois meninos, tanto o da denúncia como o da moeda. E sonhei com a moeda; sonhei que, ao tornar à escola, no dia seguinte, dera com ela na rua, e a apanhara, sem medo nem escrúpulos...

            De manhã, acordei cedo. A ideia de ir procurar a moeda fez-me vestir depressa. O dia estava esplêndido, um dia de maio, sol magnífico, ar brando, sem contar as calças novas que minha mãe me deu, por sinal que eram amarelas. Tudo isso, e a pratinha... Saí de casa, como se fosse trepar ao trono de Jerusalém. Piquei o passo para que ninguém chegasse antes de mim à escola; ainda assim não andei tão depressa que amarrotasse as calças. Não, que elas eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua...

            Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, e depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na Praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor...

 

Assis, Machado. Contos. Série Bom Livro. 26ª ed. Editora Ática: 2002. p. 31-37.

 

1. Principais Temas da Obra

Corrupção: Representada pela troca de favores e pelo ato de Raimundo pagar Pilar para ensiná-lo, simbolizando como a corrupção começa de forma insidiosa, até na infância.

Educação Rígida e Autoritarismo: O personagem mestre Policarpo representa o modelo educacional da época, baseado na severidade, punição física e controle autoritário.

Delação: Curvelo, o delator, personifica a traição e a falta de solidariedade, uma crítica à falta de ética e à manipulação dos outros para obter benefícios.

2. Análise Crítica da Obra

Pessimismo e Ironia: Machado de Assis usa o humor e a ironia para criticar o sistema educacional e a corrupção, mostrando que a educação rígida não prepara os alunos para um futuro melhor, mas sim os molda para um mundo de interesses e vícios.

Perda da Inocência: Pilar, o protagonista, perde a inocência quando se depara com a corrupção e a delação, que o afastam da pureza infantil.

Crítica Social: A obra aponta a crítica à sociedade brasileira e à formação moral das crianças, sugerindo que a corrupção começa desde cedo e é um reflexo das falhas sociais e educacionais.

3. Figuras de Linguagem

Metáfora: A moeda de prata é uma metáfora da corrupção, simbolizando o preço da ética e os interesses pessoais.

Ironia: O uso da ironia é evidente nas descrições do mestre Policarpo e na crítica ao sistema educacional, onde a punição e a autoridade são mais valorizadas do que o aprendizado genuíno.

Antítese: A oposição entre a inocência da infância e a corrupção do ambiente escolar e social, refletindo as contradições do mundo adulto.

4. Personagens Principais

Pilar: O protagonista, um garoto que tem seu primeiro contato com a corrupção e a delação, enfrentando o sistema educacional punitivo.

Raimundo: Filho do mestre, que, devido ao medo do pai e à pressão do sistema educacional, recorre à corrupção para aprender.

Policarpo: O mestre rígido e autoritário, que impõe severas punições físicas e mantém um ambiente de medo e controle.

Curvelo: O delator, que denuncia Pilar e Raimundo, representando a traição e a falta de solidariedade entre os colegas.

5. Clímax da História

A tensão atinge seu ápice quando Raimundo e Pilar são punidos pelo mestre Policarpo. A moeda de prata, símbolo da corrupção, é perdida, e Pilar se distrai com o som da marcha militar, abandonando a busca pela moeda.

6. Desfecho

O conto termina com Pilar distraído pela marcha dos fuzileiros, simbolizando sua perda da inocência e a transição para uma fase onde a corrupção e a realidade adulta se tornam mais evidentes.

7. Conclusão

A obra de Machado de Assis, por meio de uma crítica irônica e pessimista, expõe as falhas do sistema educacional, a corrupção precoce e os vícios da sociedade brasileira. Através de Conto de Escola, o autor sugere que as instituições, ao invés de formarem cidadãos melhores, perpetuam as falhas do sistema e criam um ciclo de corrupção e desilusão que começa na infância e continua ao longo da vida.

 

1- Assinale as alternativas corretas:

a) O narrador personagem conseguiu a pratinha que estava em seu bolso por meio de uma aula particular que o narrador iria dar a Raimundo, filho do professor.

 

b) Num momento de raiva, o professor jogou a pratinha pela janela ao tomar conhecimento do acordo entre Pilar e Raimundo.

c) A rua é descrita como sedutora, cheia de liberdade, bem diferente do ambiente onde ocorre a ação do conto (lugar dominado pelo tédio e pela opressão). O narrador mostra sua preferência pela rua e, com isso, justifica seu caráter “gazeteiro”.

 

d) O narrador, ao recordar o passado, contrasta a alegria das brincadeiras de rua com o castigo paterno e a opressão do ambiente escolar.

 

2. No fim da história, o personagem protagonista do Conto de Escola, de Machado de Assis:
a) compreendeu os fatos positivamente, concluindo com alguns conhecimentos;
b) arrependeu-se de ter ido à escola, pois lhe fora um dia inútil;
c) no dia seguinte voltou à escola, pois o dia anterior lhe fora muito proveitoso;
d) quis espancar o antagonista, pois lhe causara um mal não merecido.
e) compreendeu os fatos negativamente, sem qualquer proveito.

