Conto: O espelho, Machado de Assis
Resumo
No conto "O Espelho," de Machado de Assis, o personagem Jacobina relata sua experiência com um espelho que revela as complexidades da identidade humana. Ele conta uma história em que, ao se isolar em uma fazenda, passa a observar uma mudança em seu reflexo no espelho, a ponto de questionar quem realmente é. Jacobina percebe que sua imagem no espelho começa a desaparecer, sugerindo que seu "eu" externo depende das percepções e validações sociais. Esse fenômeno gera uma reflexão sobre a dualidade entre a alma externa, construída pela sociedade, e a alma interna, que está ligada à identidade íntima.
Personagens
- Jacobina (personagem principal): É o protagonista e narrador da história, um homem introspectivo que se dedica a uma autoanálise profunda sobre a construção da identidade. Fisicamente, não há muitas descrições, pois o foco está em seu perfil psicológico. Ele é retratado como alguém questionador e reflexivo, mas também dependente da aceitação e valorização social.
- Secundários (família e sociedade em geral): Personagens indiretos, representados pela família e pelos conceitos sociais, não aparecem diretamente, mas influenciam as reflexões e sentimentos de Jacobina. Eles representam a pressão e a autoridade social que moldam a identidade dos indivíduos.
Tempo e Espaço
A narrativa ocorre em um tempo psicológico, enquanto Jacobina reflete sobre sua experiência. O espaço é, majoritariamente, um quarto em uma fazenda, onde ele se encontra isolado, tornando o cenário propício para uma autoanálise e para a manifestação do conflito interno do protagonista.
Enredo
O enredo segue a introspecção de Jacobina sobre o significado do reflexo no espelho e sobre como a presença ou ausência desse reflexo reflete seu valor e identidade. Ele percebe que sua imagem desaparece conforme perde o contato com a vida social e sente-se vazio, revelando a importância da "alma externa".
Clímax
O clímax ocorre quando Jacobina percebe que seu reflexo, o “eu” que a sociedade validou, começa a desaparecer. Essa revelação é desconcertante, pois ele compreende que a percepção de sua identidade depende dos outros.
Foco Narrativo
O conto é narrado em primeira pessoa, o que permite uma visão introspectiva e subjetiva das reflexões de Jacobina, alinhada ao estilo introspectivo de Machado.
Tema e Mensagem
O tema principal de "O Espelho" é a dualidade da identidade humana e a dependência da autoimagem na aprovação social. A mensagem central é a reflexão sobre como a identidade do indivíduo é construída tanto pela essência interior quanto pela influência externa.
Assunto e Linguagem
O conto aborda a identidade e o reflexo da alma, e a linguagem é sofisticada, característica de Machado de Assis. Ele utiliza uma linguagem que estimula a reflexão, com tons filosóficos e irônicos.
Aspectos Literários, Históricos e Sociais
Machado, como escritor realista, explora aspectos psicológicos dos personagens, criticando a influência da sociedade sobre o indivíduo. Historicamente, o conto reflete as pressões sociais da época, enquanto socialmente faz uma crítica ao papel da validação externa na construção da autoestima e da identidade.
Reflexão Sobre a Questão Social
A narrativa questiona a autenticidade da identidade e a dependência humana da aprovação social para sentir-se "completo". Jacobina revela que a falta de reconhecimento social o fez sentir-se incompleto, evidenciando como o homem, em sociedade, se constrói pela imagem que o mundo lhe devolve.
Consequências dos Atos do Narrador
As reflexões de Jacobina destacam a solidão e o vazio que surgem quando o indivíduo é privado do reconhecimento social, indicando que a necessidade de aceitação pode sufocar a essência genuína da identidade.
Conflito e Relações de Autoridade e Poder
O conflito central é interno e existencial, refletindo a tensão entre o "eu" autêntico e o "eu" socialmente construído. A autoridade da sociedade sobre a construção do eu é um elemento de poder que Machado critica, questionando se o homem pode ser ele mesmo sem as amarras sociais.
Análise Crítica
Machado de Assis utiliza "O Espelho" para expor a dependência humana da sociedade para definir a identidade. Ele sugere que a aprovação social é tão poderosa que, sem ela, o indivíduo sente-se vazio e despersonalizado. Esse conto expõe a fragilidade da identidade individual, que é constantemente moldada por forças externas.
