Sua infância foi difícil, marcada pela pobreza e pela doença, que lhe deixou sequelas físicas (ele teve dificuldades de locomoção por grande parte da vida). A escola pública da época não oferecia muitas oportunidades, mas, ainda assim, ele se dedicou ao aprendizado autodidata, lendo livros e aprimorando seu conhecimento, particularmente em áreas como a língua portuguesa, filosofia e literatura.
Machado iniciou sua carreira literária como poeta, mas sua obra mais importante se deu nas áreas do romance, crônica e ensaio. Sua obra abrange diversos estilos e períodos, passando pelo Romantismo, Realismo e Naturalismo, e suas críticas sociais e psicológicas sobre a sociedade brasileira se tornaram fundamentais para a compreensão do Brasil daquela época. Sua obra reflete uma aguda observação da realidade social, com ênfase nas classes médias e altas, além de uma visão crítica sobre as instituições da sociedade brasileira.
Entre suas principais obras, destacam-se Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Dom Casmurro (1899), Quincas Borba (1891), e O Primo Basílio (1878).
"Casa Velha" foi escrita por Machado de Assis em 1885. A obra foi publicada inicialmente de forma seriada no Jornal do Comércio, no Rio de Janeiro. Este período está situado no contexto do final do Romantismo e início do Realismo na literatura brasileira, movimento no qual Machado de Assis se destacaria com obras como "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) e "Dom Casmurro" (1899). "Casa Velha" ainda apresenta características do Romantismo, mas já reflete os aspectos críticos e realistas que marcaram a fase posterior da sua carreira literária.
Destaque na obra "Casa Velha"
A obra "Casa Velha" foi escrita por Machado de Assis em 1885, sendo um dos exemplos mais interessantes de suas primeiras incursões no realismo e no romance de crítica social. Embora não seja uma de suas obras mais célebres, "Casa Velha" é importante para a compreensão da evolução literária de Machado e de seus temas recorrentes, como a crítica à sociedade carioca, os jogos de poder e as relações familiares.
II- Enredo de "Casa Velha"
A narrativa gira em torno de uma família que vive em uma casa antiga e decadente, que simboliza as mudanças sociais e familiares que ocorrem ao longo do tempo. A obra descreve a convivência de uma série de personagens que, em muitos aspectos, representam a sociedade brasileira da época. As personagens são imersas em questões como a herança, a moralidade, os interesses pessoais, e o peso do passado, o que reflete as inquietações da sociedade no pós-abolição da escravatura.
O romance é uma reflexão sobre a vida burguesa e as relações familiares, onde os protagonistas enfrentam dilemas relacionados à herança, à moral e aos interesses familiares. A "casa velha" pode ser vista como uma metáfora para o país, que passa por transformações e adaptações sociais e culturais, mas ainda carrega o peso do passado colonial e escravista.
O enredo de Casa Velha, de Machado de Assis, gira em torno dos conflitos familiares, segredos e tensões sociais que se desenrolam em uma tradicional casa no Rio de Janeiro. Narrado em primeira pessoa pelo padre Lopes, o romance acompanha a dinâmica complexa da família Menezes, em especial Dona Maria, uma matriarca rígida e apegada às convenções sociais; seu filho Félix, jovem advogado de personalidade intrigante; e Nina, uma jovem que desperta uma paixão intensa e proibida em Félix, pois se acredita ser sua meia-irmã.
O enredo é construído em torno da relação entre Félix e Nina, que, embora seja alimentada por sentimentos intensos, se vê confrontada com o temor e o segredo sobre um possível laço sanguíneo entre os dois. O padre Lopes, confidente de Dona Maria, é quem carrega o peso desse segredo e busca preservar a reputação da família, mantendo ao mesmo tempo a ordem social da época. No entanto, ao acompanhar a aproximação dos jovens, ele se vê envolvido em uma trama de tensão e dilemas morais, típicos do Realismo de Machado, que procura explorar a hipocrisia das convenções e a complexidade dos desejos humanos.
À medida que a narrativa avança, o romance entre Félix e Nina se torna o centro de uma tensão que coloca em cheque a estabilidade familiar. A descoberta da verdade sobre a paternidade de Félix acaba por gerar uma crise dentro da casa, com impacto direto no futuro dos personagens e de suas relações. A obra não se limita a descrever o romance proibido, mas aprofunda-se nas motivações e dilemas internos dos personagens, desvendando as nuances e contradições de cada um, bem como as pressões da sociedade da época.
O título Casa Velha não se refere apenas ao cenário físico, mas também à estrutura moral e psicológica em decadência que caracteriza a família Menezes. A casa, como metáfora, representa a ruína dos valores tradicionais e a resistência às mudanças inevitáveis do tempo e da modernidade.
A obra termina sem um desfecho convencional, mantendo o tom realista de uma sociedade onde os dilemas e as fraquezas humanas muitas vezes permanecem sem resolução. Machado de Assis deixa ao leitor a tarefa de interpretar as escolhas dos personagens, o peso dos segredos mantidos e os custos emocionais de uma sociedade baseada em aparências e hierarquias inflexíveis.
III-Aspectos Importantes de "Casa Velha"
Crítica social: Em "Casa Velha", Machado de Assis faz uma análise crítica das relações de poder e dos interesses materiais que moldam a sociedade, especialmente no que diz respeito às questões da herança e das relações familiares.
Reflexões sobre a moralidade: A obra discute a moralidade e o impacto das escolhas pessoais sobre os outros. As personagens enfrentam dilemas em relação aos seus desejos e comportamentos, que são constantemente confrontados com os valores sociais e familiares.
Decadência e mudança: A casa velha é uma metáfora para a decadência das velhas instituições sociais e familiares, que estão sendo confrontadas por uma nova ordem social, na qual a escravidão foi abolida e novos valores estão emergindo.
Estilo de escrita: A obra possui uma prosa mais direta e menos inovadora do que os grandes romances realistas de Machado de Assis, mas ainda assim reflete suas preocupações com a psicologia das personagens e a crítica social. O estilo é marcado pela ironia e pela observação aguda das relações humanas.
Conclusão
"Casa Velha" é uma obra que, embora menor em comparação com os grandes clássicos de Machado de Assis, apresenta muitas das características que marcaram sua produção literária. Através dessa obra, o autor começa a refinar a crítica social que seria uma marca registrada de sua carreira. A decadência das estruturas familiares e a busca pelo poder, simbolizadas pela casa que apodrece com o tempo, revelam uma sociedade em transição, marcada pela hipocrisia, coragem moral e confusão de valores. É uma peça que antecede o apogeu de sua produção realista e nos prepara para as análises mais profundas e complexas que viriam em seus romances mais famosos.
IV- CONTEXTO HISTÓRICO, LITERÁRIO E POLÍTICO
- Período Literário: Romantismo (início) e transição para o Realismo.
- Contexto Social: A obra é escrita em um momento de transformação social e política no Brasil, em pleno Império, abordando a realidade de uma sociedade marcada pela escravidão e pelas tensões políticas e econômicas.
A obra Casa Velha, de Machado de Assis, é uma das mais importantes produções literárias do autor, situada no contexto de transição entre o Romantismo e o Realismo no Brasil. Escrita no final do século XIX, ela reflete as transformações sociais, políticas e culturais da época, evidenciando os conflitos de uma sociedade carioca em busca de uma identidade moderna. O momento histórico de transição entre os dois períodos literários é fundamental para compreender a crítica social e a complexidade das personagens, características que se tornariam marcas da literatura realista.
No Romantismo, a literatura brasileira buscava uma idealização das figuras nacionais e das emoções, mas a transição para o Realismo exigiu uma abordagem mais crítica e focada na análise da realidade. Em Casa Velha, Machado de Assis utiliza as estruturas narrativas do Romantismo, como o foco no psicológico das personagens e no drama pessoal, mas já com um olhar atento à crítica das convenções sociais e ao questionamento das normas estabelecidas. A obra apresenta uma crítica ao sentimentalismo e à idealização que marcaram o período romântico, transitando para a objetividade e o realismo ao abordar questões como a hipocrisia social e as relações familiares disfuncionais.
A narrativa de Casa Velha é construída com a utilização de ironias, uma marca que Machado de Assis viria a explorar com mais intensidade em suas obras realistas. A ironia em Casa Velha serve para expor a falsidade das aparências e a fragilidade dos valores sociais. Ao contar a história de personagens como Américo, Dona Evarista e Dona Carolina, a obra revela as complexidades e os dilemas internos de pessoas que buscam se encaixar em uma sociedade repleta de conflitos e contradições. Embora a narrativa ainda conserve elementos do Romantismo, como a ênfase nos aspectos emocionais dos personagens, a crítica à moralidade e às relações familiares reflete já um tom mais realista.
Além da ironia, outro elemento significativo presente na obra é a forma como o autor trabalha a psicologia das personagens. A análise profunda das suas relações e das suas motivações internas são características que aproximam Casa Velha do Realismo. As personagens de Machado não são mais idealizadas, mas sim apresentadas com suas fraquezas, medos e conflitos. A obra se distancia do maniqueísmo do Romantismo e apresenta figuras mais humanas e contraditórias, sem claros heróis ou vilões, refletindo uma visão mais crítica e realista da sociedade.
Portanto, Casa Velha é uma obra que reflete a transição entre o Romantismo e o Realismo, com um olhar atento às transformações sociais e à crise de valores da época. Enquanto o Romantismo brasileiro ainda exalta o subjetivismo e a busca pela emoção pura, Machado de Assis, em Casa Velha, já esboça uma crítica à superficialidade dessas emoções, evidenciando os dilemas e as falhas das personagens em um contexto de transformação social. Dessa forma, a obra serve como um marco na evolução da literatura brasileira, antecipando os principais elementos do Realismo que seriam plenamente desenvolvidos nas obras posteriores do autor.
CONTEXTO POLÍTICO
A obra Casa Velha foi escrita por Machado de Assis entre o final do século XIX e o início do século XX, período marcado por profundas transformações políticas, econômicas e sociais no Brasil. O país passava pela transição do Império para a República (1889) e pela abolição da escravatura (1888), o que gerava muitas tensões e incertezas. A monarquia, que havia governado o país por décadas, estava em declínio, e havia um crescente desejo por mudanças nas estruturas sociais, políticas e econômicas. Esse cenário de transição é o pano de fundo que influenciou o desenvolvimento de Casa Velha, embora a obra não trate diretamente de eventos políticos específicos.