 

3. No Conto de Escola, de Machado de Assis, o personagem protagonista foi:
a) parabenizado porque sabia e explicou alguns conhecimentos em troca de dinheiro;
b) agredido por um colega de sala de aula porque não lhe explicou alguns conhecimentos;
c) homenageado pelo professor porque era um dos melhores alunos da sala;
d) punido porque se propôs a explicar alguns conhecimentos a um colega em troca de dinheiro;
e) denunciado por um colega de sala de aula porque não lhe explicou alguns conhecimentos.

 

4- Assinale a alternativa correta:

“Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor… Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma cousa: Rato na casaca… Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na praia de Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor…” Para Gostar de Ler. vol. 9. Contos, Ática.

Evidencia-se, nesta passagem, um procedimento típico da expressão deste autor, identificado pela:

a) fantasia. Machado não é um realista comum. Apesar de original e independente, procura seguir de modo servil as propostas do movimento literário a que pertence. Raimundo é, no conto, um personagem fascinado pelo tambor.

b) ironia. Machado faz sua personagem, após aprender dentro da sala de aula, lições de corrupção de delação, reconhecer o valor do tambor e, portanto, voltar para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma.

cembriaguez da alma. Machado constrói os personagens, reunindo seus pequenos gestos, seus mínimos pensamentos, suas contradições, revelando ao leitor, por esse processo detalhado, a segurança de quem sabe o que está fazendo.

d) metalinguagem. Machado escreve sobre a problemática da esperança e aborda um personagem objetivo e racional. Em vez de valorizar a ação interior, desenvolve, como todo escritor realista, uma maior preocupação com a ação exterior.

 

5- Assinale a sequência correta:

(     )   Na escola subiu com cautela as escadas, com medo do mestre que era muito severo. Por sorte chegou antes dele, que ainda demorou três ou quatro minutos. Então a aula começou. O pai dele sonhava em ver o filho um comerciante, lendo, escrevendo e fazendo contas. E ele era até um bom aluno, talvez o melhor da classe. Sempre era o primeiro a terminar as atividades.


(    )  Chamavam-no de Seu Pilar, quando era menino, em uma manhã de sábado, estava na Rua da Princesa e se decidia onde seria melhor para brincar. Tentando escolher entre o morro ou o campo, acabou achando melhor ir para escola e assim o fez. Acabou escolhendo esta por se lembrar da ultima “sova” que recebera do pai. Sendo assim foi à escola pela lembrança do castigo.


(     )   Raimundo era o filho do mestre e por isso era o mais cobrado. No entanto, ele não era muito inteligente e tinha que se esforçar ao máximo para aprender as lições. E por isso veio falar com Seu Pilar. Disse que queria falar-lhe, mas não podia ser agora. Assim fizeram as lições e só quando o mestre estava entretido com o jornal é que eles vieram a conversar.

(     )   Assim, com cautela, eles fizeram a troca. Com cautela porque tinha o mestre ali na frente que, se visse, o castigaria com a palmatória. Curvelo, que era um colega mais velho e arteiro, não tirava o olhar de sobre os dois, tendo um riso maldoso no rosto.

(     )   Raimundo mostrou uma “pratinha” que trazia no bolso. Ganhara no seu aniversario e a ofereceu a Seu Pilar. O menino achou que ele brincava, mas quando viu que o menino falava sério aceitou a moeda. O que Raimundo queria em troca era que o colega o ensinasse a lição que ele não conseguia entender.


(     )   Com a moeda no bolso, Seu Pilar ficou sonhando com o dinheiro e a beleza da moeda, até que o mestre o chamou e a Raimundo também. A seu lado estava Curvelo. O mestre pediu a moeda e a jogou pela janela. Depois, chamando os meninos de sem-vergonha, os castigou com doze “bolos”.


(     )   No dia seguinte, ele que tinha sonhado que achava a moeda na rua e a pegava de volta. Arrumou-se rapidamente, ainda mais que tinha ganhado uma nova calça de sua mãe. Tinha esperança de chegar à escola e recuperar a moeda, mas no caminho encontrou o batalhão de fuzileiros que tocava tambores e assim ele preferiu segui-los a ir para a escola. Acabou a manhã na praia da Gamboa. Voltou pra casa sem a moeda e sem peso na consciência. E foi com os dois colegas de sala que aprendeu a corrupção e a delação.