A ironia machadiana é evidente, pois o espelho, normalmente um reflexo da realidade, torna-se aqui uma metáfora da distorção causada pela falta de autenticidade. A narrativa questiona se é possível ser verdadeiramente independente da aprovação alheia. Assim, Machado cria uma crítica sutil, mas potente, da vaidade e da hipocrisia social.
Em última análise, a obra nos convida a refletir sobre o impacto que as convenções e expectativas externas têm sobre nossa autopercepção. Ao questionar a validade da alma externa, Machado nos alerta sobre os perigos de uma identidade construída apenas para agradar e ser aceita, em detrimento da essência pessoal.
Opinião Pessoal
A obra me parece uma crítica profunda e ainda muito atual sobre como as pessoas buscam o reconhecimento social para sentir-se completas. A reflexão de Jacobina sobre o desaparecimento de seu reflexo nos espelhos é uma metáfora poderosa, pois mostra como muitas vezes nos deixamos definir pelas expectativas alheias, em vez de desenvolver uma verdadeira identidade. Machado de Assis consegue abordar temas complexos e questionadores de maneira acessível e provocante, reafirmando seu lugar como um dos maiores escritores da literatura brasileira.
Dê sua opinião sobre o conto lido:
1- Coloque na ordem sequencial:
( )Até que, a meio da noite, o
protagonista pede a palavra para contar um caso que aconteceu consigo. Ele se
serve da história pessoal para ilustrar e defender a tese que o ser humano tem
duas almas.
( )O
protagonista, Jacobina, encontra-se com quatro amigos em uma casa no bairro de
Santa Teresa. Era noite e os senhores discutiam questões filosóficas. Tinham
todos cerca de quarenta e cinquenta anos e debatiam efusivamente enquanto
Jacobina assistia à discussão intervindo pouco e pontualmente.
( )Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma
que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... Espantem-se
à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica.
(
)Assim, conta que quando tinha vinte e cinco anos era um pobre rapaz que
conseguiu virar alferes da Guarda Nacional. A família radiante vê Jacobina
crescer na vida e morre de orgulho pela conquista do rapaz. Quando recebe a
notícia do êxito do sobrinho, Tia Marcolina o convida para visitar o seu sítio.
(
)Jacobina passou mais de um mês sendo bajulado pela tia e por seus
escravos até que, por uma infelicidade do destino, ela precisou viajar. Uma das
filhas de Marcolina, casada com um lavrador, ficou severamente doente. Preocupada
com a sua saúde, Marcelina faz as malas e parte para ajudar.
(
)Chegando lá, a tia, que vivia numa construção humilde, retira o objeto
mais valioso da casa - um espelho histórico que ficava na sala - e o dispõe no
quarto onde ficaria o alferes. O espelho tinha um passado nobre, ainda tinha
resquícios de ouro e madrepérola e veio para o Brasil em 1808, com a corte de
D. João VI.
( )O
sobrinho fica em casa com os escravos até que, na manhã seguinte, eles fogem
levando até os cães, e deixando o alferes completamente sozinho no sítio.
Perturbado com a solidão, Jacobina já não consegue se olhar no espelho. A
imagem que o objeto devolve é "uma figura vaga, esfumada, difusa, sombra
de sombra".
(
)Por fim, ao terminar a narração da história, Jacobina levanta-se e vai
embora deixando os quatro amigos imersos em um misterioso silêncio na casa de
Santa Teresa.
(
)Até que tem a ideia de vestir a farda de alferes e finalmente se sente
íntegro outra vez. Jacobina atribui a sensação ao fato de ter encontrado a sua
alma exterior, que supostamente havia perdido. E foi assim, vestindo e despindo
a farda de alferes da Guarda Nacional, que conseguiu sobreviver aos seis dias
seguintes de solidão.