Machado de Assis utilizou Casa Velha para capturar a realidade social da elite carioca, especialmente suas relações familiares e os valores tradicionais que estavam sendo contestados. A aristocracia, que dominava a sociedade brasileira na época, tentava manter suas estruturas e privilégios, mesmo em meio às transformações sociais. O romance é ambientado dentro de uma casa, que simboliza tanto a estabilidade quanto a decadência dessa elite diante de um novo Brasil que emergia com a modernização e a crescente urbanização.
A obra também reflete, em um nível mais profundo, a hipocrisia e o conservadorismo da sociedade, que se revelam através da moralidade rígida e da preocupação com a reputação e as aparências, temas centrais para Machado de Assis. Embora o autor seja sutil e indireto ao tratar das mudanças políticas, sua crítica social e os dilemas de seus personagens refletem o conflito entre os valores tradicionais e as novas ideias que começavam a influenciar a sociedade.
Portanto, o contexto político de Casa Velha é de uma sociedade em transição, que enfrenta a ruptura com o passado e o surgimento de novos ideais e desafios. Machado de Assis, com sua ironia e visão aguçada da psicologia humana, retrata os conflitos internos e as contradições dos personagens como reflexo da própria sociedade carioca, que se via dividida entre a manutenção das tradições e a necessidade de adaptação a um novo tempo.
V- CARACTERÍSTICAS DA OBRA
- Estilo: A obra de Machado de Assis nessa fase começa a apresentar elementos de crítica social, que virão a se aprofundar no período realista. "Casa Velha" é um exemplo claro de uma crítica sutil à sociedade da época.
- Narrador: Em "Casa Velha", a narrativa é em primeira pessoa, o que permite ao leitor acessar os sentimentos e reflexões do protagonista. A narrativa é caracterizada pela ironia e pelo tom de crítica social, o que é uma marca da escrita machadiana.
- Casa Velha é narrada em primeira pessoa. A história é contada pelo padre Nogueira, que é um personagem-observador da trama e apresenta sua perspectiva sobre os acontecimentos na casa do conselheiro. Como narrador em primeira pessoa, o padre fornece um relato subjetivo e parcial dos eventos, permitindo ao leitor acessar não apenas as suas observações, mas também suas reflexões e interpretações sobre as interações entre os personagens e as questões sociais e familiares abordadas no enredo.
Essa escolha narrativa é uma característica recorrente na obra de Machado de Assis e contribui para a construção do tom irônico e da crítica social presente na obra. A narração em primeira pessoa, contudo, vem acompanhada de limitações, pois Nogueira não conhece todos os detalhes da vida dos personagens e, muitas vezes, sua visão é incompleta ou enviesada. Isso envolve o leitor na tarefa de interpretar e avaliar a confiabilidade do narrador, um recurso típico de Machado para enriquecer a complexidade da trama e das relações entre os personagens
Na obra de Machado de Assis, o narrador desempenha um papel fundamental, especialmente em Casa Velha, onde a voz narrativa é utilizada para criar uma perspectiva intimista, reveladora e, ao mesmo tempo, distanciada da trama e dos personagens. Em Casa Velha, o narrador é um padre, chamado Nogueira, que observa e relata os eventos que ocorrem na casa do conselheiro Aires. Nogueira é uma testemunha parcial, próxima dos acontecimentos, mas, ao mesmo tempo, limitada em suas percepções e conhecimentos, o que gera nuances e camadas de interpretação.
Como narrador observador e participante, o padre Nogueira descreve o cotidiano e as interações dos membros da família com um olhar que mistura distanciamento e julgamento sutil. Sua formação religiosa e sua posição na sociedade influenciam sua interpretação dos fatos e dos comportamentos, especialmente no que diz respeito às questões morais e sociais. No entanto, como em muitas obras de Machado, o narrador é também pouco confiável: ele revela e oculta informações, permitindo que o leitor faça suas próprias interpretações e conclua sobre as intenções e os dilemas dos personagens.
A narração de Nogueira, carregada de subjetividade e de uma aparente neutralidade, é um exemplo clássico do estilo machadiano, que valoriza a ironia e a ambiguidade. Essa escolha narrativa permite que Machado critique, de forma indireta, as convenções e valores da sociedade carioca da época, expondo seus vícios e contradições por meio de um narrador que, ainda que inserido no contexto social, parece estar à margem das vivências e conflitos íntimos que relata.
Portanto, o narrador em Casa Velha é mais do que apenas um relator de fatos; ele é um personagem que, com suas limitações e julgamentos, contribui para o desenvolvimento da ironia machadiana e para o aprofundamento das reflexões sobre a sociedade, as relações familiares e as hipocrisias sociais do período. Essa estrutura permite a Machado de Assis não apenas contar uma história, mas também provocar uma reflexão crítica sobre a natureza humana e os valores da época.
VI- Principais Temas
- Conflito geracional: Um dos principais temas da obra é o conflito entre a geração mais velha e a mais nova, representado pela relação entre o personagem principal e a sua avó. Esse conflito também reflete a dificuldade de adaptação aos novos tempos e à mudança dos valores sociais.
- Crítica à sociedade e à hipocrisia: O autor faz uma crítica à sociedade carioca da época, explorando temas como a moralidade, a decadência da família e as aparências. A obra também explora as tensões entre as gerações e os valores de uma sociedade em transformação.
- O tempo e a memória: A presença do "passado" e da "memória" como elementos que influenciam as ações dos personagens é crucial na obra. Isso está diretamente relacionado com a reflexão sobre as tradições e as mudanças sociais.
Em Casa Velha, uma das primeiras obras de Machado de Assis, surgem três temas principais que se destacam, refletindo as transformações da sociedade brasileira do século XIX, além das tensões internas dos personagens. Esses temas são:
A Hipocrisia Social e as Aparências
Um dos temas mais evidentes na obra é a crítica à hipocrisia social, um dos pilares do Realismo machadiano. Os personagens de Casa Velha estão constantemente envolvidos em relações pautadas por aparências e normas sociais que escondem as verdadeiras motivações e sentimentos. A sociedade carioca do século XIX é retratada como superficial e cheia de falsos moralismos, onde as pessoas se preocupam mais com o que os outros pensam do que com a verdade e com os sentimentos reais.
Exemplo disso é a própria figura de Dona Carolina, uma mulher que representa a classe social alta, que se submete às convenções da sociedade e age com base nas expectativas dos outros, sem refletir sobre suas verdadeiras emoções e desejos. Esse tipo de comportamento é intensamente explorado por Machado, revelando o contraste entre o que as personagens dizem ser e o que realmente são. A obra põe em xeque essa busca pela aparência, questionando o valor atribuído a normas sociais que, muitas vezes, estão distantes da verdadeira moralidade e da sinceridade.
Os Conflitos Familiares e a Desagregação do Lar
Outro tema central de Casa Velha é o conflito familiar e a desagregação do núcleo familiar. As relações entre os membros da família são complicadas, marcadas por ressentimentos, traições e disputas de poder. O protagonista, Américo, é um exemplo clássico de uma personagem que lida com o peso das expectativas familiares e da pressão para cumprir com os deveres sociais impostos pela sociedade patriarcal da época.
Em Casa Velha, as famílias são retratadas como espaços de tensão, onde os personagens buscam poder e status, muitas vezes às custas de relações genuínas. As intrigas, o egoísmo e as escolhas baseadas em convenções sociais causam desentendimentos, e o "lar", que deveria ser um ambiente de acolhimento e harmonia, se torna um cenário de conflitos e angústias, refletindo a fragilidade das relações humanas. A obra expõe como a busca pelo status social e a preservação das aparências prejudicam a intimidade e a verdadeira união familiar.
A Melancolia e a Reflexão sobre o Passado
A melancolia, o lamento e a reflexão sobre o passado também são temas que permeiam Casa Velha. A própria casa, como o título sugere, é um símbolo da memória e da passagem do tempo, representando não apenas a decadência física da estrutura, mas também a deterioração das relações e dos valores de uma geração anterior. O desejo de reviver ou reconstruir um passado melhor é um tema recorrente, mas a obra mostra que esse retorno é impossível ou, ao menos, ilusório.
Os personagens frequentemente se veem presos ao peso de suas histórias passadas e ao impacto que essas experiências tiveram em suas vidas e decisões. A nostalgia por um tempo que não pode ser recuperado se mistura com a amargura de reconhecer que as promessas e esperanças do passado não se concretizaram da forma esperada. Esse tema é explorado com ironia, pois, embora os personagens busquem a felicidade em reviver o passado, o autor nos mostra que é impossível escapar dos erros e das falhas que marcam as trajetórias individuais e coletivas.
Conclusão
Esses três temas—hipocrisia social, conflitos familiares e a reflexão melancólica sobre o passado—são fundamentais para entender Casa Velha. Eles não apenas ajudam a criar um retrato crítico da sociedade brasileira do século XIX, como também abrem caminho para as questões que Machado de Assis aprofundaria em suas obras mais maduras, caracterizadas pelo Realismo. Casa Velha não só faz uma crítica às convenções sociais e aos valores de seu tempo, mas também analisa a psicologia dos indivíduos que tentam se adaptar a esses valores, revelando as falhas, os dilemas e as contradições de cada um.
VII- Análise dos Personagens
- A protagonista de "Casa Velha" é uma personagem que representa a nova geração, buscando se afastar das limitações da casa tradicional e do peso das convenções sociais. Em contraste, a avó representa as tradições e valores antigos, que são questionados ao longo da obra.
A análise aprofundada dos personagens de "Casa Velha" de Machado de Assis envolve o estudo tanto das características físicas quanto psicológicas das figuras centrais da obra, o que proporciona uma compreensão mais ampla da crítica social e da complexidade de seus personagens. Vamos analisar o protagonista e as personagens secundárias com esse olhar detalhado:
1. Personagem Principal: O Protagonista (Joaquim)
Características Físicas:
- Descrição física indireta: Em "Casa Velha", Machado de Assis não descreve fisicamente os personagens de maneira detalhada, algo que é mais característico de outros romances. O foco está em suas ações e atitudes. A descrição física do protagonista Joaquim é minimizada para dar lugar à psicologia e ao simbolismo de sua luta interna e com a sociedade.
Características Psicológicas:
- Ambiguidade e Contradições: Joaquim, o protagonista, é um jovem que se encontra em um momento de transição, entre a velhice e a juventude, representando a nova geração. Sua luta interna reflete o conflito geracional que é central na obra. Ele é um personagem ambíguo, que ao mesmo tempo tenta se libertar das imposições familiares e sociais, mas não consegue se desvencilhar completamente dos valores e tradições da casa antiga, da casa "velha".
- Desejo de Independência: Joaquim busca independência, mas esse desejo entra em conflito com seu papel como filho e o dever de cuidar da avó. Isso reflete a tensão entre o egoísmo jovem e o dever de preservação familiar.
- Sentimento de Frustração e Inadequação: Ele se vê preso entre os dois mundos, o velho e o novo. Sua frustração não se limita apenas à casa em que mora, mas também ao fato de estar sendo constantemente controlado pela avó e pela moralidade da sociedade da época.
2. Personagem Secundária: A Avó (Dona Evarista)
Características Físicas:
- Idade Avançada: Dona Evarista é uma mulher idosa, o que é um indicativo de sua fragilidade e da sua posição no ciclo da vida, simbolizando a velhice e a tradição.
- Aspecto de autoridade e controle: Sua aparência transmite poder e controle, com uma postura rígida, reforçando sua posição de matriarca da família. Apesar da idade avançada, ela ainda exerce forte influência sobre a casa e seus moradores.
Características Psicológicas:
- Conservadora e Tradicionalista: Dona Evarista é o símbolo da velha geração, presa às tradições e aos valores do passado. Ela representa a moralidade da sociedade da época, sendo extremamente rígida com os filhos e os demais membros da família.
- Controle e Autoritarismo: A avó exerce um controle excessivo sobre a vida de Joaquim. Ela não apenas cuida dele, mas impõe-lhe regras que limitam sua liberdade e seu crescimento. Dona Evarista reflete a figura de autoridade que representa o passado, muitas vezes cruel ou ultrapassada.
- Sensação de Impotência: Embora domine a casa, Dona Evarista também sente a pressão do tempo e da mudança. Ela teme a morte e, ao tentar manter tudo como sempre foi, acaba se tornando mais rígida e incapaz de lidar com a transformação de seus familiares.
3. Personagem Secundária: A Esposa de Joaquim (Maria)
Características Físicas:
- Beleza Idealizada: A esposa de Joaquim, Maria, é retratada como uma mulher jovem e bonita, com traços delicados que atraem a atenção de todos, incluindo o próprio Joaquim. Ela representa a juventude, a beleza e a vitalidade que contrastam com a figura da avó, envelhecida e tradicional.
Características Psicológicas:
- Desejo de Liberdade e Independência: Maria, assim como Joaquim, deseja se libertar das amarras das convenções familiares e sociais. Seu desejo de casar-se com Joaquim é, em parte, uma tentativa de escapar das restrições impostas por sua própria família.
- Conflito Interno: Ela se vê em um dilema entre cumprir seu papel de esposa e as expectativas que a sociedade tem sobre ela, e a necessidade de encontrar um espaço próprio dentro dessa estrutura familiar rígida.
4. Personagem Secundária: O Tio (José)
Características Físicas:
- Homem de meia-idade: José é descrito como um homem já na faixa da meia-idade, que tem uma posição intermediária entre a velhice representada pela avó e a juventude de Joaquim. Sua presença na casa também simboliza a continuidade da tradição familiar, mas ele já está afastado das responsabilidades que recaem sobre Joaquim.
Características Psicológicas:
- Apoio a Joaquim: José representa uma figura que, embora menos autoritária que a avó, ainda é presa às convenções. Ele busca conciliar o dever para com a família e as necessidades pessoais.
- Cauteloso e Prudente: Embora não exerça a mesma autoridade de Dona Evarista, José representa a figura do homem que procura equilibrar as tensões familiares. Ele não toma muitas atitudes decisivas e prefere manter a paz na casa, sendo menos envolvido nos conflitos.
5. A Casa (Elemento Simbólico)
Embora a casa em si não seja uma personagem física, ela tem grande importância simbólica. A "Casa Velha" representa:
- O passado e a tradição: A casa simboliza a rígida estrutura familiar e os valores que foram passados de geração em geração. Ela é imponente, antiquada e, ao mesmo tempo, um lugar de apego emocional.
- Conflito e resistência: A casa também simboliza a resistência à mudança. Ela serve como um obstáculo para Joaquim, que deseja liberdade, mas é constantemente confrontado pela memória e pela presença do velho.
Conclusão:
Em "Casa Velha", as personagens principais, como Joaquim e Dona Evarista, bem como as secundárias, como Maria e José, são desenvolvidas com profundidade psicológica, refletindo as tensões de uma sociedade em transformação. Cada um desses personagens representa uma faceta da luta entre o passado e o futuro, o velho e o novo, com características físicas e psicológicas que refletem suas respectivas posições no enredo. Machado de Assis cria personagens complexos, cujas ações e pensamentos geram uma reflexão crítica sobre a sociedade da época e sobre os dilemas humanos universais.
VIII- Aspectos de Realismo
- Embora "Casa Velha" seja uma obra ainda vinculada ao romantismo, é possível notar elementos do Realismo, como a crítica à moralidade da sociedade, a falta de heroísmo nas personagens e o tratamento das questões sociais de forma mais crítica e mais próxima da realidade.
1. Objetividade e Descrição Detalhada
Características: O Realismo busca retratar a realidade de forma objetiva, sem as idealizações do Romantismo. Em "Casa Velha", Machado de Assis descreve os personagens e a sociedade de maneira pragmática, explorando aspectos negativos e contraditórios das relações humanas. A obra não procura embelezar os conflitos, mas expô-los tal como são.
Exemplo em "Casa Velha": O autor descreve o ambiente de uma casa tradicional, que é um microcosmo da sociedade carioca da época, com um foco na deterioração das relações familiares, no envelhecimento da tradição e na rigidez da moralidade imposta pela figura da avó.
2. Crítica Social
Características: O Realismo é marcado pela crítica à sociedade e suas instituições, como a família, a religião e o Estado. Em "Casa Velha", há uma análise da sociedade burguesa, com suas normas rígidas e hipocrisia, além da representação de valores antiquados que são passados de geração em geração.
Exemplo em "Casa Velha": A figura da avó, Dona Evarista, representa a moralidade e a ordem tradicional, mas também é um reflexo das contradições da sociedade de então, que impõe a obediência, enquanto os mais jovens buscam a liberdade e a renovação. A crítica à falta de independência do protagonista, Joaquim, dentro da casa e da sociedade, também é evidente.
3. Personagens Complexos e Psicologia Realista
Características: Os personagens do Realismo são caracterizados por uma análise psicológica profunda. Em "Casa Velha", Machado de Assis explora as motivações, os desejos e os conflitos internos das personagens, mostrando suas contradições e a influência do meio social sobre elas.
Exemplo em "Casa Velha": Joaquim, o protagonista, é um personagem ambíguo e complexo, preso entre a necessidade de seguir os passos da tradição e o desejo de se libertar das amarras familiares e sociais. Ele vive um dilema psicológico entre ser o jovem moderno que busca independência e o filho que precisa honrar a moral rígida imposta pela avó.
4. Valorização da Razão sobre o Sentimento
Características: O Realismo busca uma maior racionalidade nas suas construções, diferentemente do Romantismo, que era focado nas emoções e nos sentimentos exagerados. Em "Casa Velha", os personagens e suas ações são mais racionais, com foco na lógica e no comportamento motivado por questões sociais e familiares.
Exemplo em "Casa Velha": O comportamento de Dona Evarista e de outros membros da família está profundamente atrelado à razão e à manutenção da ordem social. A racionalidade da avó ao impor normas rígidas reflete o controle emocional e a objetividade do comportamento, visando preservar as convenções e evitar conflitos. A decisão de Joaquim de tentar se libertar, embora também racional, é cercada de dúvidas e ambivalências, uma vez que ele não consegue escapar da influência da velha tradição.
5. Contexto Histórico e Social
Características: O Realismo procura situar suas narrativas no contexto social, político e econômico do momento. Em "Casa Velha", a obra reflete as tensões de uma sociedade que estava começando a se modernizar, com a transição do Brasil para a República e o fim da escravidão, e como isso impactava as relações de poder dentro das famílias e nas estruturas sociais.
Exemplo em "Casa Velha": O enredo se passa em uma casa burguesa, simbolizando o peso da tradição familiar e a resistência ao novo. A obra reflete as tensões de uma sociedade que ainda preserva valores aristocráticos, como a autoridade da figura paterna e a rigidez nas relações familiares. A avó representa a figura de um Brasil arcaico e conservador, em contraste com as aspirações mais modernas de Joaquim.
6. Determinismo Social
Características: O Realismo também é caracterizado pela ideia de determinismo, onde o ambiente e as condições sociais de uma pessoa moldam profundamente suas escolhas e destino. Embora não seja de forma tão explícita, esse aspecto é percebido nas limitações impostas pelas normas sociais e familiares em "Casa Velha".
Exemplo em "Casa Velha": Joaquim, mesmo desejando se libertar e seguir sua vida de maneira mais independente, é fortemente influenciado pela casa, pelas normas de sua avó e pela sociedade. A obra sugere que as estruturas sociais e familiares, muitas vezes, aprisionam o indivíduo, limitando suas escolhas e liberdade.
7. Ironia e Humor
Características: O Realismo muitas vezes usa a ironia e o humor para expor as falhas e contradições das personagens e da sociedade. Machado de Assis é mestre na utilização da ironia, frequentemente utilizando-a para criticar comportamentos e valores sociais.
Exemplo em "Casa Velha": A ironia é visível na forma como Machado de Assis descreve as ações da avó e dos outros personagens. Dona Evarista, ao tentar controlar todos ao seu redor, parece ser uma figura que representa a moralidade, mas, ao mesmo tempo, suas ações geram conflitos e limitam o crescimento de outros, como o próprio Joaquim.
8. Rejeição ao Sentimentalismo
Características: No Realismo, há uma clara rejeição ao sentimentalismo excessivo, comum no Romantismo. As relações familiares e sociais em "Casa Velha" são descritas de forma direta, sem a idealização das emoções.
Exemplo em "Casa Velha": As relações familiares são distantes e, muitas vezes, frias. Joaquim sente um amor conflitante pela avó, mas não deixa de estar emocionalmente preso a ela, o que indica a complexidade das relações humanas e a falta de uma idealização romântica da família.
Conclusão:
"Casa Velha" reflete as principais características do Realismo, como a crítica social, a análise psicológica das personagens, o foco na objetividade e a crítica à moralidade e às instituições sociais. A obra, com suas tensões entre as gerações, a luta entre a tradição e a modernidade e o determinismo social, exemplifica a busca de Machado de Assis por retratar a sociedade de maneira complexa, com todas as suas contradições e falhas
Conclusão: o foco em "Casa Velha" geralmente recai sobre a análise crítica do contexto social e das relações familiares. A obra deve ser vista dentro do contexto da transição do Romantismo para o Realismo e o modo como Machado de Assis antecipa as questões que seriam mais exploradas em suas obras realistas.
Como Machado de Assis usa a ironia para criticar as convenções sociais e como ele trabalha os personagens em seus dilemas internos e em suas relações com os outros. A complexidade das relações familiares e o olhar crítico sobre a sociedade carioca do século XIX .Na obra "Casa Velha", Machado de Assis utiliza a ironia de forma estratégica para criticar as convenções sociais, especialmente as da sociedade carioca do século XIX. Através de uma narrativa marcada pela sutileza e pela crítica velada, ele revela as contradições e hipocrisias das relações familiares e sociais, especialmente no que diz respeito ao poder, à moralidade e à autoridade. Ao mesmo tempo, ele trabalha os dilemas internos das personagens, principalmente o protagonista, Joaquim, e suas relações com os outros membros da família, em especial a avó Dona Evarista.
1. Uso da Ironia para Criticar as Convenções Sociais
A ironia em "Casa Velha" é uma ferramenta fundamental que Machado de Assis usa para desconstruir os valores da sociedade carioca da época. Dona Evarista, a avó de Joaquim, é uma figura que encarna a moral rígida e os valores conservadores da família tradicional. Ela se vê como a representante da moralidade e da ordem, mas, através da ironia, Machado de Assis mostra que suas atitudes e seus esforços para controlar a vida dos outros acabam gerando conflitos e criando um ambiente de repressão emocional e social.
Exemplo de ironia: Dona Evarista, ao tentar manter a ordem e os bons costumes em sua casa, acaba causando mais sofrimento e mal-estar em sua família. Sua obsessão pelo controle das ações de seus netos e a imposição de regras rígidas acabam aprisionando-os, especialmente Joaquim, que se vê incapaz de seguir seus próprios desejos e anseios. Ao mesmo tempo, a postura rígida da avó é retratada de forma que provoca o riso do leitor, que percebe as falhas de sua atitude.
A crítica irônica está no fato de que, embora Dona Evarista se considere uma guardião da moral, suas atitudes, em vez de trazerem harmonia e equilíbrio, contribuem para o isolamento e o sofrimento dos membros da sua família. Machado de Assis, portanto, faz uma crítica à moralidade tradicional, mostrando como ela pode ser opressiva e geradora de conflitos, em vez de ser uma fonte de bem-estar.
2. Dilemas Internos das Personagens
O protagonista, Joaquim, é o personagem que mais exemplifica o dilema interno em "Casa Velha". Ele vive preso entre a tradição familiar representada pela avó e sua vontade de se libertar das amarras que a casa e seus valores impõem. Joaquim quer se afirmar como indivíduo, mas se sente culpado por desejar a independência, especialmente em relação à figura da avó, que exige dele obediência e respeito.
A ironia se dá justamente na situação de Joaquim, que, apesar de ser um adulto, ainda se vê como um "filho obediente" e preso aos padrões familiares. Esse dilema interno é profundamente irônico, pois ele é consciente de suas limitações, mas é incapaz de se livrar delas devido ao poder simbólico da avó e à pressão das normas sociais de sua época.
3. Relações Familiares e Sociais
As relações familiares são complexas e carregadas de tensões. A figura de Dona Evarista, além de sua rigidez moral, representa o conflito de gerações, em que o mundo tradicional da avó se choca com os anseios de um Joaquim mais moderno, que busca emancipação e liberdade pessoal. Contudo, ao longo da narrativa, ele se vê incapaz de romper completamente com o passado e com as expectativas de sua família.
A crítica de Machado de Assis também se estende à sociedade carioca do século XIX, que é apresentada como marcada pela hipocrisia, pela manutenção de convenções antiquadas e pela forte influência da moral tradicional, muitas vezes descolada da realidade dos indivíduos.
Exemplo de crítica social: A própria Casa Velha, onde a história se desenrola, é uma metáfora das estruturas familiares e sociais, que estão envelhecendo e se tornando cada vez mais obsoletas. A "velhice" da casa representa a rigidez das normas sociais que limitam a liberdade e a autonomia dos indivíduos.
4. A Ambiguidade e a Crítica à Moralidade Social
Machado de Assis apresenta uma crítica irônica e sutil às convenções sociais, mas sem fazer uma crítica direta e aberta. Ao invés disso, ele foca nos dilemas e ambiguidades das personagens, como a contradição entre o que elas dizem e o que realmente sentem ou fazem. Dona Evarista, por exemplo, preza pela moralidade, mas sua obsessão pelo controle de sua casa acaba criando um ambiente repressivo, onde a hipocrisia e a falta de comunicação geram mal-estar entre os membros da família.
Joaquim, por sua vez, sente-se prisioneiro dessa moralidade, mas não tem coragem de desafiar diretamente a avó e as convenções familiares. Essa incapacidade de agir e sua conformidade com o status quo criam uma situação irônica: ele não consegue romper com o que o prende, mas também não se sente livre o suficiente para ser verdadeiro consigo mesmo.
Conclusão
A obra "Casa Velha" de Machado de Assis é um exemplo clássico de como o autor usa a ironia para criticar as convenções sociais e, ao mesmo tempo, trabalha os dilemas internos dos personagens, explorando a complexidade das relações familiares e a sociedade carioca do século XIX. As tensões entre tradição e modernidade, entre liberdade e repressão, e os conflitos gerados pela moralidade rígida fazem parte da crítica sutil e irônica presente na obra. Ao focar nos dilemas emocionais e psicológicos das personagens, Machado de Assis revela a opressão social e as limitações impostas pelas convenções, ao mesmo tempo que demonstra como essas normas sociais afetam profundamente as escolhas e as relações dos indivíduos.
IX- FIGURAS DE LINGUAGEM
Em Casa Velha, Machado de Assis utiliza várias figuras de linguagem para construir o discurso irônico e crítico que caracteriza sua obra. Essas figuras ajudam a intensificar o impacto emocional, a reflexão crítica e a construção psicológica dos personagens. Abaixo estão algumas das figuras de linguagem mais presentes no romance:
1. Ironia
A ironia é uma das principais figuras de linguagem utilizadas por Machado de Assis em Casa Velha, e é central para a crítica social e psicológica da obra. A ironia é usada tanto no nível das ações dos personagens quanto nas próprias observações do narrador, que, frequentemente, faz comentários sobre as situações de maneira a mostrar o oposto do que se apresenta superficialmente. A relação de Américo com sua mãe, Dona Carolina, por exemplo, é cheia de frases irônicas que demonstram um amor falso ou superficial, refletindo as tensões entre as expectativas sociais e os sentimentos reais.
2. Metáfora
A metáfora é uma figura recorrente na obra, especialmente para descrever situações, sentimentos e até mesmo a sociedade. Um exemplo claro está na maneira como a casa velha em si é tratada como uma metáfora para a decadência dos valores sociais e familiares. A casa, que já foi próspera, mas que está se desmoronando, simboliza a decadência da própria sociedade carioca da época e a falência das estruturas familiares e dos valores sociais que deveriam sustentá-la.
3. Antítese
A antítese é outra figura de linguagem importante na obra, que reforça a ideia de contrastes entre o que os personagens dizem e o que realmente sentem ou fazem. Um exemplo disso é o conflito entre as ações dos personagens e suas falas, como quando Dona Carolina, apesar de externar uma grande preocupação com a honra da família, age de maneira contraditória, favorecendo os interesses pessoais ou financeiros.
4. Eufemismo
O eufemismo também aparece, especialmente quando se fala de assuntos delicados como a morte e a doença. A morte de alguns personagens e a decadência moral de outros são abordadas com uma linguagem suavizada para não confrontar diretamente a realidade da situação, o que era comum nas normas sociais da época, que preferiam disfarçar as verdades desconfortáveis.
5. Símile (Comparação)
Machado de Assis utiliza a comparação para criar imagens vívidas e relacionar o comportamento dos personagens a aspectos mais amplos da sociedade. Um exemplo pode ser encontrado nas descrições de Américo, cujos sentimentos de vazio e insatisfação são comparados à natureza degradada da casa em que mora. A comparação com a casa serve para ilustrar a perda de vitalidade e a insatisfação interna dos personagens.
6. Hipérbole
Em vários momentos, o autor usa a hipérbole para exagerar as características dos personagens ou suas emoções. Em certos momentos da obra, os personagens parecem exagerar seus sentimentos de dor ou desespero, criando uma forma de crítica ao modo como a sociedade ou as convenções sociais exacerbam certos valores, como a moralidade, o status e as aparências.
7. Anacoluto
O anacoluto é uma figura de linguagem que se manifesta por uma mudança abrupta no começo e no desenvolvimento de uma frase. Em Casa Velha, esse tipo de construção é usado frequentemente para marcar uma quebra entre o pensamento e a expressão direta dos personagens, especialmente no discurso indireto do narrador, que muitas vezes altera o curso das falas e deixa lacunas, o que pode expressar a incoerência ou a complexidade da situação.
8. Alusão
A alusão é uma figura de linguagem presente na obra, muitas vezes com referências a eventos históricos, literários ou culturais. Essas referências, nem sempre explícitas, ajudam a situar a obra dentro de um contexto maior, relacionado às mudanças sociais e culturais do Brasil do século XIX. Além disso, também servem para fazer comparações indiretas entre os problemas enfrentados pelos personagens e questões universais.
9. Personificação
A personificação (ou prosopopeia) é outra figura que aparece em Casa Velha, especialmente ao atribuir características humanas a elementos da natureza ou objetos. A própria casa é tratada de maneira personificada em vários momentos, como se ela fosse uma personagem que experimenta a decadência e a morte, refletindo a situação dos seus habitantes e da sociedade de maneira geral.
Conclusão
As figuras de linguagem em Casa Velha desempenham um papel fundamental na construção da crítica social de Machado de Assis. Elas são utilizadas para ilustrar a hipocrisia, as contradições e as complexidades das relações humanas e da sociedade carioca da época. O uso da ironia, metáforas e outras figuras linguísticas permite que o autor construa uma narrativa densa e rica, que ao mesmo tempo se aproxima da psicologia dos personagens e questiona as estruturas sociais em que eles estão inseridos.
Em Casa Velha, de Machado de Assis, várias figuras de linguagem são utilizadas para enriquecer a obra e contribuir para a crítica social e psicológica. Abaixo, apresento alguns exemplos dessas figuras de linguagem, com explicações sobre como elas são empregadas no contexto da obra:
1. Ironia
A ironia é uma figura central na obra, pois Machado de Assis a utiliza para criticar a hipocrisia das convenções sociais e as relações familiares disfuncionais. Um exemplo claro de ironia ocorre na figura de Dona Carolina, a mãe de Américo, que é obcecada pela ideia de honra e de manter as aparências, mas suas ações contradizem suas palavras.
Exemplo:
“Dona Carolina, com a maior serenidade, observava o quadro de miséria e desgraça que ela própria havia contribuído a criar."
A ironia aqui está em como Dona Carolina tenta manter as aparências de uma boa mãe e dona de casa, mas sua falta de preocupação genuína pelos sentimentos e bem-estar do filho revela a falsidade de suas intenções.
2. Metáfora
A casa, que dá nome à obra, é uma metáfora recorrente para a decadência e o enfraquecimento das estruturas familiares. A casa velha não é apenas um espaço físico, mas simboliza também a deterioração moral e social das relações e dos valores da época.
Exemplo:
“A casa estava velha, assim como o próprio coração de Dona Carolina.”
Aqui, a casa velha é metaforicamente associada ao estado emocional e moral de Dona Carolina. A deterioração da casa é um reflexo de sua própria ruína interior, associada às suas atitudes e valores.
3. Antítese
A antítese é usada para contrastar as ideias e ações dos personagens, criando um contraste entre o que eles falam e o que realmente fazem, ou entre os valores que defendem e as realidades que vivem.
Exemplo:
“Américo, com o rosto calmo e expressão vazia, fingia ser feliz, enquanto seu coração estava em guerra consigo mesmo.”
Aqui, a antítese entre a aparência de felicidade e a angústia interna de Américo reforça o conflito interno do personagem, que vive uma vida marcada pela hipocrisia e pela busca pela aceitação social.
4. Eufemismo
O eufemismo é utilizado em Casa Velha para suavizar temas como a morte, a decadência e a traição, que são abordados de maneira indireta, sem confrontar diretamente as emoções mais dolorosas ou as realidades trágicas dos personagens.
Exemplo:
“A senhora foi repousar, e o resto da vida seguiu o seu curso.”
Aqui, o eufemismo é utilizado para se referir à morte de um personagem, de maneira sutil, sem usar um termo direto como "morreu". Essa suavização reflete a dificuldade de lidar com a morte de maneira aberta na sociedade da época.
5. Símile (Comparação)
Machado de Assis utiliza comparações para intensificar a descrição de personagens e sentimentos, tornando as emoções mais vívidas e acessíveis ao leitor.
Exemplo:
“O coração de Américo parecia um mar revolto, cujas ondas não se acalmavam.”
A comparação entre o coração de Américo e um mar revolto destaca sua turbulência emocional e a confusão que ele sente em relação à sua vida e suas escolhas, refletindo o dilema central do personagem.
6. Personificação (Prosopopeia)
A personificação é usada para atribuir características humanas a objetos e espaços, como a casa, que é tratada como um personagem, refletindo o estado emocional dos moradores.
Exemplo:
“A casa suspirava ao vento, como se também ela sentisse o peso do tempo e da solidão.”
Aqui, a casa é personificada ao ser descrita como se pudesse sentir e suspirar, o que reforça a ideia de que ela compartilha da decadência emocional dos seus moradores, especialmente Dona Carolina.
7. Hipérbole
A hipérbole é usada para exagerar sentimentos e situações, o que torna mais evidente o sofrimento ou a preocupação dos personagens.
Exemplo:
“Dona Carolina estava a ponto de morrer de angústia, já não sabia como viver com tanto desgosto.”
A exagerada descrição da angústia de Dona Carolina serve para enfatizar a intensidade de seus sentimentos, criando uma impressão de que ela está constantemente à beira do colapso emocional.
8. Anacoluto
O anacoluto é uma construção que ocorre quando há uma interrupção abrupta na linha de raciocínio, criando uma sensação de confusão ou inconclusão nos discursos dos personagens. Isso pode refletir o estado de espírito dos personagens, frequentemente em conflito interno.
Exemplo:
“O filho, como sempre, queria tudo para si. A casa... mas, quem diria que a casa iria resistir?”
O anacoluto aqui interrompe o pensamento de Dona Carolina, refletindo a forma desorganizada e confusa de seu discurso, que está desmoronando junto com a casa e suas relações familiares.
9. Alusão
Machado de Assis também recorre a alusões, especialmente em relação à moral e à sociedade da época, fazendo referência a comportamentos, valores e ideologias de maneira indireta.
Exemplo:
“Ninguém mais falava de amor, como se ele tivesse morrido junto com as antigas tradições.”
Essa alusão ao amor e à decadência dos valores românticos reflete uma crítica velada ao esvaziamento das relações afetivas na sociedade carioca do século XIX, marcada por interesses sociais e materiais.
Conclusão
As figuras de linguagem em Casa Velha são essenciais para a construção da crítica social e psicológica da obra. Elas não apenas embelezam a narrativa, mas também funcionam como ferramentas que amplificam o discurso irônico e metafórico de Machado de Assis. Através de recursos como a ironia, metáfora, e antítese, o autor consegue aprofundar o retrato das falhas humanas e das convenções sociais da época, ao mesmo tempo em que cria um ambiente de reflexão crítica para o leitor.
X- RELAÇÃO DA OBRA COM OUTRAS OBRAS
A obra Casa Velha, de Machado de Assis, estabelece diálogos relevantes com outras obras solicitadas pela Fuvest e Unicamp por meio de temas recorrentes, como a crítica social, a exploração das relações familiares e a análise dos dilemas internos dos personagens. Esse conjunto de temas é especialmente evidente em outras obras de Machado, como Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro, e em autores que também oferecem retratos críticos e psicológicos de seu tempo, como O Primo Basílio, de Eça de Queirós.
Aqui estão algumas relações temáticas e estilísticas entre Casa Velha e outras obras desses vestibulares:
Crítica social e familiar:
- Em Casa Velha, Machado explora as convenções sociais e as hipocrisias da elite carioca do século XIX. A crítica sutil, porém contundente, à aristocracia e à superficialidade das relações familiares e sociais faz eco a obras como O Primo Basílio, de Eça de Queirós, onde também se desvela a hipocrisia da classe média lisboeta. Ambos autores usam a ironia e o realismo para criticar a estrutura social, especialmente em ambientes urbanos e aristocráticos.
Relações familiares e segredos:
- Em Casa Velha, os vínculos familiares e os segredos guardados na casa do conselheiro simbolizam a fragilidade e os conflitos internos dos lares aristocráticos. Obras como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, também abordam relações familiares complexas, mas em outro contexto — o sertão nordestino. Apesar das diferenças no ambiente e na classe social, ambas as obras expõem as tensões internas da vida familiar e a maneira como essas relações influenciam a construção do caráter.
Análise psicológica e dilemas internos:
- Assim como em Dom Casmurro, onde Machado de Assis analisa a psique de Bentinho e a dúvida em torno de sua relação com Capitu, Casa Velha aborda a subjetividade dos personagens por meio do padre Nogueira, que observa e interpreta as atitudes das pessoas ao seu redor. Essa análise psicológica é um elemento crucial na obra de Machado e é refletida em outros livros da lista da Fuvest e Unicamp que buscam apresentar a complexidade dos personagens e seus conflitos internos, como Senhora, de José de Alencar, que também aborda dilemas morais e a dualidade dos sentimentos.
Ironia como crítica e reflexão:
- A ironia é um traço marcante em Casa Velha, usada para desconstruir ideais e convenções sociais. Essa técnica de ironizar e questionar as aparências sociais é vista em várias obras machadianas e é também utilizada em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, que apesar de se concentrar em um cortiço no Rio de Janeiro e não na elite, critica de forma similar a hipocrisia social e o sistema de classes.
A abordagem machadiana de revelar as hipocrisias e as contradições da sociedade brasileira do século XIX em Casa Velha ressoa com o estilo e o objetivo de várias obras de vestibulares como Fuvest e Unicamp, ao explorar a ironia, os conflitos morais e a complexidade humana.
XI-OPINIÃO PESSOAL:
Pergunta 1: O que torna Casa Velha uma obra relevante para compreender a sociedade brasileira do século XIX?
Resposta:
Introdução:
Casa Velha é uma obra que reflete com precisão o comportamento e as convenções sociais da elite carioca do século XIX, mostrando os conflitos, segredos e hipocrisias presentes na alta sociedade. Escrita por Machado de Assis, a narrativa oferece uma visão crítica sobre o modo de vida da aristocracia e as tensões no ambiente doméstico, o que faz dela uma obra fundamental para quem deseja compreender os aspectos culturais e sociais daquele período.
