terça-feira, 12 de novembro de 2024

Conto: O ESPELHO, MACHADO DE ASSIS - PROVA COM RESPOSTAS

 Conto: O  espelho,  Machado de Assis

Resumo
No conto "O Espelho," de Machado de Assis, o personagem Jacobina relata sua experiência com um espelho que revela as complexidades da identidade humana. Ele conta uma história em que, ao se isolar em uma fazenda, passa a observar uma mudança em seu reflexo no espelho, a ponto de questionar quem realmente é. Jacobina percebe que sua imagem no espelho começa a desaparecer, sugerindo que seu "eu" externo depende das percepções e validações sociais. Esse fenômeno gera uma reflexão sobre a dualidade entre a alma externa, construída pela sociedade, e a alma interna, que está ligada à identidade íntima.

Personagens

  • Jacobina (personagem principal): É o protagonista e narrador da história, um homem introspectivo que se dedica a uma autoanálise profunda sobre a construção da identidade. Fisicamente, não há muitas descrições, pois o foco está em seu perfil psicológico. Ele é retratado como alguém questionador e reflexivo, mas também dependente da aceitação e valorização social.
  • Secundários (família e sociedade em geral): Personagens indiretos, representados pela família e pelos conceitos sociais, não aparecem diretamente, mas influenciam as reflexões e sentimentos de Jacobina. Eles representam a pressão e a autoridade social que moldam a identidade dos indivíduos.

Tempo e Espaço
A narrativa ocorre em um tempo psicológico, enquanto Jacobina reflete sobre sua experiência. O espaço é, majoritariamente, um quarto em uma fazenda, onde ele se encontra isolado, tornando o cenário propício para uma autoanálise e para a manifestação do conflito interno do protagonista.

Enredo
O enredo segue a introspecção de Jacobina sobre o significado do reflexo no espelho e sobre como a presença ou ausência desse reflexo reflete seu valor e identidade. Ele percebe que sua imagem desaparece conforme perde o contato com a vida social e sente-se vazio, revelando a importância da "alma externa".

Clímax
O clímax ocorre quando Jacobina percebe que seu reflexo, o “eu” que a sociedade validou, começa a desaparecer. Essa revelação é desconcertante, pois ele compreende que a percepção de sua identidade depende dos outros.

Foco Narrativo
O conto é narrado em primeira pessoa, o que permite uma visão introspectiva e subjetiva das reflexões de Jacobina, alinhada ao estilo introspectivo de Machado.

Tema e Mensagem
O tema principal de "O Espelho" é a dualidade da identidade humana e a dependência da autoimagem na aprovação social. A mensagem central é a reflexão sobre como a identidade do indivíduo é construída tanto pela essência interior quanto pela influência externa.

Assunto e Linguagem
O conto aborda a identidade e o reflexo da alma, e a linguagem é sofisticada, característica de Machado de Assis. Ele utiliza uma linguagem que estimula a reflexão, com tons filosóficos e irônicos.

Aspectos Literários, Históricos e Sociais
Machado, como escritor realista, explora aspectos psicológicos dos personagens, criticando a influência da sociedade sobre o indivíduo. Historicamente, o conto reflete as pressões sociais da época, enquanto socialmente faz uma crítica ao papel da validação externa na construção da autoestima e da identidade.

Reflexão Sobre a Questão Social
A narrativa questiona a autenticidade da identidade e a dependência humana da aprovação social para sentir-se "completo". Jacobina revela que a falta de reconhecimento social o fez sentir-se incompleto, evidenciando como o homem, em sociedade, se constrói pela imagem que o mundo lhe devolve.

Consequências dos Atos do Narrador
As reflexões de Jacobina destacam a solidão e o vazio que surgem quando o indivíduo é privado do reconhecimento social, indicando que a necessidade de aceitação pode sufocar a essência genuína da identidade.

Conflito e Relações de Autoridade e Poder
O conflito central é interno e existencial, refletindo a tensão entre o "eu" autêntico e o "eu" socialmente construído. A autoridade da sociedade sobre a construção do eu é um elemento de poder que Machado critica, questionando se o homem pode ser ele mesmo sem as amarras sociais.

Análise Crítica
Machado de Assis utiliza "O Espelho" para expor a dependência humana da sociedade para definir a identidade. Ele sugere que a aprovação social é tão poderosa que, sem ela, o indivíduo sente-se vazio e despersonalizado. Esse conto expõe a fragilidade da identidade individual, que é constantemente moldada por forças externas.