Assinale a alternativa correta:
a) 2,1,3,4.6,5, 7,9,8
b) 2,1,4,3,6,5,7,9,8
c) 2,1,3,4,7,6,5,9,8,
d) 2,1,3,4,5,7,6,9,8
2- Assinale as alternativas
corretas: TODAS ESTÃO CORRETAS
a) Para Jacobina a importância do espelho
para sua reafirmação pessoal é a representação da imagem projetada por todas as
pessoas ao seu redor. A imagem de Alferes é a imagem que melhor simboliza uma
sociedade que valoriza as aparências, as máscaras sociais e as disputas por
poder, ou seja, para Jacobina a felicidade está ligada ao julgamento do outro e
não se enxergar no espelho é perder seu valor próprio.
b) A narrativa se passa
em Santa Teresa, Rio de Janeiro, e narra no tempo presente um fato do passado.
A narrativa se inicia no meio da ação.
A atmosfera proporciona uma conversa filosófica entre cinco amigos que tem a
duração de uma noite, sendo este o tempo e o espaço da ação presente.
d)No
início do conto, o narrador de terceira pessoa, onisciente, comporta-se como
uma espécie de autor implícito, apresentando o cenário em que acontecem os
debates, bem como o grupo de participantes envolvidos nas discussões. Durante o relato do protagonista, a narração é
feita na primeira pessoa, através de seu longo monólogo. Já nas restantes
passagens do conto existe um narrador onisciente que observa e
descreve tudo o que está acontecendo naquela tertúlia entre amigos.
e) O protagonista, de sobrenome Jacobina, destaca-se dos
demais cavalheiros do grupo reunido, pois, ao contrário deles, permanece quase
em um silêncio. Sobre ele, no início da narrativa, recai certo mistério
justamente por sua participação passiva no debate.
f) Jacobina, um
dos participantes, decide contar um episódio do seu passado, um novo enredo
dentro do enredo, que ocorreu vinte anos antes. Essas lembranças são passadas
no sítio da tia Marcolina, um espaço rural e distante de tudo.
3-Considerando o conto “O Espelho”, de
Machado de Assis, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O espelho reflete nossa alma interior.
b) A alma exterior constrói-se com colaboração
da sociedade;
c) Apresenta a teoria do personagem Jacobina a
respeito da duplicidade da alma humana;
d) O espelho pode refletir nossa alma exterior;
e) A alma interior guarda os nossos segredos
mais íntimos;
4. No conto “O Espelho”, de Machado de Assis, para que o
personagem protagonista ficasse sozinho durante um tempo suficiente para
descobrir a sua alma exterior, o autor
a) isolou o personagem da tia Marcolina e dos
criados para que se tornasse profundamente reflexivo.
b) inventou uma doença grave para uma das filhas da tia
Marcolina, a filha que morava a cinco léguas do sítio.
c) tornou o seu personagem surdo e mudo para que
se ocupasse apenas com a sua própria alma e pudesse enxergar-se.
d) criou obstáculos para o uso de qualquer meio
de transporte a fim de que o seu personagem central permanecesse durante várias
semanas no sítio da tia Marcolina.
e) elaborou um segundo personagem, um filósofo,
com o objetivo de provocar reflexões em seu personagem protagonista.
5. Sobre a tese das
duas almas e suas implicações, podemos afirmar que:
a)Refletindo
sobre a identidade humana e os modos como ela se forma através
do contato com os outros, a narrativa demonstra até que ponto os fatores
externos podem alterar a nossa natureza.
b) Na tese de
Jacobina, todos teríamos duas almas: a interna (quem realmente somos) e a
externa (o que os outros pensam de nós). Esta premissa deixa evidente que,
vivendo em sociedade, existe uma tensão constante entre o que somos e o
que parecemos.
c) O modo como
os demais nos enxerga pode influenciar a nossa natureza e até modificá-la
permanentemente. Para exemplificar a teoria, conta a história de um momento que
definiu seu percurso e sua personalidade: a época em que virou alferes,
ganhando poder e status.
d) Ainda jovem
Jacobina alcançou o título e deixou toda a família orgulhosa, principalmente a
tia com quem foi passar uma temporada. A partir daí, ele começou a ser visto só
pela farda que vestia, sua alma exterior que foi dominando a
verdadeira identidade: “o alferes eliminou o homem”.
e) Através das
memórias, percebemos que isso o conduziu a um processo de transformação
gradual. Essa imagem respeitada, de autoridade, se sobrepôs à sua alma
interior, sua natureza. Desta forma, a visão dos outros modificou a visão
que tinha de si próprio.
f) Contudo,
quando todos ao redor desaparecem, Jacobina sofre uma enorme crise de
identidade, já não consegue se reconhecer no espelho, não sabe quem é: “A realidade das leis físicas não
permite negar que o espelho reproduziu-me textualmente, com os mesmos contornos
e feições; assim devia ter sido. Mas tal não foi a minha sensação. Então tive
medo; atribuí o fenômeno à excitação nervosa em que andava; receei ficar mais
tempo, e enlouquecer.”