(     )   Depois disso, Seu Pilar jurou dar uns bons murros em Curvelo. O menino, no entanto, sumiu depois da aula, e ele não o conseguiu achar.


a) 2,1,3,5,4,6,8,7

b) 2,1,3,4,5,6,8,7

c) 2,1,3,4,5,6,7,8

d)2,1,3,4,5,8,7,6

 

6- Os personagens principais são:

 

a) Pilar- protagonista e narrador-personagem; um dos melhores alunos.

b) Raimundo- colega de Pilar e filho do professor; era lento e tinha dificuldades de aprendizagem, porém faria tudo para demonstrar que entendia do assunto porque o pai era muito mais rigoroso com ele. Era corruptor.

c) Policarpo- severo professor/mestre  da época que usava palmatória para corrigir os alunos. Era temido por eles.

d) Curvelo- colega de Pilar e delator. Curvelo, aquele que se curva

 

7- Assinale as alternativas corretas:

a) Nesse conto, a história narrada tem como contexto histórico o fim do Império, a Abolição dos Escravos e a Proclamação da República.

b) O foco narrativo é feito em primeira pessoa:

c) Espaço geográfico – Uma escola no Rio de Janeiro.

d) Tempo cronológico –  1840

e) Enredo - O conto narra um fato ocorrido na infância de Pilar que relembra o momento em que foi flagrado pelo colega Curvelo, ensinando a lição a Raimundo que sentia dificuldade de aprendizagem; em troca dessa ajuda, Raimundo daria uma moedinha de prata ao colega. Por esse motivo considerado suborno pelo professor, ambos foram punidos duramente com doze bolos dados diante de todos, na sala de aula, causando constrangimento, dor e humilhação nos dois meninos. Isso aconteceu porque o suborno envolvia diretamente o filho do professor e o protagonista do conto que resolveu dar uma surra em Curvelo após o término da aula. No entanto, Curvelo se escondeu não sendo encontrado por Pilar.

f) O fato que provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto foi que Raimundo (filho do mestre) tinha dificuldade de aprendizagem e ofereceu uma pratinha (moeda) para Pilar ajuda-lo, mas Curvelo (outro colega) viu.

g) Temas: a corrupção e a delação. Comportamentos condenados, porém presentes no convívio humano, sobretudo em uma sociedade capitalista que valoriza extremamente o dinheiro, representado no conto por aquela bonita moeda pela qual Pilar ficou seduzido.

8-  O texto lido é uma narrativa e, como tal, caracteriza-se, entre outros elementos, pela ordem cronológica dos fatos que se desenrolam em ascensão até o clímax. No texto, o clímax se dá quando:

a) Raimundo mostra a Seu Pilar, pela primeira vez, a pratinha e lhe pergunta se ele (Seu Pilar) a quer para si. O narrador decide aceitar a moeda e é flagrado por outro colega de classe.

b) Raimundo afirma que seu pai estava a olhá-los, fato que é comprovado por Seu Pilar.

c) Seu Pilar estende a mão para receber a pratinha e Raimundo nega-lhe a mesma com um sorriso amarelo.

d) Seu Pilar, mesmo em meio a um turbilhão de dúvidas, acaba por aceitar a moeda.

e) Seu Pilar passa a lição para Raimundo em um retalho de papel.

9- O traço do caráter humano tematizado pelo autor no texto é:

a) solidariedade.

b) dissimulação.

c) corrupção.

d) cobiça.

e) orgulho.

10- Após reler as características físicas e psicológicas de Raimundo (filho do mestre), podemos afirmar que o ato corrupto foi:

a) baseado na ideia do medo que o mesmo sentia do pai extremamente rígido. Medo de levar uma surra de palmatória frente a possíveis notas baixas e, consequentemente, medo da humilhação que sentiria perante a classe.

b) a gratidão ao amigo, visto que na sociedade brasileira, tem-se o costume de dar presentinhos frente a um favor como forma de agradecimento. Portanto, não seria incorreto afirmar que Raimundo usou-se da moeda de prata não somente para garantir uma lição bem dada, mas também para demonstrar ao amigo consideração.

 

c) consequência do medo de Raimundo por seu pai. Portanto, deixa claro que a culpa não pertence somente às crianças envolvidas, mas também ao professor. As ações individuais podem ser frutos de um convívio social, sendo que não se pode culpar apenas uma ou duas pessoas, mas grande parte delas, por determinadas situações.

 

 

Entendendo o conto:

01 – Indique o segmento que completa, de acordo com o texto, o enunciado formulado a seguir: No trecho transcrito, o narrador-personagem é um menino que relata:

a)   As dificuldades que experimenta nas aulas de leitura e gramática.

b)   O desespero por não possuir um papagaio de papel tão soberbo como aquele que via no céu.

c)   Os temores de ficar de castigo, sentado, os livros no joelho.

d)   O arrependimento por não ter acompanhado Raimundo nas estripulias com os meninos do morro.

e)   Suas emoções em um dia de escola.

02 – Indique o segmento que completa, de acordo com o texto, o enunciado formulado a seguir: O menino se confessava “arrependido de ter vindo” porque:

a)   Os outros meninos vadios passariam a chama-lo de bobo.

b)   Não gostava que os outros meninos empinassem seu papagaio de papel.

c)   Preferia ter ficado com os outros meninos, a brincar na rua.

d)   Tivera de cumprir a promessa de que vivia, feita a Raimundo.

e)   Sentia dor nas pernas, ao ficar muito tempo sentado, com os livros nos joelhos.