A ironia machadiana é evidente, pois o espelho, normalmente um reflexo da realidade, torna-se aqui uma metáfora da distorção causada pela falta de autenticidade. A narrativa questiona se é possível ser verdadeiramente independente da aprovação alheia. Assim, Machado cria uma crítica sutil, mas potente, da vaidade e da hipocrisia social.

Em última análise, a obra nos convida a refletir sobre o impacto que as convenções e expectativas externas têm sobre nossa autopercepção. Ao questionar a validade da alma externa, Machado nos alerta sobre os perigos de uma identidade construída apenas para agradar e ser aceita, em detrimento da essência pessoal.

Opinião Pessoal
A obra me parece uma crítica profunda e ainda muito atual sobre como as pessoas buscam o reconhecimento social para sentir-se completas. A reflexão de Jacobina sobre o desaparecimento de seu reflexo nos espelhos é uma metáfora poderosa, pois mostra como muitas vezes nos deixamos definir pelas expectativas alheias, em vez de desenvolver uma verdadeira identidade. Machado de Assis consegue abordar temas complexos e questionadores de maneira acessível e provocante, reafirmando seu lugar como um dos maiores escritores da literatura brasileira.

Dê sua opinião sobre o conto lido: 

Na minha opinião, o conto "O Espelho" de Machado de Assis é uma obra intrigante e reflexiva, que nos leva a questionar a profundidade da nossa identidade e até que ponto ela depende da visão dos outros. Através da experiência de Jacobina, o autor explora como a imagem que temos de nós mesmos pode ser fragilmente construída sobre a percepção alheia e nos faz refletir sobre o papel das convenções sociais na formação do "eu".

Em primeiro lugar, o tema do conto aborda a relação entre a identidade interna e a identidade social, explorando como a nossa percepção de quem somos pode ser influenciada e até distorcida pelo olhar dos outros. 

Em segundo lugar, a narrativa sugere que precisamos de reconhecimento externo para sentirmos que existimos plenamente, o que é uma ideia perturbadora, pois implica que a autossuficiência pode ser uma ilusão. 

O tema é sobre a dualidade entre o “eu” interno e o “eu” social, e achei muito interessante porque nos obriga a refletir sobre o quanto nossa identidade é moldada pela aprovação alheia, e não por uma autoaceitação genuína.Consequentemente, o conto é instigante, pois trata-se de uma situação que nos faz questionar a autenticidade da nossa identidade e o valor que damos ao reconhecimento externo. Além disso, traz uma crítica sutil à sociedade e à necessidade humana de se sentir aceito e valorizado. O tema é a construção social da identidade, por isso é tão relevante, pois nos lembra da importância de buscarmos um equilíbrio entre o reconhecimento social e a verdadeira essência individual. 

Finalmente, "O Espelho" nos leva a considerar o quanto do nosso "eu" está realmente sob nosso controle e o quanto somos produtos do olhar do outro.

Dissertativas

  1. Explique o conceito de "alma interna" e "alma externa" no conto "O Espelho" e como eles se relacionam com a identidade de Jacobina.

    • Resposta: Machado de Assis apresenta a “alma externa” como o aspecto da identidade definido pela visão e validação social, enquanto a “alma interna” representa o autoconhecimento e a essência pessoal. Jacobina percebe que, sem a "alma externa," ele se sente incompleto, mostrando a dependência da identidade na aprovação dos outros.
  2. Analise a crítica social presente no conto “O Espelho” de Machado de Assis.

    • Resposta: Machado critica a dependência da identidade humana à validação social, questionando a autenticidade do "eu" quando ele é construído pela aprovação dos outros. O conto revela uma sociedade em que o valor individual é frequentemente moldado por aparências e status.
  3. Qual a importância do espelho no conto, e o que ele representa na construção da identidade de Jacobina?

    • Resposta: O espelho simboliza a relação entre o "eu" e a percepção dos outros. Quando Jacobina percebe que seu reflexo depende do reconhecimento externo, o espelho se torna um símbolo da fragilidade da identidade social.
  4. Explique como o isolamento de Jacobina impacta sua percepção de si mesmo no conto.