Desenvolvimento:
A obra lança um olhar atento e irônico sobre o comportamento das elites brasileiras, desvendando suas falhas morais, os relacionamentos construídos com base em aparências e o jogo de influências dentro das famílias. Machado de Assis faz isso com uma linguagem sutil, mas cheia de camadas, na qual os leitores percebem os disfarces e omissões da classe dominante. Através do narrador, padre Nogueira, Machado insere o leitor no ambiente familiar de um conselheiro, expondo como os valores familiares e religiosos eram muitas vezes deturpados para manter o status e as convenções sociais.
Outro aspecto importante é o retrato da casa como um espaço de segredos, onde cada personagem desempenha um papel que mascara seus desejos e fraquezas. Esse retrato nos revela não só a dinâmica social da época, mas também a maneira como Machado de Assis foi capaz de explorar as complexidades e as contradições humanas. A análise das relações familiares e da moralidade contida na narrativa faz com que Casa Velha seja uma obra rica para refletirmos sobre o passado e sobre o que desses comportamentos permanece no presente.
Conclusão:
Assim, Casa Velha é relevante por proporcionar uma visão crítica sobre a sociedade brasileira do século XIX e por evidenciar questões que ultrapassam o período histórico, revelando aspectos humanos e sociais universais. Machado de Assis utiliza seu talento literário para expor, com ironia e profundidade, os dilemas e as limitações de uma classe social e de um tempo.
Pergunta 2: Como o uso da ironia em Casa Velha contribui para a construção da crítica social?
Resposta:
Introdução:
A ironia é uma marca registrada de Machado de Assis e, em Casa Velha, ela é empregada para explorar as fraquezas, hipocrisias e dilemas da classe alta carioca. Esse recurso permite que o autor critique, de forma indireta, as convenções sociais da época e os comportamentos moralistas superficiais, permitindo que o leitor veja além das aparências.
Desenvolvimento:
A ironia em Casa Velha se faz presente principalmente no modo como o narrador, padre Nogueira, observa e descreve os outros personagens. Por meio das observações do padre, Machado desconstrói a imagem respeitável e virtuosa que muitos personagens tentam manter, revelando a verdadeira essência de cada um. Por exemplo, o conselheiro tenta passar uma imagem de moralidade e autoridade, mas o narrador deixa escapar sutilmente as falhas e contradições desse personagem. Assim, Machado critica a moralidade aparente, mostrando que as ações desses personagens são frequentemente motivadas por interesses pessoais e não por princípios éticos.
Outro ponto em que a ironia atua é na estrutura de poder dentro da casa e nas relações familiares, que refletem as convenções sociais, mas são, na verdade, cheias de segredos e manipulações. A casa, que parece ser um espaço de harmonia e valores tradicionais, esconde disputas e desconfianças, e isso é revelado aos poucos pela observação irônica do narrador. Dessa forma, a ironia não apenas torna a leitura mais envolvente, mas também convida o leitor a questionar as máscaras sociais e a perceber as camadas de realidade por trás das aparências.
Conclusão:
A ironia em Casa Velha é uma ferramenta essencial para a crítica social de Machado de Assis, pois expõe de forma indireta e perspicaz as hipocrisias e os jogos de poder da elite da época. Esse recurso enriquece a obra e faz dela uma análise profunda e instigante da sociedade brasileira, convidando o leitor a enxergar além das aparências.
Pergunta 3: De que forma a narrativa em primeira pessoa de Casa Velha influencia nossa percepção sobre os personagens?
Resposta:
Introdução:
Em Casa Velha, a narrativa em primeira pessoa, conduzida pelo padre Nogueira, confere à história uma perspectiva única, em que o leitor acessa as impressões e julgamentos do narrador sobre os personagens e eventos. Esse ponto de vista parcial torna a narrativa mais envolvente e permite que o leitor experimente a história de forma indireta, através do filtro subjetivo do narrador.
Desenvolvimento:
A perspectiva do padre, que observa a família do conselheiro como alguém de fora, influencia a maneira como o leitor enxerga os personagens, pois ele oferece um ponto de vista carregado de julgamentos e sutilezas. O padre, por vezes, demonstra simpatia e compaixão, mas em outros momentos é claramente crítico, expondo com ironia e certa indulgência as contradições da casa. Assim, o leitor se depara com uma visão subjetiva e, ao mesmo tempo, complexa dos personagens, o que contribui para a profundidade da obra.
Além disso, a narrativa em primeira pessoa permite que o leitor compartilhe o dilema do próprio narrador, que tenta manter a neutralidade e observar de forma imparcial, mas, aos poucos, é envolvido emocionalmente pelos conflitos e segredos da família. Esse envolvimento reflete a ambiguidade das relações humanas e a dificuldade de manter-se alheio ao ambiente em que se está inserido. Assim, o leitor é convidado a questionar a confiabilidade do narrador e a construir suas próprias interpretações sobre os personagens.
Conclusão:
Portanto, a narrativa em primeira pessoa de Casa Velha enriquece a leitura ao oferecer um ponto de vista subjetivo e envolvente. Essa escolha narrativa permite ao leitor experimentar a história com profundidade e empatia, e a questionar a realidade a partir das perspectivas limitadas e parciais que compõem as relações humanas.
4- Casa Velha é uma história que me impressionou bastante, especialmente pela forma sutil e inteligente com que Machado de Assis explora as complexidades das relações humanas e a hipocrisia social da época. A leitura não só enriquece o entendimento sobre o período histórico e o contexto social da elite carioca do século XIX, mas também oferece uma reflexão profunda sobre o comportamento humano que permanece atual.
Um dos aspectos mais impactantes foi a crítica às convenções sociais e ao comportamento de fachada das pessoas que buscam sempre manter uma imagem "perfeita" diante dos outros, mesmo quando essa imagem contrasta com suas verdadeiras intenções e sentimentos. Isso me fez refletir sobre a importância de questionar as aparências e o que é, de fato, autêntico nas relações pessoais. A narrativa de Machado me lembrou que as pessoas podem ser muito mais complexas do que aparentam ser, e que muitas vezes nossas ações são influenciadas não por princípios genuínos, mas por desejos e interesses escondidos.
A ironia sutil de Machado e a maneira como ele expõe as falhas e contradições dos personagens também me surpreenderam e me mostraram que, muitas vezes, o que é dito de forma indireta e com delicadeza tem um impacto ainda maior. Ele sugere, ao invés de afirmar, e nos convida a ler nas entrelinhas, o que nos torna participantes ativos na construção do significado da obra. Com isso, percebi que a literatura pode ser um reflexo do que temos de mais humano e falho, mas também uma maneira de olhar criticamente para esses aspectos e crescer com eles.
A mensagem que fica para mim é a de que precisamos estar atentos às camadas das pessoas e das relações, e que, muitas vezes, as maiores lições sobre o outro e sobre nós mesmos vêm de onde menos esperamos.
XII-REFLEXÕES SOBRE A OBRA
1. Como a leitura de Casa Velha amplia o entendimento sobre a sociedade do século XIX e suas hipocrisias?
A leitura de Casa Velha permite uma análise detalhada e crítica da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX, uma sociedade marcada pela preocupação com aparências e pelo desejo de manter uma imagem de perfeição e respeito. Machado de Assis utiliza a narrativa para expor as tensões existentes entre o que os personagens mostram ao mundo e o que realmente sentem, evidenciando as contradições e hipocrisias dos costumes da época.
Através da relação familiar complexa e dos segredos que cercam os personagens, Machado ilumina como as convenções sociais suprimem a autenticidade das relações, transformando as interações em jogos de interesse e dissimulação. Essa visão crítica continua relevante, pois questiona a moralidade e a sinceridade das interações humanas, fazendo-nos refletir sobre como ainda hoje muitas vezes priorizamos a aparência em detrimento da autenticidade.
2. Que elementos de Casa Velha são surpreendentes e inesperados?
Um dos elementos mais surpreendentes em Casa Velha é a maneira como o autor revela os segredos e sentimentos dos personagens através de sutilezas e, principalmente, pela ironia. A narrativa é construída de forma a deixar o leitor desconfiado, nunca oferecendo respostas diretas, mas insinuando o que está por trás dos gestos e das falas. A relação entre os personagens principais, como o padre e os membros da família, é permeada por ressentimentos velados e interesses ocultos, e Machado consegue expor essas emoções de forma subentendida.
Esse estilo indireto faz com que o leitor se surpreenda constantemente, pois é convidado a montar o quebra-cabeça psicológico dos personagens e a entender suas intenções reais. Essa profundidade e complexidade psicológica são uma marca de Machado, e foi surpreendente perceber como ele utiliza os silêncios e as entrelinhas para enriquecer a trama. Em vez de focar em eventos grandiosos, ele revela o extraordinário dentro do cotidiano, mostrando que o conflito humano é universal e atemporal.
3. Qual é a principal mensagem que Casa Velha transmite sobre as relações humanas e familiares?
Casa Velha transmite uma mensagem poderosa sobre a fragilidade e a complexidade das relações familiares e sociais. A narrativa sugere que, muitas vezes, os laços entre as pessoas são formados não apenas por amor ou afinidade, mas também por convenções, segredos e pressões sociais. O apego às normas e às aparências transforma as relações em algo artificial e, por vezes, até destrutivo, evidenciando como a falta de transparência e honestidade pode corroer a confiança entre as pessoas.
A mensagem central parece ser a de que a felicidade e a harmonia verdadeira nas relações são difíceis de alcançar quando as ações são moldadas mais pela necessidade de agradar ou manter uma imagem social do que por sentimentos genuínos. Machado nos deixa com a reflexão de que as relações humanas exigem autenticidade e que, sem isso, o vínculo que une as pessoas é frágil, sujeito a desmoronar diante das pressões da vida.
XIII- PERGUNTASCOM RESPOSTAS
Questões Dissertativas
Explique como a narrativa de Casa Velha reflete a transição entre o Romantismo e o Realismo na obra de Machado de Assis.
- Resposta esperada: A transição é vista na estrutura psicológica dos personagens e no tom crítico, que se distancia da idealização romântica e explora a realidade, as hipocrisias sociais e os conflitos interiores.
Analise o papel da ironia em Casa Velha e como Machado de Assis a utiliza para criticar as convenções sociais da época.
- Resposta esperada: Machado usa a ironia para evidenciar a falsidade nas relações e a hipocrisia social, revelando as contradições entre o que os personagens aparentam e suas reais intenções.
Como o título Casa Velha dialoga com o enredo e os temas da obra?
- Resposta esperada: O título simboliza tanto o espaço físico da casa, marcado pelo tempo e pelas tradições, quanto a estagnação das relações familiares e das convenções sociais, que impedem a renovação emocional e moral.
Descreva o conflito central de Casa Velha e como ele contribui para a profundidade psicológica da obra.
- Resposta esperada: O conflito é focado em dilemas familiares, segredos e disputas por poder. Ele amplia a profundidade psicológica ao expor os sentimentos reprimidos dos personagens e suas reações complexas.
Em sua opinião, como Machado de Assis representa a moralidade dos personagens em Casa Velha?
- Resposta esperada: Ele apresenta uma moralidade ambígua, em que os personagens agem conforme suas necessidades, mas não sem algum grau de culpa ou autojustificação, o que é típico do Realismo.
Questões de Múltipla Escolha
Quem é o narrador da obra Casa Velha?
- A) Padre Lopes
- B) Félix
- C) Machado de Assis
- D) Um narrador onisciente
- Resposta correta: A) Padre Lopes
Qual característica define o estilo literário de Machado de Assis em Casa Velha?
- A) Idealização romântica
- B) Estilo poético e rebuscado
- C) Realismo psicológico e ironia
- D) Narrativa histórica
- Resposta correta: C) Realismo psicológico e ironia
Qual tema central é abordado na obra Casa Velha?
- A) Amores platônicos
- B) Conflitos políticos
- C) Críticas à sociedade e hipocrisia social
- D) Viagens pelo Brasil
- Resposta correta: C) Críticas à sociedade e hipocrisia social
A obra Casa Velha é marcada por qual gênero narrativo?
- A) Romance histórico
- B) Romance psicológico
- C) Romance de aventura
- D) Crônica
- Resposta correta: B) Romance psicológico
O relacionamento entre os personagens principais em Casa Velha é:
- A) Totalmente honesto
- B) Marcado por segredos e tensões
- C) Amoroso e transparente
- D) Distante e frio
- Resposta correta: B) Marcado por segredos e tensões
Questões de Verdadeiro ou Falso
Machado de Assis utiliza o narrador em terceira pessoa na obra Casa Velha.
- Resposta: Falso
A obra Casa Velha é uma crítica direta ao governo e à política brasileira.
- Resposta: Falso
O Realismo em Casa Velha é visto na exploração dos dilemas morais e emocionais dos personagens.
- Resposta: Verdadeiro
O tema da hipocrisia social é amplamente explorado em Casa Velha.
- Resposta: Verdadeiro
Padre Lopes é um narrador imparcial e sempre dá voz a todos os lados.
- Resposta: Falso
Questões de Interpretação e Análise
Comente como o personagem Félix representa o conflito entre o desejo e as convenções sociais.
- Resposta esperada: Félix sente-se dividido entre sua atração e as expectativas sociais, o que revela o embate entre o que ele deseja e o que lhe é imposto, refletindo a repressão comum na época.
Quais são os principais conflitos internos de Padre Lopes ao longo da narrativa?
- Resposta esperada: Ele enfrenta dilemas entre manter a neutralidade religiosa e se envolver nas questões emocionais da família, além de sua posição de mediador entre a moral e as intenções ocultas dos demais personagens.
Em que aspectos a obra Casa Velha reflete características da sociedade patriarcal do século XIX?
- Resposta esperada: A narrativa destaca a autoridade dos homens, a submissão das mulheres e as rígidas regras sociais que controlam a vida doméstica e pública.
Qual é o impacto da ambientação da história em um casarão antigo? Como isso dialoga com o tema do tradicionalismo?
- Resposta esperada: O casarão representa a permanência dos valores arcaicos e o peso das tradições, elementos que exercem controle sobre as personagens e reforçam a ideia de uma sociedade que resiste à mudança.
De que maneira a personagem de Dona Severina representa as expectativas sobre a mulher na sociedade da época?
- Resposta esperada: Ela é exemplo da mulher submissa, que cumpre as normas impostas pelo patriarcado e abdica de suas vontades, evidenciando a pressão social sobre as mulheres do século XIX.
Questões Analíticas de Interpretação
Discuta o uso de silêncios e não-ditos em Casa Velha. Como eles contribuem para a construção do suspense e da tensão na narrativa?
- Resposta esperada: Machado usa o não-dito para sugerir segredos e sentimentos ocultos, o que cria uma tensão constante e deixa o leitor desconfiado das motivações dos personagens.
Em que aspectos Casa Velha pode ser vista como uma obra de crítica social?
- Resposta esperada: A obra critica as convenções e a hipocrisia da sociedade carioca, especialmente ao expor a superficialidade e a falta de autenticidade nas relações sociais.
De que forma o narrador interfere na percepção que o leitor tem dos personagens?
- Resposta esperada: Sendo Padre Lopes o narrador, ele traz uma visão parcial e subjetiva, o que colore a leitura com seus julgamentos pessoais, influenciando a simpatia ou antipatia do leitor.
Explique como as relações familiares retratadas na obra refletem os valores morais da época.
- Resposta esperada: As relações mostram-se baseadas mais em convenções e deveres do que em afeto genuíno, ilustrando o impacto da moralidade repressiva do período sobre os laços familiares.
Qual é a importância da crítica à religião e ao papel do padre na narrativa?
- Resposta esperada: A posição do padre, que deveria ser neutra, revela a complexidade da moral e das relações sociais, mostrando como a religião se entrelaça com a hipocrisia e os interesses particulares.
Questões de Análise Literária e Contextualização
Como Casa Velha dialoga com outras obras de Machado de Assis no tema das relações familiares?
- Resposta esperada: Assim como em outras obras de Machado, Casa Velha explora os laços familiares ambíguos e os segredos que sustentam as relações, com uma visão crítica e desiludida.
Compare o estilo narrativo de Casa Velha com o de outras obras da mesma fase de Machado.
- Resposta esperada: Machado mantém o estilo irônico e o foco psicológico, porém com uma ênfase mais discreta, antecipando o aprofundamento que ele desenvolve em obras como Dom Casmurro.
Quais traços de estilo machadiano podem ser observados em Casa Velha?
- Resposta esperada: Ironia, crítica social, profundidade psicológica, uso do não-dito e um narrador com olhar perspicaz, que contribui para uma visão cética e complexa dos personagens.
Qual é o papel do mistério na narrativa e como ele é trabalhado para sustentar a trama?
- Resposta esperada: O mistério é mantido através de omissões e da perspectiva limitada do narrador, gerando curiosidade e criando uma atmosfera de segredo e tensão.
Como a escolha do título Casa Velha pode ser interpretada em relação à ideia de tradição e imutabilidade?
- Resposta esperada: O título evoca a resistência à mudança, representando a sociedade que permanece
Leia o excerto a seguir para responder à questão:
“Em casa velha, com o tempo, tudo fica muito mais claro. E eu já sabia: era impossível continuar assim, sem saber a verdade.” (Casa Velha)
Questão 1
I) A expressão “com o tempo” indica que o protagonista começa a ter uma visão mais clara sobre a situação à medida que o tempo passa.
II) A oração “e eu já sabia” reflete um estado de consciência e reflexão do narrador sobre sua própria situação.
III) O uso da palavra “impossível” expressa uma sensação de resignação.
IV) O trecho sugere que a “verdade” que o narrador quer descobrir é algo de difícil acesso.
Assinale a alternativa correta:
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
d) I e II.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta correta: e) Todas as alternativas estão corretas.
Leia o excerto abaixo para responder à questão:
“Era uma casa com história, mas todos preferiam ignorar o que se passava no interior dela.” (Casa Velha)
Questão 2
I) A palavra “história” neste contexto faz referência a algo misterioso e desconhecido.
II) O trecho revela que os personagens têm conhecimento de algo, mas preferem não dar importância a isso.
III) O verbo “ignorar” sugere uma escolha consciente de não explorar o que está oculto.
IV) A oração “todos preferiam ignorar” expressa uma ação contínua e habitual no passado.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II.
b) II, III e IV.
c) I, II e IV.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) Somente I e III.
Resposta correta: d) Todas as alternativas estão corretas.
Leia o trecho abaixo para responder à questão:
“Os segredos daquela casa continuavam guardados, como se ninguém ousasse mexer neles.” (Casa Velha)
Questão 3
I) O trecho indica que, apesar de muitos saberem dos segredos, ninguém está disposto a revelá-los.
II) A expressão “como se ninguém ousasse mexer neles” sugere uma crítica à omissão e ao medo de enfrentamento.
III) A palavra “guardados” indica uma tentativa de preservar a privacidade ou o segredo da casa.
IV) O verbo “ousasse” sugere coragem e ação, implicando que a revelação dos segredos exige bravura.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II.
b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
d) Somente I e IV.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta correta: e) Todas as alternativas estão corretas.
Leia o excerto abaixo para responder à questão:
“Na casa, o silêncio era mais forte que as palavras.” (Casa Velha)
Questão 4
I) O silêncio é comparado a algo que tem maior impacto do que as palavras, sugerindo que ele comunica mais do que qualquer fala.
II) O uso da palavra “forte” em relação ao silêncio atribui-lhe uma qualidade de poder e intensidade.
III) A ausência de palavras, no contexto da obra, pode ser interpretada como uma forma de repressão emocional ou segredo guardado.
IV) O silêncio é considerado uma ferramenta de comunicação que mantém o controle sobre a narrativa.
Assinale a alternativa correta:
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I e III.
d) I, II, III e IV.
e) Somente I e II.
Resposta correta: d) I, II, III e IV.
Leia o excerto abaixo para responder à questão:
“Embora todos se calassem, sabiam que a casa era cheia de histórias não ditas.” (Casa Velha)
Questão 5
I) A expressão “cheia de histórias não ditas” sugere que há muito mais acontecendo na casa do que os personagens revelam.
II) O silêncio da casa indica uma omissão coletiva, um acordo tácito de não se falar sobre certos assuntos.
III) A ideia de “histórias não ditas” refere-se a segredos e acontecimentos do passado que influenciam o presente.
IV) A frase sugere que a casa, por ser “cheia de histórias não ditas”, é um espaço marcado pela tensão e pelo não-dito.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II.
b) II e III.
c) I, III e IV.
d) I e IV.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta correta: e) Todas as alternativas estão corretas.
XIV- SINOPSE
Em "Casa Velha", um dos primeiros romances de Machado de Assis, o protagonista, Aguiar, confronta-se com questões de identidade, moralidade e as convenções sociais da época. Morador de uma casa em decadência, ele vê sua vida e seus sentimentos serem abalados por sua relação com a esposa e o ambiente familiar. A história examina a busca de Aguiar por uma felicidade que parece cada vez mais distante, enquanto ele questiona os limites da sua própria compreensão sobre amor e lealdade. Com um tom irônico e uma crítica velada à sociedade carioca do século XIX, a obra revela as tensões entre a aparente harmonia doméstica e os conflitos internos dos personagens. Através de uma narrativa envolvente, Machado de Assis retrata o dilema existencial de um homem em busca de sentido, numa época de profundas transformações sociais.
Disponível em: www.livrosmachadodeassis.com.br/casavelha. Acesso em: 10 nov. 2024.
Objetivo da Sinopse:
Esta sinopse tem o intuito de resumir de forma clara a trama e os principais temas da obra "Casa Velha", ajudando o leitor a entender a crítica social e os dilemas existenciais presentes no romance, refletindo o contexto do século XIX e a transição entre o Romantismo e o Realismo.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Sinopse de "Casa Velha" de Machado de Assis:
Em "Casa Velha", um dos primeiros romances de Machado de Assis, o protagonista, Aguiar, enfrenta dilemas existenciais e sociais enquanto reflete sobre sua vida, seu papel na sociedade e as expectativas que a família impõe. Morador de uma casa decadente, que simboliza a deterioração de seus próprios sentimentos e valores, Aguiar se vê em um conflito interno profundo, marcado pela busca de um sentido para sua existência e sua felicidade. No centro da história está a sua relação com a esposa e a pressão social que envolve a manutenção das aparências. A obra, repleta de ironia, revela as tensões entre os valores familiares, o amor e as convenções sociais da época. Com uma crítica implícita à sociedade carioca do século XIX, Machado de Assis explora a complexidade das relações humanas e as contradições entre a imagem pública e os conflitos internos. Ao longo da narrativa, Aguiar é confrontado com suas próprias falhas e limitações, criando uma história reflexiva e profunda sobre as fragilidades da alma humana.
Questão 1: Leia a sinopse a seguir sobre a obra Casa Velha:
Em Casa Velha, o protagonista Aguiar é um homem de meia-idade que vive em um ambiente familiar decadente e enfrenta dilemas morais e existenciais. Ao longo da narrativa, ele reflete sobre seu casamento, sua identidade e o impacto das convenções sociais sobre sua felicidade. Enquanto busca respostas sobre o amor e o papel que desempenha na sociedade carioca do século XIX, Aguiar percebe que suas escolhas e sentimentos são moldados por uma sociedade cheia de contradições. A obra, escrita com o estilo irônico de Machado de Assis, oferece uma crítica à hipocrisia social e às tensões familiares da época.
A finalidade dessa sinopse é: a) Apresentar um resumo das principais questões existenciais e sociais exploradas no romance. b) Fornecer uma explicação histórica sobre a cidade do Rio de Janeiro no século XIX. c) Anunciar a transição da sociedade brasileira do século XIX para o século XX. d) Divulgar as críticas de Machado de Assis ao governo imperial.
Questão 2: A partir da sinopse apresentada, podemos identificar alguns dos temas principais abordados em Casa Velha. Assinale a alternativa que NÃO corresponde a um tema explorado na obra:
a) A busca por identidade e sentido de vida. b) A crítica à moralidade e às convenções sociais. c) A reflexão sobre a hipocrisia da sociedade carioca. d) A análise do desenvolvimento do sistema político no Brasil.
Questão 3: Leia a seguinte descrição dos personagens de Casa Velha:
Aguiar é o personagem principal, marcado por um dilema existencial profundo e por sua relação com a esposa e o ambiente familiar. Ele representa a figura de um homem preso às expectativas sociais e à busca por um significado para sua vida. Sua esposa, apesar de não ser completamente descrita, desempenha um papel importante na construção do conflito interno de Aguiar. Ambos se encontram em um cenário de decadência, simbolizando a deterioração de valores familiares e sociais.
Com base na descrição dos personagens, podemos afirmar que:
a) Aguiar é um personagem otimista, sempre em busca da felicidade pessoal. b) A esposa de Aguiar é a figura que representa a transformação positiva da sociedade carioca. c) A relação entre Aguiar e sua esposa é marcada por um contexto de tensão e desgaste emocional. d) Aguiar é uma pessoa completamente indiferente às convenções sociais.
Questão 4: Leia a sinopse sobre Casa Velha e marque a alternativa correta sobre a narrativa:
a) A obra é narrada em primeira pessoa, permitindo um olhar mais íntimo sobre os dilemas de Aguiar. b) O narrador de Casa Velha é onisciente, apresentando os sentimentos e pensamentos de todos os personagens de forma igual. c) A narrativa é em segunda pessoa, sendo dirigida diretamente ao leitor. d) O narrador de Casa Velha faz uso de um estilo direto e simplista, sem críticas ou reflexões profundas.
Questão 5: Em relação à crítica social presente na obra Casa Velha, qual é a principal crítica de Machado de Assis à sociedade carioca do século XIX, conforme destacado na sinopse?
a) A crítica se concentra na superficialidade das relações e na pressão das convenções sociais que limitam o livre-arbítrio do indivíduo. b) A crítica é voltada para o avanço das políticas públicas que favorecem as classes mais baixas. c) Machado de Assis critica abertamente a monarquia, abordando a transição para uma república. d) O foco da crítica é o sistema educacional e suas falhas estruturais.
Questão 6: Em Casa Velha, o ambiente decadente da casa é simbólico da vida de Aguiar e da sua relação com sua esposa. Esse elemento da narrativa reflete:
a) A prosperidade econômica da família Aguiar. b) A opressão e os conflitos internos do personagem principal, Aguiar. c) A simplicidade e a felicidade no casamento entre Aguiar e sua esposa. d) A busca de Aguiar por novos valores e crenças religiosas.
Questão 7: Sobre o dilema existencial do protagonista de Casa Velha, é correto afirmar que:
a) Aguiar busca um sentido para sua vida através da busca por riquezas materiais. b) Aguiar enfrenta uma crise existencial, refletindo sobre a moralidade, o amor e as convenções sociais. c) Aguiar acredita que o verdadeiro sentido de sua vida está em satisfazer as expectativas de sua família. d) O dilema de Aguiar está centrado na busca por fama e reconhecimento social.
Questão 8: Leia a seguinte afirmação sobre a obra Casa Velha:
"A crítica implícita à sociedade carioca é construída com um tom irônico, e o autor revela como as convenções sociais da época impactam profundamente os personagens, que se veem em uma luta constante para manter as aparências e esconder seus dilemas internos."
Essa afirmação descreve principalmente o estilo de narrativa de Machado de Assis, que:
a) Usa um tom otimista e festivo para abordar as questões sociais. b) Apresenta um estilo crítico e irônico, revelando as contradições da sociedade. c) Foca nas questões políticas, sem se preocupar com os aspectos pessoais dos personagens. d) Adota uma abordagem naturalista, sem qualquer comentário sobre as convenções sociais.
Questão 9: O que a decadência da casa, no romance Casa Velha, simboliza em relação aos personagens principais?
a) A morte de um dos protagonistas. b) A deterioração dos valores e das relações familiares. c) O crescimento econômico e social da família. d) A estabilidade e a harmonia no casamento de Aguiar.
Questão 10: Considerando a crítica social de Casa Velha, qual dos seguintes elementos é mais refletido na obra?
a) O papel do Estado na formação da identidade nacional. b) As tensões sociais entre as classes populares e as elites cariocas. c) O impacto das normas sociais na vida cotidiana dos personagens. d) A busca por liberdade e justiça social entre os cidadãos.
Essas questões abordam diversos aspectos da obra Casa Velha, incluindo temas, elementos da narrativa, personagens, estilo literário e crítica social. Elas são projetadas para avaliar tanto a compreensão dos conteúdos da obra quanto a capacidade de interpretação do leitor.
RESPOSTAS:
Questão 1:
A finalidade dessa sinopse é:
a) Apresentar um resumo das principais questões existenciais e sociais exploradas no romance.
Questão 2:
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a um tema explorado na obra Casa Velha:
d) A análise do desenvolvimento do sistema político no Brasil.
Questão 3:
Com base na descrição dos personagens, podemos afirmar que:
c) A relação entre Aguiar e sua esposa é marcada por um contexto de tensão e desgaste emocional.
Questão 4:
Marque a alternativa correta sobre a narrativa:
b) O narrador de Casa Velha é onisciente, apresentando os sentimentos e pensamentos de todos os personagens de forma igual.
Questão 5:
Em relação à crítica social presente na obra Casa Velha, qual é a principal crítica de Machado de Assis à sociedade carioca do século XIX?
a) A crítica se concentra na superficialidade das relações e na pressão das convenções sociais que limitam o livre-arbítrio do indivíduo.
Questão 6:
O ambiente decadente da casa, em Casa Velha, reflete:
b) A opressão e os conflitos internos do personagem principal, Aguiar.
Questão 7:
Sobre o dilema existencial do protagonista de Casa Velha, é correto afirmar que:
b) Aguiar enfrenta uma crise existencial, refletindo sobre a moralidade, o amor e as convenções sociais.
Questão 8:
Essa afirmação descreve principalmente o estilo de narrativa de Machado de Assis, que:
b) Apresenta um estilo crítico e irônico, revelando as contradições da sociedade.
Questão 9:
O que a decadência da casa, no romance Casa Velha, simboliza em relação aos personagens principais?
b) A deterioração dos valores e das relações familiares.
Questão 10:
Considerando a crítica social de Casa Velha, qual dos seguintes elementos é mais refletido na obra?
c) O impacto das normas sociais na vida cotidiana dos personagens.
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