03 – Indique a letra que não apresenta uma relação semântica correta entre os termos emparelhados:

a)   Menino – narrador – arrependimento de ter vindo.

b)   Menino – narrador – preso de uma corda imensa.

c)   Papagaio de papel – uma cousa soberba.

d)   Papagaio de papel – bojava no ar.

e)   Papagaio de papel – alto e largo.

 

04 – Qual o foco narrativo do conto?

      Tem foco narrativo em primeira pessoa.

 

05 – Onde ocorreram os fatos narrados no conto?

      Se passa numa escola do Rio de Janeiro, em 1840.

 

06 – Quais eram as circunstâncias históricas vividas no Brasil neste ano?

      Fim do Império, a Abolição dos Escravos e a Proclamação da República.

 

07 – Que fato provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto?

      O fato de Raimundo (filho do mestre) ter dificuldade de aprendizagem e oferecer uma pratinha (moeda) para Pilar ajuda-lo, mas Curvelo (outro colega) viu.

 

08 – Em que passagem do texto ocorre o clímax, ou seja, o momento de maior tensão da história? Explique.

      A moeda estava no bolso de Pilar, que sonhava com a beleza da “pratinha”, até que foi interrompido pelo mestre que o chamou junto com Raimundo. Ao lado deles estava o delator: Curvelo. O fato de Pilar estar ensinando a lição para Raimundo em troca de uma “pratinha” foi considerado como suborno pelo mestre, que a solicitou, porém Pilar jogou a moeda pela janela. Então o mestre castigou os meninos com doze “bolos” diante de toda a turma, causando constrangimento e humilhação aos meninos.

 

09 – Pode-se inferir do texto que Raimundo quis pagar o favor a Seu Pilar porque:

a) era orgulhoso e não admitia dever favor a ninguém.

b) queria garantir a boa vontade do colega em lhe ensinar.

c) considerava o favor do colega um trabalho a ser merecidamente recompensado.

d) era um negociante nato e sabia dar valor a um bom negócio.

e) caso o mestre descobrisse, o castigo seria direcionado para Seu Pilar e não para Raimundo.

10 – O texto lido é uma narrativa e, como tal, caracteriza-se, entre outros elementos, pela ordem cronológica dos fatos que se desenrolam em ascensão até o clímax. No texto, o clímax se dá quando:

a) Raimundo mostra a Seu Pilar, pela primeira vez, a pratinha e lhe pergunta se ele (Seu Pilar) a quer para si.

b) Raimundo afirma que seu pai estava a olhá-los, fato que é comprovado por Seu Pilar.

c) Seu Pilar estende a mão para receber a pratinha e Raimundo nega-lhe a mesma com um sorriso amarelo.

d) Seu Pilar, mesmo em meio a um turbilhão de dúvidas, acaba por aceitar a moeda.

e) Seu Pilar passa a lição para Raimundo em um retalho de papel.

11 – “Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tarda.” “Sentia-se que este despendia um esforço cinco ou seis vezes maior para aprender um nada.” As passagens destacadas utilizam uma figura de linguagem para dizer que Raimundo tinha grandes dificuldades de aprendizagem. Assinale-a.

a) Ironia

b) Hipérbole

c) Eufemismo

d) Apóstrofe

e) Metáfora

12 – O traço do caráter humano tematizado pelo autor no texto é:

a) solidariedade.

b) dissimulação.

c) corrupção.

d) cobiça.

e) orgulho.

 

13 – “[...] falando-lhe baixo, com instância, que me dissesse o que era [...]” A locução adverbial sublinhada pode ser substituída, preservando-se o sentido do trecho e do texto, por:

a) sorrateiramente.

b) instantaneamente.

c) cautelosamente.

d) precipitadamente.

e) insistentemente.

 

14 – “[...] e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.” A oração destacada poderia ser desenvolvida, sem prejuízo para o sentido do trecho e do texto, da seguinte forma:

a) E que o Raimundo, visto que não o tinha aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.

b) E que o Raimundo, embora não o tenha aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.

c) E que o Raimundo, apesar de não o ter aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.

d) E que o Raimundo, que não o tinha aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.

e) E que o Raimundo, conquanto não o tivesse aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.

15 – Dentre as muitas lições de sintaxe, destaca-se a classificação dos termos na oração. Analise cada classificação indicada nos parênteses e assinale a resposta correta.

I. “Continuei inquieto [...]” (adjunto adverbial de modo)

II. “Era uma moeda do tempo do rei [...]” (sujeito simples)

III. “Em seguida propôs-me um negócio [...]” (objeto indireto)

IV. “[...] o medo de achar a minha vontade frouxa ou cansada [...]” (adjunto adnominal)

V. “Não conseguira reter nada do livro [...]” (sujeito indeterminado).

Estão CORRETAS, quanto à classificação dos termos destacados, as sentenças:

a) I e V

b) II e III

c) IV e V

d) I, III e IV

e) I, II e IV

 

16 – “Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a tempo [...]” O verbo destacado caracteriza-se como:

a) voz ativa.

b) tempo composto.

c) particípio composto.

d) voz passiva analítica.

e) infinitivo impessoal.

 

17 – Observe as declarações seguintes.

I. Propôs é oxítona acentuada graficamente por terminar em – o.

II. O verbo propôr é oxítona e recebe acento gráfico pela mesma razão que propôs.

III. Negócio é paroxítona acentuada graficamente por terminar em ditongo crescente.

IV. Negocío (verbo) também é paroxítona, porém a acentuação gráfica se justifica porque o – i é tônico e está em hiato com a vogal que o sucede.

V. Negocio (verbo) também é paroxítona, mas não recebe acento gráfico. São FALSAS, respectivamente, as declarações:

a) I e III

b) II e V

c) III e V

d) I e IV

e) II e IV.

 

18 – Assinale a alternativa que, completando a oração abaixo, apresenta coerência e correção gramatical.

Os coordenadores de cursos técnicos mencionaram que:

a) A medida que muitos formandos saem ao encalço de sua primeira experiência de trabalho, a região tem potencial de absolvê-los, pois ainda apresenta um mercado com carência de profissionais qualificados.

b) como muitos formandos saem ao encalsso de sua primeira esperiência de trabalho, a região tem potencial de absolvê-los, pois ainda apresenta um mercado com carênssia de proficionais qualificados.

c) muitos formandos estão saindo ao encalço de sua primeira experiência de trabalho, e a região tem potencial de absorvê-los porque apresenta ainda um mercado com carência de profissionais qualificados.

d) muitos formandos estão saindo ao encalsso de sua primeira experiência de trabalho, a região tem potencial de absolvê-los, pois ainda apresenta um mercado com carência de profisionais qualificados.

e) como muitos formandos saem ao encalço de sua primeira experiência de trabalho, a região, tem potencial de absorver-lhes, pois, ainda apresenta um mercado com carência de profissionais qualificados.

19 – “Raimundo recuou a mão e deu à boca um gesto amarelo que queria sorrir.”

        A alternativa em que o pronome destacado apresenta a mesma função sintática do termo destacado na oração anterior é:

a) “[...] mas deixava-me estar a recortar narizes no papel [...]”

b) “[...] recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.”

c) “_ De tarde, não, interrompeu-me ele; não pode ser de tarde.”

d) “[...] ensinar a lição, e não me demorei em fazê-lo [...]”

e) “Custa-me dizer que eu era dos mais adiantados da escola; mas era [...]”

 

20 – A transposição da passagem a seguir para o discurso indireto resulta no trecho apresentado na alternativa: “No fim de algum tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim. - Sabe o que tenho aqui?”

a) No fim de algum tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim e me perguntou se eu sabia o que ele tinha ali.

b) No fim de algum tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim e me perguntou se eu saberia o que ele tinha ali.

c) No fim de algum tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim e me perguntou se eu sabia o que ele teria ali.

d) No fim de algum tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim e me perguntou se saberia o que ele teria ali.

e) No fim de algum tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim e me perguntou se eu sabia o que ele tem ali.

 

21 – Observe:

I. “Os meninos que se conservavam de pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se.”

II. Os meninos, que se conservavam de pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se. Sobre a colocação da vírgula na sentença II, pode-se AFIRMAR que:

a) ela não estabelece nenhuma diferença de sentido entre as duas sentenças, porque antes de orações subordinadas adjetivas o seu emprego é facultativo.

b) instala-se uma diferença de sentido entre I e II, sendo que se depreende da sentença I que todos os alunos se conservavam de pé e da sentença II que apenas alguns estavam de pé e somente estes voltaram a sentar-se.

c) instala-se uma diferença de sentido entre I e II, depreendendo-se da sentença I que apenas os alunos que se conservavam de pé voltaram a sentar-se e da sentença II que todos estavam de pé e, portanto, todos voltaram a sentar-se.

d) ela não estabelece nenhuma diferença de sentido entre I e II, depreendendo-se de ambas que todos os alunos estavam de pé e que todos eles voltaram a sentar-se.

e) ela não estabelece nenhuma diferença de sentido entre I e II, apenas altera a classificação sintática da oração subordinada adjetiva “que se conservavam de pé durante a entrada dele”.

 

22 – “Se me tem pedido a cousa por favor, alcançá-la-ia do mesmo modo[...]”

A forma verbal destacada classifica-se como mesóclise.

Assinale a alternativa em que a mesóclise ocorre de acordo com a norma culta.

a) Integrá-las-eis.

b) Fa-los-ei.

c) Partí-las-as.

d) Ve-la-íamos.

(e) Po-la-ia.