    • Resposta: O isolamento leva Jacobina a perceber a falta de seu reflexo no espelho, que simboliza a ausência de sua "alma externa". Isso evidencia como sua identidade depende do contato social.
  5. Compare o tema de “O Espelho” com outras obras de Machado de Assis.

    • Resposta: O tema do "eu" condicionado pela sociedade se assemelha a outras obras de Machado, como “Dom Casmurro”, em que o personagem Bentinho também sofre com as incertezas e com a imagem refletida pela sociedade.

Múltipla Escolha

  1. Qual é o clímax do conto "O Espelho"?

    • A) Quando Jacobina recebe o cargo de alferes.
    • B) Quando Jacobina percebe que seu reflexo começa a desaparecer.
    • C) Quando Jacobina retorna à cidade.
    • D) Quando Jacobina conversa com seus amigos sobre o espelho.
    • Resposta: B
  2. No conto, Machado de Assis critica a sociedade pela forma como:

    • A) Ignora a identidade individual.
    • B) Valoriza o reconhecimento social para a construção do "eu".
    • C) Isola os indivíduos em cargos públicos.
    • D) Valoriza o individualismo acima da coletividade.
    • Resposta: B
  3. O espelho, no conto, representa:

    • A) A vaidade e o orgulho.
    • B) A verdade inquestionável do "eu".
    • C) A dependência da identidade no reconhecimento alheio.
    • D) A força da alma interna.
    • Resposta: C
  4. Machado de Assis escreve o conto em:

    • A) Primeira pessoa.
    • B) Segunda pessoa.
    • C) Terceira pessoa.
    • D) Ponto de vista alternado.
    • Resposta: A
  5. A narrativa se passa em que tipo de ambiente principal?

    • A) Urbano, em uma cidade grande.
    • B) Um tribunal de justiça.
    • C) Um quarto isolado de uma fazenda.
    • D) Uma igreja.
    • Resposta: C

Verdadeiro ou Falso

  1. Jacobina encontra seu reflexo no espelho mesmo após o isolamento.

    • Resposta: Falso
  2. A “alma externa” representa a essência autêntica do personagem.

    • Resposta: Falso
  3. O conto é narrado em primeira pessoa por Jacobina.

    • Resposta: Verdadeiro
  4. A crítica de Machado está relacionada à dependência humana da aprovação social.

    • Resposta: Verdadeiro
  5. Machado de Assis usa o espelho apenas como objeto de vaidade.

    • Resposta: Falso

Correspondência

  1. Associe o elemento do conto à sua função ou significado:
  • A) Espelho - ( ) Representa a identidade autêntica de Jacobina.
  • B) Alma externa - ( ) Indica a validação que o protagonista busca nos outros.
  • C) Isolamento - ( ) Permite a reflexão e transformação de Jacobina.
  • Respostas: A (Identidade), B (Validação), C (Transformação)
  1. Associe o termo com o autor ao qual pertence:
  • A) Realismo - ( ) Machado de Assis
  • B) Romantismo - ( ) José de Alencar
  • C) Modernismo - ( ) Mário de Andrade
  • Respostas: A (Machado de Assis), B (José de Alencar), C (Mário de Andrade)

Interpretação

  1. Explique por que Jacobina perde seu reflexo no espelho ao se isolar.

    • Resposta: Jacobina perde seu reflexo pois, sem a interação com os outros, sua "alma externa" desaparece, mostrando a dependência de sua identidade ao olhar social.
  2. Como Machado de Assis usa a ironia para reforçar sua crítica no conto?

    • Resposta: A ironia está na ideia de que o espelho, que reflete a realidade, depende da aceitação alheia para mostrar a imagem do personagem. Isso revela a falsidade da identidade construída apenas para agradar.
  3. Comente sobre a linguagem de Machado de Assis neste conto.

    • Resposta: A linguagem é sofisticada e reflexiva, característica do estilo de Machado. Ele usa um tom filosófico para estimular o leitor a refletir sobre a complexidade da identidade.

Análise Crítica

  1. Qual é a crítica social feita por Machado ao explorar o conceito de “alma externa”?
  • Resposta: Machado critica a dependência humana de aprovação social, questionando se uma identidade pode existir verdadeiramente sem a validação externa.
  1. Discuta a importância do espelho como metáfora.

    • Resposta: O espelho representa a imagem social que temos de nós mesmos e como dependemos da opinião dos outros para sentir que existimos plenamente.
  2. De que forma o conto reflete o contexto social do Brasil no século XIX?

    • Resposta: O conto reflete uma sociedade que valorizava aparências e status, onde o reconhecimento social era fundamental para a construção da identidade.
  3. Como a ausência do reflexo contribui para o clímax da história?

    • Resposta: A ausência do reflexo faz Jacobina perceber sua fragilidade identitária, sendo o clímax que provoca uma reflexão existencial sobre a dependência social.
  4. Por que a narrativa em primeira pessoa é importante para o desenvolvimento do tema?

    • Resposta: A primeira pessoa permite ao leitor mergulhar na mente de Jacobina, tornando a experiência subjetiva e introspectiva, essencial para o tema da identidade.

Questões adicionais

  1. A relação entre o espelho e a identidade do personagem sugere uma crítica a que aspecto da vida social?

    • Resposta: Sugere uma crítica à vaidade e à dependência da aceitação alheia para validar o “eu”.
  2. Como o isolamento físico reflete o isolamento psicológico de Jacobina?

    • Resposta: O isolamento físico se torna uma metáfora do isolamento psicológico, pois, sem o olhar dos outros, Jacobina sente-se vazio, revelando sua dependência.
  3. Explique como o conto exemplifica o Realismo de Machado de Assis.

    • Resposta: O conto é realista ao questionar as aparências e examinar as motivações psicológicas e sociais dos personagens.
  4. Discuta o papel da “farda de alferes” na história.

    • Resposta: A farda representa o status social e a identidade externa que Jacobina adquire para ganhar respeito. Ela simboliza a importância da validação externa para sua identidade.
  5. Explique a importância do conto "O Espelho" para o estudo da obra machadiana.

    • Resposta: "O Espelho" é fundamental para compreender a crítica machadiana à sociedade e ao indivíduo, destacando a fragilidade da identidade humana e a dependência de reconhecimento social, temas centrais no Realismo de Machado de Assis.
    • __________________________________________________

 1- Coloque na ordem sequencial: 

(          )Até que, a meio da noite, o protagonista pede a palavra para contar um caso que aconteceu consigo. Ele se serve da história pessoal para ilustrar e defender a tese que o ser humano tem duas almas.

(          )O protagonista, Jacobina, encontra-se com quatro amigos em uma casa no bairro de Santa Teresa. Era noite e os senhores discutiam questões filosóficas. Tinham todos cerca de quarenta e cinquenta anos e debatiam efusivamente enquanto Jacobina assistia à discussão intervindo pouco e pontualmente.

(          )Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica.

(          )Assim, conta que quando tinha vinte e cinco anos era um pobre rapaz que conseguiu virar alferes da Guarda Nacional. A família radiante vê Jacobina crescer na vida e morre de orgulho pela conquista do rapaz. Quando recebe a notícia do êxito do sobrinho, Tia Marcolina o convida para visitar o seu sítio.

(          )Jacobina passou mais de um mês sendo bajulado pela tia e por seus escravos até que, por uma infelicidade do destino, ela precisou viajar. Uma das filhas de Marcolina, casada com um lavrador, ficou severamente doente. Preocupada com a sua saúde, Marcelina faz as malas e parte para ajudar.

(          )Chegando lá, a tia, que vivia numa construção humilde, retira o objeto mais valioso da casa - um espelho histórico que ficava na sala - e o dispõe no quarto onde ficaria o alferes. O espelho tinha um passado nobre, ainda tinha resquícios de ouro e madrepérola e veio para o Brasil em 1808, com a corte de D. João VI.

(          )O sobrinho fica em casa com os escravos até que, na manhã seguinte, eles fogem levando até os cães, e deixando o alferes completamente sozinho no sítio. Perturbado com a solidão, Jacobina já não consegue se olhar no espelho. A imagem que o objeto devolve é "uma figura vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra".

(          )Por fim, ao terminar a narração da história, Jacobina levanta-se e vai embora deixando os quatro amigos imersos em um misterioso silêncio na casa de Santa Teresa.

(          )Até que tem a ideia de vestir a farda de alferes e finalmente se sente íntegro outra vez. Jacobina atribui a sensação ao fato de ter encontrado a sua alma exterior, que supostamente havia perdido. E foi assim, vestindo e despindo a farda de alferes da Guarda Nacional, que conseguiu sobreviver aos seis dias seguintes de solidão.

Assinale a alternativa correta:

a) 2,1,3,4.6,5, 7,9,8

b) 2,1,4,3,6,5,7,9,8

c) 2,1,3,4,7,6,5,9,8,

d) 2,1,3,4,5,7,6,9,8

 

2- Assinale as alternativas corretas: TODAS ESTÃO CORRETAS 

a) Para Jacobina a importância do espelho para sua reafirmação pessoal é a representação da imagem projetada por todas as pessoas ao seu redor. A imagem de Alferes é a imagem que melhor simboliza uma sociedade que valoriza as aparências, as máscaras sociais e as disputas por poder, ou seja, para Jacobina a felicidade está ligada ao julgamento do outro e não se enxergar no espelho é perder seu valor próprio.

 

b) A narrativa se passa em Santa Teresa, Rio de Janeiro, e narra no tempo presente um fato do passado. A narrativa se inicia no meio da ação. A atmosfera proporciona uma conversa filosófica entre cinco amigos que tem a duração de uma noite, sendo este o tempo e o espaço da ação presente.

 c) O narrador é o próprio personagem Jacobina: ”tinha entre quarenta e cinquenta anos, era provinciano, capitalista, inteligente, não sem instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia nunca; e defendia-se da abstenção com um paradoxo, dizendo que a discussão é a forma polida do instinto batalhador, que jaz no homem, como uma herança bestial; e acrescentava que os serafins e os querubins não controvertiam nada, e, aliás, eram a perfeição espiritual e  eterna.” (p.1) Ou seja, Jacobina é alguém que subiu na escala social e faz no conto sua auto análise sobre a necessidade do “parecer” em relação ao “ser”.

 

d)No início do conto, o narrador de terceira pessoa, onisciente, comporta-se como uma espécie de autor implícito, apresentando o cenário em que acontecem os debates, bem como o grupo de participantes envolvidos nas discussões. Durante o relato do protagonista, a narração é feita na primeira pessoa, através de seu longo monólogo. Já nas restantes passagens do conto existe um narrador onisciente que observa e descreve tudo o que está acontecendo naquela tertúlia entre amigos.

e) O protagonista, de sobrenome Jacobina, destaca-se dos demais cavalheiros do grupo reunido, pois, ao contrário deles, permanece quase em um silêncio. Sobre ele, no início da narrativa, recai certo mistério justamente por sua participação passiva no debate.

f) Jacobina, um dos participantes, decide contar um episódio do seu passado, um novo enredo dentro do enredo, que ocorreu vinte anos antes. Essas lembranças são passadas no sítio da tia Marcolina, um espaço rural e distante de tudo.

  

3-Considerando o conto “O Espelho”, de Machado de Assis, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O espelho reflete nossa alma interior.
b) A alma exterior constrói-se com colaboração da sociedade;
c) Apresenta a teoria do personagem Jacobina a respeito da duplicidade da alma humana;
d) O espelho pode refletir nossa alma exterior;
e) A alma interior guarda os nossos segredos mais íntimos;

 

4. No conto “O Espelho”, de Machado de Assis, para que o personagem protagonista ficasse sozinho durante um tempo suficiente para descobrir a sua alma exterior, o autor
a) isolou o personagem da tia Marcolina e dos criados para que se tornasse profundamente reflexivo.
b) inventou uma doença grave para uma das filhas da tia Marcolina, a filha que morava a cinco léguas do sítio.
c) tornou o seu personagem surdo e mudo para que se ocupasse apenas com a sua própria alma e pudesse enxergar-se.
d) criou obstáculos para o uso de qualquer meio de transporte a fim de que o seu personagem central permanecesse durante várias semanas no sítio da tia Marcolina.
e) elaborou um segundo personagem, um filósofo, com o objetivo de provocar reflexões em seu personagem protagonista.

 

5. Sobre a tese das duas almas e suas implicações, podemos afirmar que:

a)Refletindo sobre a identidade humana e os modos como ela se forma através do contato com os outros, a narrativa demonstra até que ponto os fatores externos podem alterar a nossa natureza.

b) Na tese de Jacobina, todos teríamos duas almas: a interna (quem realmente somos) e a externa (o que os outros pensam de nós). Esta premissa deixa evidente que, vivendo em sociedade, existe uma tensão constante entre o que somos e o que parecemos.

c) O modo como os demais nos enxerga pode influenciar a nossa natureza e até modificá-la permanentemente. Para exemplificar a teoria, conta a história de um momento que definiu seu percurso e sua personalidade: a época em que virou alferes, ganhando poder e status.

d) Ainda jovem Jacobina alcançou o título e deixou toda a família orgulhosa, principalmente a tia com quem foi passar uma temporada. A partir daí, ele começou a ser visto só pela farda que vestia, sua alma exterior que foi dominando a verdadeira identidade: “o alferes eliminou o homem”.

e) Através das memórias, percebemos que isso o conduziu a um processo de transformação gradual. Essa imagem respeitada, de autoridade, se sobrepôs à sua alma interior, sua natureza. Desta forma, a visão dos outros modificou a visão que tinha de si próprio.

f) Contudo, quando todos ao redor desaparecem, Jacobina sofre uma enorme crise de identidade, já não consegue se reconhecer no espelho, não sabe quem é: “A realidade das leis físicas não permite negar que o espelho reproduziu-me textualmente, com os mesmos contornos e feições; assim devia ter sido. Mas tal não foi a minha sensação. Então tive medo; atribuí o fenômeno à excitação nervosa em que andava; receei ficar mais tempo, e enlouquecer.”

  

6. De acordo com o conto,
a) a construção da alma exterior aconteceu apenas com o alferes.
b) alma exterior e alma interior são conflitantes.
c) as outras pessoas constroem e manifestam nossa alma exterior.
d) nós construímos nossa alma exterior, que os outros manifestam.
e) nossa alma interior pode ser levada por outras pessoas.

 

7- A fim de dar exemplos de sua teoria da “alma exterior”, o narrador-personagem do conto “O espelho”, de Machado de Assis, refere-se a uma senhora conhecida sua “que muda de alma exterior cinco, seis vezes por ano”.
E, questionado sobre a identidade dessa mulher, afirma: “Essa senhora é parenta do diabo, e tem o mesmo nome: chama-se Legião…” Considerando o contexto dessa frase no conto, pode-se dizer que ela constitui

a) uma ironia com a inconstância dos valores sociais associados à alma exterior.

b)uma crítica à noção de alma exterior como resultante da influência do mal.
b) uma consideração cômica que ressalta o nome inusitado da senhora.
c) uma condenação do comportamento moral da senhora em questão.

8- Assinale as alternativas verdadeiras:

a) A narrativa breve possuía como subtítulo a pomposa proposição: Esboço de uma nova teoria da alma humana.

b) Embora existam outras figuras presentes na ação, elas acabam se tornando meros interlocutores (quase) silenciosos. Apenas Jacobina e sua tia assumem algum destaque e complexidade.

c) O protagonista é descrito como provinciano, de origem humilde, com cerca de quarenta e cinco anos, capitalista, inteligente, instruído, esperto e cáustico. Aos vinte e cinco anos torna-se alferes da Guarda Nacional, um acontecimento de grande importância.

d)Tia Marcolina, dona de um sítio bastante humilde, nutre profundo orgulho pelo sobrinho Jacobino, que alcança o concorrido cargo de alferes. O jovem vai passar mais de um mês na casa da tia, onde é cotidianamente bajulado. Sabendo da chegada do rapaz, a tia desloca o objeto mais valioso da casa - um espelho histórico - para o quarto que iria abrigar o sobrinho.

9- Podemos concluir, após a leitura do conto que:

I-Mesmo assumindo um tom profundo e filosófico, o conto de Machado de Assis é atravessado por passagens repletas de ironia. Marcado pelo realismo, confronta a sociedade com seu próprio reflexo e ilustra um mundo que se move em função do poder.

II-É notório um sentimento de tristeza e decepção perante as pessoas que pensam e agem deste modo, colocando a alma exterior acima de todas as coisas. Jacobina é apontado como um capitalista: a narrativa fala sobre o apego aos bens materiais que, de alguma forma, nos determinam ou identificam perante os outros.

III-O espelho, que dá nome à história, é um objeto que pode assumir diversas simbologias. Neste conto é o objeto mais valioso da casa que foi atribuído a Jacobina devido à sua profissão “respeitável”. Através dele, o protagonista começa a se enxergar de outra forma, como uma espécie de Narciso enamorado por si mesmo.

IV- O protagonista passa a viver para agradar e ser validado pelos outros, perdendo a noção de quem é realmente. Só quando volta a vestir a farda é que consegue se reconhecer e estar confortável na própria pele: Olhava para o espelho, ia de um lado para outro, recuava, gesticulava, sorria e o vidro exprimia tudo. Não era mais um autômato, era um ente animado. Daí em diante, fui outro.

V-Podemos ainda perceber que essa necessidade absoluta de aprovação se perpetua ao longo da vida. Tanto que Jacobina se mantém como mero ouvinte das discussões, sem nunca exprimir aquilo que pensa.

VI-Mesmo quando decide fazê-lo e explicar a sua visão acerca do mundo e da alma humana, ele vai embora assim que acaba a narração, sem permitir que os amigos discordem ou questionem suas ideias.

Assinale a alternativa correta:

a) todas estão corretas.

b) Estão corretas apenas as alternativas IV, V e VI.

c)  Estão corretas apenas as alternativas I, III, IV e VI.

d)  Estão corretas apenas as alternativas  II, III, V e VI.

 

10- Sobre o conto “O espelho” é possível afirmar que:

I. O conto dá destaque à reação psicológica da personagem.

II. A farda de Alferes representa a reinserção do indivíduo na sociedade.

III. O espelho adquire um valor simbólico na construção da personalidade da personagem.

IV. Considerando-se a trajetória existencial, Jacobina demonstra ter aprendido a dura lição de que na sociedade o que tem valia é o parecer, não o ser. Pode-se afirmar que Jacobina ficou marcado pelo processo de desumanização a que sofreu, ao reduzir sua humanidade ao status de alferes.

V- Ao expor sua teoria, o protagonista diz que não aceita contestação.

Assinale a alternativa correta:

a) todas estão corretas.

b) Estão corretas apenas as alternativas IV e V.

c)  Estão corretas apenas as alternativas I, III, IV e V.

d)  Estão corretas apenas as alternativas  II, III e V.

11- Assinale a INCORRETA:

a) Neste conto aparece os temas ser versus parecer, desejo versus máscara, vida pública versus vida íntima. Através de uma aguda análise do comportamento humano, Machado de Assis expõe em “O Espelho” que a nossa “alma externa”, ligada ao status e prestígio social, à imagem que os outros fazem de nós, é muito mais importante do que a nossa “alma interna”, ou seja, a nossa real personalidade.

b) Jacobina, ao ganhar um espelho antigo, projeta sua imagem através do olhar dos outros. O espelho é a representação do jogo do “ser” e do “parecer”. Sem a farda de Alferes, Jacobina perde sua identidade. O jogo de imagem contida nas duas histórias, do mito de Narciso e “O Espelho” de Machado, pode se relacionar na medida em que ambos enxergam sua imagem refletida, cada um à sua maneira, uma autoimagem, ou seja, a imagem que cada um constrói para si próprio.

 

c) A ligação existente entre o nome do conto e o mito de Narciso Narciso nasceu na região grega da Boécia. Ele era muito belo, ao nascer, um dos oráculos, Tirésias, disse que Narciso seria muito atraente e que teria uma vida bem longa. Entretanto, ele não deveria admirar sua beleza, ou melhor, ver seu rosto, uma vez que isso amaldiçoaria sua vida. Além de ter uma beleza estonteante, a qual despertava a atenção de muitas pessoas (homens e mulheres), Narciso era arrogante e orgulhoso. E, ao invés de se apaixonar por outras pessoas que o admiravam, ele ficou apaixonado por sua própria imagem, ao vê-la refletida num lago.

Já Jacobina, ao ganhar um espelho antigo, projeta sua imagem através do olhar dos outros. O espelho é a representação do jogo do “ser” e do “parecer”. Sem a farda de Alferes, Jacobina perde sua identidade. O jogo de imagem contida nas duas histórias, do mito de Narciso e “O Espelho” de Machado, pode se relacionar na medida em que ambos enxergam sua imagem refletida, cada um à sua maneira, uma autoimagem, ou seja, a imagem que cada um constrói para si próprio.

d) A patente de alferes é valorizada porque em tal sociedade a ostentação de um determinado status é cultivada. Enfim, a sociedade, para quem antes Jacobina era praticamente insignificante, passa a reconhecê-lo exclusivamente por conta de sua nova patente. Sua tia Marcolina, tão logo Jacobina é nomeado alferes, convida-o para uma temporada em seu sítio afastado. Ela não exige que Jacobina leve consigo a farda de alferes.

 


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