6. De acordo com o conto,
a) a construção da alma exterior aconteceu
apenas com o alferes.
b) alma exterior e alma interior são
conflitantes.
c) as outras pessoas constroem e manifestam nossa alma exterior.
d) nós construímos nossa alma exterior, que os
outros manifestam.
e) nossa alma interior pode ser levada por
outras pessoas.
7- A fim de dar
exemplos de sua teoria da “alma exterior”, o narrador-personagem do conto “O
espelho”, de Machado de Assis, refere-se a uma senhora conhecida sua “que muda
de alma exterior cinco, seis vezes por ano”.
E, questionado sobre a identidade dessa mulher, afirma: “Essa senhora é parenta
do diabo, e tem o mesmo nome: chama-se Legião…” Considerando o contexto dessa
frase no conto, pode-se dizer que ela constitui
a) uma ironia
com a inconstância dos valores sociais associados à alma exterior.
b)uma crítica à noção
de alma exterior como resultante da influência do mal.
b) uma consideração cômica que ressalta o nome inusitado da senhora.
c) uma condenação do comportamento moral da senhora em questão.
8- Assinale as
alternativas verdadeiras:
a) A narrativa breve possuía como subtítulo a pomposa
proposição: Esboço de uma nova teoria da alma humana.
b)
Embora existam outras figuras presentes na ação, elas acabam se tornando
meros interlocutores (quase) silenciosos. Apenas Jacobina e sua tia assumem
algum destaque e complexidade.
c)
O protagonista é descrito como provinciano, de origem humilde, com cerca
de quarenta e cinco anos, capitalista, inteligente, instruído, esperto e
cáustico. Aos vinte e cinco anos torna-se alferes da Guarda Nacional, um
acontecimento de grande importância.
d)Tia
Marcolina, dona de um sítio bastante
humilde, nutre profundo orgulho pelo sobrinho Jacobino, que alcança o
concorrido cargo de alferes. O jovem vai passar mais de um mês na casa da tia,
onde é cotidianamente bajulado. Sabendo da chegada do rapaz, a tia desloca o
objeto mais valioso da casa - um espelho histórico - para o quarto que iria
abrigar o sobrinho.
9- Podemos concluir, após a leitura do conto que:
I-Mesmo assumindo um tom profundo e filosófico, o
conto de Machado de Assis é atravessado por passagens repletas de ironia.
Marcado pelo realismo, confronta a sociedade com seu próprio reflexo e ilustra
um mundo que se move em função do poder.
II-É notório um sentimento de tristeza e decepção
perante as pessoas que pensam e agem deste modo, colocando a alma exterior
acima de todas as coisas. Jacobina é apontado como um capitalista: a narrativa
fala sobre o apego aos bens materiais que, de alguma forma,
nos determinam ou identificam perante os outros.
III-O espelho, que dá nome à história,
é um objeto que pode assumir diversas simbologias. Neste conto é o objeto mais
valioso da casa que foi atribuído a Jacobina devido à sua profissão
“respeitável”. Através dele, o protagonista começa a se enxergar de outra
forma, como uma espécie de Narciso enamorado por si mesmo.
IV- O protagonista passa a viver para agradar
e ser validado pelos outros, perdendo a noção de quem é realmente.
Só quando volta a vestir a farda é que consegue se reconhecer e estar
confortável na própria pele: Olhava para o
espelho, ia de um lado para outro, recuava, gesticulava, sorria e o vidro
exprimia tudo. Não era mais um autômato, era um ente animado. Daí em diante,
fui outro.