 

23 – Assinale a frase em que o acento indicativo da crase foi MAL empregado.

a) O mestre chegou à mesma hora, pontualmente.

b) Encontrou-nos à saída da escola.

c) Um colega observava-nos à distância.

d) Veio-lhe à lembrança o olhar do mestre.

e) O mestre era severo, e todos ficavam à espera de um castigo.

 

 


1.Leia a seguinte passagem do “Conto de escola”, de Machado de Assis.
(…) E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das calças, que eu não daria a ninguém, nem que me serrassem; guardá-la-ia em casa, dizendo a mamãe que a tinha achado na rua. Para que me não fugisse, ia-a apalpando, roçando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tacto a inscrição, com uma grande vontade de espiá-la.
(Machado de Assis, “Várias histórias. Obra completa”, v. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p. 552-553).
a) Como o narrador personagem conseguiu a pratinha que estava em seu bolso?

b) Qual o destino final da pratinha?

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c) Nessa passagem, há uma oposição entre o espaço da rua (“Lá fora, no céu azul”) e o espaço em que acontece a ação, oposição que também comparece no início e no final do conto. Em que medida tal oposição contribui para caracterizar a personagem que narra?
RESPOSTA:

a) Por meio de uma aula particular que o narrador iria dar a Raimundo, filho do professor.

b) Num momento de raiva, o professor jogou a pratinha pela janela ao tomar conhecimento do acordo entre Pilar e Raimundo.

c) A rua é descrita como sedutora, cheia de liberdade, bem diferente do ambiente onde ocorre a ação do conto (lugar dominado pelo tédio e pela opressão). O narrador mostra sua preferência pela rua e, com isso, justifica seu caráter “gazeteiro”.

 2. U. Uberaba-MG Atente para a seguinte passagem do conto Conto de Escola, de Machado de Assis:

“Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor… Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma cousa: Rato na casaca… Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na praia de Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação;ORT THIS AD

mas o diabo do tambor…” Para Gostar de Ler. vol. 9. Contos, Ática.

Evidencia-se, nesta passagem, um procedimento típico da expressão deste autor, identificado pela:

a) fantasia. Machado não é um realista comum. Apesar de original e independente, procura seguir de modo servil as propostas do movimento literário a que pertence. Raimundo é, no conto, um personagem fascinado pelo tambor.

b) ironia. Machado faz sua personagem, após aprender dentro da sala de aula, lições de corrupção de delação, reconhecer o valor do tambor e, portanto, voltar para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma.

cembriaguez da alma. Machado constrói os personagens, reunindo seus pequenos gestos, seus mínimos pensamentos, suas contradições, revelando ao leitor, por esse processo detalhado, a segurança de quem sabe o que está fazendo.

d) metalinguagem. Machado escreve sobre a problemática da esperança e aborda um

personagem objetivo e racional. Em vez de valorizar a ação interior, desenvolve, como todo escritor realista, uma maior preocupação com a ação exterior.

3.Considere as afirmações a seguir, a respeito dos contos de Machado de Assis.
I. Em o “Alienista”, diante da rebelião contra a Casa Verde, Bacamarte explica com paciência ao povo os seus métodos e os desígnios da ciência, encerrando a polêmica.
II. Em “Conto de Escola”, o narrador, ao recordar o passado, contrasta a alegria das brincadeiras de rua com o castigo paterno e a opressão do ambiente escolar.
III. Em “Um Homem Célebre”, Pestana, já famoso por suas composições de sabor clássico, sonha em compor uma polca em homenagem aos liberais.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.


 

Questões de Múltipla Escolha

1.1. O que representa a moeda de prata no conto Conto de Escola de Machado de Assis?

 

a) A inocência da infância.

b) A corrupção e o suborno.

c) A solidariedade entre os amigos.

d) A busca por um aprendizado honesto.

Resposta: b) A corrupção e o suborno.

 

1.2. Quem é o personagem que denuncia Pilar e Raimundo para o mestre Policarpo?

 

a) Policarpo.

b) Pilar.

c) Curvelo.

d) Raimundo.

Resposta: c) Curvelo.

 

1.3. O que representa a figura do mestre Policarpo no conto?

 

a) A figura da liberdade educacional.

b) A crítica ao modelo de educação autoritária e punitiva.

c) A justiça social.

d) A figura de um amigo dos alunos.

Resposta: b) A crítica ao modelo de educação autoritária e punitiva.

 

2. Questões de Verdadeiro ou Falso

2.1. (V) ou (F): O conto Conto de Escola é uma crítica à sociedade brasileira da época, especialmente ao sistema educacional e à moralidade.

 

Resposta: (V) Verdadeiro.

 

2.2. (V) ou (F): O personagem Pilar é o único que percebe a corrupção e a delação no conto, mas decide não se envolver com isso.

 

Resposta: (F) Falso. Pilar se deixa envolver pela corrupção quando aceita a moeda de Raimundo.

 

2.3. (V) ou (F): A punição imposta pelo mestre Policarpo a Pilar e Raimundo foi uma forma de educá-los de maneira justa.

 

Resposta: (F) Falso. A punição foi severa e não visou o aprendizado, mas a repressão e a manutenção da autoridade.

 

3. Questões Discursivas

3.1. Explique o papel do personagem Curvelo no conto Conto de Escola. Como ele contribui para a crítica social presente na obra?

 

Resposta: Curvelo é o delator que denuncia Pilar e Raimundo ao mestre Policarpo, o que representa a falta de solidariedade e o egoísmo presente na sociedade. Sua atitude critica a falta de ética e o comportamento traiçoeiro que, muitas vezes, é incentivado em um ambiente competitivo, como a escola.

 

3.2. Qual é o significado da perda da moeda de prata para Pilar no contexto do conto Conto de Escola?

 

Resposta: A perda da moeda de prata simboliza a perda da inocência de Pilar, que se vê envolvido pela corrupção e pela pressão social. A moeda é a representação de como a criança, ao se deparar com a realidade adulta, perde parte da pureza e se envolve em práticas moralmente questionáveis.

 

4. Questões de Interpretação de Texto

4.1. Quando Pilar menciona o "diabo do tambor" ao final do conto, qual é a mensagem implícita dessa expressão no contexto da narrativa?

 

Resposta: A expressão "diabo do tambor" é uma metáfora que sugere a ironia e o pessimismo do autor. O som do tambor, que inicialmente parecia algo positivo, agora é associado à perda da moeda e à distração de Pilar. Isso simboliza a transformação da infância inocente em uma fase de desilusão com a realidade social e moral.

 

4.2. O que a atitude de Pilar ao seguir os fuzileiros e abandonar a busca pela moeda revela sobre o personagem?

 

Resposta: A atitude de Pilar reflete sua perda da inocência e a transição para uma compreensão mais complexa da realidade. Ao ser seduzido pela marcha militar e abandonar a busca pela moeda, Pilar demonstra que a criança, ao crescer, muitas vezes se distrai com outros interesses e abandona suas preocupações infantis e materiais, o que sugere uma crítica ao processo de socialização e perda da pureza na vida adulta.

 

5. Questões de Correspondência

5.1. Associe os personagens do conto às suas características principais:

 

(1) Pilar

(2) Raimundo

(3) Policarpo

(4) Curvelo

a) Representa a autoridade rígida e punitiva na educação.

b) É o delator que trai os amigos para obter vantagem.

c) Tem sua inocência confrontada pela corrupção e pela delação.

d) Sente-se pressionado pelo medo de seu pai e recorre à corrupção.

 

Resposta:

 

(1) c) Tem sua inocência confrontada pela corrupção e pela delação.

(2) d) Sente-se pressionado pelo medo de seu pai e recorre à corrupção.

(3) a) Representa a autoridade rígida e punitiva na educação.

(4) b) É o delator que trai os amigos para obter vantagem.

6. Questões de Análise Literária

6.1. Como o conto Conto de Escola reflete as críticas de Machado de Assis ao sistema educacional e à sociedade brasileira da época?

 

Resposta: Machado de Assis critica o sistema educacional autoritário e punitivo que, ao invés de formar cidadãos conscientes e éticos, perpetua a repressão e a violência. A escola é apresentada como um ambiente onde a disciplina é mais importante do que o aprendizado real, e onde a corrupção e a falta de ética já se manifestam desde a infância. Isso reflete uma crítica à sociedade brasileira, que estava marcada por desigualdades sociais, falta de educação moral e corrupção.

 

1. Questões de Múltipla Escolha

1.1. Qual o principal tema abordado no conto Conto de Escola de Machado de Assis?

 

a) A amizade entre crianças.

b) A perda da inocência e a corrupção.

c) A busca pela liberdade.

d) A revolta contra a autoridade dos professores.

Resposta: b) A perda da inocência e a corrupção.

 

1.2. O que a figura do mestre Policarpo representa no conto?

 

a) Um símbolo de sabedoria e compreensão.

b) A repressão, a disciplina rígida e a educação autoritária.

c) A generosidade e paciência no ensino.

d) A transformação da infância para a juventude.

Resposta: b) A repressão, a disciplina rígida e a educação autoritária.

 

1.3. A narrativa do conto Conto de Escola é contada sob a perspectiva de:

 

a) Policarpo, o mestre.

b) Curvelo, o delator.

c) Pilar, o aluno.

d) Raimundo, o filho do mestre.

Resposta: c) Pilar, o aluno.

 

2. Questões de Verdadeiro ou Falso

2.1. (V) ou (F): O conto Conto de Escola revela uma visão idealizada da educação brasileira do século XIX.

 

Resposta: (F) Falso. O conto faz uma crítica à educação autoritária e repressiva da época.

 

2.2. (V) ou (F): O final do conto Conto de Escola apresenta Pilar como alguém que aprendeu a lição e se torna uma pessoa mais ética.

 

Resposta: (F) Falso. Pilar, embora se distancie da busca pela moeda, não demonstra uma mudança significativa em seu caráter ético.

 

2.3. (V) ou (F): O conto Conto de Escola possui um final otimista, sugerindo que as crianças podem mudar a sociedade para melhor.

 

Resposta: (F) Falso. O final é mais pessimista, sugerindo que a corrupção está presente até mesmo na infância, não havendo garantia de um futuro melhor.

 

3. Questões Discursivas

3.1. De que maneira o autor utiliza o personagem Curvelo para criticar a sociedade brasileira no conto Conto de Escola?

 

Resposta: Curvelo é o delator que trai os colegas em troca de uma vantagem. Seu comportamento representa a hipocrisia e a falta de ética, comuns em uma sociedade marcada pela competição e pelo favorecimento, temas que Machado de Assis frequentemente critica em suas obras. A atitude de Curvelo revela também o egoísmo e o individualismo, presentes na cultura brasileira da época.

 

3.2. Qual o significado da relação entre Pilar e Raimundo no conto Conto de Escola? Como ela ilustra a crítica social de Machado de Assis?

 

Resposta: A relação entre Pilar e Raimundo reflete a corrupção precoce e o suborno, algo que já está presente na infância e é incentivado pelo medo de represálias, como o castigo de Policarpo. Raimundo, que tem medo do pai e da punição, recorre à corrupção, e Pilar se deixa corromper pela moeda. Essa relação é uma crítica à sociedade que não oferece alternativas éticas e justas para as crianças, sendo uma metáfora para a forma como a corrupção está inserida nas instituições e no cotidiano.

 

4. Questões de Interpretação de Texto

4.1. O que o autor busca evidenciar ao descrever Pilar como alguém que, após ser castigado, se esquece da moeda ao ver o som de um tambor no final da história?

 

Resposta: O som do tambor, que provoca em Pilar o desejo de seguir os fuzileiros, é uma metáfora para a distração e a mudança de valores à medida que se cresce. A perda da moeda representa a perda da inocência e a entrada em uma fase de maior desilusão com a vida. O tambor simboliza o chamado da vida adulta, com suas novas preocupações, que desviam Pilar da busca por um pequeno lucro, em uma crítica à forma como os valores sociais moldam o indivíduo.

 

4.2. O que o autor deseja transmitir com a crítica ao modelo educacional do século XIX, especialmente através da figura do mestre Policarpo?

 

Resposta: O mestre Policarpo é a representação da rígida e punitiva educação do século XIX, onde a autoridade era mantida por meio do medo e da repressão. Machado de Assis critica esse modelo educacional que, em vez de estimular o pensamento crítico e o aprendizado, busca manter os alunos sob controle por meio de castigos físicos e psicológicos. Isso reflete a crítica do autor à sociedade brasileira da época, que, segundo ele, também se baseava em princípios de autoritarismo e controle.

 

5. Questões de Correspondência

5.1. Associe os personagens do conto às características que os definem:

 

(1) Pilar

(2) Raimundo

(3) Policarpo

(4) Curvelo

a) Representa a criança que se deixa corromper por uma moeda para não sofrer represálias.

b) Personagem que denuncia seus colegas em busca de vantagens pessoais.

c) Mestre severo e autoritário que representa a educação tradicional.

d) Criança que reflete sobre a corrupção e se perde em suas inquietações infantis.

 

Resposta:

 

(1) d) Criança que reflete sobre a corrupção e se perde em suas inquietações infantis.

(2) a) Representa a criança que se deixa corromper por uma moeda para não sofrer represálias.

(3) c) Mestre severo e autoritário que representa a educação tradicional.

(4) b) Personagem que denuncia seus colegas em busca de vantagens pessoais.

6. Questões de Análise Literária

6.1. Como Machado de Assis utiliza a técnica de ironia no conto Conto de Escola?

 

Resposta: A ironia é utilizada por Machado de Assis para mostrar as contradições e o pessimismo nas situações narradas. Por exemplo, ao descrever a punição dos meninos, o autor usa a severidade do mestre Policarpo para mostrar o fracasso do sistema educacional, que ao invés de ensinar, apenas castiga. A ironia também aparece no fato de que Pilar, ao perder a moeda, se sente atraído pela marcha militar, como se estivesse abandonando uma preocupação infantil por uma nova preocupação adulta. Isso demonstra como a criança perde sua inocência e se deixa seduzir pelas normas sociais de forma irônica.

 

6.2. Quais são as implicações sociais e políticas da corrupção apresentada no conto Conto de Escola?

 

Resposta: A corrupção no conto reflete uma crítica profunda à sociedade brasileira da época, onde as relações sociais e políticas eram frequentemente baseadas em favores, subornos e interesses pessoais. Ao mostrar crianças já envolvidas em práticas corruptas, Machado de Assis sugere que a corrupção começa cedo, sendo uma característica de uma sociedade que não valoriza a moralidade e a ética, e que, por isso, as gerações futuras tendem a perpetuar esse ciclo.


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