V-Podemos ainda perceber que essa necessidade
absoluta de aprovação se perpetua ao longo da vida. Tanto que Jacobina se
mantém como mero ouvinte das discussões, sem nunca exprimir aquilo que pensa.
VI-Mesmo quando decide fazê-lo e explicar a sua
visão acerca do mundo e da alma humana, ele vai embora assim que acaba
a narração, sem permitir que os amigos discordem ou questionem suas ideias.
Assinale a alternativa correta:
a) todas estão corretas.
b) Estão corretas apenas as alternativas
IV, V e VI.
c) Estão corretas apenas
as alternativas I, III, IV e VI.
d) Estão corretas apenas
as alternativas II, III, V e VI.
10- Sobre
o conto “O espelho” é possível afirmar que:
I. O conto dá
destaque à reação psicológica da personagem.
II. A farda de Alferes
representa a reinserção do indivíduo na sociedade.
III. O espelho
adquire um valor simbólico na construção da personalidade da personagem.
IV.
Considerando-se a trajetória existencial, Jacobina demonstra ter aprendido a
dura lição de que na sociedade o que tem valia é o parecer, não o ser. Pode-se
afirmar que Jacobina ficou marcado pelo processo de desumanização a que sofreu,
ao reduzir sua humanidade ao status de alferes.
V- Ao expor sua
teoria, o protagonista diz que não aceita contestação.
Assinale a
alternativa correta:
a) todas estão corretas.
b) Estão
corretas apenas as alternativas IV e V.
c) Estão corretas apenas as alternativas I, III,
IV e V.
d) Estão corretas apenas as alternativas II, III e V.
11- Assinale a INCORRETA:
a) Neste conto aparece os temas ser versus parecer,
desejo versus máscara, vida pública versus vida íntima. Através de uma aguda
análise do comportamento humano, Machado de Assis expõe em “O Espelho” que a
nossa “alma externa”, ligada ao status e prestígio social, à imagem que os
outros fazem de nós, é muito mais importante do que a nossa “alma interna”, ou
seja, a nossa real personalidade.
b) Jacobina,
ao ganhar um espelho antigo, projeta sua imagem através do olhar dos outros. O
espelho é a representação do jogo do “ser” e do “parecer”. Sem a farda de
Alferes, Jacobina perde sua identidade. O jogo de imagem contida nas duas
histórias, do mito de Narciso e “O Espelho” de Machado, pode se relacionar na
medida em que ambos enxergam sua imagem refletida, cada um à sua maneira, uma
autoimagem, ou seja, a imagem que cada um constrói para si próprio.
c) A
ligação existente entre o nome do conto e o mito de Narciso Narciso nasceu na
região grega da Boécia. Ele era muito belo, ao nascer, um dos oráculos,
Tirésias, disse que Narciso seria muito atraente e que teria uma vida bem
longa. Entretanto, ele não deveria admirar sua beleza, ou melhor, ver seu
rosto, uma vez que isso amaldiçoaria sua vida. Além de ter uma beleza
estonteante, a qual despertava a atenção de muitas pessoas (homens e mulheres),
Narciso era arrogante e orgulhoso. E, ao invés de se apaixonar por outras
pessoas que o admiravam, ele ficou apaixonado por sua própria imagem, ao vê-la
refletida num lago.
Já
Jacobina, ao ganhar um espelho antigo, projeta sua imagem através do olhar dos
outros. O espelho é a representação do jogo do “ser” e do “parecer”. Sem a
farda de Alferes, Jacobina perde sua identidade. O jogo de imagem contida nas
duas histórias, do mito de Narciso e “O Espelho” de Machado, pode se relacionar
na medida em que ambos enxergam sua imagem refletida, cada um à sua maneira,
uma autoimagem, ou seja, a imagem que cada um constrói para si próprio.
d) A patente de alferes é valorizada porque em tal sociedade a
ostentação de um determinado status é cultivada. Enfim, a sociedade, para quem
antes Jacobina era praticamente insignificante, passa a reconhecê-lo
exclusivamente por conta de sua nova patente. Sua tia Marcolina, tão logo
Jacobina é nomeado alferes, convida-o para uma temporada em seu sítio afastado.
Ela não exige que
Jacobina leve consigo a farda de alferes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário